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Difusos e Coletivos Aula 1 04 Material de Apoio Magistratura

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Magistratura e Ministério Público 
CARREIRAS JURÍDICAS 
Damásio Educacional 
MATERIAL DE APOIO 
 
Disciplina: Teoria Geral dos Direitos Difusos 
 Professor: Luiz Antônio 
Aula: 04 | Data: 13/02/2015 
 
 
ANOTAÇÃO DE AULA 
SUMÁRIO 
 
LEGITIMAÇÃO PASSIVA 
1. Denunciação 
2. Chamamento ao processo 
3. Desconsideração da personalidade jurídica 
4. Autoridade pública no polo passivo 
5. Legitimado ativo no polo passivo 
6. Ação coletiva passiva 
7. Migração do polo passivo para o polo ativo 
 
CAUSA DE PEDIR E PEDIDO 
1. Causa de pedir 
2. Pedido 
3. Princípio da congruência 
4. Pedido de indenização por danos patrimoniais e morais 
5. Controle de políticas públicas 
 
 
1. Denunciação 
Nos casos de responsabilidade objetiva, não pode o réu denunciar a Lide contra aquele que tem responsabilidade 
subjetiva. Não se permite a denunciação ou chamamento, mas o Réu (com responsabilidade objetiva) poderá em 
via regressiva promover demanda contra aquele que tem responsabilidade subjetiva (art. 88, CDC). 
 
Art. 88, CDC. Na hipótese do art. 13, parágrafo único deste código, a 
ação de regresso poderá ser ajuizada em processo autônomo, 
facultada a possibilidade de prosseguir-se nos mesmos autos, vedada 
a denunciação da lide. 
 
O STJ no AgRg no Ag 1.213.458/MG entende que não há possibilidade de denunciação da Lide quando a discussão 
entre denunciante e denunciado é diferente do objeto do processo. 
 
AgRg no Ag 1.213.458/MG 
EMENTA: PROCESSUAL CIVIL E AMBIENTAL. AGRAVO REGIMENTAL. 
OFENSA AO ART.535 DO CPC INOCORRÊNCIA. DANO AO MEIO 
AMBIENTE. RESPONSABILIDADE OBJETIVA. DENUNCIAÇAO À 
LIDE. IMPOSSIBILIDADE. RELAÇAO ENTRE PRETENSOS DENUNCIANTE 
E DENUNCIADO. RESPONSABILIDADE SUBJETIVA. PRINCÍPIOS 
DA ECONOMIA E CELERIDADE PROCESSUAIS. 1. Em primeiro lugar, 
não existe a alegada ofensa ao art. 535 do CPC. A contradição que 
autoriza o manejo dos declaratórios é aquela que ocorre entre a 
fundamentação e o dispositivo, e não a interna à fundamentação. A 
obscuridade apontada confunde-se com o inconformismo da parte 
 
 
 
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acerca do julgamento da controvérsia de fundo proferido pelo 
Tribunal, situação não enquadrada entre os vícios do art. 535 do CPC. 
2. Em segundo lugar, pacífico o entendimento desta Corte Superior a 
respeito da impossibilidade de denunciação à lide quando a relação 
processual entre o autor e o denunciante é fundada em causa de 
pedir diversa da relação passível de instauração entre o denunciante 
e o denunciado, à luz dos princípios da economia e celeridade 
processuais. Precedentes. 3. Na espécie, a responsabilidade por 
danos ao meio ambiente é objetiva e a responsabilidade existente 
entre os pretensos denunciante e denunciado é do tipo subjetiva, 
razão pela qual inviável a incidência do art. 70, inc. III, do CPC. 4. 
Agravo regimental não provido. 
 
2. Chamamento ao processo (art. 77) 
O art. 88 do CDC só veda a denunciação à Lide, mas a doutrina entende que deve ser aplicado também ao 
chamamento ao processo (AgRg no Resp 1.180.399/SC; TJSP – AI 830.410.5/7-00; TJSP – 2º CRMA AI 0094546-
96.2013.8.26.000000). 
 
AgRg no Resp 1.180.399/SC 
EMENTA: ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO 
REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. FORNECIMENTO DE 
MEDICAMENTOS. SUSPENSAODO FEITO. NAO CABIMENTO. 
CHAMAMENTO DA UNIÃO AO PROCESSO.DESNECESSIDADE E 
INADEQUAÇAO. PRECEDENTES DE AMBAS AS TURMAS QUE 
COMPÕEM A PRIMEIRA SEÇAO. AGRAVO REGIMENTAL DESPROVIDO. 
1. A controvérsia objeto do presente recurso não está submetida ao 
rito dos recursos repetitivos (REsp. 1.144.382/AL), pois o tema ali 
tratado diz respeito à caracterização ou não da responsabilidade 
solidária passiva da União, Estados e Municípios para o fornecimento 
de medicamentos, enquanto que o caso dos autos trata da questão 
processual relativa à possibilidade de chamamento da União ao 
processo, nos termos do art. 77, III, do CPC. 2. Ambas as Turmas que 
compõem a Primeira Seção firmaram o entendimento de que o 
chamamento ao processo não é adequado às ações que tratam de 
fornecimento de medicamentos. 3. Agravo Regimental desprovido. 
 
3. Desconsideração da personalidade jurídica 
A regra geral está no art. 50, CC. Mas segundo os art. 28, §5º, CDC e art. 4º da Lei 9.605/98, é possível a aplicação 
da Teoria menor da desconsideração, que é adotado pelo STJ desde 2003 (Resp 279.273/SP). Para a Teoria menor 
da desconsideração, basta a inadimplência da pessoa jurídica. 
 
Resp 279.273/SP 
EMENTA: Responsabilidade civil e Direito do consumidor. Recurso 
especial. Shopping Center de Osasco-SP. Explosão. Consumidores. 
Danos materiais e morais. Ministério Público. Legitimidade ativa. 
Pessoa jurídica. Desconsideração. Teoria maior e teoria menor. Limite 
 
 
 
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de responsabilização dos sócios. Código de Defesa do Consumidor. 
Requisitos. Obstáculo ao ressarcimento de prejuízos causados aos 
consumidores. Art. 28, 5º. - Considerada a proteção do consumidor 
um dos pilares da ordem econômica, e incumbindo ao Ministério 
Público a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos 
interesses sociais e individuais indisponíveis, possui o Órgão 
Ministerial legitimidade para atuar em defesa de interesses 
individuais homogêneos de consumidores, decorrentes de origem 
comum. - A teoria maior da desconsideração, regra geral no sistema 
jurídico brasileiro, não pode ser aplicada com a mera demonstração 
de estar a pessoa jurídica insolvente para o cumprimento de suas 
obrigações. Exige-se, aqui, para além da prova de insolvência, ou a 
demonstração de desvio de finalidade (teoria subjetiva da 
desconsideração), ou a demonstração de confusão patrimonial 
(teoria objetiva da desconsideração). - A teoria menor da 
desconsideração, acolhida em nosso ordenamento jurídico 
excepcionalmente no Direito do Consumidor e no Direito Ambiental, 
incide com a mera prova de insolvência da pessoa jurídica para o 
pagamento de suas obrigações, independentemente da existência 
de desvio de finalidade ou de confusão patrimonial. - Para a teoria 
menor, o risco empresarial normal às atividades econômicas não 
pode ser suportado pelo terceiro que contratou com a pessoa 
jurídica, mas pelos sócios e/ou administradores desta, ainda 
que estes demonstrem conduta administrativa proba, isto é, mesmo 
que não exista qualquer prova capaz de identificar conduta culposa 
ou dolosa por parte dos sócios e/ou administradores da pessoa 
jurídica. - A aplicação da teoria menor da desconsideração às 
relações de consumo está calcada na exegese autônoma do 5º do 
art. 28, do CDC, porquanto a incidência desse dispositivo não se 
subordina à demonstração dos requisitos previstos no caput do 
artigo indicado, mas apenas à prova de causar, a mera existência da 
pessoa jurídica, obstáculo ao ressarcimento de prejuízos causados 
aos consumidores. - Recursos especiais não conhecidos. 
 
4. Autoridade pública no polo passivo 
É possível a inclusão de autoridade pública no polo passivo. Em regra quem figura no polo passivo é o ente 
público (Ex.: Prefeitura que permite loteamento irregular, quem figura no polo passivo é o município), mas se for 
necessário incluir no polo passivo o agente responsável (Ex.: O prefeito da cidade), deve-se incluir o pedido de 
improbidade administrativa. Assim a ação terá pedidos em relação ao dano e pedidos em relação à improbidade 
administrativa. 
 
5. Legitimado ativo no polo passivo 
É possível a legitimação passiva estar frequentada por um dos legitimados ativos, quando esse legitimado for 
acusado do dano (Ex.: Município pode ser autor em uma ação civil pública, mas também pode ser réu em outra 
ação civil pública). Também, é possível que o autor da ação civil pública seja responsabilizado, passando ao polo 
passivo. Ex.: O réu da ação rescisória oudos embargos pode ser o MP, que foi autor na ação original. 
 
 
 
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6. Ação coletiva passiva 
Não é possível, não há previsão. Não é possível promover ação civil pública contra qualquer um dos legitimados, 
na condição de representante da coletividade. Ex.: Não é possível promover ação contra o MP, para que o juiz 
declare que o autor não tem responsabilidade por eventual dano ambiental. 
 
Obs.: Com base no art. 315, paragrafo único do CPC não cabe Reconvenção na ação civil pública (também não há 
previsão legal na LACP). A legitimidade ativa para propor ação civil pública é restrita, assim não há autorização 
legal para que o réu vire autor (Ex.: Município promove ação ambiental contra particular causador de dano. Se 
esse particular oferecer reconvenção, assumirá o polo ativo de ação civil pública – isso é vedado, pois o particular 
não é um dos legitimados). 
 
7. Migração do polo passivo para o polo ativo 
A Lei da ação popular (Lei 4.717/65) art. 6º, § 3º, permite que a pessoa jurídica de direito público, que não é ré, 
mas interessada na ação, possa migrar do polo passivo para o polo ativo, mesmo depois de contestada a ação. A 
lei de improbidade administrativa (Lei 8.429/92, art. 17) também permite a migração da pessoa jurídica de direito 
público (AgRg no Resp 1.012.960/PR). Ex.: Município no polo passivo de uma ação de improbidade, pode migrar 
para o polo ativo. 
 
AgRg no Resp 1.012.960/PR 
RELATÓRIO: O EXMO. SR. MINISTRO HERMAN BENJAMIN: Trata-se 
de Agravo Regimental interposto contra decisão (fls. 330-332) que 
negou seguimento ao Recurso Especial sob o fundamento de que é 
facultado ao Poder Público ingressar no polo ativo ou passivo da Ação 
Civil Pública, desde que configurada a utilidade ao interesse público, 
conforme ocorre no caso concreto. Inconformados, os agravantes 
sustentam, em síntese: a) omissão em relação à aludida ilegitimidade 
do Parquet , bem como quanto à ausência de interesse de agir, uma 
vez que "a posição dos entes políticos em relação aos polos da ação 
de improbidade é indiferente para o Ministério Público, desde que 
eles integrem aquela lide" (fl. 359). b) "o entendimento do Tribunal a 
quo derivou diretamente da avaliação dos fatos levados ao seu 
conhecimento. Alterá-lo implica considerar o alcance e a 
interpretação dos fatos alegados, o que é descabido na via do 
especial" (fl. 360, grifos do original). c) "o precedente tomado por 
paradigma não se reveste de alcance suficiente para ser tratado 
como jurisprudência dominante (...). Com o devido acatamento, a 
matéria não foi suficientemente enfrentada no âmbito dessa Corte 
(...). Julgá-la singularmente, data venia, é impedir, que essa C. Corte 
Construa, em conjunto, a jurisprudência que deve orientar toda 
Judicatura Nacional!" (fl. 362, grifos do original). Pleiteiam a 
reconsideração do decisum ou a submissão do Recurso à Turma. É 
o relatório. 
 
 
 
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CAUSA DE PEDIR E PEDIDO 
 
1. Causa de pedir 
São os fatos e fundamento jurídicos do pedido. 
 
2. Pedidos 
A regra é que o pedido deve ser certo e determinado (art. 286 do CPC). Pelo novo CPC, art. 320, o pedido deve ser 
certo e pelo art. 322 do novo o pedido também deve ser determinado. 
 
I) Pedido genérico 
Em regra o pedido individual homogêneo é genérico, tal como no art. 95 do CDC. O inciso II do art. 286 do CPC 
permite a elaboração de pedido genérico (art. 322 do novo CPC). Ex.: Pedido de reparação de dano ambiental vai 
depender de perícia, assim não é possível determinar o valor da reparação ou a possibilidade de reparação 
integral logo no início da demanda. 
 
Art. 286, CPC. O pedido deve ser certo ou determinado. É lícito, 
porém, formular pedido genérico: 
II. Quando não for possível determinar, de modo definitivo, as 
consequências do ato ou do fato ilícito; 
 
II) Cumulação de pedidos 
Segundo LACP, art. 3º a ação civil poderá ter por objeto a condenação em dinheiro ou o cumprimento de 
obrigação de fazer ou não fazer. Hoje o STJ entende que esse “ou” significa “e”, isso com base no CPC e no art. 81 
do CDC, pois o sistema passou a ser cumulativo (RESP 605.323/MG). 
 
RESP 605.323/MG 
EMENTA: PROCESSO CIVIL. DIREITO AMBIENTAL. AÇÃO CIVIL PÚBLICA 
PARA TUTELA DO MEIO AMBIENTE. OBRIGAÇÕES DE FAZER, DE NÃO 
FAZER E DE PAGAR QUANTIA. POSSIBILIDADE DE CUMULAÇÃO DE 
PEDIDOS ART. 3º DA LEI 7.347/85. INTERPRETAÇÃO SISTEMÁTICA. 
ART. 225, § 3º, DA CF/88, ARTS. 2º E 4º DA LEI 6.938/81, ART. 25, IV, 
DA LEI 8.625/93 E ART. 83 DO CDC. PRINCÍPIOS DA PREVENÇÃO, DO 
POLUIDOR-PAGADOR E DA REPARAÇÃO INTEGRAL. 1. O sistema 
jurídico de proteção ao meio ambiente, disciplinado em normas 
constitucionais (CF, art. 225, § 3º) e infraconstitucionais (Lei 
6.938/81, arts. 2º e 4º), está fundado, entre outros, nos princípios da 
prevenção, do poluidor-pagador e da reparação integral. Deles 
decorrem, para os destinatários (Estado e comunidade), deveres e 
obrigações de variada natureza, comportando prestações pessoais, 
positivas e negativas (fazer e não fazer), bem como de pagar quantia 
(indenização dos danos insuscetíveis de recomposição in natura ), 
prestações essas que não se excluem, mas, pelo contrário, se 
cumulam, se for o caso. 2. A ação civil pública é o instrumento 
processual destinado a propiciar a tutela ao meio ambiente (CF, art. 
129, III). Como todo instrumento, submete-se ao princípio da 
adequação, a significar que deve ter aptidão suficiente para 
 
 
 
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operacionalizar, no plano jurisdicional, a devida e integral proteção 
do direito material. Somente assim será instrumento adequado e útil. 
3. É por isso que, na interpretação do art. 3º da Lei 7.347/85 ("A ação 
civil poderá ter por objeto a condenação em dinheiro ou o 
cumprimento de obrigação de fazer ou não fazer "), a conjunção “ou” 
deve ser considerada com o sentido de adição (permitindo, com a 
cumulação dos pedidos, a tutela integral do meio ambiente) e não o 
de alternativa excludente (o que tornaria a ação civil pública 
instrumento inadequado a seus fins). É conclusão imposta, 
outrossim, por interpretação sistemática do art. 21 da mesma lei, 
combinado com o art. 83 do Código de Defesa do Consumidor ("Art. 
83. Para a defesa dos direitos e interesses protegidos por este código 
são admissíveis todas as espécies de ações capazes de propiciar sua 
adequada e efetiva tutela. ") e, ainda, pelo art. 25 da Lei 8.625/1993, 
segundo o qual incumbe ao Ministério Público “IV - promover o 
inquérito civil e a ação civil pública, na forma da lei: a) para a 
proteção, prevenção e reparação dos danos causados ao meio 
ambiente (...)”. 4. Exigir, para cada espécie de prestação, uma ação 
civil pública autônoma, além de atentar contra os princípios da 
instrumentalidade e da economia processual, ensejaria a 
possibilidade de sentenças contraditórias para demandas 
semelhantes, entre as mesmas partes, com a mesma causa de pedir e 
com finalidade comum (medidas de tutela ambiental), cuja única 
variante seriam os pedidos mediatos, consistentes em prestações de 
natureza diversa. A proibição de cumular pedidos dessa natureza não 
existe no procedimento comum, e não teria sentido negar à ação civil 
pública, criada especialmente como alternativa para melhor viabilizar 
a tutela dos direitos difusos, o que se permite, pela via ordinária, 
para a tutela de todo e qualquer outro direito. 5. Recurso especial 
parcialmente conhecido e, nessa parte, desprovido. 
 
2. Princípio da congruência 
Tem como objetivo evitar a liberdade do juiz a fim de não ferir o contraditório e a ampla defesa. Os artigos 128 e 
460 do CPC (reproduzidos no novo CPC nos art. 141 e 489) visam à segurança jurídica. 
 
Art. 128. O juiz decidirá a lide nos limites em que foi proposta, sendo-
lhedefeso conhecer de questões, não suscitadas, a cujo respeito a lei 
exige a iniciativa da parte. 
 
Art. 460. É defeso ao juiz proferir sentença, a favor do autor, de 
natureza diversa da pedida, bem como condenar o réu em 
quantidade superior ou em objeto diverso do que Ihe foi 
demandado. 
 
Hoje com base na segurança social, esse princípio está mitigado. O juiz deve dar solução a Lide, ainda que diversa 
da requerida na inicial, mas com resultado equivalente. O juiz tem um amplo espectro para dar efetividade as 
suas decisões (art. 84, “caput” e § 5º do CDC; art. 461, “caput” e § 5º do CPC (art. 494 do novo CPC)). 
 
 
 
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O CPC, 461 trouxe a mesma ideia que o CDC já havia trazido, dando mais liberdade para o juiz. 
 
Art. 84. Na ação que tenha por objeto o cumprimento da obrigação 
de fazer ou não fazer, o juiz concederá a tutela específica da 
obrigação ou determinará providências que assegurem o resultado 
prático equivalente ao do adimplemento. 
 
§ 5° Para a tutela específica ou para a obtenção do resultado prático 
equivalente, poderá o juiz determinar as medidas necessárias, tais 
como busca e apreensão, remoção de coisas e pessoas, desfazimento 
de obra, impedimento de atividade nociva, além de requisição de 
força policial. 
 
RESP 1.107.219/SP – Houve num caso prático a degradação de 680 metros quadrados de uma determinada área, 
o juiz mandou demolir tudo e recuperar a área, mesmo não estando no pedido. A tutela ambiental é de natureza 
fungível, a degradação não para e as consequências do dano só aumentam, então agiu certo o juiz. 
 
RECURSO ESPECIAL Nº 1.107.219 - SP (2008/0283147-0) 
EMENTA: PROCESSUAL CIVIL. ADMINISTRATIVO. AÇAO 
CIVIL PÚBLICA. DANO AMBIENTAL. OCUPAÇAO IRREGULAR DE ÁREA 
DE PRESERVAÇAO PERMANENTE COM DEGRADAÇAO 
AMBIENTAL. JULGAMENTO EXTRA EULTRA PETITA . INOCORRÊNCIA. 
1. A tutela ambiental é de natureza fungível por isso que a área 
objeto da agressão ao meio ambiente pode ser de extensão maior do 
que a referida na inicial e, uma vez assim aferida pelo conjunto 
probatório, não importa em julgamento ultra ou extra petita . 2. A 
decisão extra petita é aquela inaproveitável por conferir à 
parte providência diversa da almejada, mercê do deferimento de 
pedido diverso ou baseado em causa petendi não eleita. 
Consectariamente, não há decisão extra petita quando o juiz examina 
o pedido e aplica o direito com fundamentos diversos dos fornecidos 
na petição inicial ou mesmo na apelação, desde que baseados em 
fatos ligados ao fato-base . Precedentes do STJ: AgRg no REsp 
1164488/DF , SEGUNDA TURMA, DJe 07/06/2010; RMS 26.276/SP , 
QUINTA TURMA, DJe 19/10/2009; e AgRg no AgRg noREsp 
825.954/PR , PRIMEIRA TURMA, DJ de 15/12/2008. 3. Deveras, a 
análise do pedido dentro dos limites postos pela parte não incide no 
vício in procedendo do julgamento ultra ou extra petita e, por 
conseguinte, afasta a suposta ofensa aos arts. 460 e 461, do CPC. 
4. Ademais, os pedidos devem ser interpretados, como 
manifestações de vontade, de forma a tornar o processo efetivo, o 
acesso à justiça amplo e justa a composição da lide . Precedentes do 
STJ: AgRg no Ag 1038295/RS , PRIMEIRA TURMA, DJe 03/12/2008; 
AgRg no Ag 865.880/RJ , PRIMEIRA TURMA, DJ 09/08/2007; AgRg 
noAg 738.250/GO , QUARTA TURMA, DJ 05/11/2007; e AgRg 
no Ag 668.909/SP,QUARTA TURMA, DJ 20/11/2006; 5. In casu, o Juízo 
 
 
 
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Singular decidiu a questio iuri s dentro dos limites postos pelas 
partes, consoante se conclui do excerto do voto condutor do acórdão 
recorrido, verbis: "(...) A ação diz respeito a ocupação e supressão 
de vegetação nativa em área de cerca de 180 m2 nos limites do 
Parque Estadual da Serra do Mar, e a construção de diversas 
edificações irregulares, que a perícia depois informou ocuparem 650 
m2 (fls. 262), sem aprovação dos competentes órgãos do Município e 
do Estado. Ou seja, o pedido inicial se refere a devastação de área 
de aproximadamente 180 m2 e também a diversas construções, 
sem indicação da área que ocupam. Daí o pedido de cessação das 
agressões com paralisação de desmatamento, de construções e de 
ocupações, obviamente onde ainda não haviam ocorrido, além do 
pedido de demolição das edificações e culturas existentes, com 
restauração da vegetação primitiva, ou indenização. Irrelevante a 
menção à altitude de 180m, uma vez que os problemas são a 
situação em área de preservação permanente ou não e a 
irregularidade da ocupação e das construções, em terreno cuja 
acentuada declividade e situação de risco podem ser constatadas a 
olho nu (v. fls. 19, 31, 42, 73 e 131/132). E a perícia deixou clara a 
localização da área dentro do Parque Estadual com base na Planta 
Cartográfica Planialtimétrica do Instituto Geográfico e Cartográfico 
da USP (fls. 211 e 260/261), documento este cuja validade não foi 
infirmada pelo requerido. Mesmo o levantamento contratado pelo 
requerido para o PRAD confirmou estar a área construída acima da 
Cota 100 (v. fls. 288 e 297), porém o perito do Juízo observou que não 
houve comprovação da altimetria do ponto de referência 
(fls. 311/312). A contestação mostrou que, além das duas 
construções apontadas na petição inicial, outras já estavam feitas, 
com desrespeito aos embargos administrativo e judicial (v. fls. 
176/181), não apenas no terreno de 180 m2 de área estimada 
ocupada por aquelas construções, mas em toda a área de posse do 
ora apelante, constituída por duas aquisições, uma de 2100 m2 e 
outra de 6000 m2 aproximadamente (v. fls. 127/132). A alegação de 
que já havia no local uma construção (fls. 121 e 127) não afasta a 
responsabilidade do adquirente, que é objetiva e corresponde a 
obrigação propterrem. A perícia informou ter havido corte do terreno 
(v. fls. 224 e 232/243), em que nenhuma construção pode haver sem 
autorização dos órgãos competentes. E a inexistência de curso 
d"água tampouco pode mudar o desfecho desta ação. 
Os limites da lide ficaram pois, definidos no pedido inicial e na 
contestação e não se contém na área de 180 m2 ocupada por 
duas construções, apenas, mas abrange as outras construções, como 
já dito. O perito oficial (. fls. 204/243, 259/265 e 310/314) constatou 
que a ocupação já estava estendida por cerca de 1242 m2 (fls. 211) 
com duas casas e uma igreja entre as Cotas 110 e 128 metros 
e verificou a degradação ambiental consumada (v. fls. 213/214 e 
218/225) Como se vê, ficou provado que o ora apelante ocupou 
 
 
 
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área de preservação permanente e ali fez várias edificações 
irregularmente; o fato de já não haver ali vegetação nativa, quando 
da ocupação, não o libera da responsabilidade objetiva e 
correspondente a obrigação propter rem de reconstituir essa 
vegetação. Terceiros eventualmente prejudicados poderão defender 
seus interesses pelas vias próprias."às fls. 402/404. 6. Recurso 
Especial desprovido. 
 
4. Pedido de indenização por danos patrimoniais e morais 
O art. 1º, “caput” da LACP determina que, sem prejuízo da ação popular, é possível ação de responsabilidade por 
danos morais e patrimoniais (art. 6º, VI, CDC). A lei prevê dano moral difuso. Ex.: Construtora que faz 
empreendimento numa área contaminada e futuramente aparece o gás metano, sendo necessária a demolição. O 
dano moral não é somente para quem sente dor, a coletividade também pode sofrer dano moral (RESP 
1.269.494/MG; RESP 1.367.923/RJ). 
 
RESP 1.269.494/MG 
EMENTA: AMBIENTAL, ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO 
CIVIL PÚBLICA. PROTEÇÃO E PRESERVAÇÃO DO MEIO AMBIENTE. 
COMPLEXO PARQUE DO SABIÁ. OFENSA AO ART. 535, II, DO CPC NÃO 
CONFIGURADA. CUMULAÇÃO DE OBRIGAÇÕES DE FAZER COM 
INDENIZAÇÃO PECUNIÁRIA. ART. 3º DA LEI7.347⁄1985. 
POSSIBILIDADE. DANOS MORAIS COLETIVOS. CABIMENTO. 1. Não 
ocorre ofensa ao art. 535 do CPC, se o Tribunal de origem decide,fundamentadamente, as questões essenciais ao julgamento da lide. 
2. Segundo a jurisprudência do STJ, a logicidade hermenêutica do 
art. 3º da Lei7.347⁄1985 permite a cumulação das condenações em 
obrigações de fazer ou não fazer e indenização pecuniária em sede 
de ação civil pública, a fim de possibilitar a concreta e 
cabal reparação do dano ambiental pretérito, já consumado. 
Microssistema de tutela coletiva. 3. O dano ao meio ambiente, por 
ser bem público, gera repercussão geral, impondo conscientização 
coletiva à sua reparação, a fim de resguardar o direito das futuras 
gerações a um meio ambiente ecologicamente equilibrado. 4. O dano 
moral coletivo ambiental atinge direitos de personalidade do grupo 
massificado, sendo desnecessária a demonstração de que a 
coletividade sinta a dor, a repulsa, a indignação, tal qual fosse um 
indivíduo isolado. 5. Recurso especial provido, para reconhecer, em 
tese, a possibilidade de cumulação de indenização pecuniária com as 
obrigações de fazer, bem como a condenação em danos morais 
coletivos, com a devolução dos autos ao Tribunal de origem para que 
verifique se, no caso, há dano indenizável e fixação do 
eventual quantum debeatur. 
 
 
 
 
 
 
 
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5. Controle de políticas públicas 
Pode haver controle de política pública em ação civil pública (Ex.: Idoso, portadores de deficiência, política pública 
urbana, habitacional etc) . A atividade é vinculada e o judiciário pode fiscalizar, desde que a política pública esteja 
em Lei e/ou na CF. 
 
Ex.: ECA, artigo 54 diz que: É dever do Estado assegurar à criança e adolescente (é direito), atendimento a creches 
e escolas para crianças de 0 a 6 anos. Nesse caso, a lei não manda construir creches e escolas (em uma ação civil 
pública não se deve pedir o que não está em lei) a ação civil pública deve pedir disponibilização de creche e 
escola, e não construção de creches e escolas, desta forma não haverá invasão de discricionariedade. 
 
 Reserva do possível 
Quando se alega reserva do possível se alega escassez de recursos, e quem alega deve provar. Ou seja, o Estado 
deve demonstrar escassez de recurso, e que os gastos e investimentos em educação com as escolhas estão 
corretos (RESP 1.185.474/SC). Somente se comprovando a escassez de recursos, e a correta aplicação dos 
recursos, por prova idônea, pode ser alegada a reserva do possível. 
 
Ato de reação impositiva 
São as situações em que não existem duas possibilidades para administrador. Ex.: Se existe um loteamento 
irregular a prefeitura tem a obrigação constitucional de impedir esse loteamento. Deve haver intervenção do 
poder judiciário ainda que envolva politicas públicas. 
 
Próxima aula 
Posso controlar constitucionalidade em ação civil pública?

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