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Magistratura e Ministério Público CARREIRAS JURÍDICAS Damásio Educacional MATERIAL DE APOIO Disciplina: Direito Constitucional Professor: Pedro Lenza Aula: 08 | Data: 07/04/2015 ANOTAÇÃO DE AULA SUMÁRIO FEDERAÇÃO 1. Competência Federativa SEPARAÇÃO DE PODERES 1. Poder Executivo FEDERAÇÃO 1. Competência Federativa 1) Estados-Membros (continuação) a) Artigo 25, §3º: § 3º - Os Estados poderão, mediante lei complementar, instituir regiões metropolitanas, aglomerações urbanas e microrregiões, constituídas por agrupamentos de municípios limítrofes, para integrar a organização, o planejamento e a execução de funções públicas de interesse comum. - Legitimado em regiões metropolitanas, aglomerações e microrregiões: Estados-membros; - Requisito formal para instituição: mediante lei complementar estadual. Antes da CF/88 era mediante lei complementar federal do Congresso Nacional (lei 14/73), essa lei foi recepcionada como lei complementar estadual; - Requisito material: agrupamento de municípios limítrofes; - Finalidade: organização, planejamento e execução de funções públicas de interesse comum. O que é interesse comum? STF – interesse comum (ADI 1842): Inclui funções públicas e serviços que atendam a mais de um município, assim como os que restritos ao território de um deles, sejam de algum modo dependentes, concorrentes, confluentes ou integrados de funções públicas, bem como serviços supranacionais. Deve-se pensar no caráter compulsório dessa participação, não há direito de retirada (ADI 796), sem que essa compulsoriedade viole a autonomia municipal, o poder decisório não pode concentrar-se nas mãos de um único ente, a lei não pode concentrar as decisões num único ente. Deve-se assegurar a possibilidade de participação do judiciário, essa participação não precisa ser paritária. Página 2 de 8 Estatuto da metrópole: lei 13.089 de 12/01/2015 – artigo 2º dá o conceito. Essa lei confirma a ideia de compulsoriedade e estabelece critérios de apoio da União à ações que envolvam governança interfederativa no campo do desenvolvimento urbano. Estados distintos podem contribuir para a finalidade de serviço público. Art. 2o Para os efeitos desta Lei, consideram-se: I – aglomeração urbana: unidade territorial urbana constituída pelo agrupamento de 2 (dois) ou mais Municípios limítrofes, caracterizada por complementaridade funcional e integração das dinâmicas geográficas, ambientais, políticas e socioeconômicas; II – função pública de interesse comum: política pública ou ação nela inserida cuja realização por parte de um Município, isoladamente, seja inviável ou cause impacto em Municípios limítrofes; III – gestão plena: condição de região metropolitana ou de aglomeração urbana que possui: a) formalização e delimitação mediante lei complementar estadual; b) estrutura de governança interfederativa própria, nos termos do art. 8o desta Lei; e c) plano de desenvolvimento urbano integrado aprovado mediante lei estadual; IV – governança interfederativa: compartilhamento de responsabilidades e ações entre entes da Federação em termos de organização, planejamento e execução de funções públicas de interesse comum; V – metrópole: espaço urbano com continuidade territorial que, em razão de sua população e relevância política e socioeconômica, tem influência nacional ou sobre uma região que configure, no mínimo, a área de influência de uma capital regional, conforme os critérios adotados pela Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE; VI – plano de desenvolvimento urbano integrado: instrumento que estabelece, com base em processo permanente de planejamento, as diretrizes para o desenvolvimento urbano da região metropolitana ou da aglomeração urbana; VII – região metropolitana: aglomeração urbana que configure uma metrópole. Página 3 de 8 Parágrafo único. Os critérios para a delimitação da região de influência de uma capital regional, previstos no inciso V do caput deste artigo considerarão os bens e serviços fornecidos pela cidade à região, abrangendo produtos industriais, educação, saúde, serviços bancários, comércio, empregos e outros itens pertinentes, e serão disponibilizados pelo IBGE na rede mundial de computadores. 2) Municípios: entes federativos que possuem autonomia: I- Capacidade de auto-organização: através de lei orgânica que deve observar a CF e CE, desta forma, a lei orgânica sofre dupla vinculação. Lei do município deve respeitar lei orgânica, CE e CF. Caso viole a CF e CE , será considerada inconstitucional. Caso viole uma lei orgânica será considerada ilegal (não tem previsão de controle concentrado). - artigo 29, CF – criação de uma lei orgânica: a) é votada em dois turnos; b) em interstício (período de tempo) mínimo de 10 dias; c) aprovada por 2/3. Art. 29. O Município reger-se-á por lei orgânica, votada em dois turnos, com o interstício mínimo de dez dias, e aprovada por dois terços dos membros da Câmara Municipal, que a promulgará, atendidos os princípios estabelecidos nesta Constituição, na Constituição do respectivo Estado e os seguintes preceitos. II- Capacidade de autogoverno: a) legislativo: câmara dos vereadores ou câmara municipal; b) poder executiv0: prefeito; c) poder judiciário: não há. III- Capacidade de autolegislação: legisla com suas próprias leis. - Criação de um novo município: artigo 18, §4º, CF: a) lei complementar federal; b) plebiscito; c) estudos de viabilidade municipal. § 4º A criação, a incorporação, a fusão e o desmembramento de Municípios, far-se-ão por lei estadual, dentro do período determinado por Lei Complementar Federal, e dependerão de consulta prévia, mediante plebiscito, às populações dos Municípios envolvidos, após divulgação dos Estudos de Viabilidade Municipal, apresentados e publicados na forma da lei. Página 4 de 8 ADI 2240; ADO 3682; EC 57/2208 (acrescentou o artigo 96 do ADCT). AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. LEI N. 7.619/00, DO ESTADO DA BAHIA, QUE CRIOU O MUNICÍPIO DE LUÍS EDUARDO MAGALHÃES. INCONSTITUCIONALIDADE DE LEI ESTADUAL POSTERIOR À EC 15/96. AUSÊNCIA DE LEI COMPLEMENTAR FEDERAL PREVISTA NO TEXTO CONSTITUCIONAL. AFRONTA AO DISPOSTO NO ARTIGO 18, § 4º, DA CONSTITUIÇÃO DO BRASIL. OMISSÃO DO PODER LEGISLATIVO. EXISTÊNCIA DE FATO. SITUAÇÃO CONSOLIDADA. PRINCÍPIO DA SEGURANÇA DA JURÍDICA. SITUAÇÃO DE EXCEÇÃO, ESTADO DE EXCEÇÃO. A EXCEÇÃO NÃO SE SUBTRAI À NORMA, MAS ESTA, SUSPENDENDO-SE, DÁ LUGAR À EXCEÇÃO --- APENAS ASSIM ELA SE CONSTITUI COMO REGRA, MANTENDO-SE EM RELAÇÃO COM A EXCEÇÃO. 1. O Município foi efetivamente criado e assumiu existência de fato, há mais de seis anos, como ente federativo. 2. Existência de fato do Município, decorrente da decisão política que importou na sua instalação como ente federativo dotado de autonomia. Situação excepcional consolidada, de caráter institucional, político. Hipótese que consubstancia reconhecimento e acolhimento da força normativa dos fatos. 3. Esta Corte não pode limitar-se à prática de mero exercício de subsunção. A situação de exceção, situação consolidada --- embora ainda não jurídica --- não pode ser desconsiderada. 4. A exceção resulta de omissão do Poder Legislativo, visto que o impedimento de criação, incorporação, fusão e desmembramento de Municípios, desde a promulgação da Emenda Constitucional n. 15, em 12 de setembro de 1.996, deve-se à ausência de lei complementar federal. 5. Omissão do Congresso Nacional que inviabiliza o que a Constituição autoriza: a criação de Município. A não edição da lei complementar dentro de um prazo razoávelconsubstancia autêntica violação da ordem constitucional. 6. A criação do Município de Luís Eduardo Magalhães importa, tal como se deu, uma situação excepcional não prevista pelo direito positivo. 7. O estado de exceção é uma zona de indiferença entre o caos e o estado da normalidade. Não é a exceção que se subtrai à norma, mas a norma que, suspendendo-se, dá lugar à exceção --- apenas desse modo ela se constitui como regra, mantendo-se em relação com a exceção. 8. Ao Supremo Tribunal Federal incumbe decidir regulando também essas situações de exceção. Não se afasta do ordenamento, ao fazê-lo, eis que aplica a norma à exceção desaplicando-a, isto é, retirando-a da exceção. 9. Cumpre verificar o que menos compromete a força normativa futura da Constituição e sua função de estabilização. No aparente conflito de inconstitucionalidades impor-se-ia o reconhecimento da existência válida do Município, a fim de que se afaste a agressão à federação. 10. O princípio da segurança jurídica prospera em benefício da preservação do Município. 11. Princípio da continuidade do Estado. 12. Julgamento no qual foi considerada a decisão desta Corte no MI Página 5 de 8 n. 725, quando determinado que o Congresso Nacional, no prazo de dezoito meses, ao editar a lei complementar federal referida no § 4º do artigo 18 da Constituição do Brasil, considere, reconhecendo-a, a existência consolidada do Município de Luís Eduardo Magalhães. Declaração de inconstitucionalidade da lei estadual sem pronúncia de sua nulidade 13. Ação direta julgada procedente para declarar a inconstitucionalidade, mas não pronunciar a nulidade pelo prazo de 24 meses, da Lei n. 7.619, de 30 de março de 2000, do Estado da Bahia. (STF - ADI: 2240 BA , Relator: EROS GRAU, Data de Julgamento: 09/05/2007, Tribunal Pleno, Data de Publicação: DJe-072 DIVULG 02- 08-2007 PUBLIC 03-08-2007 DJ 03-08-2007 PP-00029 EMENT VOL- 02283-02 PP-00279) AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE POR OMISSÃO. INATIVIDADE DO LEGISLADOR QUANTO AO DEVER DE ELABORAR A LEI COMPLEMENTAR A QUE SE REFERE O § 4O DO ART. 18 DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL, NA REDAÇÃO DADA PELA EMENDA CONSTITUCIONAL NO 15/1996. AÇÃO JULGADA PROCEDENTE. 1. A Emenda Constitucional nº 15, que alterou a redação do § 4º do art. 18 da Constituição, foi publicada no dia 13 de setembro de 1996. Passados mais de 10 (dez) anos, não foi editada a lei complementar federal definidora do período dentro do qual poderão tramitar os procedimentos tendentes à criação, incorporação, desmembramento e fusão de municípios. Existência de notório lapso temporal a demonstrar a inatividade do legislador em relação ao cumprimento de inequívoco dever constitucional de legislar, decorrente do comando do art. 18, § 4o, da Constituição. 2. Apesar de existirem no Congresso Nacional diversos projetos de lei apresentados visando à regulamentação do art. 18, § 4º, da Constituição, é possível constatar a omissão inconstitucional quanto à efetiva deliberação e aprovação da lei complementar em referência. As peculiaridades da atividade parlamentar que afetam, inexoravelmente, o processo legislativo, não justificam uma conduta manifestamente negligente ou desidiosa das Casas Legislativas, conduta esta que pode pôr em risco a própria ordem constitucional. A inertia deliberandi das Casas Legislativas pode ser objeto da ação direta de inconstitucionalidade por omissão. 3. A omissão legislativa em relação à regulamentação do art. 18, § 4º, da Constituição, acabou dando ensejo à conformação e à consolidação de estados de inconstitucionalidade que não podem ser ignorados pelo legislador na elaboração da lei complementar federal. 4. Ação julgada procedente para declarar o estado de mora em que se encontra o Congresso Nacional, a fim de que, em prazo razoável de 18 (dezoito) meses, adote ele todas as providências legislativas necessárias ao cumprimento do dever constitucional imposto pelo art. 18, § 4º, da Constituição, devendo ser contempladas as situações Página 6 de 8 imperfeitas decorrentes do estado de inconstitucionalidade gerado pela omissão. Não se trata de impor um prazo para a atuação legislativa do Congresso Nacional, mas apenas da fixação de um parâmetro temporal razoável, tendo em vista o prazo de 24 meses determinado pelo Tribunal nas ADI nºs 2.240, 3.316, 3.489 e 3.689 para que as leis estaduais que criam municípios ou alteram seus limites territoriais continuem vigendo, até que a lei complementar federal seja promulgada contemplando as realidades desses municípios. (STF - ADI: 3682 MT , Relator: GILMAR MENDES, Data de Julgamento: 09/05/2007, Tribunal Pleno, Data de Publicação: DJe-096 DIVULG 05- 09-2007 PUBLIC 06-09-2007 DJ 06-09-2007 PP-00037 EMENT VOL- 02288-02 PP-00277) Competência não legislativa municipal: - comum: artigo 23, CF. - privativa (enumerada): artigo 30, III a IX, CF. Competência legislativa municipal: - expressa: artigo 29, “caput” + lei orgânica; - interesse local: artigo 30, I, CF; - suplementar: artigo 30, II, CF. 3) Distrito Federal: a) Capacidade de auto-organização: artigo 32, CF – se auto-organiza por meio de lei orgânica votada em 2 turnos, com tempo mínimo de 10 dias, aprovada com 2/3. A lei orgânica do DF encontra sua validade diretamente na CF, se equipara a uma CE, não tem relação com a natureza jurídica de uma lei orgânica do município, ou seja, não tem dupla vinculação. Possui status de Constituição. Se uma lei do DF violar a lei orgânica do DF cabe controle de constitucionalidade concentrado no TJDFT. b) Capacidade de autogoverno: - poder legislativo: Câmara legislativa do DF, artigo 103, IV, CF; - poder executivo: governador do DF; - poder judiciário: artigo 21, XIII e artigo 22, XVII – o poder judiciário é organizado e mantido pela União. A autonomia do DF é parcialmente tutelada pela União (artigo 21, XIII e XIV). XIII - organizar e manter o Poder Judiciário, o Ministério Público do Distrito Federal e dos Territórios e a Defensoria Pública dos Territórios; Página 7 de 8 XIV - organizar e manter a polícia civil, a polícia militar e o corpo de bombeiros militar do Distrito Federal, bem como prestar assistência financeira ao Distrito Federal para a execução de serviços públicos, por meio de fundo próprio. A defensoria pública até a EC 69/2012 estava nessa relação, atualmente a defensoria pública possui autonomia. Artigo 22, XVII: XVII - organização judiciária, do Ministério Público do Distrito Federal e dos Territórios e da Defensoria Pública dos Territórios, bem como organização administrativa destes. Artigo 32, “caput” veda a divisão do DF em municípios: Art. 32. O Distrito Federal, vedada sua divisão em Municípios, reger- se-á por lei orgânica, votada em dois turnos com interstício mínimo de dez dias, e aprovada por dois terços da Câmara Legislativa, que a promulgará, atendidos os princípios estabelecidos nesta Constituição. c) Capacidade de autolegislação: - artigo 32, §1º: ao Distrito Federal são atribuídas as competências legislativas reservadas aos Estados e Municípios. 4) Territórios Federais Não existem criados a partir de 1988, os que existiam foram extintos com a CF (território de Roraima, Amapá e Fernando de Noronha), foram transformados em Estados. Artigos 14 e 15 do ADCT. Os territórios não existem, mas podem ser criados de acordo com o artigo 18, § 3º, CF. § 3º - Os Estados podem incorporar-se entre si, subdividir-se ou desmembrar-se para se anexarem a outros, ou formarem novos Estados ou Territórios Federais, mediante aprovação da população diretamente interessada, através de plebiscito, e do Congresso Nacional, por lei complementar. Um territórioquando criado não será um ente federativo, mas sim uma mera autarquia, uma extensão da União. Não possui autonomia federativa. Art. 33. A lei disporá sobre a organização administrativa e judiciária dos Territórios. § 1º - Os Territórios poderão ser divididos em Municípios, aos quais se aplicará, no que couber, o disposto no Capítulo IV deste Título. Página 8 de 8 § 2º - As contas do Governo do Território serão submetidas ao Congresso Nacional, com parecer prévio do Tribunal de Contas da União. § 3º - Nos Territórios Federais com mais de cem mil habitantes, além do Governador nomeado na forma desta Constituição, haverá órgãos judiciários de primeira e segunda instância, membros do Ministério Público e defensores públicos federais; a lei disporá sobre as eleições para a Câmara Territorial e sua competência deliberativa. - o território criado terá Poder legislativo? Sim: a) plano local: câmara legislativa no território federal (artigo 33, CF); b) plano nacional: artigo 45, os territórios elegem o número fixo de 4 deputados federais. - Poder Executivo: governador nomeado pelo Presidente da República (não é eleito pelo povo), artigo 84, XIV, CF, após aprovação pelo Senado Federal. - Poder Judiciário: TJDFT, artigo 33, §3º, CF. Território pode ser dividido em municípios (artigo 33, §1º, CF). A união não intervirá em municípios criados em territórios. - Controle de contas: é feito pelo TCU, artigo 33, §2º. - Sistema de Ensino: organizado e mantido pela União, artigo 21, §1º, CF. SEPARAÇÃO DE PODERES Função Quem Artigo Função do Poder Legislativo Congresso Nacional Artigo 44 Função Executiva Presidente da República Artigo 77 Função Jurisdicional Lista do artigo 92 Artigo 92 1. Poder Executivo Função típica do poder executivo: praticar ato de Chefe de Estado e de Chefe de Governo. Função atípica: jurisdicional quando julga.
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