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PSICOMOTRICIDADE: HISTÓRICO E CONCEITOS 
Ana Paula Jobim 1 
Ana Eleonora Sebrão Assis 2 
 
RESUMO 
Este artigo é o resultado de uma revisão bibliográfica sobre a psicomotricidade, 
desenvolvimento psicomotor, histórico, as origens da educação psicomotora, conceitos de 
esquema corporal, lateralidade, direcionalidade, percepção e orientação espacial. Aborda 
ainda a relação entre Psicomotricidade, Educação Física e Educação Psicomotora numa 
perspectiva de como e quando devem ser trabalhadas na escola. 
Palavras – chaves: Psicomotricidade, Esquema corporal, Lateralidade, Percepção espacial. 
INTRODUÇÃO 
A Psicomotricidade contribui de maneira expressiva para a formação e estruturação do 
esquema corporal e tem como objetivo principal incentivar a prática do movimento em todas 
as etapas da vida de uma criança. Por meio de atividades as crianças, além de se divertir, 
criam, interpretam e se relacionam com o mundo em que vivem. Nesse contexto a Educação 
Física tem como objetivo estimular o desenvolvimento psicomotor e, como princípio 
fundamental, despertar a criatividade dos educadores, além de contribuir para a formação 
integral do educando, utilizando-se das atividades físicas para o desenvolvimento de todas 
suas potencialidades. Tem ainda a finalidade de auxiliar no desenvolvimento físico, mental e 
afetivo do indivíduo, com o propósito de um desenvolvimento sadio. É importante assegurar o 
desenvolvimento funcional da criança e auxiliar na expansão e equilíbrio de sua afetividade, 
através da interação com o ambiente. 
O conhecimento das partes do corpo depende do meio, da educação, da aprendizagem 
e do exercício, e o melhor instrumento a ser utilizado seria o próprio corpo, sem qualquer 
outro material. 
BREVE HISTÓRICO DA PSICOMOTRICIDADE 
 
1 Acadêmica do Curso de Licenciatura em Educação Física da Universidade Luterana do Brasil 
2 Professora da Universidade Luterana do Brasil – Campus Guaíba e orientadora deste trabalho. 
 
Historicamente o termo "psicomotricidade" aparece a partir do discurso médico, mais 
precisamente neurológico, quando foi necessário, no início do século XIX, nomear as zonas 
do córtex cerebral situadas mais além das regiões motoras. Só em pleno século XIX o corpo 
começa a ser estudado, em primeiro lugar, por neurologistas, por necessidade de compreensão 
das estruturas cerebrais, e posteriormente por psiquiatras, para a classificação de fatores 
patológicos. É justamente a partir da necessidade médica de encontrar uma área que explique 
certos fenômenos clínicos que se nomeia, pela primeira vez, a palavra 
PSICOMOTRICIDADE, no ano de 1870. 
As primeiras pesquisas que dão origem ao campo psicomotor correspondem a um 
enfoque eminentemente neurológico. 
No campo patológico destaca-se a figura de Dupré (1909), neuropsiquiatra, de 
fundamental importância para o âmbito psicomotor, já que é ele quem afirma a independência 
da debilidade motora (antecedente do sintoma psicomotor) de um possível correlato 
neurológico e o termo ‘’Psicomotricidade’’, quando introduz os primeiros estudos sobre a 
debilidade motora nos débeis mentais. 
Em 1925, Henry Wallon, médico psicólogo, é provavelmente o grande pioneiro da 
psicomotricidade, pois ocupa-se do movimento humano dando-lhe uma categoria fundante 
como instrumento na construção do psiquismo. Esta diferença permite a Wallon relacionar o 
movimento ao afeto, à emoção, ao meio ambiente e aos hábitos do indivíduo. Para ele, o 
movimento é a única expressão, e o primeiro instrumento do psiquismo, e que o 
desenvolvimento psicológico da criança é o resultado da oposição e substituição de atividades 
que precedem umas as outras. Através do conceito do esquema corporal, introduz, 
provavelmente, dados neurológicos nas suas concepções psicológicas, motivo esse que o 
distingue de outro grande vulto da psicologia, Piaget, que muito influenciou também a teoria e 
prática da psicomotricidade. Wallon refere-se ao esquema corporal não como uma unidade 
biológica ou psíquica, mas como a construção, elemento de base para o desenvolvimento da 
personalidade da criança. 
Em 1935, Eduard Guilmain, neurologista, a vê como campo científico e impulsiona as 
primeiras tentativas de estudo da reeducação psicomotora, onde se sobressai e desenvolve um 
exame psicomotor para fins de diagnóstico, de indicação da terapêutica e de prognóstico. 
Em 1947, Julian de Ajuriaguerra, psiquiatra, líder da escola de psicomotricidade, 
delimita com clareza os transtornos psicomotores que oscilam entre o neurológico e o 
 
psiquiátrico. Com estas novas contribuições, a psicomotricidade diferencia-se de outras 
disciplinas, adquirindo sua própria especificidade e autonomia, desenvolve intensa atividade 
científica, prosseguindo e continuando a obra de Wallon vai consolidando os princípios e as 
bases da psicomotricidade. 
A psicomotricidade, para Wallon e Ajuriaguerra, concebe os determinantes biológicos 
e culturais do desenvolvimento da criança como dialéticos e não redutíveis uns aos outros. 
Na década de 70, diferentes autores definem a psicomotricidade como uma 
motricidade de relação. Começa então, a ser delimitada uma diferença entre uma postura 
reeducativa e uma terapêutica que, ao despreocupar-se da técnica instrumentalista e ao 
ocupar-se do "corpo de um sujeito" vai dando progressivamente, maior importância à relação, 
à afetividade e ao emocional. Para o psicomotricista, a criança constitui sua unidade a partir 
das interações com o mundo externo e nas ações do outro (mãe e substitutos) sobre ela. 
A especificidade do psicomotricista situa-se assim, na compreensão da gênese do 
psiquismo e dos elementos fundadores da construção da imagem e da representação de si. O 
sintoma psicomotor instala-se, quando ocorre um fracasso na integração somatopsíquica, 
conseqüente de fatores diversos, seja na origem do processo de constituição do psiquismo, ou 
posteriormente em função de disfunções orgânicas e/ou psíquicas. A patologia psicomotora é, 
portanto, uma patologia do continente psíquico, dos distúrbios da representação de si cuja 
sintomatologia pode se apresentar no somático e/ou no psíquico. 
O conceito de psicomotricidade ganhou assim uma expressão significativa, uma vez 
que traduz a solidariedade profunda e original entre a atividade psíquica e a atividade motora. 
O movimento é equacionado como parte integrante do comportamento. A psicomotricidade, 
produto de uma relação inteligível entre a criança e o meio, e instrumento privilegiado através 
do qual a consciência se forma e materializa-se. 
É na integração transdiciplinar das áreas do saber que provavelmente se colocará no 
futuro a evolução e atualização do conceito de Psicomotricidade. A lateralização como 
resultado da integração bilateral postural do corpo é peculiar no ser humano e está 
implicitamente relacionada com a evolução e utilização de instrumentos, isto é, com 
integrações sensoriais complexas e com aquisições motoras unilaterais muito especializadas, 
dinâmicas e de origem social. 
A Psicomotricidade é uma ciência que busca em muitos campos de pesquisa dados, 
argumentos e teorias. Duas são as áreas de grande envolvimento com a evolução destas 
 
pesquisas. A Educação Física e a Psicologia buscam a cada dia um número maior de 
resultados em pesquisa para que seus profissionais façam de sua atuação algo cada vez mais 
competente e sólido no desenvolvimento do homem. 
A PSICOMOTRICIDADE E A EDUCAÇÃO PSICOMOTORA 
Muitos pesquisadores definem ou apresentam a psicomotricidade para o mundo 
científico. Segue algumas das mais importantes citadas pela literatura. 
Segundo Le Boulch (1969), a Psicomotricidade: 
“Se dá atravésde ações educativas de movimentos espontâneos e atitudes corporais 
da criança, proporcionando-lhe uma imagem do corpo contribuindo para a 
formação de sua personalidade. É uma prática pedagógica que visa contribuir para 
o desenvolvimento integral da criança no processo de ensino-aprendizagem, 
favorecendo os aspectos físicos, mental, afetivo-emocional e sócio-cultural, 
buscando estar sempre condizente com a realidade dos educandos.” 
 
Para a língua portuguesa, Ferreira apresenta a seguinte definição: “É a capacidade de 
determinar e coordenar mentalmente os movimentos corporais; a atividade ou conjunto de 
funções psicomotoras.” (FERREIRA, 1988). 
Fonseca (1988) comenta que a "psicomotricidade é atualmente concebida como a 
integração superior da motricidade, produto de uma relação inteligível entre a criança e o 
meio.” 
 O pesquisador Saboya, 1988 conceitua psicomotricidade como: 
“Uma ciência que tem por objeto o estudo do homem através do seu corpo em 
movimento, nas relações com seu mundo interno e externo. Em seu estudo, destaca 
justamente esta relação entre motricidade, mente e afetividade.” 
 
Para Vanja Ferreira “Psicomotricidade é a ciência da educação que educa o 
movimento e ao mesmo tempo coloca em jogo as funções da inteligência. “ 
“Psicomotricidade é a Interação de diversas funções neurológicas, motrizes e 
psíquicas. É essencialmente, a educação do movimento, ou por meio do movimento, que 
provoca uma melhor utilização das capacidades psíquicas.” (Francisco Rosa neto, 2002). 
Primeiramente a psicomotricidade fixava-se somente no desenvolvimento motor; mais 
tarde estudou a relação entre o desenvolvimento motor e intelectual da criança, e só agora 
estuda a lateralidade, estruturação espacial, orientação temporal e sua relação com o 
desenvolvimento intelectual da criança. A psicomotricidade é a capacidade psíquica de 
realizar movimentos, não se tratando da realização do movimento propriamente dito, mas sim 
 
da atividade psíquica que transforma a imagem para a ação em estímulos para os 
procedimentos musculares adequados. 
Enderle, 1987: 
“A Psicomotricidade na sua essência, não é só a chave da sobrevivência, como se 
observa no animal e na espécie humana, mas é igualmente, a chave da criação 
cultural, em síntese a primeira e última manifestação da inteligência. A 
Psicomotricidade, em termos filogenéticos, tem, portanto, um passado de vários 
milhões de anos, porém uma história restrita de apenas cem anos. A motricidade 
humana, a única que se pode denominar por psicomotora, é distinta da motricidade 
animal por duas características: é voluntária e possui novos atributos de interação 
com o mundo exterior”. 
 
Conforme Roberto Moraes, 2002(Recreação e jogos escolares pg. 13): 
 
“Toda educação é motora, tudo que falamos é Psicomotricidade. Psicomotricidade é 
a fala do corpo. Para desenvolver a criança globalmente, permitindo-lhe uma visão 
de um mundo mais real, através de suas descobertas, de sua criatividade, é 
fundamental deixar a criança se expressar, analisar e transformar sua realidade”. 
Para Francisco Rosa Neto, 2002 “Educação psicomotora é a ação pedagógica e 
psicológica que utiliza o movimento com o fim de normalizar ou melhorar o comportamento 
da criança”. 
As origens da educação psicomotora remontam aos estudos realizados com crianças 
que apresentavam problemas de aprendizagem, mais especificamente, na leitura, na escrita, no 
cálculo matemático. Essas crianças muitas vezes, eram também, portadoras de outros desvios 
de conduta e de comportamento que em conseqüência também apresentam problemas de 
aprendizagem, trabalhando com essas crianças, os franceses, passaram a utilizar métodos 
pedagógicos denominados de reeducação psicomotora, cuja, ênfase era posta no domínio 
corporal. E quando submetidas a programas de reeducação psicomotora passavam a ter um 
desempenho satisfatório. A partir daí que o domínio corporal e as aprendizagens cognitivas 
passaram a caminharem juntas. 
Para Le Boulch, 2001: 
“A Educação Psicomotora refere-se a uma formação de base indispensável a toda a 
criança, seja ela normal ou com problemas, pois responde a uma dupla finalidade: 
assegurar o desenvolvimento funcional, tendo em conta as possibilidades da 
criança, e ajudar sua afetividade a expandir-se e a equilibra-se através do 
intercambio com o ambiente humano. É ação pedagógica que tem como objetivo 
principal o desenvolvimento motor e mental da criança, com a finalidade de levá-la 
a dominar o próprio corpo e a adquirir uma inibição voluntária, propõe, tem no 
 
movimento espontâneo, sua diretriz fundamental, pois, em qualquer movimento, 
existe um condicionante afetivo que determina um comportamento intencional. 
Acredita-se que é sempre uma ação motriz, por menos que seja que regula o 
aparecimento e o desenvolvimento das formações mentais, é pelo aspecto motor 
que a criança estabelece os primeiros contatos com a linguagem socializada.” 
A educação psicomotora se limitava a tentar tratar e solucionar os problemas revelados 
através dos sintomas; trabalhava a nível preventivo e a nível corretivo-terapêutico. Estes dois 
aspectos caminham juntos e se acham envolvidos com os problemas de instabilidade, 
inibição, angústia, coordenação geral defeituosa, problemas de orientação espacial e temporal, 
de ritmo, de consciência de si, da imagem de si, do esquema corporal. Na prática da 
psicomotricidade, a relação mente-corpo passa pela ação motora e pela ação psíquica que 
permitem efetuar o despertar da consciência corporal, através dos movimentos e dos 
pensamentos, passando também pela história afetiva do indivíduo, a maneira de viver o seu 
corpo dá origem à elaboração e a evolução da imagem do corpo e a psicomotricidade permite 
descobrir, redescobrir e viver melhor o corpo, o mais importante não são os métodos, as 
técnicas e os instrumentos, apesar de indispensáveis, mas sim permitir desabrochar a evolução 
positiva do ser tanto na relação consigo mesmo, como com o mundo externo. Noções de aqui 
e ali, esquerda, direita, frente, atrás, de cima, de baixo, de dentro e fora são fundamentais para 
a orientação do ser humano, no sentido de sua autonomia e de sua independência. Portanto, a 
Educação Psicomotora deve ser a ação pedagógica norteadora do trabalho, sobretudo na pré-
escola e nos primeiros anos escolares, pois existe uma necessidade de se introduzir este 
conhecimento nestas idades, mas o que não significa que não possa se aplicar nas séries finais 
ou em adultos que por sinal, muitas vezes são os que mais precisam, pois além de não se 
controlarem, não dominam o seu corpo. 
A expressão educar o físico tem uma dimensão bem mais ampla do que simplesmente 
ensinar uma modalidade esportiva, melhorar o tônus muscular, melhorar a resistência aeróbia 
e anaeróbia de uma pessoa, mas também, levá-la a dominar o corpo em toda a sua dimensão, 
seja executando os movimentos mais precisos, sejam os mais amplos, evidenciando controle 
neuromuscular. 
Segundo Langlade apud Negrine “Educação Psicomotora é a ação psicológica e 
pedagógica que utiliza os meios da educação física com o fim de normalizar ou melhorar o 
comportamento da criança, e também o melhoramento da dimensão biológica”. 
Le Boulch (2001) afirma que os movimentos espontâneos dependem das experiências 
vividas anteriormente (mesmo não sendo pensadas), pois não se trata de uma memória 
intelectual, mas de uma verdadeira memória corporal. 
 
Vayer apud Le Boulch (2001): 
”A Educação psicomotora é uma educação global que, associando os potenciais 
intelectuais, afetivos, sociais e motores da criança, dá-lhe segurança, equilíbrio e 
permite o seu desenvolvimento, organizando corretamente as suas relações com os 
diferentes meios nos quais deveevoluir”. 
 “A psicomotricidade é, inicialmente, uma determinada organização funcional 
da conduta e da ação; correlatamente, é certo tipo de prática da reabilitação gestual”. (Jacques 
Chauzaud, 1987). 
“A psicomotricidade se faz necessária para a prevenção e tratamento de problemas, a 
fim de conseguir o máximo do potencial dos alunos, não só motor, mas em outros aspectos da 
personalidade, que se inter-relacionem.” (Lorenzon, 1995) 
IMAGEM, ESQUEMA, VIVÊNCIA E CONSCIÊNCIA CORPORAL 
“A imagem do corpo representa uma forma de equilíbrio que, como núcleo central da 
personalidade, se organiza em um contexto de relações mútuas do organismo e do meio.” 
(Solange Valadares e Rogéria Araújo, 1999). 
Vayer (1979) descreve a imagem corporal como: 
 “Resultado complexo de toda a atividade cinética, sendo a imagem do corpo a 
síntese de todas as mensagens, de todos os estímulos e de todas as ações que 
permitiram á criança se diferenciar do mundo exterior e de fazer do ‘’eu’’ o sujeito 
de sua própria existência. O esquema corporal pode ser definido no plano educativo 
como a chave de toda a organização da personalidade.” 
 
Ajuriaguerra, 1972 diz que: 
“A evolução da criança é sinônimo de conscientização e conhecimento cada vez 
mais profundo do seu corpo, a criança é o seu corpo, pois é através dele que ela 
elabora todas as suas experiências vitais e organiza toda a sua personalidade, 
integra e retêm a síntese das atitudes afetivas vividas e experimentadas 
significativamente.” 
“Esquema corporal é a organização das sensações relativas ao próprio corpo em 
conexão com os dados do mundo exterior a utilização da imagem do corpo.” (Solange 
Valadares e Rogéria Araújo, 1999). 
Para Solange Valadares e Rogéria Araújo a vivência corporal é a consciência das 
sensações vinculadas ao próprio corpo, com ou sem segmentos e deslocamentos, 
experimentados por um sujeito em uma ou em outra situação. 
Kathleen Haywood, 2004: 
”Consciência corporal é o reconhecimento, a identificação e a diferenciação da 
localização, do movimento e das inter-relações das partes do corpo e das 
 
articulações; também é a consciência que se tem da orientação espacial e da 
localização percebida do corpo no ambiente.” 
Para Wallon apud Meur: 
“O esquema corporal é um elemento básico indispensável para a formação da 
personalidade da criança, é a representação relativamente global, cientifica e 
diferenciada que a criança tem de seu próprio corpo”. 
Segundo Meur, 1991: 
“É a tomada de consciência, pela criança, de possibilidades motoras e de suas 
possibilidades de agir e de expressar-se. A própria criança percebe-se e percebe os 
seres e as coisas que a cercam. Em função de sua pessoa, sua personalidade se 
desenvolverá graças a uma progressiva tomada de consciência de sue corpo, de seu 
ser, de suas possibilidades de agir e transformar o mundo a sua volta“. 
LATERALIDADE E DIRECIONALIDADE 
O termo lateralização, vem do latim que quer dizer ‘’lado’’. São duas as teorias. Uma 
refere-se à herança, isto é, a dominância lateral estaria diretamente relacionada com fatores 
genéticos e a outra se refere à dominância de um lado do córtex cerebral sobre o outro, isto e, 
a dominância hemisférica seria a determinante da lateralização corporal. 
Em princípio, dois indivíduos de igual composição genética deveriam possuir a mesma 
lateralização, mas o estudo de Zazzo (1960) encontrou contradições na teoria genética, essas 
diferenças de lateralidade em gêmeos idênticos tendem a provar que existem também fatores 
não genéticos determinantes da lateralidade corporal. Este autor estudou gêmeos 
monozigóticos, isto é, indivíduos com a mesma composição genética, encontrando neles 
lateralidades diferentes, sempre sem descartar as influências sócio-culturais que podem alterar 
a lateralização dos indivíduos. 
Quirós e Scharager dizem que: “a lateralidade se refere à prevalência motora de um 
lado do corpo, e que esta lateralização motora coincide com a predominância sensorial do 
mesmo lado e com as possibilidades simbólicas do hemisfério cerebral oposto.” 
Conforme Le Boulch (2001): 
”A lateralização é a manifestação de um predomínio motor relacionado com as 
partes do corpo que integram suas metades direita e esquerda, predomínio este que, 
por sua vez, se vincula á aceleração do processo de maturação dos centros sensório-
motores de um dos hemisférios cerebrais. Já para Defontaine a lateralidade refere-
se à dominância de um lado do corpo sobre o outro.” 
Já Fonseca diz que “se trata de um fenômeno morfológico que representa uma forma 
de assimetria funcional”. 
 
A lateralidade corporal refere-se ao esquema do espaço interno do indivíduo, que o 
capacita a utilizar um lado do corpo com melhor desembaraço do que o outro, em atividades 
que requeiram habilidade, caracterizando-se por uma assimetria funcional. 
O corpo humano está caracterizado pela presença de partes anatômicas pares e 
globalmente simétricas. Essa simetria anatômica se redobra, não obstante, por uma assimetria 
funcional no sentido de que certas atividades só intervêm em uma das partes. Por exemplo, 
escrevemos com uma mão só; os centros de linguagem se situam na maioria as pessoas, no 
hemisfério esquerdo. A lateralidade é a preferência de uma das partes simétricas do corpo: 
mão, olho, ouvido, perna; a lateralização cortical é a especialidade de um dos dois hemisférios 
quanto ao tratamento da informação sensorial ou quanto ao controle de certas funções. 
 A ação educativa fundamental para colocar a criança nas melhores condições para 
acender a uma lateralidade definida, respeitando fatores genéticos e ambientais, é a que lhe 
permita organizar suas atividades motoras. 
Gallahue, 2001: 
 “Uma área de grande interesse para muitos professores é a orientação direcional, 
pois é por ela que as crianças são capazes de dar a dimensão a objetos que estão no 
espaço externo. Os conceitos de esquerda/direita, para cima/para baixo, topo/fundo, 
dentro/fora e frente/trás aperfeiçoam-se por meio de atividades motoras que 
enfatizam a direção.” 
 O estabelecimento da orientação direcional é um processo de desenvolvimento 
que se baseia tanto na maturação como na experiência. A lateralização manual surge no fim 
do primeiro ano, sendo perfeitamente normal para a criança de 4- 5 anos experimentar 
confusão na direção, devendo se preocupar com as de 6-7 anos que de forma consistente 
experimenta esses problemas, pois é quando se inicia o ensino da leitura e escrita. 
“Lateralidade é a consciência que temos de que o corpo tem dois lados distintos, que 
podem se mover independentemente; trata-se de um componente da consciência corporal.” 
(Kathleen Haywood, 2004). 
Apesar das crianças tipicamente terem consciência do cima-embaixo e do em frente-
atrás antes dos três anos, elas desenvolvem o entendimento de que o corpo tem dois lados 
distintos, ou lateralidade, com aproximadamente 4 ou 5 anos (Hecaen e Ajuriaguerra, 1964). 
A criança aprende a se dar conta de que apesar de suas 2 mãos, 2 pernas e assim por diante 
serem do mesmo tamanho e formato, ela pode posicioná-las diferentemente, isto é, denominar 
ou identificar essas dimensões. 
 
Uma melhoria relacionada à idade na capacidade de discriminação esquerda-direita 
ocorre entre os 4 e 5 anos, com a maioria das crianças respondendo quase que perfeitamente 
só por volta dos 10 anos. (Aires, 1969; Swanson e Benton, 1955; Williams, 1973). 
Direcionalidade é a capacidade de projetar as dimensões espaciais do corpo no espaço 
imediato e de se apoderar de conceitos espaciais sobre o movimento ou localizações de 
objetos no ambiente. E esta muitas vezes ligada à lateralidade, pois crianças com um senso de 
lateralidade pobre também têm, em geral,pouca direcionalidade. 
Para Jacques Chauzaud “a lateralização é definida a partir da confrontação do tônus, 
da extensibilidade e do equilíbrio, distinguindo-se, desta forma, a mão e o pé dominante”. 
Le Boulch, 2001: 
”A lateralização é a tradução de uma assimetria funcional, os espaços motores do 
lado direito e do lado esquerdo não são homogêneos, esta desigualdade vai 
manifestar-se durante os reajustamentos práxicos de natureza intencional é o 
reflexo do predomínio motriz dos segmentos direito e esquerdo, isto é, a ‘’bússola’’ 
do esquema corporal. O lado esquerdo e o direito não são homogêneos e esta 
distinção se manifesta ao longo do desenvolvimento e da experimentação.” 
Quirós e Scharager aceitam que, provavelmente, a lateralização final seja alcançada 
somente após a plena aquisição da linguagem, por volta dos 10 anos de idade, isto porque a 
área temporal da fala se desenvolve mais tarde que a área anterior e em relação mais estreita 
com os aspectos acústicos, e possivelmente, também cognitivos e conceituais da linguagem. 
Constataram que são poucas as crianças que apresentam uma lateralidade homogênea definida 
antes dos 6 anos, aumentando consideravelmente o percentual a partir daquela idade. 
A experimentação em atividade manual, pedal, ocular é que favorecerá uma 
maturidade do sistema neurológico de acordo com o predomínio interior, favorecendo 
sobremaneira a estruturação do esquema corporal. Em conseqüência, o desenvolvimento 
psicomotor da criança vem a se constituir em um pré-requisito para as aprendizagens 
cognitivas. 
De acordo com Roberto Moraes, 2002: 
”Lateralidade é a dominância de um lado em relação a outro, e a Reversibilidade é a 
possibilidade de reconhecer a mão direita ou esquerda de uma pessoa á sua frente, 
podendo ser abordada aos 6 anos de idade, e se processa na criança ao mesmo 
tempo em que a localização do próprio corpo e a organização do espaço.Para as 
crianças, a lateralidade normalmente se define entre os 5 e 7 anos.por isso,as 
crianças do Pré-escolar devem ter a sua disposição objetos grandes,como 
pneus,caixas e bolas,para ser transportados e manuseados.Deverão também 
trabalhar com objetos pequenos para desenvolver a coordenação motora fina,isto é, 
a coordenação funcional das mãos e dos dedos .É através de movimentos, rastejar, 
engatinhar e andar, que a criança adquire as primeiras noções de espaço: perto, 
 
longe, dentro, fora, em cima, embaixo, é, pois, partindo do seu próprio corpo e com 
referência a ele que a criança vai elaborar sua organização espacial”. 
 
 “É uma sensação interna de que o corpo tem dois lados e duas metades que não são 
exatamente iguais”. Holle 
Para Zazzo e Ajuriaguerra apud: 
 “A lateralidade representa o predomínio normal de um lado do corpo. O 
fortalecimento da lateralidade é importante para a criança, por constituir a base de 
orientação espacial e da coordenação geral. Esse fortalecimento pode ser treinado 
durante a evolução neurológica. Antes, a criança utiliza, indistintamente, os dois 
lados do corpo e, com a maturação do organismo, vai estabelecendo preferência por 
um dos lados. È uma fase que pode ser influenciada por estimulações do meio.” 
Segundo Francisco Rosa neto, 2002: 
“Lateralidade é a preferência lateral direita ou esquerda, dos seguimentos: corporal, 
sensorial e neurológico (mão, pé, olho, ouvido e hemisfério cerebral.). A maturação 
ocorre durante o processo evolutivo do ser humano e depende de fatores genéticos e 
ambientais. Por volta dos seis anos, um aluno tem condições de manifestar, como 
segurança, sua preferência lateral.” 
 
Zangwill, 1975 apud Fonseca escreve: “a lateralização basicamente inata é governada 
por fatores genéticos, embora a treinabilidade e os fatores de pressão social a possam 
influenciar.” Razão esta pela qual é muito importante pesquisar os antecedentes da preferência 
manual, principalmente quando em presença de crianças com preferência manual esquerda. 
A preferência pela lateralidade manual à direita é superior à mista em 36% e essa 
superior a manual esquerda em 26%. 
A influência dos fatores evolutivos antropológicos e bioculturais como a caça, a 
produção e a utilização de instrumentos, a guerra, a evolução tecnológica e 
fundamentalmente, a invenção de códigos de comunicação e a linguagem, marcam a sua 
influencia determinante quanto à preferência manual e a coordenação bimanual. A 
lateralização pode ser causada por diferenças acidentais que ocorrem no desenvolvimento 
embriológico dos dois lados do corpo e, por conseguinte, surgir como resultado do acaso. 
Para Annett (1981): “o fato da distribuição humana pender para a direita reflete uma 
influência sistemática de algo mais importante que a teoria do acaso.” 
Ayres 1971, afirma que: 
 “Quando uma criança não atinge a dominância manual numa idade adequada, a 
presença de sinais disfuncionais intra ou inter-hemisféricos pode interferir com o 
desenvolvimento psicomotor e com o potencial cognitivo. Em resumo a 
lateralização, traduz a capacidade de integração sensório-motora dos dois lados do 
corpo, transformando-se numa espécie de radar endopsíquico de relação e de 
orientação com e no mundo exterior. Em termos de motricidade, relata uma 
 
competência operacional, que preside a todas as formas de orientação do 
individuo.” 
“Nas diversas etapas do desenvolvimento da criança, diante da dificuldade da imitação 
de um gesto, a resposta tende a ser dada, numa perspectiva de maior facilidade, pelo membro 
dominante.” (Bergés, 1987) 
Negrine, 1986, conceitua: 
“Lateralidade é a dominância de um dos lados do corpo em todas as tarefas 
propostas quanto à habilidade de mão, pé e de olho. Denominaram-se destros 
aqueles com dominância do lado direito do corpo e canhotos os que apresentarem 
dominância do lado esquerdo do corpo.” 
O ESQUEMA CORPORAL 
 Para Holle, é necessário que a criança adquira primeiro, certo grau de 
consciência corporal, antes que possa desenvolver a dominância manual e a lateralidade; que 
a lateralidade é experimentada principalmente com o auxilio do sentido cinestésico reforçado 
pela visão, levando a criança a distinguir a direita e a esquerda dentro de si mesma, e esta 
consciência da lateralidade e da discriminação de direita e esquerda ajudará a perceber os 
movimentos do corpo e no espaço e no tempo. A noção de direita e esquerda, na estruturação 
do esquema corporal, refere-se ao espaço externo do indivíduo, isto é, noção espacial ou 
direcionalidade, e em contrapartida a lateralidade refere-se ao espaço interno do indivíduo e 
independe da discriminação de direita e esquerda. Isto significa que a lateralidade se afirma 
apartir dos estímulos que nascem de dentro, e a organização espacial se estrutura a partir dos 
estímulos exteriores. 
Na estruturação do esquema corporal, existem indicadores que evidenciam que as 
crianças que apresentam de forma precoce certa tendência manual são aquelas que indicam 
maturação psicomotora geral; de forma inversa, uma lateralização retardada ou indefinida 
vem acompanhada de sintomas de imaturidade cerebral e, especialmente, de uma aquisição 
tardia ou perturbada da linguagem. É importante deixar claro que a lateralidade é uma das 
variáveis do esquema corporal, e que o aspecto fundamental é que a criança não seja forçada a 
adotar esta ou aquela postura, mas que se criem situações onde ela possa expressar-se com 
espontaneidade, e a partir da experiência vivenciada com o corpo, defina o seu lado 
dominante, sem pressões de qualquer ordem do meio exterior. 
Wallon apud Meur, 1991: 
 
“O esquema corporal é um elemento básico indispensável para a formação da 
personalidade da criança, é a representação relativamente global, cientifica e 
diferenciada que a criançatem de seu próprio corpo. É a tomada de consciência, 
pela criança, de possibilidades motoras e de suas possibilidades de agir e de 
expressar-se.” 
 
A própria criança percebe-se e percebe os seres e as coisas que a cercam, em função 
de sua pessoa, sua personalidade se desenvolverá graças a uma progressiva tomada de 
consciência de seu corpo, de seu ser, de suas possibilidades de agir e transformar o mundo a 
sua volta. A criança se sentirá bem na medida em que seu corpo lhe obedece, em que o 
conhece bem, em que pode utilizá-lo não somente para movimentar-se, mas também para 
agir. 
A estruturação espaço-temporal fundamenta-se nas bases do esquema corporal sem o 
qual a criança, não se reconhecendo em si mesma, só muito dificilmente poderia apreender o 
espaço que a rodeia. Assim nos parece lógico abordar a Psicomotricidade através da 
constituição do esquema corporal antes da estruturação espacial ou temporal. Além disso, a 
forma como o sujeito se expressa com o corpo traduz sua disposição ou sua indisposição nas 
relações com coisas ou pessoas. Esse aspecto psicológico muito importante ajuda-nos a 
identificar melhor certas perturbações devidas a fatores afetivos, chamando também a atenção 
para a possibilidade de melhorar a vida social e afetiva das crianças, tornando precisas a suas 
noções corporais e fazendo com que adquiram gestos precisos e adequados. 
A lateralidade corporal assim como a dominância hemisférica e a linguagem estão 
geneticamente pré-determinadas em nossa espécie, ou seja, existe a possibilidade de se obter 
estas capacidades, mas é preciso tempo para desenvolvê-las. O ambiente cultural parece ser 
muito importante, podendo antecipar estas aquisições ou retardá-las, ou ate mesmo 
proporcionar, no caso da lateralização, definições contrarias a predominância biológica. 
O desenvolvimento psicomotor da criança, em primeiro lugar, é determinado por um 
desenvolvimento neurológico normal e, em segundo lugar pela experiência vivenciada pelo 
próprio corpo. As capacidades corporais são adquiridas pela experiência adquirida em 
atividades diversificadas que vão constituindo um tipo de memória corporal, que é adquirida 
através da experiência vivida pelo corpo, sendo pré-requisito para as aprendizagens 
posteriores que requerem habilidades mais complexas. Para que isto ocorra, faz-se necessário 
que, na ação educativa (pais) e na ação pedagógica (professores), a criança não seja tolhida na 
sua exploração do espaço e, ao mesmo tempo, se crie um ambiente que favoreça o 
desenvolvimento de potencialidades. 
 
Geralmente na maioria das tentativas de descobrir o mundo exterior evidenciadas 
pelas crianças, ela é barrada pelos ‘’não’’ a isto e ‘’não” àquilo, e as conseqüências não são 
somente de ordem psíquica, mas como o indivíduo constitui um todo, essas limitações se 
tornam como que um ‘’freio’’ no desenvolvimento da criança. 
Não devemos confundir lateralidade (dominância de um lado em relação ao outro, a 
nível da força e da precisão) e conhecimento’’esquerda-direita’’ (domínio dos termos e 
conhecimento de ’’esquerda’’ e ‘’direita’’ ). 
O conhecimento’’esquerda-direita’’ decorre da noção de dominância lateral, é a 
generalização, da percepção do eixo corporal, a tudo que cerca a criança; esse conhecimento 
será mais facilmente apreendido quanto mais acentuada e homogênea for a lateralidade da 
criança,com efeito se a criança percebe naturalmente, fazendo parte da estruturação espacial 
por referir-se a situação dos seres e das coisas , mas estando vinculado a noção de dominância 
lateral que colocamos essa aprendizagem imediatamente após a da lateralidade. 
O conhecimento estável da esquerda e da direita só é possível aos 5 ou 6 anos e a 
reversibilidade não pode ser abordada antes dos 6, 6 anos e meio. De fato esse estudo precede 
os exercícios de simetria e orientação espacial. 
A lateralidade e a orientação espacial são coisas distintas. A orientação espacial ou 
direcionalidade, portanto, vai se estabelecendo em função dos estímulos externoceptivos, 
vindos do meio onde a criança está inserida; já a lateralidade se estabelece em função dos 
estímulos internos que nascem do corpo, os proprioceptivos. Quanto mais variadas forem as 
experiências corporais de uma criança, mais rapidamente se processarão os ajustamentos das 
praxias motoras, onde o movimento desempenha um papel prioritário. 
À medida que se desenvolve a percepção, a orientação espacial da criança vai-se 
tornando cada vez mais precisa, permitindo movimentos mais definidos, em que a 
gestualidade passa a desempenhar um papel importante. As limitações que a criança apresenta 
na orientação espacial podem tornar-se fator determinante nas dificuldades de aprendizagem 
evidenciadas no período de alfabetização. Partindo da orientação espacial, a criança estrutura 
seu espaço circundante na identificação e discriminação dos símbolos gráficos. 
ORIENTAÇÃO ESPACIAL 
De acordo com João Batista Freire a noção espacial se forma a partir da relação da 
criança com o espaço. 
 
 Conforme Francisco Rosa neto, 2002: “Organização espacial é o desenvolvimento das 
capacidades vinculadas ao esquema corporal e a organização perceptiva tendentes ao domínio 
progressivo das relações espaciais”. 
“Percepção Espacial refere-se às noções de espaço que influem na capacidade para 
lidar com noções referentes á dinâmica a orientação e estruturação espacial”. (Vayer) 
Para Solange Valadares e Rogéria Araújo 
”A organização espacial depende, ao mesmo tempo, da estrutura de nosso próprio 
corpo (estrutura anatômica, biomecânica, fisiológica e etc.,), da natureza do meio 
que nos rodeia e de suas características. A percepção que temos do espaço que nos 
rodeia e das relações entre os elementos que o compõem evolui e modifica-se com 
a idade e com a experiência. Essas relações chegam a ser, progressivamente, 
objetivas e independentes.” 
ORGANIZAÇÃO TEMPORAL 
É a capacidade de avaliar tempo dentro da ação, organizar-se a partir do próprio ritmo, 
situar o presente em relação a um antes e a um depois; é avaliar o movimento no tempo, 
distinguir o rápido do lento. É saber situar o momento do tempo em relação aos outros. 
(Freire, 1999). 
CONCLUSÃO 
Depois de ler muito, concluí que a psicomotricidade favorece à criança uma relação 
consigo mesma, com o outro e com o mundo que a cerca, possibilitando um melhor 
conhecimento do seu corpo e de suas possibilidades. O desenvolvimento psicomotor depende 
de fatores genéticos, aspectos do meio ambiente e influências psicológicas que a criança 
experimenta durante o processo de desenvolvimento, e principalmente a estimulação 
oferecida seja ela em casa, ou por um profissional na escola. 
Creio que a educação psicomotora é muito útil para os que necessitam de ajuda em seu 
comportamento e para o desenvolvimento não só de crianças com alguma dificuldade 
cognitiva ou afetiva, mas também para se desenvolver socialmente todas as crianças. 
Neste sentido acredito que a Educação Física deve ter como proposta educar através 
do corpo, proporcionando o desenvolvimento das potencialidades da criança, norteando suas 
atividades com a finalidade de oferecer a aprendizagem em um ou vários esportes, criar o 
hábito da atividade física como meio de conservar a saúde física e mental, buscar o equilíbrio 
sócio-afetivo, tendo como meta o desenvolvimento psicossocial de uma pessoa, buscando 
desta forma integrá-la melhor no meio no qual está inserida. 
 
A criança tem que conhecer seu corpo, saber seus limites, para assim conhecer o 
espaço que a cerca, podendo transformar não só este mundo, mas sua personalidade. Então, 
uma criança que tenha desenvolvido adequadamente o conceito de lateralidade não necessita 
basear-sesó em indicações externas para determinar a direção, ela não precisa, por exemplo, 
ter um laço de fita amarrado ao pulso para lembrar qual lado é o esquerdo e qual o direito. 
Mas necessita de uma sensação das dimensões espaciais do corpo, tal como em cima e 
embaixo, que elas normalmente dominam as dimensões em cima-embaixo primeiro, depois 
frente - trás, e, finalmente, lateral, por ter que distinguir entre dois lados aparentemente iguais, 
tornando este processo às vezes mais lento, pois existem muitos adultos que ainda encontram 
dificuldades. Também acredito que a lateralidade corresponde a dados neurológicos, e que 
também é influenciada por certos hábitos sociais e culturais. 
Acredito que todas as modalidades sensoriais participam em certa medida na 
percepção espacial, pois as informações recebidas designam nossa habilidade para avaliar 
com precisão à relação física entre nosso corpo e o ambiente, e para efetuar as modificações 
no curso de nossos deslocamentos. É da interação e integração das informações externas e 
internas que provém nossa organização. As crianças elaboram pouco a pouco esta evolução da 
aquisição de uma dimensão da orientação espacial (direita e esquerda), se estabelece de forma 
progressiva à evolução mental da criança, a aquisição e a conservação das noções de 
distância, superfície, volume, perspectivas e coordenadas que determinam suas possibilidades 
de orientação e de estruturação do espaço em que vive. Não podemos então deixar que estas 
noções tão importantes no desenvolvimento passem em branco; devemos proporcionar 
situações que tenham estas vivências mesmo que mais tarde. 
Crianças mais estimuladas terão um melhor desempenho. Uma criança que conhece 
bem seu corpo, suas limitações, que utiliza os movimentos corretamente, melhora em 
comportamento, podendo até sanar problemas de aprendizagem, sejam na leitura, na escrita, 
cálculos matemáticos, ou em outros desvios de conduta e comportamento, pois para muitos o 
que mais precisam é saber se controlar e dominar o próprio corpo. Por isto penso eu que aulas 
que envolvam jogos e brincadeiras psicomotores são muito úteis no âmbito escolar, pois os 
alunos devem tomar conhecimento destes conceitos de extrema importância para um melhor 
rendimento em sala de aula, e nada melhor que aprender brincando, sem o comprometimento 
com o aprender realmente. 
 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
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LTDA, 1999. 
 
BERGÉS, J. e LEZINE, I. Teste de imitação de gestos. Porto Alegre: Artes Médicas, 1987. 
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Alegre: Artes Médicas, 1987. 
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fatores psicomotores. Porto Alegre: Artmed, 1995. 
 
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Paulo: Scipione, 1999, 4ªedição (3ªimpressão). 
 
GALLAHUE, D. L. & OZMUN, J. C. Compreendendo o Desenvolvimento Motor. Bebês, 
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HAYWOOD, Kathleen M.e GETCHELL, Nancy. Desenvolvimento motor ao longo da vida. 
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LORENZON, Agnes Michel e DELOBEL, Marie. Psicomotricidade: teoria e prática. Porto 
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MEUR A. de. & STAES, L. Psicomotricidade: Educação e Reeducação. São Paulo: Manole, 
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MORAES, Roberto Marques. Recreação e Jogos escolares: o movimento Infantil. 
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NEGRINE, Airton. Manual de Observação Psicomotora: significação psiconeurológica dos 
fatores psicomotores. Porto Alegre: Artmed, 1986. 
 
 
ROSA NETO, Francisco. Manual de Avaliação Motora. Porto Alegre: Artmed, 2002. 
Capturado em: http://www.psicomotricidade.com.br/historico.htm, disponível em 02 
de maio de 2008.

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