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A REDUÇÃO DA MAIORIDADE PENAL NO BRASIL Fato relevante nos dias atuais é a discussão sobre a redução ou não da maioridade penal no Brasil. Até os 18 anos de idade, os brasileiros gozam da prerrogativa de não serem imputados por atos ilícitos que possam vir a cometer, tendo direito a tratamento diferenciado dos adultos no que tange às sanções penais impostas. Todavia, o retrato visível é que, a cada dia, a população tem sido acometida por situações gravíssimas, compatíveis com atos criminosos, protagonizadas por menores com idade cada vez mais jovem, causando aflição e insegurança aos cidadãos de bem. Diametralmente, as medidas de segurança impostas pelo Estado aos menores infratores não têm se mostrado eficazes para a reeducação e reinserção dos mesmos na sociedade. Na efervescência de se resolver esse problema, correntes contrárias e favoráveis à redução da maioridade penal para 16 anos de idade se digladiam na esfera legislativa nacional, num embate de argumentos que vem despertando sistematicamente o interesse da opinião pública nos diversos seguimentos da sociedade. Principais argumentos contrários à redução da maioridade penal A redução da maioridade penal fere uma das cláusulas pétreas (aquelas que não podem ser modificadas pelos congressistas) da Constituição de 1988. O artigo 228 é claro: "São penalmente inimputáveis os menores de 18 anos". A inclusão de jovens a partir de 16 anos no sistema prisional brasileiro não iria contribuir para a sua reinserção na sociedade, haja vista que relatórios de entidades nacionais e internacionais vêm criticando a qualidade do sistema prisional brasileiro. A pressão para a redução da maioridade penal está baseada em casos isolados, e não em dados estatísticos. Segundo a Secretaria Nacional de Segurança Pública, jovens entre 16 e 18 anos são responsáveis por menos de 0,9% dos crimes praticados no país. Em vez de reduzir a maioridade penal, o governo deveria investir em educação e em políticas públicas para proteger os jovens e diminuir a vulnerabilidade deles ao crime. A redução da maioridade penal iria afetar, preferencialmente, jovens negros, pobres e moradores de áreas periféricas do Brasil, na medida em que este é o perfil de boa parte da população carcerária brasileira. Principais argumentos favoráveis à redução da maioridade penal A mudança do artigo 228 da Constituição de 1988 não seria inconstitucional. Os defensores da “PEC 171” afirmam que ela não acaba com direitos e garantias individuais, apenas impõe novas regras. A impunidade gera mais violência. Atualmente, os jovens têm consciência de que não podem ser presos e punidos como adultos. Por isso continuam a cometer crimes. A redução da maioridade penal iria proteger os jovens do aliciamento feito pelo crime organizado, que tem recrutado menores de 18 anos para atividades, sobretudo, relacionadas ao tráfico de drogas. O Brasil precisa alinhar a sua legislação à de países desenvolvidos como os Estados Unidos, onde, na maior parte de suas unidades federativas, adolescentes acima de 12 anos de idade podem ser submetidos a processos judiciais da mesma forma que adultos. A maioria da população brasileira é a favor da redução da maioridade penal. Procedendo-se a uma análise dos argumentos sub examine, constata-se que uma simples redução da maioridade penal para 16 anos de idade não iria solucionar o problema da violência praticada pelos jovens. Mais uma vez discute-se a solução, mas não a causa. É mister que os congressistas, fazendo jus aos altos salários que lhes são pagos, potencializem seus esforços com o escopo de criar meios necessários para resolver essa questão na base de formação da criança e no seio familiar, através de políticas mais eficientes de educação, proteção e amparo aos cidadãos. Outro ponto que merece ser considerado seria um maior rigor nas medidas de segurança aplicadas aos menores infratores. Pode-se levar em conta a ideia de um exame que proporcionaria ou não a volta desse menor, ao completar 18 anos de idade, para a sociedade. Tal exame poderia ser realizado por uma junta composta por diversos profissionais, quais sejam psicólogos, assistentes sociais, membros do MP, entre outros. Caso fosse reprovado, o indivíduo seria conduzido para uma nova instituição, pois já teria 18 anos, na qual ficaria por mais um ano, para ser novamente avaliado, e assim sucessivamente, até que o juiz, analisando o laudo do exame, autorizasse a sua desinternação. Dessa forma, poder-se-ia atender às duas correntes: não se falaria em redução da maioridade penal, não obstante seriam tomadas todas as medidas para a ressocialização do menor infrator. Por conseguinte, a sociedade brasileira deve se inteirar cada vez mais desse assunto de interesse de todos. Educadores, governantes e os pais unidos em prol de uma condição melhor para as crianças – talvez essa seja a solução mais adequada para o grave problema social da violência praticada pelos jovens. “Eduquem as crianças, para que não seja necessário punir os adultos” (Pitágoras).
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