Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Magistratura e Ministério Público CARREIRAS JURÍDICAS Damásio Educacional MATERIAL DE APOIO Disciplina: Direito Constitucional Professor: Pedro Lenza Aula: 05 | Data: 18/03/2015 ANOTAÇÃO DE AULA SUMÁRIO Controle Concentrado 1. ADI 2. Ação Declaratória de Constitucionalidade (ADC) 3. ADPF – Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental Lei 13.105 de 16 de março de 2015 = novo código de processo civil. Controle Concentrado 1. ADI 1) Medida cautelar em ADI Disciplinada pela lei 9868/99. Há a possibilidade de transformar a medida cautelar em uma medida definitiva, desde que obedecidas as regras do artigo 12 da lei 9868/99. Art. 12. Havendo pedido de medida cautelar, o relator, em face da relevância da matéria e de seu especial significado para a ordem social e a segurança jurídica, poderá, após a prestação das informações, no prazo de dez dias, e a manifestação do Advogado- Geral da União e do Procurador-Geral da República, sucessivamente, no prazo de cinco dias, submeter o processo diretamente ao Tribunal, que terá a faculdade de julgar definitivamente a ação. 2) Julgamento: Artigo 10, lei 9868/99: Art. 10. Salvo no período de recesso, a medida cautelar na ação direta será concedida por decisão da maioria absoluta dos membros do Tribunal, observado o disposto no art. 22, após a audiência dos órgãos ou autoridades dos quais emanou a lei ou ato normativo impugnado, que deverão pronunciar-se no prazo de cinco dias. a) durante o recesso: em janeiro e julho. A lei não diz quem decide a cautelar, o regimento interno do STF (status de lei ordinária) diz que é matéria de atribuição do Ministro Presidente. b) fora do recesso: quem atua é o Pleno (artigo 22, CF), presentes 8 ministros, bastam 6 votos para a concessão da cautelar por maioria absoluta. 3) Efeitos: Eficácia contra todos, ou seja, a cautelar possui efeitos “erga omnes” e “ex nunc”, salvo se o tribunal entender que deva dar eficácia retroativa. Página 2 de 8 Mérito Cautelar Efeito erga omnes Efeito erga omnes Ex tunc (nulidade) Ex nunc Permite a modulação (ex nunc). Exceção: efeito retroativo L1 editada e L2 revoga L1. L2 é objeto de ADI que declara L2 inconstitucional. Ao julgar essa ADI o que ocorre com a L1? Ocorre o efeito repristinatório decorrente da L1 em razão da declaração de inconstitucionalidade da L2. O STF aplicaria o efeito erga omnes e ex tunc (princípio da nulidade), a lei é declarada ato nulo, ato írrito. Ocorre a nulidade aborígine (ato natimorto), o vício é congênito, ou seja, a lei nasceu morta. Desta forma, L2 nunca revogou a L1, então a L1 nunca foi revogada e por isso não ocorre a repristinação, há um ato inválido, sem eficácia. O efeito disso faz com que a L1 ressuscite, volte a produzir efeitos. Repristinação: Artigo 2º, §3º da LINDB: Salvo disposição em contrário, a lei revogada não se restaura por ter a lei revogadora perdido a vigência. Exemplo: L1 editada e revogada por L2 que é revogada por L3. Em regra, L1 não se restaura, salvo disposição em contrário (se a L3 dispuser o contrário). Ocorre a repristinação. Artigo 11, §1º, lei 9868/99: § 1o A medida cautelar, dotada de eficácia contra todos, será concedida, com efeito, ex nunc, salvo se o Tribunal entender que deva conceder-lhe eficácia retroativa. 4) negativa de cautelar: a lei continua sendo aplicável. O juiz é obrigado a aplicar a lei? A negativa vincula? Se o STF negou a cautelar, os juízes não estão obrigados a seguir a orientação, afinal negativa de cautelar não vincula nada. Somente concessão de cautelar vincula os juízes. 2. Ação Declaratória de Constitucionalidade (ADC) 1) Surgimento: Essa ação foi introduzida no Brasil pela Emenda Constitucional nº 3 de 1993 que definiu o cabimento desta ação. 2) Cabimento/Objeto: Artigo 102, I, a, CF – o cabimento se dá somente na hipótese de lei ou ato normativo federal. Lei ou ato normativo estadual não pode ser objeto de ADC por enquanto, afinal na CF houve o silêncio eloquente, ou seja, não está previsto ADC para lei ou ato normativo estadual. Página 3 de 8 Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe: I - processar e julgar, originariamente: a) a ação direta de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo federal ou estadual e a ação declaratória de constitucionalidade de lei ou ato normativo federal 3) Objetivo: declarar constitucional uma lei federal, o que se terá será uma confirmação da presunção de constitucionalidade de todo o ato normativo. 4) Prazo para propositura da ADC: não existe prazo pré-determinado, o cabimento da ADC se verifica quando a presunção de constitucionalidade de lei ou ato normativo federal estiver abalada, daí surge o interesse de agir. Artigo 14, III, lei 9868/99: Art. 14. A petição inicial indicará: III - a existência de controvérsia judicial relevante sobre a aplicação da disposição objeto da ação declaratória. 5) Legitimação Ativa: EC 3/93 EC 45/2004 Criou quatro legitimados: - Presidente da República; - Mesa do Senado Federal, - Mesa da Câmara dos Deputados - Procurador Geral da República Os mesmos legitimados da ADI, ou seja, os elencados no artigo 103, CF. ADI e ADC são ações dúplices ou ambivalentes; são ações com sinais trocados porque a procedência de uma implica a improcedência da outra. ADI ADC Julgada procedente (+), a lei é considerada inconstitucional. Pode ser aplicada para lei federal e estadual. Julgada improcedente (-), a lei é considerada inconstitucional. Somente aplicada para lei federal. 6) Cautelar na ADC: previsto expressamente no artigo 21 da lei 9868/99. Consiste na determinação de que juízes e tribunais suspendam o julgamento de processos que envolvam o objeto. Essa suspensão vale por 180 dias. Art. 21. O Supremo Tribunal Federal, por decisão da maioria absoluta de seus membros, poderá deferir pedido de medida cautelar na ação declaratória de constitucionalidade, consistente na determinação de que os juízes e os Tribunais suspendam o julgamento dos processos que envolvam a aplicação da lei ou do ato normativo objeto da ação até seu julgamento definitivo. Página 4 de 8 Parágrafo único. Concedida a medida cautelar, o Supremo Tribunal Federal fará publicar em seção especial do Diário Oficial da União a parte dispositiva da decisão, no prazo de dez dias, devendo o Tribunal proceder ao julgamento da ação no prazo de cento e oitenta dias, sob pena de perda de sua eficácia. 3. ADPF – Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental 1) Surgimento: Não existia antes de 1988, veio junto com a CF. Artigo 102, §1º, CF: a ADPF será apreciada pelo STF na forma da lei. Trata-se de norma de eficácia limitada. Lei 9882/99 estabelece todo o regramento da ADPF. 2) Conceito de Preceito Fundamental: normas qualificadas que veiculam princípios e servem de vetores de interpretação das demais normas constitucionais. Exemplo: artigo 1º - fundamentos da República; artigo 3º - objetivos fundamentais; artigo 5º; artigo 34, VII – princípios sensíveis; artigo 60, §4º - cláusulas pétreas; artigo 170; artigo 196 – saúde; artigo 205 – educação. Exemplo: ADPF nº 130, o preceito em discussão era a democracia. Exemplo: ADPF nº 132, união homoafetiva é plenamente reconhecida como união estável. Preceito fundamental foi a dignidade da pessoa humana. Ementa: RECURSO ESPECIAL. RESPONSABILIDADE CIVIL. VIOLAÇÃO A ARTIGOS DA LEI DE IMPRENSA NÃO RECEPCIONADA PELA CF/88 . ADPF Nº 130 DO STF. ART. 535 DO CPC . OFENSA. NÃO OCORRÊNCIA. PREQUESTIONAMENTO. AUSÊNCIA.DANO MORAL. QUANTUM. RAZOABILIDADE. DECISÃO AGRAVADA. MANUTENÇÃO. I. Não se pode alegar violação dos dispositivos da Lei de Imprensa , tendo em vista que o Supremo Tribunal Federal, ao julgar a ADPF nº 130, no dia 30 de abril do ano em voga , decidiu que todo o conjunto dessa lei não foi recepcionado pela Constituição Federal de 1988.(Informativo nº 544) II. Embora rejeitando os embargos de declaração, o acórdão recorrido examinou, motivadamente, todas as questões pertinentes, logo, não há que se falar em ofensa ao art. 535 do Código de Processo Civil . III. O prequestionamento, entendido como a necessidade de o tema objeto do recurso haver sido examinado pela decisão atacada, constitui exigência inafastável da própria previsão constitucional, ao tratar do recurso especial, impondo-se como um dos principais requisitos ao seu conhecimento. Nos termos das Súmulas 282 e 356 do Supremo Tribunal Federal, não se admite o recurso especial que suscita tema não prequestionado pelo Tribunal de origem. IV. É possível a intervenção desta Corte para reduzir ou aumentar o valor indenizatório por dano moral apenas nos casos em que o quantum arbitrado pelo Acórdão recorrido se mostrar irrisório ou exorbitante, situação que não se faz presente no caso em tela. Agravos Regimentais improvidos. Página 5 de 8 Ementa: 1. ARGUIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL (ADPF). PERDA PARCIAL DE OBJETO. RECEBIMENTO, NA PARTE REMANESCENTE, COMO AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. UNIÃO HOMOAFETIVA E SEU RECONHECIMENTO COMO INSTITUTO JURÍDICO. CONVERGÊNCIA DE OBJETOS ENTRE AÇÕES DE NATUREZA ABSTRATA. JULGAMENTO CONJUNTO. Encampação dos fundamentos da ADPF nº 132-RJ pela ADI nº 4.277-DF, com a finalidade de conferir “interpretação conforme à Constituição” ao art. 1.723 do Código Civil. Atendimento das condições da ação. 2. PROIBIÇÃO DE DISCRIMINAÇÃO DAS PESSOAS EM RAZÃO DO SEXO, SEJA NO PLANO DA DICOTOMIA HOMEM/MULHER (GÊNERO), SEJA NO PLANO DA ORIENTAÇÃO SEXUAL DE CADA QUAL DELES. A PROIBIÇÃO DO PRECONCEITO COMO CAPÍTULO DO CONSTITUCIONALISMO FRATERNAL. HOMENAGEM AO PLURALISMO COMO VALOR SÓCIO-POLÍTICO- CULTURAL. LIBERDADE PARA DISPOR DA PRÓPRIA SEXUALIDADE, INSERIDA NA CATEGORIA DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS DO INDIVÍDUO, EXPRESSÃO QUE É DA AUTONOMIA DE VONTADE. DIREITO À INTIMIDADE E À VIDA PRIVADA. CLÁUSULA PÉTREA. O sexo das pessoas, salvo disposição constitucional expressa ou implícita em sentido contrário, não se presta como fator de desigualação jurídica. Proibição de preconceito, à luz do inciso IV do art. 3º da Constituição Federal, por colidir frontalmente com o objetivo constitucional de “promover o bem de todos”. Silêncio normativo da Carta Magna a respeito do concreto uso do sexo dos indivíduos como saque da kelseniana “norma geral negativa”, segundo a qual “o que não estiver juridicamente proibido, ou obrigado, está juridicamente permitido”. Reconhecimento do direito à preferência sexual como direta emanação do princípio da “dignidade da pessoa humana”: direito a auto-estima no mais elevado ponto da consciência do indivíduo. Direito à busca da felicidade. Salto normativo da proibição do preconceito para a proclamação do direito à liberdade sexual. O concreto uso da sexualidade faz parte da autonomia da vontade das pessoas naturais. Empírico uso da sexualidade nos planos da intimidade e da privacidade constitucionalmente tuteladas. Autonomia da vontade. Cláusula pétrea. 3. TRATAMENTO CONSTITUCIONAL DA INSTITUIÇÃO DA FAMÍLIA. RECONHECIMENTO DE QUE A CONSTITUIÇÃO FEDERAL NÃO EMPRESTA AO SUBSTANTIVO “FAMÍLIA” NENHUM SIGNIFICADO ORTODOXO OU DA PRÓPRIA TÉCNICA JURÍDICA. A FAMÍLIA COMO CATEGORIA SÓCIO- CULTURAL E PRINCÍPIO ESPIRITUAL. DIREITO SUBJETIVO DE CONSTITUIR FAMÍLIA. INTERPRETAÇÃO NÃO-REDUCIONISTA. O caput do art. 226 confere à família, base da sociedade, especial proteção do Estado. Ênfase constitucional à instituição da família. Família em seu coloquial ou proverbial significado de núcleo doméstico, pouco importando se formal ou informalmente constituída, ou se integrada por casais heteroafetivos ou por pares homoafetivos. A Constituição Página 6 de 8 de 1988, ao utilizar-se da expressão “família”, não limita sua formação a casais heteroafetivos nem a formalidade cartorária, celebração civil ou liturgia religiosa. Família como instituição privada que, voluntariamente constituída entre pessoas adultas, mantém com o Estado e a sociedade civil uma necessária relação tricotômica. Núcleo familiar que é o principal lócus institucional de concreção dos direitos fundamentais que a própria Constituição designa por “intimidade e vida privada” (inciso X do art. 5º). Isonomia entre casais heteroafetivos e pares homoafetivos que somente ganha plenitude de sentido se desembocar no igual direito subjetivo à formação de uma autonomizada família. Família como figura central ou continente, de que tudo o mais é conteúdo. Imperiosidade da interpretação não-reducionista do conceito de família como instituição que também se forma por vias distintas do casamento civil. Avanço da Constituição Federal de 1988 no plano dos costumes. Caminhada na direção do pluralismo como categoria sócio-político- cultural. Competência do Supremo Tribunal Federal para manter, interpretativamente, o Texto Magno na posse do seu fundamental atributo da coerência, o que passa pela eliminação de preconceito quanto à orientação sexual das pessoas. 4. UNIÃO ESTÁVEL. NORMAÇÃO CONSTITUCIONAL REFERIDA A HOMEM E MULHER, MAS APENAS PARA ESPECIAL PROTEÇÃO DESTA ÚLTIMA. FOCADO PROPÓSITO CONSTITUCIONAL DE ESTABELECER RELAÇÕES JURÍDICAS HORIZONTAIS OU SEM HIERARQUIA ENTRE AS DUAS TIPOLOGIAS DO GÊNERO HUMANO. IDENTIDADE CONSTITUCIONAL DOS CONCEITOS DE “ENTIDADE FAMILIAR” E “FAMÍLIA”. A referência constitucional à dualidade básica homem/mulher, no § 3º do seu art. 226, deve-se ao centrado intuito de não se perder a menor oportunidade para favorecer relações jurídicas horizontais ou sem hierarquia no âmbito das sociedades domésticas. Reforço normativo a um mais eficiente combate à renitência patriarcal dos costumes brasileiros. Impossibilidade de uso da letra da Constituição para ressuscitar o art. 175 da Carta de 1967/1969. Não há como fazer rolar a cabeça do art. 226 no patíbulo do seu parágrafo terceiro. Dispositivo que, ao utilizar da terminologia “entidade familiar”, não pretendeu diferenciá-la da “família”. Inexistência de hierarquia ou diferença de qualidade jurídica entre as duas formas de constituição de um novo e autonomizado núcleo doméstico. Emprego do fraseado “entidade familiar” como sinônimo perfeito de família. A Constituição não interdita a formação de família por pessoas do mesmo sexo. Consagração do juízo de que não se proíbe nada a ninguém senão em face de um direito ou de proteção de um legítimo interesse de outrem, ou de toda a sociedade, o que não se dá na hipótese sub judice. Inexistência do direito dos indivíduos heteroafetivos à sua não-equiparação jurídica com os indivíduos homoafetivos. Aplicabilidade do § 2º do art. 5º da Constituição Federal, a evidenciar que outros direitos e garantias, não expressamente listados na Página 7 de 8 Constituição, emergem “do regime e dos princípios por ela adotados”, verbis: “Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem outros decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil seja parte”. 5. DIVERGÊNCIAS LATERAIS QUANTO À FUNDAMENTAÇÃO DO ACÓRDÃO. Anotação de que os Ministros Ricardo Lewandowski, Gilmar Mendes e Cezar Peluso convergiram no particular entendimento da impossibilidade de ortodoxo enquadramento da união homoafetiva nas espécies de famíliaconstitucionalmente estabelecidas. Sem embargo, reconheceram a união entre parceiros do mesmo sexo como uma nova forma de entidade familiar. Matéria aberta à conformação legislativa, sem prejuízo do reconhecimento da imediata auto- aplicabilidade da Constituição. 6. INTERPRETAÇÃO DO ART. 1.723 DO CÓDIGO CIVIL EM CONFORMIDADE COM A CONSTITUIÇÃO FEDERAL (TÉCNICA DA “INTERPRETAÇÃO CONFORME”). RECONHECIMENTO DA UNIÃO HOMOAFETIVA COMO FAMÍLIA. PROCEDÊNCIA DAS AÇÕES. Ante a possibilidade de interpretação em sentido preconceituoso ou discriminatório do art. 1.723 do Código Civil, não resolúvel à luz dele próprio, faz-se necessária a utilização da técnica de “interpretação conforme à Constituição”. Isso para excluir do dispositivo em causa qualquer significado que impeça o reconhecimento da união contínua, pública e duradoura entre pessoas do mesmo sexo como família. Reconhecimento que é de ser feito segundo as mesmas regras e com as mesmas consequências da união estável heteroafetiva. (STF - ADPF: 132 RJ , Relator: Min. AYRES BRITTO, Data de Julgamento: 05/05/2011, Tribunal Pleno, Data de Publicação: DJe- 198 DIVULG 13-10-2011 PUBLIC 14-10-2011 EMENT VOL-02607-01 PP-00001). Exemplo: ADPF 101 – importação de pneus usados e o STF analisou os preceitos fundamentais saúde e meio ambienta ecologicamente equilibrado. Exemplo: ADPF 54 – interrupção ( e não aborto) da gravidez de feto com anencefalia. O preceito fundamental é a vida e a dignidade da gestante. É de livre manifestação de vontade da gestante, a dignidade é vista à luz da gestante. ADPF - ADEQUAÇÃO - INTERRUPÇÃO DA GRAVIDEZ - FETO ANENCÉFALO - POLÍTICA JUDICIÁRIA - MACROPROCESSO. Tanto quanto possível, há de ser dada seqüência a processo objetivo, chegando-se, de imediato, a pronunciamento do Supremo Tribunal Federal. Em jogo valores consagrados na Lei Fundamental - como o são os da dignidade da pessoa humana, da saúde, da liberdade e autonomia da manifestação da vontade e da legalidade, considerados a interrupção da gravidez de feto anencéfalo e os Página 8 de 8 enfoques diversificados sobre a configuração do crime de aborto, adequada surge a arguição de descumprimento de preceito fundamental. ADPF - LIMINAR - ANENCEFALIA - INTERRUPÇÃO DA GRAVIDEZ - GLOSA PENAL - PROCESSOS EM CURSO - SUSPENSÃO. Pendente de julgamento a arguição de descumprimento de preceito fundamental, processos criminais em curso, em face da interrupção da gravidez no caso de anencefalia, devem ficar suspensos até o crivo final do Supremo Tribunal Federal. ADPF - LIMINAR - ANENCEFALIA - INTERRUPÇÃO DA GRAVIDEZ - GLOSA PENAL - AFASTAMENTO - MITIGAÇÃO. Na dicção da ilustrada maioria, entendimento em relação ao qual guardo reserva, não prevalece, em argüição de descumprimento de preceito fundamental, liminar no sentido de afastar a glosa penal relativamente àqueles que venham a participar da interrupção da gravidez no caso de anencefalia. (STF - ADPF: 54 DF , Relator: Min. MARCO AURÉLIO, Data de Julgamento: 27/04/2005, Tribunal Pleno, Data de Publicação: DJe- 092 DIVULG 30-08-2007 PUBLIC 31-08-2007 DJ 31-08-2007 PP-00029 EMENT VOL-02287-01 PP-00021). 3) Hipóteses de Cabimento: a) Arguição Autônoma: artigo 1º, “caput” da lei 9882/99. Serve para evitar ou reparar lesão à preceito fundamental resultante de ato do Poder Público (e não de lei). Exemplo: ato do Poder Público que não registra o casamento homoafetivo no cartório. Exemplo: ato do Poder Público que não autoriza cirurgia em hospital público. Possui efeito erga omnes. b) Arguição Incidental: artigo 1º, parágrafo único, I, da lei 9882/99. Quando for relevante o fundamento da controvérsia constitucional sobre lei ou ato normativo federal ou estadual, municipal ou lei anterior à CF. Tem por objeto reconhecer a inconstitucionalidade de uma lei. 4) Legitimação Ativa: a mesma da ADI, ou seja, todos do artigo 103, CF. 5) Legitimação Passiva: figura como requerido quem ocasionou a lesão ao preceito fundamental. 6) Julgamento: ocorre no STF. 7) Procedimento: princípio da subsidiariedade, artigo 4º da lei 9882/99. Não será admitida ADPF quando houver qualquer outro meio eficaz de sanar a lesividade. Eficácia: está relacionado apenas às ações de controle concentrado, o campo é residual, logo se couber ação do controle concentrado não caberá ADPF.
Compartilhar