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Magistratura e Ministério Público CARREIRAS JURÍDICAS Damásio Educacional MATERIAL DE APOIO Disciplina: Direito Administrativo Professor: Roberto Baldacci Aula: 03 | Data: 24/04/2015 ANOTAÇÃO DE AULA SUMÁRIO PODERES ADMINISTRATIVOS 1. Ato público X Ato Privado 2. Atos Públicos Administrativos 3. Atributos dos Atos Administrativos 4. Pressupostos e Tipos de Atos Administrativos ATOS ADMINISTRATIVOS 1. Ato público X Ato Privado – Atos Privados São chamados de “atos livre” porque são atos que não decorrem nem depende de lei, pois são praticados conforme a autonomia da vontade, uma vez que o objeto desses atos é sempre de interesse privado (disponível), admitindo renúncia e transação. São regidos pelo Código Civil, assim repercutem efeitos comuns (os atos de uma pessoa tem as mesmas forças jurídicas do ato de outra pessoa – relação horizontal) e sua validade depende dos pressupostos genéricos (objeto lícito, agente capaz e, quando a lei exigir, forma). . Atos Privados da Administração (“atos da administração”) Quando a administração pública pratica atos para atender seus próprios interesses instrumentais ou operacionais que são interesses privados necessários para o funcionamento da administração, sem os quais não será possível atender interesses públicos primários a administração praticará atos privados comuns, descendo ao mesmo plano de direitos e obrigações de qualquer particular (estará despida de suas prerrogativas e sujeições) – são os principais exemplos: a. Locação de imóveis (Lei 8.666) b. Compra de material de consumo e contratação de serviços que a administração consome (Lei 8.666) c. Contratação de empréstimos e financiamentos – Relações bancárias do Estado tem natureza privada (Lei 4.320/64) d. Contratação de seguro e garantia (Normas regulamentares do Instituto Brasileiro do Resseguro) 2. Atos Públicos Administrativos (“atos administrativos”) Atos públicos não são livres, são atos vinculados aos interesses públicos, sempre decorrer e dependem de prévia Lei. A autonomia da vontade é substituída pela obrigatoriedade do cumprimento da lei, e a manifestação de vontade é irrelevante (competências públicas são de exercício obrigatório e são irrenunciáveis). O objeto desses atos é sempre de interesse público primário, que por ser indisponível não admite renúncia ou transação. O Código Civil é aplicado apenas de forma subsidiária e os atos são regidos por regime público (administração estará investida em suas prerrogativas e sujeições, ocupando um plano superior de direitos e obrigações). Atos administrativos repercutem efeitos especiais que constituem os atributos dos atos administrativos e a validade desses atos estará condicionada ao completo e correto preenchimento de cinco pressupostos especiais: Página 2 de 4 3. Atributos dos Atos Administrativos São efeitos especiais que distinguem o ato público do ato privada, pois, como regra, tem natureza de prerrogativa. 1) Imperatividade ou Relação Extroversa Como regra, a administração não depende nem da concordância, nem da participação dos particulares para decretar e executar seus atos de interesse público. Os atos são unilaterais da administração se impondo sobre o particular (ex.: uma suspenção de direitos). Ou são atos multilaterais da administração se impondo sobre todos, indistintamente (até mesmo sobre suas próprias instituições – ex.: fato do príncipe). Nem todos os atos são imperativos (ex.: licenças e alvarás são atos bilaterais e negociais porque dependem da participação e da concordância do partícula). 2) Autoexecutoriedade Como regra a administração não depende do poder judiciário para decretar e executar seus atos. Na doutrina moderna é falado em exigibilidade e executoriedade. Exigibilidade: A administração pode exigir que todos se submetam a seus atos e decisões (exigibilidade é inerente as competências públicas, logo não depende de previsão em lei – exigibilidade integra os poderes implícitos da administração) Obs.: Poderes implícitos são poderes que a administração exerce independente de previsão legal. Executoriedade: A administração pode intervir concretamente na esfera jurídica de direitos e obrigações privadas, independente de manifestação do judiciário. A executoriedade não é um poder implícito e depende de previsão em lei – diante de emergências ou calamidades a administração pode dar executoriedade, mesmo sem previsão em lei. * Nem todos os atos administrativos estão investidos desse atributo. Ex.: Certidão de dívida ativa. 3) Presunções de legitimidade e veracidade Todos os atos administrativos gozam dessas presunções. Ambas são presunções relativas “juris tantum”. Presunção de Legitimidade: Todo ato administrativo é presumivelmente legítimo conforme a lei. Admite contra prova simples, qualquer meio de contra prova. Presunção de veracidade: Todo ato administrativo é presumivelmente verdadeiro tanto na sua forma, quanto em seu conteúdo. A contra prova depende de ação autônoma declaratória contra o documento ou certidão pública. 4) Tipicidade Ato administrativo é típico: Tanto a existência quanto a validade dependeram do completo preenchimento de todos os elementos e pressupostos exigidos por lei. Todos os atos administrativos são típicos. Página 3 de 4 O que é um ato discricionário? O que é discricionário no ato discricionário? O que é mérito discricionário? Qual o alcance do controle jurisdicional sobre o mérito? 4. Pressupostos e Tipos de Atos Administrativos Os pressupostos de validade do ato administrativo são cinco (COMFIFOMOB ou FF.COM): a. Competência (sujeito) b. Finalidade c. Forma d. Motivo e. Objeto Ato administrativo inexistente (Celso Antônio Bandeira de Melo): O ato é inexistente, e não meramente inválido, quando for praticado por pessoa sem investidura pública (ex.: juiz com mais de 70 anos que ainda profere decisão – aposentadoria compulsória pela idade), ou quando o ato não é voltado à qualquer interesse público (são atos da administração, sendo existentes para o direito privado, mas inexistentes para o direito público). Lei autorizadora: Ato “A” – Vinculado Ato “B” – Discricionário Competência Lei Lei Finalidade Lei Lei Forma Lei Lei Motivo Lei Objeto Lei Obs.: Discricionariedade não se confunde com arbitrariedade. Discricionariedade é a escolha do administrador dentro de limites legais (os limites legais mais importantes são a razoabilidade e a proporcionalidade). Quando o administrador escolhe além dos limites da lei é uma arbitrariedade (não é razoável e não é proporcional). * Ato Vinculado: É aquele que possui expressamente em lei todos os pressupostos e elementos já preenchidos, tornando o administrador um mero cumpridor de leis. Página 4 de 4 * Ato Discricionário: É o ato que possui parte de seus pressupostos e elementos já expressamente preenchidos pela própria lei autorizadora (competência, finalidade e forma, em regra, sempre decorrem de lei tanto nos atos vinculados quanto nos atos discricionários e são chamados de “pressupostos vinculantes”). Os demais elementos e pressupostos estarão em branco ou indefinido na lei e deverão ser preenchidos pelo administrador exclusivamente (é o poder discricionário) de maneira motivada baseada em fatos e circunstâncias dentro dos limites da razoabilidade e proporcionalidade, demonstrando a oportunidade e a conveniência da prática deste ato para o interesse público. * Mérito: O mérito é essa motivação por fatos e circunstâncias razoáveis e proporcionais que preenchem o elemento em branco ou indefinido da lei demonstrando oportunidade e conveniência. * Controle JurisdicionalSobre o Mérito: Conforme a TEORIA DO DEVIDO PROCESSO LEGAL SUBSTANTIVO (“substantive due process of law”) a discricionariedade é o preenchimento pelo administrador conforme o senário jurídico do momento, dependendo assim da fundamentação por fatos e circunstâncias “adequados àquilo que a lei pretende e de valor jurídico correspondente àquilo que a lei pretende (juízo de adequação é razoabilidade e juízo de valoração é proporcionalidade) – a escolha fora dos limites da razoabilidade e da proporcionalidade implicará em abuso ou desvio do poder discricionário implicando na ilegalidade da motivação que sustenta o mérito e consequentemente na ilegalidade do próprio ato discricionário permitindo ao judiciário anular o ato, com efeito retroativo “ex tunc”.
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