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04. Nação

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NAÇÃO
1. CONCEITO
As pessoas, em razão dos traços comuns que possam apresentar (raça, descendência, língua, cultura), cultivam por vezes um sentimento de pertinência ao grupo resultante da confluência dos mesmos caracteres unificadores. Por nação entende-se um conjunto de seres humanos aglutinados em função de um elemento agregador, que pode ser tanto histórico, cultural, quanto biológico, que, cônscios das suas peculiaridades, desejam preservá-las no futuro.
O conceito de nação está diretamente relacionado com a organização política do povo e principalmente com a sua personalidade jurídica. Estas duas notas caracterizadoras da nação diferenciam-na do conceito de povo, que é o conjunto de indivíduos que vivem dentro de um determinado Estado. A nação é formada pela organização de elementos comuns entre as pessoas, como a língua, a etnia, a moral e a cultura.
Só o Direito pode explicar plenamente o conceito de povo. Se há um traço que o caracteriza esse traço é, sobretudo, jurídico, e onde ele estiver presente as objeções não prevalecerão. Com efeito, povo exprime o conjunto de pessoas vinculadas, de forma institucional e estável, a um determinado ordenamento jurídico, ou, segundo Ranelletti, ”o conjunto de indivíduos que pertencem ao Estado, isto é, o conjunto de cidadãos".
É bem de ver que o conceito de nação extravasa os limites do jurídico, recebendo uma significação mais política. Pertence, isto sim, à área sociológica. É a sociologia que procura explicar os fenômenos relativos às nações, o que não quer dizer que não interfiram elas na vida do Estado. Pelo contrário, são em grande parte responsáveis pela sua formação e pela manutenção de sua coesão. No fim do século XVII a consciência nacional, despertada pelas guerras contra Napoleão, procurou traduzir-se no âmbito das organizações políticas, dando lugar ao que hoje conhecemos por Estado nacional. O princípio então vigorante era o de que cada nação devia corresponder a um Estado e vice-versa, sem embargo de reconhecer-se a importância do princípio das nacionalidades na geração e transformações do Estado moderno.
A definição do Estado como nação politicamente organizada não é admissível. Uma nação pode eventualmente formar um Estado, mas o Estado não precisa nunca de uma nação para se estabelecer. A nação nasce do instinto, constrói-se naturalmente com os elos que formam uma família e famílias, tendo a origem comum por principal elemento.
Por vezes, a nação antecede ao Estado. Nos tempos modernos, temos o exemplo do povo judeu, que, constituído secularmente em nação, só se estabilizou com a criação do Estado de Israel (1948). Em outros casos, o Estado precede a nação. São exemplos desse fenômeno muitos dos atuais Estados africanos saídos da situação de ex-colônias europeias, onde as realidades tribais ainda existentes impedem a formação de uma nacionalidade própria a cada Estado.
2. NACIONALIDADE
Em face do Estado, todo indivíduo é nacional ou é estrangeiro. O povo está unido ao Estado pelo vínculo da nacionalidade, que representa um vínculo jurídico que designa quais são as pessoas que fazem parte da sociedade política estatal. Lamentavelmente, não se chegou ainda à possibilidade de estabelecerem-se normas jurídicas de direito internacional fixando critérios uniformes para a outorga da nacionalidade. Isso significa dizer que o Estado, soberanamente, define as pessoas que ele vai considerar como seus nacionais. É certo que em termos práticos esses critérios não costumam variar além de dois fundamentais: o do jus sanguinis e o do jus soli.
Pelo primeiro é nacional todo aquele que é filho de pais nacionais, levando em conta a paternidade. O segundo consiste em considerar nacional todo aquele que nasce no território do Estado. Os países que exportam população (países de emigração) preferem adotar, em regra, o critério do jus sanguinis, que lhes permite considerar como jurisdicionados seus até mesmo as pessoas que vivam no estrangeiro no conjunto dos seus nacionais. Já os Estados de imigração tendem a adotar o critério do jus soli, com o objetivo de integrar os contingentes migratórios por meio da nacionalização de seus descendentes. No Brasil adota-se o jus soli, todavia com certos abrandamentos.
2.1. Brasileiros natos
a) Nascidos em território brasileiro, embora de pais estrangeiros, desde que estes não estejam a serviço de seu país – nascer em território brasileiro significa nascer em qualquer parte do nosso domínio. São brasileiros, por exemplo, os nascidos em navio de guerra brasileiro, onde quer que se encontre. Há exceção ao princípio do jus soli quanto aos filhos de estrangeiros que estejam a serviço de seu país, aplicando-se, neste caso, o jus sanguinis.
b) Nascidos fora do território nacional, de pai brasileiro ou mãe brasileira, desde que qualquer deles esteja a serviço do Brasil – outra exceção ao jus soli, onde também se aplica o jus sanguinis.
c) Nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou de mãe brasileira que não estejam a serviço do Brasil, desde que venham a residir na República Federativa do Brasil e optem, em qualquer tempo, pela nacionalidade brasileira. São duas hipóteses:
- registrado em repartição competente brasileira – é considerado nato, independentemente de manifestação de vontade;
- não registrado – nesse caso, a aquisição da nacionalidade brasileira dependerá de manifestação expressa do interessado, a qual​quer tempo.
2.2. Brasileiros naturalizados
a) Os que adquiram, na forma da lei, a nacionalidade brasileira – aos de países de língua portuguesa exige-se apenas a residência por um ano ininterrupto em nosso país e idoneidade moral.
b) Os estrangeiros de qualquer nacionalidade residentes na República Federativa do Brasil há mais de 15 anos ininterruptos e sem condenação penal, desde que requeiram a nacionalidade brasileira.
Obs.: Aos portugueses com residência permanente no País, se houver reciprocidade em favor de brasileiros, serão atribuídos os direitos inerentes ao brasileiro, salvo os casos previstos na Constituição, sendo privativos de brasileiros natos os cargos:
- de Presidente e Vice-Presidente da República;
- de Presidente da Câmara dos Deputados;
- de Presidente do Senado Federal;
- de Ministro do Supremo Tribunal Federal;
- da carreira diplomática;
- de oficial das Forças Armadas.
2.3. Binacionais e apátridas
Como a nacionalidade é unilateralmente concedida, é dizer, cada Estado individualmente dita a legislação por força da qual se confere a alguém a condição de nacional, resultam daí alguns inconvenientes, tais como pessoas com dupla nacionalidade, ou melhor, binacionais. Exemplo: filho de pais oriundos de país que adote o jus sanguinis nascido em Estado que adote o jus soli. Portanto, entende-se por binacional a pessoa que possui mais de uma nacionalidade ao mesmo tempo.
Por apátridas deve-se entender as pessoas que não possuem pátria. Tal situação é manifestamente indesejável, pois priva o indivíduo de filiação a qualquer Estado e, em consequência, da tutela jurídica que lhe resultaria da nacionalidade.
Vincular-se a um Estado, entretanto, não é apenas fonte de submissão, mas também fato gerador de direitos, tão mais amplos estes quanto mais alto o teor de democracia na sua organização do poder político. Essa fruição de direitos não é assegurada, todavia, a todos na mesma proporção. Prestigiam-se os nacionais, a quem, em regra, se confere em caráter exclusivo o desfrute dos direitos políticos (aqueles que dizem respeito à participação do individuo na formação da vontade estatal).
São, portanto, nacionais de um Estado aqueles que o seu direito define como tais. É uma situação jurídica e não uma mera situação de fato.

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