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Magistratura e Ministério Público CARREIRAS JURÍDICAS Damásio Educacional Disciplina: Direito Constitucional Professor: Flávio Martins Aula: 02 | Data: 11/02/2015 MATERIAL DE APOIO ANOTAÇÃO DE AULA SUMÁRIO 1. Elementos da constituição 2. Estrutura da constituição 3. Classificação das constituições 1. Elementos da constituição – Elementos orgânicos São aqueles que organizam a estrutura do Estado (Ex.: art. 2º da CF – Separação dos poderes; art. 18 da CF – Entes da federação). – Elementos limitativos Limitam o poder do Estado fixando direitos à população (Ex.: art. 5º, CF). – Elementos ideológicos São aqueles que fixam uma ideologia estatal (Ex.: art. 1º, CF – Fundamentos da República; art. 4º da CF – Princípios que regem as relações internacionais). – Elementos formais de aplicabilidade São os elementos que auxiliam na aplicação de outros dispositivos constitucionais (Ex.: art. 5º, §1º, CF). Art. 5º, § 1º, CF – As normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais têm aplicação imediata. É um dispositivo que ajuda a aplicar os demais dispositivos dos incisos do art. 5º. Ex.: O Mandado de Injunção (art. 5º, LXXXI, CF) é o único remédio constitucional que não tem lei regulamentadora. Contudo, na prática o STF aplica por analogia a lei do Mandado de Segurança, pois a CF, art. 5º, §1º garante aplicabilidade imediata ao Mandado de Injunção. Obs.: Parte da doutrina dá como exemplo de elemento formal de aplicabilidade o preâmbulo da constituição. – Elementos de estabilização constitucional São elementos que buscam a estabilidade em caso de tumulto institucional. Ex.: art. 34, CF – Intervenção Federal; art. 136, CF – Estado de defesa (medida de âmbito regional); art. 137 e seg. da CF – Estado de sítio (medida de âmbito nacional). Página 2 de 4 2. Estrutura da constituição Constituição Federal oooo ------------------------------------------------------------------------------------------------------ /////////////////// (oo) Preâmbulo (---)Parte Permanente (///) ADCT – Preâmbulo Embora presente em todas as Constituições brasileiras, o preâmbulo não é obrigatório. Segundo o STF, o preâmbulo não é norma constitucional – não é uma norma de natureza jurídica, mas sim uma norma de natureza política. Embora não seja norma jurídica tem uma importância interpretativa, ou seja, o interprete da Constituição deve se orientar pelo preâmbulo. Consequências . O preâmbulo não é norma de repetição obrigatória nas Constituições Estaduais (ADI 2076). . A palavra “Deus” no preâmbulo não fere a laicidade do Estado brasileiro. . O preâmbulo não pode ser usado como parâmetro ou paradigma no controle de constitucionalidade. Não se pode dizer que uma lei é inconstitucional porque fere o preâmbulo. – Parte permanente Vai do art. 1º ao art. 250. Recebe o nome de permanente porque não tem prazo determinado de duração, sua validade é indeterminada. Apesar de permanente, não é imutável, pois admite reformas constitucionais por meio de emenda. – ADCT – Ato das disposições constitucionais transitórias Segundo o STF o ADCT é norma constitucional. Sendo norma constitucional, pode ser alterado por emenda constitucional (Ex.: Segundo o art. 2º do ADCT no dia 7/09/93 deveria ocorrer um plebiscito, mas por força da emenda constitucional n.º 2/92 o plebiscito ocorreu no dia 21/04/93). O ADCT pode ser usado como parâmetro ou paradigma no controle de constitucionalidade. O ADCT é um conjunto de normas constitucionais temporárias ou excepcionais. 3. Classificação das constituições 1) Quanto ao conteúdo – Constituição material Possui apenas conteúdo constitucional (Ex.: Estrutura do estado). – Constituição formal Além de possuir matéria constitucional, possui outros assuntos. Não importa o seu conteúdo, mas a forma através da qual ela foi aprovada. A constituição brasileira é uma constituição formal (Ex.: art. 242, CF – Trata do colégio Pedro II). Página 3 de 4 2) Quanto à forma – Constituição escrita É um documento solene (todas as constituições brasileiras). – Constituição não-escrita (costumeira) É fruto dos costumes da sociedade (Ex.: Constituição da Inglaterra). 3) Quanto ao modo de elaboração – Constituição dogmática Aquela fruto de um trabalho legislativo específico. Reflete os dogmas de um determinado momento da história (é uma “fotografia” da sociedade na qual foi feita). Todas as constituições brasileiras foram dogmáticas. Ex.: O art. 5º, inciso III da CF fala sobre vedação a tortura, que é um reflexo do fim do regime militar. – Constituição histórica Fruto de uma lenta evolução histórica (Ex.: Constituição da Inglaterra). 4) Quanto à origem – Constituição promulgada É constituição democrática, feita pelos representantes do povo. No Brasil foram promulgadas as constituições de 1891 (constituição republicana), 1934, 1946 e a atual Constituição de 1988. – Constituição outorgada É imposta ao povo pelo governante, pode ser chamada de carta constitucional. No Brasil foram outorgadas as constituições de 1824, 1937, 1967. – Constituição cesarista ou bonapartista É a constituição feita pela governante e submetida à apreciação do povo mediante referendo. – Constituição pactuada ou dualista É fruto do acordo entre duas forças políticas de um país (Ex.: Magna carta de 1215). 5) Quanto à extensão – Constituição sintética É resumida, concisa, trata apenas dos temas principais (Ex.: Constituição EUA de 1787). – Constituição analítica É extensa, prolixa, trata de inúmeros temas (Ex.: Constituição brasileira). 6) Quanto à função (Classificação do prof. José Joaquim Gomes Canotilho) – Constituição garantia Limita-se a fixar os direitos e garantias fundamentais. É uma espécie de carta declaratória de direitos. Página 4 de 4 – Constituição dirigente Além de prever os direitos e garantias fundamentais, fixa metas estatais, ou seja, fixa uma direção para o Estado seguir. A constituição brasileira é dirigente (Ex.: art. 196 – Saúde; art. 205 – Educação). 7) Quanto a ideologia – Constituição ortodoxa Fixa uma única ideologia estatal. Em regra adotada em países de doutrina mais rígida, tal como a China e a antiga União Soviética. – Constituição eclética Permite a combinação de ideologias diversas. É o caso da constituição brasileira (Ex.: art. 1º – Um dos fundamentos da República é o pluralismo político). 8) Quanto à sistematização – Constituição unitária (codificada) É formada por um único documento. – Constituição variada É formada por mais de um documento. Tradicionalmente entendia-se que a Constituição brasileira de 1988 era unitária, mas com o advento da Emenda constitucional 45/2004, alguns tratados internacionais ingressam no direito brasileiro como norma constitucional. 9) Quanto ao sistema – Constituição principiológica É aquela que possui mais princípios que regras, aquela em que predominam os princípios. Para o professor Paulo Bonavides a constituição brasileira é principiológica. – Constituição preceitual Possui mais regras que princípios, aquela em que predominam as regras.
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