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02. Estado

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ESTADO
1. ORIGEM E JUSTIFICAÇÃO
A palavra “Estado” deriva do latim status, que significa estado, posição e ordem. Em seu sentido ontológico, Estado significa um organismo próprio dotado de funções próprias, ou seja, o modo de ser da sociedade politicamente organizada, uma das formas de manifestação do poder. A denominação “Estado” nem sempre foi utilizada para expressar sociedade política, pois essa designação só foi aceita a partir dos séculos XVI e XVII. Na Grécia antiga usava-se a expressão polis que significa cidade, enquanto os romanos utilizavam a palavra civitas.
Para designar Estado, na Idade Média e na Idade Moderna passou-se a utilizar os termos principado, reino, república, dentre outros. Os povos germânicos adotavam os termos reich e staat. O responsável pela inclusão do vocábulo “Estado” em nossa literatura foi Maquiavel, em seu famoso O Príncipe, publicado em 1531. O trecho da obra que faz referência a esse termo é o seguinte: “todos os estados, todos os domínios que tiveram e têm poder sobre os homens, são estados e são ou repúblicas ou principados”.
No que diz respeito à origem do Estado, várias são as teorias que buscam as causas de seu surgimento. Todavia, três aspectos devem ser sempre considerados:
a) o aspecto sociológico, que diz respeito à verificação dos elementos constitutivos das primitivas sociedades políticas criadas pelo homem;
b) o aspecto histórico, que encara o Estado como um fato social em permanente evolução, é dizer, como um produto social decorrente da própria evolução da sociedade;
c) o aspecto doutrinário, que o analisa do ponto de vista filosófico.
2. TEORIAS SOBRE A ORIGEM DO ESTADO
a) Doutrina teológica (religiosa)
Acredita que o Estado foi criado por Deus, assim como todas as outras coisas que existem no mundo. Encontram-se como expoentes dessa doutrina Santo Tomás de Aquino, Santo Agostinho e Jacques Bossuet. Parte dessa corrente defendia que o Estado era obra imediata de Deus e que Ele próprio designaria o homem ou a família que deveria exercer a autoridade estatal (teoria pura do direito divino sobrenatural). Essa idéia contribuiu de maneira significativa para aumentar a tendência absolutista existente nas monarquias da Idade Média. Nessa época, os reis participavam de uma cerimônia religiosa onde eram ungidos por Deus, devendo, desse modo, satisfação unicamente a Ele, o que os deixavam com um poder sem limites.
A outra parte dessa corrente, denominada teoria do direito divino providencial, defendia a idéia de que o Estado foi instituído pela providência divina que o guiava de maneira indireta pela direção providencial dos acontecimentos e das vontades humanas (livre-arbítrio). Essa corrente foi muito defendida pela Igreja Católica, que apregoava que nada acontecia no mundo se não fosse vontade de Deus.
b) Doutrina do jusnaturalismo
Surgida no final da Idade Média e início da Idade Moderna, teve como um de seus principais intuitos desvincular os valores humanos da religião. O jusnaturalismo defendia a idéia de que o Estado encontra fundamento nas próprias exigências da natureza humana e que existe um direito que antecede as leis criadas pelo homem, algo inerente à sua vontade. Para os jusnaturalistas, o homem vivia num “estado de natureza” que antecedia o “estado social”. Segundo a teoria do direito natural, O Estado teve sua origem na própria sociedade e na ordem regular das coisas que, com o seu desenvolvimento natural, legitimou o poder como decorrência desse movimento. Portanto, as normas surgem para controlar os ímpetos humanos e servir de veículos para a realização do bem comum, que é o fim precípuo do Estado, aliado também à proteção dos direitos individuais de cada um. O Estado nasce a partir do momento em que a sociedade se dá conta de que é possível se autoadministrar e de que deve existir uma instituição superior capaz de realizar o bem comum e proteger os direitos individuais de cada um de seus integrantes.
c) Doutrina do “contrato social” (contratualismo)
Teve suas raízes na Antiguidade Clássica com Aristóteles e intensificou-se durante a Idade Média. Para os contratualistas, o Estado teve origem a partir da celebração de um pacto entre os homens, onde estes cedem parte de seus direitos individuais em prol de todo um grupo de pessoas, ou seja, do interesse coletivo. Nesse sentido fica claro que o Estado nasce de um pacto de vontade entre os homens. E o homem, por intermédio da criação da sociedade, buscou dotá-la de uma feição jurídico-política, dando origem assim ao Estado. Desta forma, o pacto social tem como principal finalidade criar uma entidade personalizada forte e capaz de proteger os direitos individuais de cada um, além de realizar o bem comum. Assim como os jusnaturalistas, os contratualistas também acreditavam que o homem partiu de um “estado de natureza” para um “estado social”.
Thomas Hobbes, em sua obra O Leviatã, defendia a idéia de que a sociedade política foi criada a partir da celebração de um contrato social firmado entre os homens em busca de harmonia, paz, segurança e proteção de direitos e bens. Esse contrato social surgiu em virtude da violência em que se encontrava o homem durante seu “estado de natureza”, período em que a paixão e o egoísmo sobrepunham-se à razão, havendo uma verdadeira guerra de todos contra todos na qual o homem era lobo do próprio homem. Portanto, para Hobbes a sociedade não é um fato natural, mas sim um contrato firmado entre todos os homens. O “Leviatã” representava o Estado soberano, absolutista e detentor de todo o poder, pois na ótica de Hobbes a divisão do poder nada mais era do que a sua própria dissolução. Hobbes não pregou os direitos individuais, já que era ardente defensor da teoria da submissão integral do indivíduo à autoridade estatal como sendo este o único meio possível de se escapar do caos reinante no “estado de natureza”.
Para John Locke, o “estado de natureza”é regido pela igualdade entre os homens e pela liberdade, sendo o que se poderia denominar um verdadeiro “estado de licença”, regido apenas pelas leis da natureza. Todavia, o homem necessita relacionar-se com os outros homens para desenvolver-se e dessa relação surge também o medo de que o outro lhe tome os bens e até mesmo a vida. Desta feita, o homem decide celebrar um pacto social, com o consentimento de todos, para formar uma sociedade que tem como objetivos principais a realização do bem comum e a proteção de seus direitos e bens.

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