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Magistratura e Ministério Público CARREIRAS JURÍDICAS Damásio Educacional MATERIAL DE APOIO Disciplina: Teoria Geral dos Direitos Difusos Professor: Luiz Antonio Aula: 05 | Data: 20/02/2015 ANOTAÇÃO DE AULA SUMÁRIO 1. Causa de Pedir e Pedido 2. Prova – Inversão – Perícia 3. Competência 4. Litispendência, Continência e Conexão 1. Causa de Pedir e Pedido O Controle de Constitucionalidade na ação civil pública deve ser discutido na causa de pedir e não no pedido, se a causa de pedir levar ao mesmo resultado de uma possível ADI não será possível aplicar o controle de constitucionalidade. 2. Prova – Inversão - Perícia 1) Artigo 333, CPC (novo artigo 370, CPC); Art. 333. O ônus da prova incumbe: I - ao autor, quanto ao fato constitutivo do seu direito; II - ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor. 2) inversão do ônus da prova: VIII - a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da prova, a seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de experiências. a) requisitos: artigo 6º, VIII, CDC (verossimilhança ou hipossuficiência); b) é obrigatória e automática? Não é obrigatória e automática, é analisada caso a caso, possui requisitos a serem analisados pelo juiz, verificados os requisitos pelo juiz, ele deve inverter o ônus da prova (STJ); c) a critério do juiz: o magistrado verifica os requisitos, preenchidos, deve haver a inversão; d) o MP pode se valer da inversão do ônus da prova? Ele tem hipossuficiência? STJ RESP 773171 RN – é direito básico do consumidor a inversão do ônus da prova, preenchidos os requisitos, deve haver a inversão do ônus da prova. O MP é legitimado ativo. Agravo regimental no Agravo nº 1.406.633/RS. 3) demandas ambientais: o STJ admite a inversão com dois fundamentos: artigo 6º, VIII, CDC + Princípio do Poluidor Pagador. Se a ação civil pública for baseada no Princípio da Precaução (incerteza científica quanto ao Página 2 de 5 dano) quem tem que eliminar a incerteza é o réu, havendo portanto a inversão do ônus da prova – entendimento pacífico. RESP 972.902/RS, RESP 883.656/RS, Agravo Regimental do ARESP 206.748/SP. 4) Perícia: a) artigo 18 da lei de ação civil pública diz que: Art. 18. Nas ações de que trata esta lei, não haverá adiantamento de custas, emolumentos, honorários periciais e quaisquer outras despesas, nem condenação da associação autora, salvo comprovada má-fé, em honorários de advogado, custas e despesas processuais. – Este artigo é baseado no Principio da facilitação da defesa Transindividual. b) judiciário: alguns juízes decidiram que quem deveria pagar é o órgão público, outros juízes começaram a aplicar o artigo 33 do CPC. Art. 33. Cada parte pagará a remuneração do assistente técnico que houver indicado; a do perito será paga pela parte que houver requerido o exame, ou pelo autor, quando requerido por ambas as partes ou determinado de ofício pelo juiz. Começou então entendimento de que o fundo de interesses de direitos lesados é quem deveria pagar a perícia. Reclamação 15.084/SP. c) O STJ mudou entendimento e disse no RESP 1.253.844/SC, deve-se aplicar a súmula 232 por analogia, ou seja, a Fazenda Pública deve custear esses honorários. EMENTA ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. ADIANTAMENTO DE HONORÁRIOS PERICIAIS. NÃO CABIMENTO. INCIDÊNCIA PLENA DO ART. 18 DA LEI N. 7.347/85. ENCARGO TRANSFERIDO À FAZENDA PÚBLICA. APLICAÇÃO DA SÚMULA 232/STJ, POR ANALOGIA. 1. Trata-se de recurso especial em que se discute a necessidade de adiantamento, pelo Ministério Público, de honorários devidos a perito em Ação Civil Pública. 2. O art. 18 da Lei n. 7.347/85, ao contrário do que afirma o art. 19 do CPC, explica que na ação civil pública não haverá qualquer adiantamento de despesas, tratando como regra geral o que o CPC cuida como exceção. Constitui regramento próprio, que impede que o autor da ação civil pública arque com os ônus periciais e sucumbenciais, ficando afastada, portanto, as regras específicas do Código de Processo Civil. 3. Não é possível se exigir do Ministério Público o adiantamento de honorários periciais em ações civis públicas. Ocorre que a referida Página 3 de 5 isenção conferida ao Ministério Público em relação ao adiantamento dos honorários periciais não pode obrigar que o perito exerça seu ofício gratuitamente, tampouco transferir ao réu o encargo de financiar ações contra ele movidas. Dessa forma, considera-se aplicável, por analogia, a Súmula n. 232 desta Corte Superior ("A Fazenda Pública, quando parte no processo, fica sujeita à exigência do depósito prévio dos honorários do perito"), a determinar que a Fazenda Pública ao qual se acha vinculado o Parquet arque com tais despesas. Precedentes: EREsp 981949/RS, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 24/02/2010, DJe 15/08/2011; REsp 1188803/RN, Rel. Ministra ELIANA CALMON, SEGUNDA TURMA, julgado em 11/05/2010, DJe 21/05/2010; AgRg no REsp 1083170/MA, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, julgado em 13/04/2010, DJe 29/04/2010; REsp 928397/SP, Rel. Ministro CASTRO MEIRA, SEGUNDA TURMA, julgado em 11/09/2007, DJ 25/09/2007 p. 225; REsp 846.529/MS, Rel. Ministro TEORI ALBINO ZAVASCKI, PRIMEIRA TURMA, julgado em 19/04/2007, DJ 07/05/2007, p. 288. 4. Recurso especial parcialmente provido. Acórdão submetido ao regime do art. 543-C do CPC e da Resolução STJ n. 8/08. SÚMULA 232 A Fazenda Pública, quando parte no processo, fica sujeita à exigência do depósito prévio dos honorários do perito. 3. Competência Deve-se analisar primeiramente a competência de jurisdição (justiça estadual ou federal). Súmula 150 STJ. Depois verifica-se qual a comarca que julgará o caso. Súmula 150 STJ Compete à Justiça Federal decidir sobre a existência de interesse jurídico que justifique a presença, no processo, da União, suas autarquias ou empresas públicas. 1) LACP (7347/85), artigo 2º: Art. 2º As ações previstas nesta Lei serão propostas no foro do local onde ocorrer o dano, cujo juízo terá competência funcional para processar e julgar a causa. Parágrafo único A propositura da ação prevenirá a jurisdição do juízo para todas as ações posteriormente intentadas que possuam a mesma causa de pedir ou o mesmo objeto. Página 4 de 5 a) quando o dano é local ou ação preventiva haverá ação civil pública no local do dano ou da prevenção. É uma competência funcional de natureza absoluta, ou seja, inderrogável, improrrogável e identificável em qualquer tempo e grau de jurisdição. E se houver uma empresa no meio de duas comarcas e estiver causando danos ambientais nas duas, as duas ingressaram com ação civil pública. Qual prevalece? Artigo 2º, parágrafo único da LACP, ou seja, propôs a ação o juízo está prevento. Artigo 59 do novo CPC – o registro ou a distribuição da petição torna o juízo prevento. b) se o dano for regional ou nacional, o CDC trouxe a regra do artigo 93, II por falta de legislação própria, a ação será proposta na capital do Estado ou no DF. II - no foro da Capital do Estado ou no do Distrito Federal, para os danos de âmbito nacional ou regional, aplicando-se as regras do Código de Processo Civil aos casos de competência concorrente. STJ a lei diz “ou”, portanto é escolha do autor ingressar na capital do Estado ou no DF – RESP 712.006/DF, Conflito de Competência 126.601/MG. Quando o dano regional é local fica restrito ao local, não vai para a Capital. Danos regionaise nacionais vão para a Capital. 2) CDC: a) Dano local ou não aconteceu ainda – artigo 93, I, CDC, a ação será proposta no local do dano ou onde ele deveria ocorrer; I - no foro do lugar onde ocorreu ou deva ocorrer o dano, quando de âmbito local d) dano regional ou nacional utiliza-se a mesma regra do artigo 93, II do CDC. 4. Litispendência, Continência e Conexão 1) ação civil pública X ação civil pública a) litispendência: deve haver mesma parte, mesma causa de pedir e mesmo pedido. MP ingressou com ação e depois associação civil ingressa com ação, vale a ação de quem propôs primeiro. Associação civil ingressou com ação e depois o MP ingressa também com ação, são as mesmas partes, extingue a segunda ação sem resolução de mérito, artigo 267, V, CPC. A doutrina mais moderna manda juntar as ações, e os dois ficam no polo ativo. Art. 267. Extingue-se o processo, sem resolução de mérito: V - quando o juiz acolher a alegação de perempção, litispendência ou de coisa julgada. Página 5 de 5 b) continência: artigo 104, CPC – identidade de partes e causa de pedir e o objeto de uma for mais amplo que as demais. O juiz pode reunir os processos. Art. 104. Dá-se a continência entre duas ou mais ações sempre que há identidade quanto às partes e à causa de pedir, mas o objeto de uma, por ser mais amplo, abrange o das outras. Súmula 235 STJ. Súmula 235 do STJ A conexão não determina a reunião dos processos, se um deles já foi julgado. c) conexão: artigo 103, CPC – comum o objeto e a causa de pedir. Artigo 55 novo CPC - O juiz reunirá os processos. Art. 103. Reputam-se conexas duas ou mais ações, quando Ihes for comum o objeto ou a causa de pedir. 2) ação civil pública X ações individuais a) litispendência: não há, afinal não são as mesmas partes nessa hipótese. Artigo 104, CDC. Art. 104. As ações coletivas, previstas nos incisos I e II e do parágrafo único do art. 81, não induzem litispendência para as ações individuais, mas os efeitos da coisa julgada erga omnes ou ultra partes a que aludem os incisos II e III do artigo anterior não beneficiarão os autores das ações individuais, se não for requerida sua suspensão no prazo de trinta dias, a contar da ciência nos autos do ajuizamento da ação coletiva. b) continência: não há, afinal não são as mesmas partes. c) conexão: as duas possuem a mesma causa de pedir. Não reúne os processos, artigo 104, CDC, a ação individual deve ser suspensa para seguir em frente a coletiva, ou a ação individual e coletiva seguem em separado.
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