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Magistratura e Ministério Público CARREIRAS JURÍDICAS Damásio Educacional MATERIAL DE APOIO Disciplina: Direito Administrativo Professor: Roberto Baldacci Aula: 07 | Data: 14/05/2015 ANOTAÇÃO DE AULA SUMÁRIO ORGANIZAÇÃO DA ESTRUTURA DO ESTADO 1. Estrutura da Administração Indireta 2. Tipos de Autarquias ORGANIZAÇÃO DA ESTRUTURA DO ESTADO 1. Estrutura da Administração Indireta 1ª) Autarquias Todas as autarquias integram a FAZENDA PÚBLICA . Vantagens processuais em juízo: a. Regime dos Precatórios – Execução conforme art. 100, CF Todos os entes estatais de direito público (empresas públicas de serviços públicos, tal como os correios), conforme recente decisão do STF quando condenadas judicialmente com trânsito em julgado serão executadas de forma privilegiada, pois o patrimônio dessas entidades é público e por tanto impenhorável e o objeto destas entidades é a prestação de serviços públicos que estão sujeitos ao princípio da permanência ou da continuidade. A execução se dará através de dois regimes distintos conforme o valor da condenação: I) Condenações de Pequeno Valor: É pequeno valor para a União a condenação até 60 salários mínimos, para Estados até 40 salários mínimos e para Municípios até 30 salários mínimos (Estados e Municípios podem alterar seus próprios limites). A requerimento do credor o juiz da condenação intima o ente público devedor para pagamento do valor liquidado pelo credor, ou, para oposição de embargos. O pagamento será através de dinheiro, em curto prazo, expedindo em favor do credor um ofício Requisitório de Pequeno Valor – RPV. No atual CPC essa forma de execução especial vem regulada nos artigos 730 e seguintes. II) Condenações Acima do Pequeno Valor – Precatórios alterados pela EC/62 Após o trânsito em julgado o juiz da condenação encaminha os autos ao seu Desembargador Presidente que determina o processamento e revisão. Em seguida o Desembargador Presidente expedirá uma Ordem Judicial para que o ente devedor inclua em orçamento o precatório para pagamento. A Ordem Judicial expedida até o dia 1º de julho inscreverá o precatório no orçamento do exercício seguinte (ex.: Ordem expedida em 1º de julho de 2015 – precatório inscrito em 2016) e quando expedida após 1º de julho inscreverá no orçamento seguinte ao próximo (ex.: Ordem expedida em 2 de julho de 2015 – precatório é inscrito em 2017). Página 2 de 4 Obs.: Toda lei orçamentária anual é dividida em “quatro” orçamentos. 1 – Orçamento Fiscal: É o orçamento de todos os entes de direito público do Estado. 2 – Orçamento da Seguridade Social: É o orçamento para aposentados, pensionistas, indenizações sociais ou previdenciárias e programas sociais. 3 – Orçamento de Investimentos: É o orçamento que regula os investimentos que o Estado fará em suas estatais ou em outras empresas privadas. * 4 – Ordem Cronológica de Precatórios: Na Lei orçamentária serão lançados em uma mesma fila, por ordem cronológica de inscrição os precatórios tributários (para o contribuinte ser ressarcido de tributos pagos indevidamente) e precatórios comuns (demais condenações judiciais). Já precatórios alimentares (ou alimentícios), para cobrar verbas remuneratórias de qualquer natureza não recebidas, também estarão organizados por ordem cronológica “furando a fila” dos precatórios tributários e comuns para serem pagos com prioridade. Regras dos Precatórios (as mais importantes) 1º) Quando o precatório vence e não é pago A Emenda Constitucional n.º 62 alterou o regime e ao invés de intervenção por descumprimento de ordem judicial, não havendo o pagamento: a. O Ente Público devedor fica proibido de receber transferências voluntárias e de realizar operações de crédito (empréstimos e financiamentos públicos). b. Seu dirigente responderá por crime de responsabilidade. c. A pedido do credor poderá ser decretado o sequestro das rendas públicas até o limite para satisfação do crédito (renda pública não é penhorável, mas é sequestrável). 2º) Responsabilidade do Desembargador Presidente Desembargador Presidente que viola as regras ou critérios dos precatórios responderá por Crime de Responsabilidade e Processo no CNJ. 3º) Atualização do Valor A EC/62 previa a atualização pelo índice da poupança, mas o STF decretou a inconstitucionalidade mandando aplicar nos precatórios os mesmos índices usados para atualização das dívidas ativas. 4º) Compensação Automática A EC/62 permitia a compensação administrativa, pelo próprio ente público devedor, quando também credor daquele que está cobrando o precatório. O STF decretou a inconstitucionalidade e eventual compensação depende agora de acordo entre as partes. Página 3 de 4 5º) Cessão O credor de um precatório é livre para alienar ou transferir seus precatórios a terceiros, independente de previa autorização – mas a sessão só surtirá efeitos perante o ente devedor após a juntada dos recibos de transferência perante o ente devedor. 6º) Fracionamento do Precatório Na Constituição antes da EC/62 era expressamente proibido o fracionamento do precatório, porém com a EC/ 62 passou a ser permitido, principalmente em dois casos: – Quando houver litisconsórcio ativo. A grande condenação será fracionada, conferindo a cada credor seu próprio precatório – ocorrendo esse fracionamento caso o crédito de algum credor seja de pequeno valor não poderá ser pago por RPV, continuando como credor de precatório. – Também haverá fracionamento para conferir os direitos especiais dos idosos e do portador de moléstia grave. 7º) União pode espontaneamente pagar precatórios devidos por Estados e Municípios * 8º) Tratamento privilegiado do idoso e do Portador de Moléstia Grave (definida em lei) Quando for credor de precatório alimentar receberá antecipadamente em dinheiro até três vezes o limite de RPV. Caso o valor do precatório exceda o limite poderá ser fracionado, pagando até 3x o limite de RPV em dinheiro e a diferença continuará a ser paga através de precatório alimentar (não precisa renunciar a diferença). Obs.: A pesar de não estar expresso em Lei na prática é deferido o fracionamento para extrair honorários advocatícios do grande valor de condenação de um precatório, permitindo ao advogado executa-lo independentemente (se quiser, o advogado pode até vender o seu precatório). 2. Tipos de Autarquias I.) Autarquias Comuns (ex.: INSS e INCRA) São as prestadoras de serviços públicos conversíveis em órgãos. Seus agentes são concursados e estatutários e os seus dirigentes são nomeados sem concurso nem eleição, são destituíveis “ad nutum” (é a destituição a qualquer tempo independente de processo ou motivação). II.) Autarquias Especiais de Ensino Superior (ex.: USP e UNICAMP) e Entidades de Fiscalização de Profissões Regulamentadas (ex.: CRF, CRM). Estas prestam serviços especiais e em regra não são conversíveis em órgãos através de mera Lei de conversão. Os agentes serão concursados e celetistas e os dirigentes são previamente eleitos, gozando de mandato fixo, destituíveis apenas por processo administrativo ou judicial. III.) Autarquias Especiais de Serviços Especiais (ex.: CADE) São autarquias, porém dotadas de privilégios e características próprias (ex.: o CADE é comandado por conselheiros especiais; constituído por quatro órgãos especiais; dotado de jurisdição administrativa; definitividade administrativa de suas decisões; autonomia normativa e etc..). Página 4 de 4 IV.) Autarquias Especiais na Forma de Agências Reguladoras Prestam serviços públicos estratégicos do Estado: – Fiscalizando concessionárias e exploradoras de serviços públicos, com autonomia. – Julgando com exclusividade os litígiosadministrativos de suas respectivas matérias técnicas. – Editando os atos regulatórios que são atos discricionários de efeitos concretos que regulam a exploração privada de serviços públicos. Seus agentes são concursados e estatutários e seus dirigentes são diretamente nomeados, sem concurso nem eleição, mas gozarão de mandato fixo como se fossem eleitos (para conferir estabilidade política na matéria regulatória). Caso Especial – OAB Foi constituída como autarquia especial, porém o STF a declarou como entidade estatal “sui generis”, deixando de ser autarquia e a partir dessa data a OAB não é mais obrigada a licitar, nem concursar seus agentes e nem prestar contas ao Tribunal de contas. A advocacia é a única profissão privada que tem um “munus” publico constitucional, pois o advogado é essencial à justiça. Obs.: Essa é uma decisão inconstitucional, pois o STF não pode criar um novo gênero para integrar a estrutura do Estado, ainda que seja “sui generis”, pois a estrutura do Estado deve respeitar o princípio da legalidade.
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