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Magistratura e Ministério Público CARREIRAS JURÍDICAS Damásio Educacional MATERIAL DE APOIO Disciplina: Direito Tributário Professor: Caio Bartine Aula: 06 | Data: 11/06/2015 ANOTAÇÃO DE AULA SUMÁRIO IMUNIDADES TRIBUTÁRIAS 1. Imunidades Genéricas TRIBUTO E ESPÉCIES TRIBUTÁRIAS 1. Espécies Tributárias IMUNIDADES TRIBUTÁRIAS 1. Imunidades Genéricas (art. 150, VI, CF) a) Imunidade objetiva ou cultural (art. 150, VI, d, CF) Veda a instituição de impostos sobre livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua impressão. Não importa o espécie do conteúdo publicado (ex.: revista playboy é imune). Quanto aos insumos desses materiais a imunidade se estende apenas a papeis e assemelhados (STF, 657). Lista telefônica e álbum de figurinhas, e seus cromos, também tem imunidade. STF, 657. A imunidade prevista no art. 150, vi, "d", da Constituição Federal abrange os filmes e papéis fotográficos necessários à publicação de jornais e periódicos. Os encartes publicitários que são encartados no próprio jornal ou periódico, faz parte da publicação, são imunes. Mas os encartes publicitários destacáveis não tem imunidade. Sobre os e-readers (suporte físico para leitura) o STF entende que são tributados de impostos. Os e-books não tem imunidade, mas ainda não foi decidido pelo STF. b) Imunidade objetiva na música ou fonográfica (art. 150, e, CF e EC n.º 75/13) Veda a instituição de impostos sobre fonogramas, vídeo fonogramas, obras literomusicais, desde que interpretadas por artistas brasileiros e produzidas no Brasil. Cuidado: A replicação do produto não é imune de impostos. Somente a matriz do produto tem imunidade. TRIBUTO E ESPÉCIES TRIBUTÁRIAS A definição de tributo deve ser realizada por Lei Complementar (art. 146, III, a, CF). Temos o conceito financeiro de tributo da Lei 4.320/64 art. 9º. Temos o conceito econômico de tributo, dado pelo art. 3º do CTN. Art. 3º Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada. 1. Espécies Tributárias Página 2 de 6 As espécies tributárias são divididas em cinco categorias: 1) Impostos (art. 145, I, CF; art. 16, CTN) A regra matriz de incidência tributária de impostos deve ser definida em lei complementar (art. 146, III, a, CF). Art. 16. Imposto é o tributo cuja obrigação tem por fato gerador uma situação independente de qualquer atividade estatal específica, relativa ao contribuinte. O CTN traz a partir do art. 19 a regra matriz de incidência da maioria dos impostos. O CTN não dispõe a regra matriz de incidência sobre três impostos: - ICMS (LC 87/96) - ISS (LC 116/03) - IPVA (não tem LC em âmbito nacional que determine a sua estrutura) Obs.: Para o STF os Estados podem estabelecer sua regra de incidência sobre o IPVA nos termos do art. 24, §3º, CF. Contudo os Estados podem estabelecer essa regra matriz de incidência mediante lei ordinária, não sendo necessária a edição de lei complementar. Imposto é um tributo cujo fato gerador independe de qualquer atividade estatal relativa ao contribuinte. O imposto é um tributo não contraprestacional, ou seja, quando se paga o imposto o Estado não exerce nenhuma contraprestação imediata. Imposto é chamado de Tributo não vinculado. O imposto também possui uma arrecadação não vinculado, sendo aplicado ao imposto o princípio da não afetação (art. 167, VI, CF). Por esse princípio é vedada a vinculação da receita de impostos a qualquer espécie de fundo, órgão ou despesa. Para a CF o imposto serve para custear as atividades comuns da administração pública. Art. 167, IV, CF - a vinculação de receita de impostos a órgão, fundo ou despesa, ressalvadas a repartição do produto da arrecadação dos impostos a que se referem os arts. 158 e 159, a destinação de recursos para as ações e serviços públicos de saúde, para manutenção e desenvolvimento do ensino e para realização de atividades da administração tributária, como determinado, respectivamente, pelos arts. 198, § 2º, 212 e 37, XXII, e a prestação de garantias às operações de crédito por antecipação de receita, previstas no art. 165, § 8º, bem como o disposto no § 4º deste artigo; Exceção Constitucionais: São hipóteses em que é possível a vinculação da arrecadação do imposto: a. Parte da arrecadação do imposto é usado na repartição de receitas tributárias (art. 157 a 162 da CF). - Repartição direta: Quando realizada entre os entes federativos. - Repartição indireta: Quando a parcela da arrecadação de imposto é destinada aos fundos. b. Aplicação de recursos mínimos para saúde (art. 198, §2º, CF). c. Aplicação de recursos mínimos para a educação (art. 212, §5º, CF). Página 3 de 6 d. Custeio da administração tributária. Os órgãos públicos de fiscalização são mantidos por recursos que advém de impostos (art. 37, XXI, CF). Ler: - Impostos ordinários na CF = art. 153 a 156 da CF. - Impostos ordinários do CTN = art. 19 e seguintes do CTN. 2) Taxas (art. 145, II, §2º, CF e art. 77 a 79 do CTN) Diferente da figura dos impostos, a competência é comum para todos os entes federativos. Todos os princípios constitucionais tributários são aplicáveis às taxas. Taxa é um tributo vinculado, ou seja, depende de uma contraprestação estatal específica. Pelo CTN temos duas categorias de taxas. I – Taxa de Polícia: Tem como fato gerador o exercício regular do poder de polícia. Este poder de polícia tem a definição no art. 78 do CTN. É o poder de fiscalização administrativa, que é dotado de atributos próprios, limitado pela Constituição Federal. Art. 78. Considera-se poder de polícia atividade da administração pública que, limitando ou disciplinando direito, interêsse ou liberdade, regula a prática de ato ou abstenção de fato, em razão de interesse público concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, à disciplina da produção e do mercado, ao exercício de atividades econômicas dependentes de concessão ou autorização do Poder Público, à tranquilidade pública ou ao respeito à propriedade e aos direitos individuais ou coletivos. Parágrafo único. Considera-se regular o exercício do poder de polícia quando desempenhado pelo órgão competente nos limites da lei aplicável, com observância do processo legal e, tratando-se de atividade que a lei tenha como discricionária, sem abuso ou desvio de poder. Limite de atuação - Princípio da Razoabilidade - Princípio da Proporcionalidade - Segurança jurídica - Vedação de sanções políticas, também chamadas de sanções indiretas. O poder público não pode inviabilizar o exercício de um direito fundamental com a exigência de taxas (Súmulas 70, Súmulas 323 e Súmulas 547 todas do STF): STF, 70. É inadmissível a interdição de estabelecimento como meio coercitivo para cobrança de tributo. STF, 323. É inadmissível a apreensão de mercadorias como meio coercitivo para pagamento de tributos. Página 4 de 6 STF, 547. Não é lícito à autoridade proibir que o contribuinte em débito adquira estampilhas, despache mercadorias nas alfândegas e exerça suas atividades profissionais. O fato gerador da taxa é o exercício regular do poder de polícia, ou seja, aquele em que a autoridade administrativa é competente para fiscalizar, portanto, a autoridade administrativa observa a legitimidade, e cuja fiscalização esteja amparada por lei, ou seja, a fiscalização observa preceitos da legalidade. A taxa de polícia pode ser exigida, mesmo que o particular não tenha sofrido a efetiva fiscalização. Mas devem ser respeitados dois critérios para que essa situaçãoseja legítima: 1º. O órgão de fiscalização já deve estar estruturado. 2º. O particular deve estar sujeito a fiscalização desse órgão. II – Taxa de Serviço: Tem como fato gerador a prestação de serviços públicos específicos e indivisíveis, de utilização efetiva ou potencial. O serviços específico também é denominado de “uti singuli”, ou seja, os seus usuários são determinados ou determináveis. O serviço divisível é aquele que pode ser quantificado entre os usuários (Ex.: custas e emolumentos judiciais). Mas nem todo serviço específico e indivisível é remunerado mediante taxa. Alguns podem ser custeados mediante tarifa ou preço público (Ex.: água e esgoto, telefonia, energia elétrica). O serviço remunerado por tarifa não sofre os efeitos dos princípio tributários, pois a natureza jurídica da tarifa é contratual e não tributária. - Base de Cálculo das Taxas (art. 145, §2º, CF): As taxas não podem adotar base de cálculo própria de imposto. A taxa além de não adotar a base de cálculo, também não pode adotar o mesmo fato gerador do imposto (art. 77, parágrafo único do CTN). Decisões Importantes - Taxa de matrícula nas universidades públicas: O STF editou a Súmula Vinculante n.º 12, dizendo que essa taxa de matrícula nas universidades públicas viola o disposto na Constituição Federal, portanto, é inconstitucional. SV, 12. A cobrança de taxa de matrícula nas universidades públicas viola o disposto no art. 206, IV, da Constituição Federal. - Taxa de iluminação pública: O STF na Súmula 670 diz que o serviço de iluminação pública não pode ser custeado mediante Taxa, pois não é específico e divisível. STF, 670. O serviço de iluminação pública não pode ser remunerado mediante taxa. - Taxa de remoção, coleta e destinação de resíduos sólidos: É a conhecida Taxa do Lixo. O STF editou a Súmula Vinculante n.º 19, determinando que essa taxa não viola o art. 145, II da CF, ou seja, é uma taxa constitucional. SV, 19. A taxa cobrada exclusivamente em razão dos serviços públicos de coleta, remoção e tratamento ou destinação de lixo ou resíduos provenientes de imóveis não viola o artigo 145, II, da Constituição Federal. Página 5 de 6 - Base de Cálculo das taxas quanto aos elementos da base de cálculo do imposto: O STF editou a Súmula Vinculante n.º 29, dizendo que a taxa pode se utilizar de um ou mais elementos da base de cálculo do imposto, sendo vendada apenas a integral identidade da base. SV, 29. É constitucional a adoção, no cálculo do valor de taxa, de um ou mais elementos da base de cálculo própria de determinado imposto, desde que não haja integral identidade entre uma base e outra. 3) Contribuição de Melhorias (art. 145, III, CF; art. 81 e 82 do CTN; Dec. 195/67) É um tributo cuja competência é comum. O fato gerador congrega dois fatores: 1º. Existência de uma obra pública. 2º. Valorização imobiliária efetiva, em decorrência da obra. Um critério isoladamente não legitima a contribuição de melhorias. Ainda que a obra seja executada por meio de concessão (particular), se gerar a valorização dos imóveis e possível a contribuição de melhorias. - Limite de arrecadação: É o custo total da obra, observando o limite individual de valorização do imóvel, ou seja, o máximo que o poder público poderá exigir de todos os imóveis valorizados é o custo da obra. A base de cálculo da contribuição de melhorias será a diferença do valor venal antes e após a realização da obra pública. Dicções Jurisprudenciais - Obra pública em andamento: Para o STF se o poder público tiver condições de aferir efetiva valorização dos imóveis é possível a instituição da Contribuição de Melhorias (ex.: construção de linhas de metrô). - Manutenção da Obra Pública: Não gera a possibilidade de contribuição de melhorias, pois a manutenção é obrigatoriedade da administração pública (ex.: recapeamento asfáltico). - Contribuição de melhoria inversa: Se houver a extinção de uma obra pública, e essa extinção gerou na valorização (ex.: presidiu que foi demolido), não gera a possibilidade de contribuição de melhorias. - Desvalorização de imóvel decorrente de obra pública: Em regra não gera direito à indenização. Contudo se a realização da obra acarretar em uma desapropriação indireta (art. 35, do DL 3.365/41) há o direito a indenização. A Súmula 119 do STJ dava o prazo de 20 anos para o proprietário ingressar com a ação contra o Estado, contudo, para o STF, com base no novo Código Civil o prazo passa a ser de 10 anos. A natureza jurídica específica do tributo é determinada pelo fato gerador (art. 4º do CTN). Esta circunstância será aplicada para esses três espécies de tributos (imposto, taxa e contribuição de melhorias). Não se aplica o art. 4º do CTN para empréstimos compulsórios e contribuição especial, pois estes são tributos finalísticos, ou seja, criados para uma finalidade específica. Art. 4º A natureza jurídica específica do tributo é determinada pelo fato gerador da respectiva obrigação, sendo irrelevantes para qualificá-la: I - a denominação e demais características formais adotadas pela lei; II - a destinação legal do produto da sua arrecadação. Página 6 de 6 4) Empréstimos Compulsórios (art. 148, CF; art. 15, CTN) Pertence apenas a União e só pode ser editado por meio de Lei Complementar. Art. 15. Somente a União, nos seguintes casos excepcionais, pode instituir empréstimos compulsórios: I - guerra externa, ou sua iminência; II - calamidade pública que exija auxílio federal impossível de atender com os recursos orçamentários disponíveis; III - conjuntura que exija a absorção temporária de poder aquisitivo. Parágrafo único. A lei fixará obrigatoriamente o prazo do empréstimo e as condições de seu resgate, observando, no que for aplicável, o disposto nesta Lei. A) Empréstimo Compulsório Emergencial: Decorre de calamidade pública, guerra externa ou sua iminência. Esse tributo não se sujeita ao princípio da anterioridade. B) Empréstimo Compulsório de Investimento: Decorre de investimento público de caráter urgente e relevante interesse nacional. Esse tributo se sujeito ao princípio da anterioridade, seja comum, seja a nonagesimal. O empréstimo compulsório é um tributo temporário e restituível. Mesmo cessadas as causas o empréstimo compulsório pode ser exigido por até 5 anos. Será restituível pela própria Lei Complementar, que estabelece o empréstimo, e vai estabelecer a forma, condições e prazo. Para o STF no RE 121.336/SP determinou que o empréstimo compulsório só pode ser restituído em dinheiro e não em títulos da dívida pública, pois tem caráter de mútuo devendo ser devolvido na mesma espécie em que foi emprestado. O empréstimo compulsório é um tributo cuja arrecadação é vinculada, ou seja, o produto de sua arrecadação só poderá ser destinado para o custeio das despesas que fundamentaram sua instituição.
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