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Magistratura e Ministério Público CARREIRAS JURÍDICAS Damásio Educacional MATERIAL DE APOIO Disciplina: Direito Tributário Professor: Caio Bartine Aula: 04 | Data: 01/06/2015 ANOTAÇÃO DE AULA SUMÁRIO 1. Princípio da Irretroatividade Tributária 2. Princípio da Anterioridade Tributária 3. Princípio da Limitação ao Trafego de Pessoa Interestaduais e Intermunicipais 1. Princípio da Irretroatividade Tributária (art. 150, III, a, CF) A lei tributária não se aplica aos fatos ocorridos anteriormente a sua vigência. Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: III - cobrar tributos: a) em relação a fatos geradores ocorridos antes do início da vigência da lei que os houver instituído ou aumentado; Regra Geral: A lei a ser aplicada é aquela vigente na época da ocorrência do fato gerador I. Aplicabilidade da Lei posterior ao fato gerador – Efeito ex nunc a. Quando a Lei posterior modifica os critérios de apuração e arrecadação tributária. b. Quando a Lei posterior aumenta os poderes de fiscalização. Ex.: LC 105/01 conferiu aumento nos poderes de fiscalização possibilitando a quebra de sigilo bancário e fiscal sem necessidade de autorização judicial, para fins de arrecadação tributária. c. Lei posterior confere maiores garantias e privilégios ao crédito tributário. Crédito tributário é um bem público, com garantias e privilégios. Ex.: A LC 118/05 trouxe a penhora online em matéria tributária (art. 185-A, CTN). Ainda que o fato gerador seja anterior a essa LC é possível determinar a penhora online. II. Exceção ao princípio da retroatividade É a possibilidade da Lei tributária ser aplicada a fatos anteriores a sua vigência (art. 106, CTN). a. Em qualquer caso, desde que seja expressamente interpretativa. Toda retroatividade, possível em matéria tributária, só pode ocorrer se for para benefício do contribuinte (retroatividade benigna). Lei expressamente interpretativa é aquela que traz de forma expressa a possibilidade de uma aplicação retroativa sem necessidade de regulamentação (norma autoaplicável). b. Ato infracional não transitado em julgado, quando a Lei posterior deixa de defini-lo como infração ou comina uma penalidade menos severa. Página 2 de 4 Ex.: Contribuinte recebe uma multa de 30 %, não concordando apresenta uma defesa administrativa, que foi indeferida. O contribuinte então apresenta um recurso voluntário, que também é negado (2ª instância administrativa). Essa decisão transita em julgado. Após vem lei que determina a multa de 20%. Como decisão administrativa não gera coisa julgada contra o particular, a nova Lei irá retroagir. Súmula 584 do STF: Aos rendimento auferidos no ano base aplica-se a lei vigente no momento da declaração. Ex.: IRPF 2013, deve ser apresentado até abril de 2014. STF, 584: AO IMPOSTO DE RENDA CALCULADO SOBRE OS RENDIMENTOS DO ANO-BASE, APLICA-SE A LEI VIGENTE NO EXERCÍCIO FINANCEIRO EM QUE DEVE SER APRESENTADA A DECLARAÇÃO. De acordo com o STF a Lei tributária vigente à época da declaração, será aplicada de forma retroativa quando da modificação das obrigações acessórias ou nas reduções da base de cálculo do referido imposto, não podendo ser aplicada nos casos de aumento do referido tributo. 2. Princípio da Anterioridade Tributária Esse princípio surgiu em substituição ao princípio da anualidade tributária (o tributo só poderia ser exigido se estivesse previsto no orçamento anual) – Para o direito financeiro vigora o princípio da anualidade. O vetor teleológico e axiológico, desse princípio, é a segurança jurídica para o particular. Evita que o particular seja surpreendido pelo aumento do tributo (também é chamado de Princípio da não Surpresa). I. Anterioridade Comum / Anterioridade de Exercício / Anterioridade anua (art. 150, III, b, CF) Todo tributo que for instituído ou aumentado só poderá ser exigido no exercício financeiro seguinte. Art. 150, III - cobrar tributos: b) no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou; c) antes de decorridos noventa dias da data em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou, observado o disposto na alínea b; No Brasil o exercício financeiro (art. 34 da Lei 4.320/64) coincide com o ano civil. II. Anterioridade Nonagesimal / Noventena / Anterioridade Mitigada ou Mínima Foi incluído pela EC n.º 42/03. Entre os exercícios financeiros deve se observar um lapso temporal mínimo de noventa dias (art. 150, III, c, CF). Exceções (art. 150, §1º, CF) a. Tributos exigidos imediatamente - II - IE - IOF - IEG - Empréstimos compulsórios emergenciais (art. 148, I, CF) Página 3 de 4 b. Só observam o prazo mínimo de 90 dias - IPI - ICMS incidente sobre combustíveis - CIDE combustíveis - Contribuições Sociais c. Só observam o exercício financeiro seguinte Se criados em 30 de dezembro já podem ser exigidos em 01 de janeiro do ano seguinte: - IR - Fixação da base de cálculo do IPVA e IPTU Obs.: O aumento da alíquota do IPVA ou do IPTU se sujeitam ao princípio da anterioridade. Ex.: Em novembro de 2014 é aumentada a alíquota do IPTU. O fato gerador do IPTU é chamado de “fato gerador periódico” e começa em 1º de janeiro. Nos termos do art. 144, CTN o lançamento deve ser relativo a data do fato gerador – Assim a exigência desse aumento só pode ocorrer em janeiro de 2016. – Discussões Jurisprudenciais I. Redução de Tributo: Não se sujeita a anterioridade (é imediata). II. Restabelecimento da alíquota da CIDE combustíveis: Ato do poder executivo pode reduzir ou restabelecer a alíquota da CIDE combustíveis (art. 177, §4º, I, b, CF). Para o STF o restabelecimento não se equipara a majoração, e por essa razão não se sujeita a anterioridade. III. Antecipação dos prazo de recolhimento do tributo: Súmula 669 do STF: Norma legal que altera o prazo de recolhimento de obrigação tributária não se sujeita ao princípio da anterioridade. Para o STF alteração de prazo, é alteração de obrigação acessória, e obrigação acessória não se sujeita a anterioridade. STF, 669: NORMA LEGAL QUE ALTERA O PRAZO DE RECOLHIMENTO DA OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA NÃO SE SUJEITA AO PRINCÍPIO DA ANTERIORIDADE. IV. Medida Provisória e Anterioridade Em regra a partir da publicação, a MP, passa a gozar de eficácia. A medida provisória pode ser utilizada para instituir ou majorar impostos (art. 62, §2º, CF). Para o STF a MP deve se sujeitar a mesma dinâmica aplicável ao imposto, ou seja, se o imposto se sujeita a anterioridade a MP também vai se sujeitar a anterioridade. Ex.: MP editada em agosto de2015, majorando a alíquota do ITR. Se a MP for convertida em Lei em dezembro de 2015, a MP poderá ser exigida a partir de janeiro de 2016. Obs.: Caso a MP seja convertida em Lei até o último dia do ano em que foi editada o prazo de contagem para efeitos da anterioridade será a partir da data de sua edição, e não da data de sua conversão em Lei. Página 4 de 4 Ex.: MP majorou as alíquotas do imposto de importação. Após 120 dias, o Congresso Nacional rejeitou a MP. Haverá direito de restituição para as empresas que recolheram o imposto de importação majorado? Quanto rejeitada a MP, há um prazo de 60 dias para ser editado um Decreto Legislativo que gera efeito ex tunc (art. 62, §§3º e 11, CF), que irá gerar o direito de restituição. Caso esse decreto não seja editado, serão mantidos os efeitos da MP, quando de sua vigência, não gerando direito de restituição. V – Revogação de isenção por prazo indeterminado A isenção é um benefício fiscal, e por isso, deve ser concedida por Lei. Quando concedidapor prazo determinado gera direito adquirido, e não pode ser revogada a qualquer tempo (art. 178, CTN e Súmula 544 do STF). STF, 544: ISENÇÕES TRIBUTÁRIAS CONCEDIDAS, SOB CONDIÇÃO ONEROSA, NÃO PODEM SER LIVREMENTE SUPRIMIDAS. Se a isenção for por prazo indeterminado, ela será precária, podendo ser revogada a qualquer tempo. O STF e o STJ, a partir do final de 2014, começaram a determinar que a revogação da isenção se equipararia a uma instituição indireta de tributo, se sujeitando ao princípio da anterioridade. 3. Princípio da Limitação ao Trafego de Pessoa Interestaduais e Intermunicipais (art. 150, V, CF) O vetor teleológico e axiológico é a liberdade de ir e vir em tempos de paz. Salvo a cobrança de pedágio. Pelo RE 181.475, o pedágio tinha natureza jurídica de taxa, quando administrado pelo poder público. Quando os particulares administram esse serviço, o fazem na forma de concessão ou permissão (art. 175, CF) e nesses casos o valor exigido dos usuários está previsto no contrato de concessão ou permissão (e não em Lei). Assim quando o pedágio é prestado por particulares terá natureza de tarifa. Entendimento atual (ADI 800): Para o STF o pedágio é uma tarifa, não importa quem esteja administrando.
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