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Magistratura e Ministério Público CARREIRAS JURÍDICAS Damásio Educacional MATERIAL DE APOIO Disciplina: Direito Administrativo Professor: Roberto Baldacci Aula: 04 | Data: 29/04/2015 ANOTAÇÃO DE AULA SUMÁRIO ATOS ADMINISTRATIVOS 1. Perfeição, Validade e Eficácia dos Atos Administrativos 2. Controle sobre Atos Administrativos Questões de concursos: 1) Ministério Público: Segundo o TJ é aplicável o efeito prodrômico sobre a decisão de improbidade? 2) Magistratura de Santa Catarina: atos imperfeitos podem ser válidos ou eficazes? Justifique. 3) Por fato consumado é possível preservar efeitos próprios dos atos inválidos? Justifique. ATOS ADMINISTRATIVOS 1. Perfeição, Validade e Eficácia dos Atos Administrativos O ato é perfeito quando todos os pressupostos e elementos estiverem integralmente preenchidos. O ato é válido quando o preenchimento respeitar os limites e os parâmetros da lei. O ato é eficaz quando estiver apto para gerar seus efeitos próprios. 1) atos perfeitos e válidos são eficazes? Verdadeiro Os atos perfeitos são aqueles com todos os elementos e pressupostos preenchidos e válidos quanto ao preenchimento, respeitando os limites e parâmetros da lei serão eficazes, pois estarão aptos para gerarem seus efeitos próprios. 2) atos perfeitos e válidos são ineficazes? Verdadeiro Atos perfeito e válidos poderão ser ineficazes quando forem atos externos voltados para fora da própria estrutura ou principalmente quando forem voltados a terceiros, pois nestes casos, além da perfeição e da validade, será necessária a publicidade do ato (PUBLICIDADE É PRESSUPOSTO DE EFICÁCIA DOS ATOS ADMINISTRATIVOS QUE REPERCUTEM EFEITO FORA DA PROPRIA ESTRUTURA OU EFEITOS SOBRE TERCEIROS OU AINDA EFEITOS CONCRETOS). 3) atos perfeitos e inválidos são ineficazes? Verdadeiro Atos perfeitos, porém inválidos são, em regra, ineficazes para seus efeitos próprios. 4) atos perfeitos e inválidos são eficazes? Verdadeiro Atos perfeitos, porém inválidos, poderão ser eficazes quando seus efeitos próprios forem relevantes para a segurança jurídica das relações. A teoria é a TEORIA DO FATO CONSUMADO que permite anular atos ilegais preservando seus efeitos (nulidade “ex nunc”) ou, em casos excepcionais, permite até mesmo deixar de anular o ato declaradamente ilegal. Página 2 de 4 5) atos imperfeitos e válidos são eficazes? Falso 6) atos imperfeitos e válidos são ineficazes? Falso 7) atos imperfeitos e inválidos são eficazes? Falso 8) atos imperfeitos e inválidos são ineficazes? Verdadeiro Atos imperfeitos, em regra, são inválidos e ineficazes para seus efeitos próprios (para parte da doutrina – Celso Antônio Bandeira de Melo – dependendo do elemento que não foi preenchido, o ato será na verdade inexistente). Atos imperfeitos são inválidos e ineficazes para seus efeitos próprios. Teoria do ato inexistente (Celso Antônio Bandeira de Melo): - Considerando que a competência pública é exercida por quem tenha investidura. - Considerando que ato administrativo é um ato especial de regime especial. - Atos praticados por quem não tenha investidura pública e atos praticados que não sejam voltados a qualquer interesse público não são nem nulos nem anuláveis – são inexistentes e não constituem nem extinguem direitos ou obrigações e podem ser simplesmente ignorados pela Administração. Eficácia e efeitos próprios e impróprios Efeitos próprios são aqueles previstos em lei e que serão alcançados quando o ato for perfeito e, em regra, válido. Efeitos impróprios são efeitos que decorrem do ato independente de previsão em lei e podem ocorrer até mesmo em atos ainda imperfeitos. Atos imperfeitos podem sim ser eficazes para seus efeitos impróprios (questão de 1ª fase de delegado federal). Principais efeitos impróprios: a) efeito reflexo ou indireto: o ato repercute indiretamente nos efeitos sobre outras relações jurídicas ou outros atos anteriormente editados, tal como a caducidade dos atos (em certos casos um ato superveniente é editado para alterar o cenário jurídico, exemplo: uma nova portaria que inclui mais substâncias entre aquelas declaradas ilícitas em todo território nacional). Neste novo cenário alterado um outro ato editado anteriormente não pode mais gerar seus efeitos (exemplo: um alvará de importação de produtos que levem estas novas substâncias na forma). b) efeitos prodrômicos: o efeito prodrômico do ato administrativo é totalmente distinto do efeito prodrômico processual. O efeito prodrômico dos atos é um efeito procedimental ou instrumental necessário para que o ato se aperfeiçoe. Exemplos de efeitos prodrômicos: Ato simples: quando um agente exerce uma atribuição para gerar um efeito. Ato complexo: tal como na nomeação de um ministro para o STF, o primeiro agente ou autoridade pratica a sua parcela da atribuição do ato (exemplo: o presidente escolhe o nome, deflagrando imediatamente a necessidade da outra autoridade envolvida praticar a sua parcela da atribuição, exemplo: o senado sabatinando e aprovando o indicado, sem a qual o ato de nomeação nunca se aperfeiçoará). Esta premência de manifestação da segunda Página 3 de 4 autoridade é instrumental ou procedimental e sem ela o ato complexo não se aperfeiçoa – esta necessidade instrumental é o efeito prodrômico. Ato composto: um agente pratica sua própria atribuição e outro agente distinto pratica sua própria atribuição e a reunião das atribuições gera um efeito. Efeito prodrômico no processo penal: No processo judicial penal, quando houver recurso privativo de defesa, a segunda instância recursal não poderá agravar de ofício a pena aplicada (proibição da reformatio in pejus) e de mesma forma quando a sentença for anulada por recurso privativo de defesa a nova sentença a ser proferida não pode totalizar pena mais grave do que aquela que foi anulada (proibição da reformatio in pejus indireta chamada de efeito prodrômico processual). Efeito prodrômico no processo administrativo: No processo administrativo não há um órgão ou agente de acusação distinto da Administração decisória e portanto recursos administrativos são para exercício de defesa. A instância administrativa recursal NÃO pode de ofício agravar penas efetivamente aplicadas (proibição da reformatio in pejus). Porém, a instância recursal assim como a instância decisória estão sujeitas à estrita legalidade e sempre deverão aplicar integralmente tudo aquilo que a lei determina – caso a instância decisória tenha deixado de aplicar punição obrigatória por lei, a instância recursal poderá de ofício agravar a decisão, incluindo estas punições, ainda que não debatidas no recurso – para esta hipótese é permitida a reformatio in pejus. De mesma forma quando a instância recursal anular a decisão recorrida será possível para a instância decisória proferir nova decisão mais grave que a anterior acrescentando as penas que não foram anteriormente aplicadas – não haverá vedação a reformatio in pejus indireta, também chamada de efeito prodrômico. Processo administrativo não tem órgão de acusação, na segunda instância administrativa proferida uma decisão qualquer recurso administrativo é sempre para exercício de defesa. Em todas as instâncias a Administração deve obedecer o princípio da estrita legalidade. São sanções aplicáveis: 1) multa, 2) impossibilidade/proibição de firmar novos contratos, 3) ser declarado inidôneo (as sanções são cumulativas). Exemplo: a decisão de primeira instância deixou de aplicar a declaração de idoneidade como sanção. A instância superior ao apreciar o recurso não pode agravar a multa ou a proibição imposta (afinal há a proibição da reformatio in pejus), mas a segunda instância pode e deveacrescentar a idoneidade esquecida pela instância inferior e aqui é permitida a reformatio in pejus. Se a instância superior anular a decisão a instância inferior estará livre para fazer a reformatio in pejus indireta, não estará sujeita aos efeitos prodrômicos processuais. 2. Controle sobre Atos Administrativos Qual o modelo de jurisdição adotado no Brasil? Existem dois tipos de modelos: a) modelo francês: 14 de julho de 1789 – fim do absolutismo e início do iluminismo e da divisão do poder. Modelo francês reconhece jurisdição administrativa e judicial e uma não interfere nem revê a decisão da outra. Página 4 de 4 b) modelo inglês: a jurisdição é uma coisa só e privativa do poder judiciário, tem como base o princípio da inafastabilidade que prevê a possibilidade do poder judiciário rever qualquer ato ou decisão no tocante a sua legalidade, ainda que se trate de ato ou decisão administrativa. É o modelo adotado no Brasil. O Brasil segue o modelo inglês de jurisdição UNA que é privativa do poder judiciário – conforme o princípio da inafastabilidade este modelo permite que o judiciário sempre possa rever atos e decisões dos demais poderes, porem restrito a controle de legalidade (o Brasil não segue modelo francês que reconhece jurisdição administrativa e jurisdição judicial sem que um possa rever ou controlar atos e decisões do outro).
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