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Resenha De Carl Rogers a Merleau Ponty A pessoa mundana em psicoterapia

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FACULDADE SANTO AGOSTINHO
CURSO: PSICOLOGIA / 8º PERÍODO / NOITE
DISCIPLINA: TEORIAS E TÉCNICAS PSICOTERÁPICAS NA ABORDAGEM HUMANISTA
PROFESSORA: ILANA ARÊA LEÃO DE ALMEIDA 
 ACADÊMICO: ANTONIO MOREIRA NETO[1: Antônio Moreira neto é aluno do curso de formação de psicólogos da Faculdade Santo Agostinho, cursando o 8º período, turno noite.]
 
 
Resenha
De Carl Rogers a Merleau-Ponty:
a pessoa mundana em psicoterapia
Moreira, Virginia. De Carl Rogers a Merleau-Ponty: a pessoa mundana em psicoterapia. Virginia Moreira. – São Paulo: Ed. Annablume, 2007. 
O livro é constituído de cinco capítulos e subdividem em tópicos traduzindo sua experiência e fundamentação sobre a pessoa mundana em psicoterapia, em abordagens que se complementam. Na primeira parte desse livro, a autora aborda as teorias pertinentes a ACP no intuito e oferecer uma visão geral dessa abordagem procurando propiciar ao leitor uma melhor compreensão do texto.
No primeiro capítulo a autora enfatiza a tendência de Rogers quanto a sua teoria, de desenvolver a potencialidade do ser humano de forma positiva, no “aqui e agora” e, segundo ela, conforme o ponto de vista de Rogers, a ACP tem como hipótese central “a concepção de natureza humana como fundamentalmente construtiva e auto-reguladora” (p. 44). Discorre sobre a proposta radical de Rogers em que o ensino deveria ser abolido e que os interessados deveriam reunir-se espontaneamente para aprender, já que o ensino não exerce nenhuma influência sobre o comportamento do individuo. A idéia de Rogers é desenvolver o potencial do individuo que, através da relação interpessoal. Virginia Moreira relata algumas influências de Rogers quanto a sua teoria, como influências biológicas, religiosas, socioculturais e experimentalistas.
No capítulo dois, a autora ressalta que Rogers desconsidera a realidade objetiva da desigualdade social, dando ênfase a um homem subjetivo, a margem da realidade concreta, objetiva, esquecendo-se das diferenças, dos contextos diversos em função de sua visão subjetiva. Menciona Max que enfatiza a objetividade enquanto Rogers a subjetividade. Rogers fundamenta sua teria na dimensão individual da pessoa que por meio desse crescimento individual a pessoa alcançara seu desenvolvimento social passando a ser uma pessoa atuante. Já para Max, “... o homem é um produto social enquanto houver homens” (p. 64). Virginia Moreira ressalta a afirmação de Rogers onde essas forças destrutivas são introjetadas pelo individuo por meio da educação repressiva recebidas na infância, desconsidera o aspecto conflituoso da natureza humana e conflito presente na sociedade.
No terceiro capítulo, a autora faz uma análise dos objetivos pedagógicos e psicoterapêuticos na ACP. Cita Rogers que afirma que o ensino esta mais direcionado para matérias relacionadas com a transmissão do saber, essa abordagem, mesmo tendo sofrido alterações para adaptar-se à pedagogia (através da proposta no ensino não-diretivo), não foram suficientes para suprir todas as limitações no âmbito do ensino. Segundo Rogers, o aluno é capaz de realizar a busca por si próprio, o professor passaria a assumir a posição de facilitador, já que seu objetivo é promover ou facilitar a aprendizagem significativa, desconsiderando que as pessoas são seres sociais e que vivem em um contexto político, sócio-econômico e cultural.
No quarto capítulo, a autora destaca a preocupação e a necessidade da fundamentação teórica-filosófica da abordagem humanista, destacando Rogers como o primeiro a fazer alusões à filosofia existencial e fenomenológica em sua primeira edição do livro TCP em 1975, “... O conhecimento passado e as tendências teóricas dever-se-iam manter entre parênteses para possibilitar uma visão pura do mundo fenomenal.”. Merleau-Ponty defende o ser mundano abolindo a visão de homem dicotomizada, o homem é sujeito e objeto. Em psicoterapia transformadora é fundamental que se veja o homem e o mundo em sua mutua constituição. 
No quinto capítulo, Virginia Moreira afirma que “o diagnóstico é tentar identificar o ponto de existência em que a pessoa se encontra e o significado que da a seu mundo, esse diagnóstico é realizado a partir de uma atitude fenomenológico do terapeuta” (p. 111). Aqui é destacado o sujeito como ser psicótico e estar psicótico, a forma como esse indivíduo vê a realidade para si próprio e como ele se relaciona com o mundo real. A autora relata o “caso Bia”, com sintomas psicóticos, a mesma apresentou uma evolução satisfatória, não apresentando mais os sintomas da psicose, constituindo família e vivendo problemas normais do cotidiano, suas relações e existência mundana. Discorrendo sobre seu processo terapêutico. 
No sexto capítulo, a autora faz uma breve descrição do trabalho em grupo e suas necessidades no âmbito psicossocial e suas demandas conforme pesquisa realizada sobre Programa de Maus Tratos a Mulheres (p. 135), que teve como objetivo demonstrar a utilização da técnica de intervenção de grupo de encontro na sua adequação na terapêutica de violência intrafamiliar, ressaltando a importância desse programa na inserção na comunidade com a finalidade de intervir em diferentes níveis de prevenção, e a importância do facilitador nesses grupos de encontro, proporcionando condições facilitadoras para esse desenvolvimento baseando-se no axioma de grupo centrado na pessoa proposto por Carl Rogers: a tendência formativa.
No capítulo sete, a autora mostra o sentido etimológico da palavra pessoa, que vem do verbo personare que significa soar através de, para os gregos significa máscara, e daí, a relação com personagem (teatral), e nessa perspectiva, pode-se analisar o individuo-ator como o ser social (ator) e o individuo e sua subjetividade. Assim, a autora relaciona na tragédia de Édipo Rei, onde “o modo ambíguo de pensar é a própria tragédia. o homem não pode ser definido: é um enigma cujo duplo sentido não se chega nunca a decifrar.” (p. 154), onde Édipo é o homem que é simultaneamente sujeito e objeto de suas ações, ressalta a passagem do mítico para o real com o surgimento da filosofia socrática onde o homem passa a se colocar como o centro do universo, um ser pensante, subjetivo enquanto sujeito social e individual.
No capítulo oito, a autora faz um relato do capitalismo desde a revolução industrial ao surgimento do estado liberal capitalista que propicia o desenvolvimento da pessoa livre para competir, no entanto submetida a regras sociais restringindo assim a liberdade ao consumismo e tornando-as responsável por suas escolhas. Da relação pessoa - individuo, no capitalismo, essa colocação se deu na divisão do trabalho nas indústrias, onde cada individuo produzia uma parte do produto, a divisão da mão-de-obra, divisão social do trabalho na produção de mais-valia. A autora faz referência ao conceito de pessoa abstrata como: “... se refere as suas próprias qualidades e relações, distanciando-se de seu objeto concreto, ser humano por excelência.” (p. 175).
No capítulo nove, a autora descreve a noção pessoa no conceito de Rogers, frisando cronologicamente desde a teoria não-diretiva até a ACP, onde o mesmo, por toda a sua obra, mantém seu conceito de pessoa como centro, nessa visão, Rogers descreve a tendência atualizante de pessoa como uma “tendência inerente a pessoa que possibilita seu desenvolvimento.” (p. 184), coloca a natureza humana como otimista e socializada, para ele a pessoa (homem) não seria perverso e sim influenciado pelo mau comportamento das pessoas. Em resumo, a autora coloca a posição na sua proposta (ACP) que: “Ter a pessoa como centro de sua proposta teórica limita sua teoria e compromete sua pratica.” (p. 193).
No capítulo dez, a autora analisa três entrevistas de Rogers em épocas diferentes estabelecendo períodos relativos a psicoterapia não-diretiva(1940 a 1950), reflexiva (1950 a 1957) e experiencial (1957 a 1970) analisando fenomenologicamente, utilizandoo método da redução com o objetivo de identificar a noção de pessoa na fala do psicoterapeuta e no desenvolvimento da entrevista. A autora conclui que as intervenções de Rogers pressupõem também uma concepção dicotômica que prioriza o interior como pessoa em si mesmo, essa visão evidencia-se através da priorização de um dos pólos ou de uma das partes.
No capítulo onze, a autora faz menção a contribuição de carne de Merleau-Ponty à psicoterapia humanista, a sua definição de fenomenologia, esse conceito de carne vem de sua analise a partir da vida vinculada à realidade contingente, discorda do vitalismo, do determinismo e nega a existência do homem interior, entende o mundo social como campo permanente ou dimensão da existência, o sujeito se constituindo com o meio, parte da visão de corpo sensível, sujeito-objeto, a interioridade é a intercorporeidade que liga o homem a história, portanto não a reconhece com vida privada.
No capítulo seguinte a autora cria um debate virtual entre a autora e Rogers sobre a sua pesquisa aqui resenhada, ressaltando o ponto de vista de Yvan Leanza após ler seu artigo “Les limites de l’approche centrée sur La personne: un recontre vituel”.
Concluo este resumo e minhas reflexões a cerca do que li afirmando que o texto é interessante, bem escrito, compreensível na primeira leitura, traz muitas informações pertinentes a contextualização, pois trata da psicoterapia mundana, desde a concepção de Carl Rogers a Merleau-Ponty, destacando seus aspectos fenomenológicos e casos clínicos durante todo o seu processo.

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