Buscar

Direio Constitucional Aula 1 05 Material de Apoio Magistratura

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 8 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 8 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Magistratura e Ministério Público 
CARREIRAS JURÍDICAS 
Damásio Educacional 
MATERIAL DE APOIO 
 
Disciplina: Direito Constitucional 
 Professor: Pedro Lenza 
Aula: 05 | Data: 18/03/2015 
 
 
ANOTAÇÃO DE AULA 
SUMÁRIO 
 
Controle Concentrado 
1. ADI 
2. Ação Declaratória de Constitucionalidade (ADC) 
3. ADPF – Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental 
 
Lei 13.105 de 16 de março de 2015 = novo código de processo civil. 
 
Controle Concentrado 
 
1. ADI 
 
1) Medida cautelar em ADI 
 
Disciplinada pela lei 9868/99. Há a possibilidade de transformar a medida cautelar em uma medida definitiva, 
desde que obedecidas as regras do artigo 12 da lei 9868/99. 
 
Art. 12. Havendo pedido de medida cautelar, o relator, em face da 
relevância da matéria e de seu especial significado para a ordem 
social e a segurança jurídica, poderá, após a prestação das 
informações, no prazo de dez dias, e a manifestação do Advogado-
Geral da União e do Procurador-Geral da República, sucessivamente, 
no prazo de cinco dias, submeter o processo diretamente ao 
Tribunal, que terá a faculdade de julgar definitivamente a ação. 
 
2) Julgamento: 
 
Artigo 10, lei 9868/99: 
 
Art. 10. Salvo no período de recesso, a medida cautelar na ação 
direta será concedida por decisão da maioria absoluta dos membros 
do Tribunal, observado o disposto no art. 22, após a audiência dos 
órgãos ou autoridades dos quais emanou a lei ou ato normativo 
impugnado, que deverão pronunciar-se no prazo de cinco dias. 
 
a) durante o recesso: em janeiro e julho. A lei não diz quem decide a cautelar, o regimento interno do STF (status 
de lei ordinária) diz que é matéria de atribuição do Ministro Presidente. 
 
b) fora do recesso: quem atua é o Pleno (artigo 22, CF), presentes 8 ministros, bastam 6 votos para a concessão 
da cautelar por maioria absoluta. 
 
3) Efeitos: Eficácia contra todos, ou seja, a cautelar possui efeitos “erga omnes” e “ex nunc”, salvo se o tribunal 
entender que deva dar eficácia retroativa. 
 
 
 
 Página 2 de 8 
 
 
Mérito Cautelar 
Efeito erga omnes 
 
Efeito erga omnes 
 
Ex tunc (nulidade) 
 
Ex nunc 
 
Permite a modulação (ex nunc). Exceção: efeito retroativo 
 
L1 editada e L2 revoga L1. L2 é objeto de ADI que declara L2 inconstitucional. Ao julgar essa ADI o que ocorre com 
a L1? 
Ocorre o efeito repristinatório decorrente da L1 em razão da declaração de inconstitucionalidade da L2. O STF 
aplicaria o efeito erga omnes e ex tunc (princípio da nulidade), a lei é declarada ato nulo, ato írrito. Ocorre a 
nulidade aborígine (ato natimorto), o vício é congênito, ou seja, a lei nasceu morta. Desta forma, L2 nunca 
revogou a L1, então a L1 nunca foi revogada e por isso não ocorre a repristinação, há um ato inválido, sem 
eficácia. O efeito disso faz com que a L1 ressuscite, volte a produzir efeitos. 
 
Repristinação: 
 
Artigo 2º, §3º da LINDB: Salvo disposição em contrário, a lei revogada não se restaura por ter a lei revogadora 
perdido a vigência. 
 
Exemplo: L1 editada e revogada por L2 que é revogada por L3. 
Em regra, L1 não se restaura, salvo disposição em contrário (se a L3 dispuser o contrário). Ocorre a repristinação. 
 
Artigo 11, §1º, lei 9868/99: 
 
§ 1o A medida cautelar, dotada de eficácia contra todos, será 
concedida, com efeito, ex nunc, salvo se o Tribunal entender que 
deva conceder-lhe eficácia retroativa. 
 
4) negativa de cautelar: a lei continua sendo aplicável. O juiz é obrigado a aplicar a lei? A negativa vincula? 
Se o STF negou a cautelar, os juízes não estão obrigados a seguir a orientação, afinal negativa de cautelar não 
vincula nada. Somente concessão de cautelar vincula os juízes. 
 
2. Ação Declaratória de Constitucionalidade (ADC) 
 
1) Surgimento: 
 
Essa ação foi introduzida no Brasil pela Emenda Constitucional nº 3 de 1993 que definiu o cabimento desta ação. 
 
2) Cabimento/Objeto: 
 
Artigo 102, I, a, CF – o cabimento se dá somente na hipótese de lei ou ato normativo federal. 
Lei ou ato normativo estadual não pode ser objeto de ADC por enquanto, afinal na CF houve o silêncio eloquente, 
ou seja, não está previsto ADC para lei ou ato normativo estadual. 
 
 
 
 Página 3 de 8 
 
Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a 
guarda da Constituição, cabendo-lhe: 
I - processar e julgar, originariamente: 
a) a ação direta de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo 
federal ou estadual e a ação declaratória de constitucionalidade de 
lei ou ato normativo federal 
 
3) Objetivo: declarar constitucional uma lei federal, o que se terá será uma confirmação da presunção de 
constitucionalidade de todo o ato normativo. 
 
4) Prazo para propositura da ADC: não existe prazo pré-determinado, o cabimento da ADC se verifica quando a 
presunção de constitucionalidade de lei ou ato normativo federal estiver abalada, daí surge o interesse de agir. 
Artigo 14, III, lei 9868/99: 
 
Art. 14. A petição inicial indicará: 
III - a existência de controvérsia judicial relevante sobre a aplicação 
da disposição objeto da ação declaratória. 
 
5) Legitimação Ativa: 
 
EC 3/93 EC 45/2004 
Criou quatro legitimados: 
 
- Presidente da República; 
- Mesa do Senado Federal, 
- Mesa da Câmara dos Deputados 
- Procurador Geral da República 
Os mesmos legitimados da ADI, ou seja, os elencados 
no artigo 103, CF. 
 
ADI e ADC são ações dúplices ou ambivalentes; são ações com sinais trocados porque a procedência de uma 
implica a improcedência da outra. 
 
ADI ADC 
Julgada procedente (+), a lei é considerada 
inconstitucional. Pode ser aplicada para lei federal e 
estadual. 
Julgada improcedente (-), a lei é considerada 
inconstitucional. Somente aplicada para lei federal. 
 
6) Cautelar na ADC: previsto expressamente no artigo 21 da lei 9868/99. Consiste na determinação de que juízes 
e tribunais suspendam o julgamento de processos que envolvam o objeto. Essa suspensão vale por 180 dias. 
 
Art. 21. O Supremo Tribunal Federal, por decisão da maioria absoluta 
de seus membros, poderá deferir pedido de medida cautelar na ação 
declaratória de constitucionalidade, consistente na determinação de 
que os juízes e os Tribunais suspendam o julgamento dos processos 
que envolvam a aplicação da lei ou do ato normativo objeto da ação 
até seu julgamento definitivo. 
 
 
 
 
 Página 4 de 8 
 
Parágrafo único. Concedida a medida cautelar, o Supremo Tribunal 
Federal fará publicar em seção especial do Diário Oficial da União a 
parte dispositiva da decisão, no prazo de dez dias, devendo o 
Tribunal proceder ao julgamento da ação no prazo de cento e oitenta 
dias, sob pena de perda de sua eficácia. 
 
3. ADPF – Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental 
 
1) Surgimento: Não existia antes de 1988, veio junto com a CF. Artigo 102, §1º, CF: a ADPF será apreciada pelo 
STF na forma da lei. Trata-se de norma de eficácia limitada. 
 
Lei 9882/99 estabelece todo o regramento da ADPF. 
 
2) Conceito de Preceito Fundamental: normas qualificadas que veiculam princípios e servem de vetores de 
interpretação das demais normas constitucionais. 
Exemplo: artigo 1º - fundamentos da República; artigo 3º - objetivos fundamentais; artigo 5º; artigo 34, VII – 
princípios sensíveis; artigo 60, §4º - cláusulas pétreas; artigo 170; artigo 196 – saúde; artigo 205 – educação. 
 
Exemplo: ADPF nº 130, o preceito em discussão era a democracia. 
Exemplo: ADPF nº 132, união homoafetiva é plenamente reconhecida como união estável. Preceito fundamental 
foi a dignidade da pessoa humana. 
 
Ementa: RECURSO ESPECIAL. RESPONSABILIDADE CIVIL. VIOLAÇÃO A 
ARTIGOS DA LEI DE IMPRENSA NÃO RECEPCIONADA PELA CF/88 . 
ADPF Nº 130 DO STF. ART. 535 DO CPC . OFENSA. NÃO OCORRÊNCIA. 
PREQUESTIONAMENTO. AUSÊNCIA.DANO MORAL. QUANTUM. 
RAZOABILIDADE. DECISÃO AGRAVADA. MANUTENÇÃO. I. Não se 
pode alegar violação dos dispositivos da Lei de Imprensa , tendo em 
vista que o Supremo Tribunal Federal, ao julgar a ADPF nº 130, no dia 
30 de abril do ano em voga , decidiu que todo o conjunto dessa lei 
não foi recepcionado pela Constituição Federal de 1988.(Informativo 
nº 544) II. Embora rejeitando os embargos de declaração, o acórdão 
recorrido examinou, motivadamente, todas as questões pertinentes, 
logo, não há que se falar em ofensa ao art. 535 do Código de 
Processo Civil . III. O prequestionamento, entendido como a 
necessidade de o tema objeto do recurso haver sido examinado pela 
decisão atacada, constitui exigência inafastável da própria previsão 
constitucional, ao tratar do recurso especial, impondo-se como um 
dos principais requisitos ao seu conhecimento. Nos termos das 
Súmulas 282 e 356 do Supremo Tribunal Federal, não se admite o 
recurso especial que suscita tema não prequestionado pelo Tribunal 
de origem. IV. É possível a intervenção desta Corte para reduzir ou 
aumentar o valor indenizatório por dano moral apenas nos casos em 
que o quantum arbitrado pelo Acórdão recorrido se mostrar irrisório 
ou exorbitante, situação que não se faz presente no caso em tela. 
Agravos Regimentais improvidos. 
 
 
 
 
 Página 5 de 8 
 
Ementa: 1. ARGUIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO 
FUNDAMENTAL (ADPF). PERDA PARCIAL DE OBJETO. RECEBIMENTO, 
NA PARTE REMANESCENTE, COMO AÇÃO DIRETA DE 
INCONSTITUCIONALIDADE. UNIÃO HOMOAFETIVA E SEU 
RECONHECIMENTO COMO INSTITUTO JURÍDICO. CONVERGÊNCIA DE 
OBJETOS ENTRE AÇÕES DE NATUREZA ABSTRATA. JULGAMENTO 
CONJUNTO. Encampação dos fundamentos da ADPF nº 132-RJ pela 
ADI nº 4.277-DF, com a finalidade de conferir “interpretação 
conforme à Constituição” ao art. 1.723 do Código Civil. Atendimento 
das condições da ação. 2. PROIBIÇÃO DE DISCRIMINAÇÃO DAS 
PESSOAS EM RAZÃO DO SEXO, SEJA NO PLANO DA DICOTOMIA 
HOMEM/MULHER (GÊNERO), SEJA NO PLANO DA ORIENTAÇÃO 
SEXUAL DE CADA QUAL DELES. A PROIBIÇÃO DO PRECONCEITO 
COMO CAPÍTULO DO CONSTITUCIONALISMO FRATERNAL. 
HOMENAGEM AO PLURALISMO COMO VALOR SÓCIO-POLÍTICO-
CULTURAL. LIBERDADE PARA DISPOR DA PRÓPRIA SEXUALIDADE, 
INSERIDA NA CATEGORIA DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS DO 
INDIVÍDUO, EXPRESSÃO QUE É DA AUTONOMIA DE VONTADE. 
DIREITO À INTIMIDADE E À VIDA PRIVADA. CLÁUSULA PÉTREA. O sexo 
das pessoas, salvo disposição constitucional expressa ou implícita em 
sentido contrário, não se presta como fator de desigualação jurídica. 
Proibição de preconceito, à luz do inciso IV do art. 3º da Constituição 
Federal, por colidir frontalmente com o objetivo constitucional de 
“promover o bem de todos”. Silêncio normativo da Carta Magna a 
respeito do concreto uso do sexo dos indivíduos como saque da 
kelseniana “norma geral negativa”, segundo a qual “o que não estiver 
juridicamente proibido, ou obrigado, está juridicamente permitido”. 
Reconhecimento do direito à preferência sexual como direta 
emanação do princípio da “dignidade da pessoa humana”: direito a 
auto-estima no mais elevado ponto da consciência do indivíduo. 
Direito à busca da felicidade. Salto normativo da proibição do 
preconceito para a proclamação do direito à liberdade sexual. O 
concreto uso da sexualidade faz parte da autonomia da vontade das 
pessoas naturais. Empírico uso da sexualidade nos planos da 
intimidade e da privacidade constitucionalmente tuteladas. 
Autonomia da vontade. Cláusula pétrea. 3. TRATAMENTO 
CONSTITUCIONAL DA INSTITUIÇÃO DA FAMÍLIA. RECONHECIMENTO 
DE QUE A CONSTITUIÇÃO FEDERAL NÃO EMPRESTA AO 
SUBSTANTIVO “FAMÍLIA” NENHUM SIGNIFICADO ORTODOXO OU DA 
PRÓPRIA TÉCNICA JURÍDICA. A FAMÍLIA COMO CATEGORIA SÓCIO-
CULTURAL E PRINCÍPIO ESPIRITUAL. DIREITO SUBJETIVO DE 
CONSTITUIR FAMÍLIA. INTERPRETAÇÃO NÃO-REDUCIONISTA. O caput 
do art. 226 confere à família, base da sociedade, especial proteção do 
Estado. Ênfase constitucional à instituição da família. Família em seu 
coloquial ou proverbial significado de núcleo doméstico, pouco 
importando se formal ou informalmente constituída, ou se integrada 
por casais heteroafetivos ou por pares homoafetivos. A Constituição 
 
 
 
 Página 6 de 8 
 
de 1988, ao utilizar-se da expressão “família”, não limita sua 
formação a casais heteroafetivos nem a formalidade cartorária, 
celebração civil ou liturgia religiosa. Família como instituição privada 
que, voluntariamente constituída entre pessoas adultas, mantém 
com o Estado e a sociedade civil uma necessária relação tricotômica. 
Núcleo familiar que é o principal lócus institucional de concreção dos 
direitos fundamentais que a própria Constituição designa por 
“intimidade e vida privada” (inciso X do art. 5º). Isonomia entre 
casais heteroafetivos e pares homoafetivos que somente ganha 
plenitude de sentido se desembocar no igual direito subjetivo à 
formação de uma autonomizada família. Família como figura central 
ou continente, de que tudo o mais é conteúdo. Imperiosidade da 
interpretação não-reducionista do conceito de família como 
instituição que também se forma por vias distintas do casamento 
civil. Avanço da Constituição Federal de 1988 no plano dos costumes. 
Caminhada na direção do pluralismo como categoria sócio-político-
cultural. Competência do Supremo Tribunal Federal para manter, 
interpretativamente, o Texto Magno na posse do seu fundamental 
atributo da coerência, o que passa pela eliminação de preconceito 
quanto à orientação sexual das pessoas. 4. UNIÃO ESTÁVEL. 
NORMAÇÃO CONSTITUCIONAL REFERIDA A HOMEM E MULHER, MAS 
APENAS PARA ESPECIAL PROTEÇÃO DESTA ÚLTIMA. FOCADO 
PROPÓSITO CONSTITUCIONAL DE ESTABELECER RELAÇÕES JURÍDICAS 
HORIZONTAIS OU SEM HIERARQUIA ENTRE AS DUAS TIPOLOGIAS DO 
GÊNERO HUMANO. IDENTIDADE CONSTITUCIONAL DOS CONCEITOS 
DE “ENTIDADE FAMILIAR” E “FAMÍLIA”. A referência constitucional à 
dualidade básica homem/mulher, no § 3º do seu art. 226, deve-se ao 
centrado intuito de não se perder a menor oportunidade para 
favorecer relações jurídicas horizontais ou sem hierarquia no âmbito 
das sociedades domésticas. Reforço normativo a um mais eficiente 
combate à renitência patriarcal dos costumes brasileiros. 
Impossibilidade de uso da letra da Constituição para ressuscitar o art. 
175 da Carta de 1967/1969. Não há como fazer rolar a cabeça do art. 
226 no patíbulo do seu parágrafo terceiro. Dispositivo que, ao utilizar 
da terminologia “entidade familiar”, não pretendeu diferenciá-la da 
“família”. Inexistência de hierarquia ou diferença de qualidade 
jurídica entre as duas formas de constituição de um novo e 
autonomizado núcleo doméstico. Emprego do fraseado “entidade 
familiar” como sinônimo perfeito de família. A Constituição não 
interdita a formação de família por pessoas do mesmo sexo. 
Consagração do juízo de que não se proíbe nada a ninguém senão em 
face de um direito ou de proteção de um legítimo interesse de 
outrem, ou de toda a sociedade, o que não se dá na hipótese sub 
judice. Inexistência do direito dos indivíduos heteroafetivos à sua 
não-equiparação jurídica com os indivíduos homoafetivos. 
Aplicabilidade do § 2º do art. 5º da Constituição Federal, a evidenciar 
que outros direitos e garantias, não expressamente listados na 
 
 
 
 Página 7 de 8 
 
Constituição, emergem “do regime e dos princípios por ela 
adotados”, verbis: “Os direitos e garantias expressos nesta 
Constituição não excluem outros decorrentes do regime e dos 
princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a 
República Federativa do Brasil seja parte”. 5. DIVERGÊNCIAS 
LATERAIS QUANTO À FUNDAMENTAÇÃO DO ACÓRDÃO. Anotação de 
que os Ministros Ricardo Lewandowski, Gilmar Mendes e Cezar 
Peluso convergiram no particular entendimento da impossibilidade 
de ortodoxo enquadramento da união homoafetiva nas espécies de 
famíliaconstitucionalmente estabelecidas. Sem embargo, 
reconheceram a união entre parceiros do mesmo sexo como uma 
nova forma de entidade familiar. Matéria aberta à conformação 
legislativa, sem prejuízo do reconhecimento da imediata auto-
aplicabilidade da Constituição. 6. INTERPRETAÇÃO DO ART. 1.723 DO 
CÓDIGO CIVIL EM CONFORMIDADE COM A CONSTITUIÇÃO FEDERAL 
(TÉCNICA DA “INTERPRETAÇÃO CONFORME”). RECONHECIMENTO DA 
UNIÃO HOMOAFETIVA COMO FAMÍLIA. PROCEDÊNCIA DAS AÇÕES. 
Ante a possibilidade de interpretação em sentido preconceituoso ou 
discriminatório do art. 1.723 do Código Civil, não resolúvel à luz dele 
próprio, faz-se necessária a utilização da técnica de “interpretação 
conforme à Constituição”. Isso para excluir do dispositivo em causa 
qualquer significado que impeça o reconhecimento da união 
contínua, pública e duradoura entre pessoas do mesmo sexo como 
família. Reconhecimento que é de ser feito segundo as mesmas 
regras e com as mesmas consequências da união estável 
heteroafetiva. 
 
(STF - ADPF: 132 RJ , Relator: Min. AYRES BRITTO, Data de 
Julgamento: 05/05/2011, Tribunal Pleno, Data de Publicação: DJe-
198 DIVULG 13-10-2011 PUBLIC 14-10-2011 EMENT VOL-02607-01 
PP-00001). 
 
Exemplo: ADPF 101 – importação de pneus usados e o STF analisou os preceitos fundamentais saúde e meio 
ambienta ecologicamente equilibrado. 
 
Exemplo: ADPF 54 – interrupção ( e não aborto) da gravidez de feto com anencefalia. O preceito fundamental é a 
vida e a dignidade da gestante. É de livre manifestação de vontade da gestante, a dignidade é vista à luz da 
gestante. 
 
ADPF - ADEQUAÇÃO - INTERRUPÇÃO DA GRAVIDEZ - FETO 
ANENCÉFALO - POLÍTICA JUDICIÁRIA - MACROPROCESSO. Tanto 
quanto possível, há de ser dada seqüência a processo objetivo, 
chegando-se, de imediato, a pronunciamento do Supremo Tribunal 
Federal. Em jogo valores consagrados na Lei Fundamental - como o 
são os da dignidade da pessoa humana, da saúde, da liberdade e 
autonomia da manifestação da vontade e da legalidade, 
considerados a interrupção da gravidez de feto anencéfalo e os 
 
 
 
 Página 8 de 8 
 
enfoques diversificados sobre a configuração do crime de aborto, 
adequada surge a arguição de descumprimento de preceito 
fundamental. ADPF - LIMINAR - ANENCEFALIA - INTERRUPÇÃO DA 
GRAVIDEZ - GLOSA PENAL - PROCESSOS EM CURSO - SUSPENSÃO. 
Pendente de julgamento a arguição de descumprimento de preceito 
fundamental, processos criminais em curso, em face da interrupção 
da gravidez no caso de anencefalia, devem ficar suspensos até o crivo 
final do Supremo Tribunal Federal. ADPF - LIMINAR - ANENCEFALIA - 
INTERRUPÇÃO DA GRAVIDEZ - GLOSA PENAL - AFASTAMENTO - 
MITIGAÇÃO. Na dicção da ilustrada maioria, entendimento em 
relação ao qual guardo reserva, não prevalece, em argüição de 
descumprimento de preceito fundamental, liminar no sentido de 
afastar a glosa penal relativamente àqueles que venham a participar 
da interrupção da gravidez no caso de anencefalia. 
 
(STF - ADPF: 54 DF , Relator: Min. MARCO AURÉLIO, Data de 
Julgamento: 27/04/2005, Tribunal Pleno, Data de Publicação: DJe-
092 DIVULG 30-08-2007 PUBLIC 31-08-2007 DJ 31-08-2007 PP-00029 
EMENT VOL-02287-01 PP-00021). 
 
3) Hipóteses de Cabimento: 
 
a) Arguição Autônoma: artigo 1º, “caput” da lei 9882/99. Serve para evitar ou reparar lesão à preceito 
fundamental resultante de ato do Poder Público (e não de lei). 
Exemplo: ato do Poder Público que não registra o casamento homoafetivo no cartório. 
Exemplo: ato do Poder Público que não autoriza cirurgia em hospital público. 
Possui efeito erga omnes. 
 
b) Arguição Incidental: artigo 1º, parágrafo único, I, da lei 9882/99. Quando for relevante o fundamento da 
controvérsia constitucional sobre lei ou ato normativo federal ou estadual, municipal ou lei anterior à CF. Tem por 
objeto reconhecer a inconstitucionalidade de uma lei. 
 
4) Legitimação Ativa: a mesma da ADI, ou seja, todos do artigo 103, CF. 
 
5) Legitimação Passiva: figura como requerido quem ocasionou a lesão ao preceito fundamental. 
 
6) Julgamento: ocorre no STF. 
 
7) Procedimento: princípio da subsidiariedade, artigo 4º da lei 9882/99. Não será admitida ADPF quando houver 
qualquer outro meio eficaz de sanar a lesividade. 
 
Eficácia: está relacionado apenas às ações de controle concentrado, o campo é residual, logo se couber ação do 
controle concentrado não caberá ADPF.

Outros materiais