Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Magistratura e Ministério Público CARREIRAS JURÍDICAS Damásio Educacional MATERIAL DE APOIO Disciplina: Direito Eleitoral Professor: Clever Vasconcelos Aula: 05 | Data: 27/05/2015 ANOTAÇÃO DE AULA SUMÁRIO 1. Candidaturas Natas 2. Lugar das Convenções 3. Propaganda Intrapartidária 4. Número de vagas em relação às candidaturas 5. Documentos necessários para o registro de candidaturas 6. Nome do Candidato 7. Substituição de Candidatos 8. Candidato expulso do partido 9. Identificação numérica dos candidatos 10. Candidatura Sub-judice 11. Campanha Eleitoral 12. Comitê Financeiro 13. Fontes vedadas de arrecadação de campanha eleitoral 1. Candidaturas Natas Artigo 8º, §1º, lei 9.504/97 (LE): § 1º Aos detentores de mandato de Deputado Federal, Estadual ou Distrital, ou de Vereador, e aos que tenham exercido esses cargos em qualquer período da legislatura que estiver em curso, é assegurado o registro de candidatura para o mesmo cargo pelo partido a que estejam filiados. É o direito de parlamentares como Deputados federais, estaduais, distritais e vereadores nas eleições seguintes ao mandato não precisarem passar seus nomes para a Convenção, afinal eles já têm suas vagas garantidas. Esse direito se estende também para membros do Senado e do Poder Executivo. Ocorre que isso fere o Princípio da Igualdade, então o STF no julgamento da ADIN 2.530/9 decidiu que não existe candidatura nata, todos devem passar seus nomes para a Convenção e candidatos eleitos não têm suas vagas garantidas. 2. Lugar das Convenções Artigo 8º, §2º da lei 9504/97. § 2º Para a realização das convenções de escolha de candidatos, os partidos políticos poderão usar gratuitamente prédios públicos, responsabilizando-se por danos causados com a realização do evento. As Convenções têm como função: Página 2 de 7 - estabelecer o regime de coligações; - escolher os candidatos para as eleições. As convenções podem ser realizadas em prédios públicos, normalmente são realizadas nos parlamentos, não há necessidade que seja na sede do partido. 3. Propaganda Intrapartidária Artigo 36, §1º LE: Art. 36. A propaganda eleitoral somente é permitida após o dia 5 de julho do ano da eleição. § 1º Ao postulante a candidatura a cargo eletivo é permitida a realização, na quinzena anterior à escolha pelo partido, de propaganda intrapartidária com vista à indicação de seu nome, vedado o uso de rádio, televisão e outdoor. A propaganda intrapartidária é feita no seio do partido, ou seja, é feita no local da convenção do partido. Não pode feita no rádio, na TV, nem em outdoors; é feita entre os filiados para a escolha dos candidatos entre os filiados. Até 15 dias anteriores da Convenção é possível realizar a propaganda intrapartidária. Qual a diferença entre publicidade e propaganda? A publicidade veicula uma informação no sentido de esclarecimento à sociedade; a propaganda veicula uma informação no sentido de convencer a pessoa a aderir uma ideia. Não configura propaganda intrapartidária: a) participação dos filiados em programas, encontros ou debates no rádio (participação na mídia), desde que o candidato não peça votos; b) Seminários e Congressos, desde que não peça votos, seja antes aos 15 dias da convenção, seja durante o período de 15 dias. § 1º A partir do resultado da convenção, é vedado, ainda, às emissoras transmitir programa apresentado ou comentado por candidato escolhido em convenção. Artigo 45, §1º, LE: A partir do resultado da convenção a TV não pode mais transmitir programa com entrevistas do candidato (mesmo se foi gravado antes). A partir do dia em que foi divulgado pela convenção o nome dos candidatos, se o candidato escolhido for apresentador de programa de TV ou Rádio (ou internet), ele não poderá mais exercer essa profissão de veiculador de profissão, isso não fere o direito de livre exercício da atividade, porque prevalece o princípio da igualdade ou paridade de armas. Se pudesse exercer, ele estaria em melhores condições de disputa que os demais candidatos. Página 3 de 7 4. Número de vagas em relação às candidaturas a) vagas só no partido: se o partido não tiver coligado, for o partido sozinho na disputa (individualmente) o partido poderá ter 150% de vagas em relação aos lugares em disputa (1,5 x o número de vagas). Exemplo: 10 vagas – 15 candidatos. b) se houver coligação: (partido 1 + partido 2) será o dobro, ou seja, 200% ou 2 x o número de vagas. Ex.: 10 vagas - A coligação poderá indicar até 20 candidatos para concorrê-las. Obs: quando naquela unidade federativa o número de vagas não exceder a 20, o partido individualmente pode apresentar o dobro de candidatos; quando em disputa até 20 vagas, a coligação poderá apresentar até 1,5 vezes de candidatos. 1) Vagas por sexo: no mínimo de 30% e, no máximo, 70% por sexo, dentro do número de vagas. Se nas convenções não for preenchido o número máximo de vagas, ou seja, houver vagas sobrando, até 60 dias antes da eleição os órgãos de direção dos partidos poderão indicar vagas remanescentes. Dia máximo para o registro das candidaturas: dia 05/07 às 19:00, o registro pode ser feito pela coligação ou pelo candidato. 2) Local de registro de candidaturas: O registro deve ocorrer (artigo 89, CE) no TSE (Presidente e Vice); TRE (senador, deputados, governador e vice); Justiça eleitoral de primeiro grau (prefeito, vice e vereador). 5. Documentos necessários para o registro de candidaturas Artigo 11, §1º: a) Cópia da ata convencional (da Convenção); b) Autorização do candidato; c) Prova de filiação partidária (mínimo um ano antes da eleição); d) Declaração de bens; e) Título de eleitor; f) Regularidade eleitoral (folha de antecedentes, certidão do Tribunal de Contas etc); g) Certidões criminais; h) Foto; i) Propostas de Governo (somente para cargos ao Executivo, legislativo não), para que os eleitores possam consultar e haja maior transparência. 6. Nome do Candidato Página 4 de 7 Artigo 12, LE: Art. 12. O candidato às eleições proporcionais indicará, no pedido de registro, além de seu nome completo, as variações nominais com que deseja ser registrado, até o máximo de três opções, que poderão ser o prenome, sobrenome, cognome, nome abreviado, apelido ou nome pelo qual é mais conhecido, desde que não se estabeleça dúvida quanto à sua identidade, não atente contra o pudor e não seja ridículo ou irreverente, mencionando em que ordem de preferência deseja registrar-se. O nome do candidato não pode atentar contra o pudor, nem pode ser nome ridículo ou irreverente. Além disso, não pode deixar dúvida quanto à identidade do candidato. Exemplo: não pode um candidato usar o nome “Romário” somente, afinal poderá levar os eleitores a erro, imaginando ser o Romário jogador de futebol. Deve haver clara identidade! 7. Substituição de Candidatos Artigo 13: Art. 13. É facultado ao partido ou coligação substituir candidato que for considerado inelegível, renunciar ou falecer após o termo final do prazo do registro ou, ainda, tiver seu registro indeferido ou cancelado. Hipóteses de substituição: 1) o candidato for inelegível de maneira superveniente, ou seja, por ocasião do registro era elegível, mas após o registro se tornou inelegível. Exemplo: o candidato registrado estava sendo processado por crime e o tribunal, posteriormente e até o dia da eleição, confirmou a condenação. Não poderá mais concorrer à eleição, pois o candidato se tornou inelegível. Exemplo: José Roberto Arruda – Governador do DF que teve que ser substituído; 2) renúnciaà candidatura; 3) falecimento; 4) registro indeferido. Nos casos de inelegibilidade superveniente, renúncia e registro indeferido, é possível a substituição desde que a substituição seja feita em até 10 dias, contados do conhecimento oficial do fato, desde que isso ocorra até 20 dias antes da eleição. Exceção: Falecimento - no caso de falecimento do candidato, o partido tem que indicar o substituto até 10 dias do falecimento, mas não precisa ser até 20 dias da eleição. Página 5 de 7 Há o direito de preferência, ou seja, o substituto deve ser, em regra, um candidato do partido do substituído, ainda que haja coligação. Atenção: se ocorrer inelegibilidade, renúncia ou indeferimento do registro nos 20 dias anteriores às eleições, o vice será o substituto. O Senador é eleito com dois suplentes. Se o candidato titular a senador se tornar inelegível nos 20 dias anteriores à eleição, por exemplo, o seu primeiro suplente concorrerá à eleição. 8. Candidato expulso do partido Artigo 14, LE: Art. 14. Estão sujeitos ao cancelamento do registro os candidatos que, até a data da eleição, forem expulsos do partido, em processo no qual seja assegurada ampla defesa e sejam observadas as normas estatutárias. Parágrafo único. O cancelamento do registro do candidato será decretado pela Justiça Eleitoral, após solicitação do partido. O candidato que até o dia da eleição é expulso do partido fica fora da eleição, pois falta a condição de filiação partidária; ele se torna inelegível. Se ele for expulso após a eleição, ele assumirá o cargo ainda que sem partido. 9. Identificação numérica dos candidatos Artigo 15, LE. - Deputado Federal: número do Partido + 2 algarismos; - Deputado Estadual, Distrital e Vereador: número do Partido + 3 algarismos; - Senador: número do Partido. Se forem dois senadores do partido acrescenta um número na frente para cada um; - Executivo: número do Partido. Artigo 15, §1º, LE: candidatos eleitos ou não têm o direito de usar o mesmo número na próxima eleição para o mesmo cargo. § lº Aos partidos fica assegurado o direito de manter os números atribuídos à sua legenda na eleição anterior, e aos candidatos, nesta hipótese, o direito de manter os números que lhes foram atribuídos na eleição anterior para o mesmo cargo. 10. Candidatura Sub-judice Artigo 16-A, LE: Página 6 de 7 Art. 16-A. O candidato cujo registro esteja sub judice poderá efetuar todos os atos relativos à campanha eleitoral, inclusive utilizar o horário eleitoral gratuito no rádio e na televisão e ter seu nome mantido na urna eletrônica enquanto estiver sob essa condição, ficando a validade dos votos a ele atribuídos condicionada ao deferimento de seu registro por instância superior Parágrafo único. O cômputo, para o respectivo partido ou coligação, dos votos atribuídos ao candidato cujo registro esteja sub judice no dia da eleição fica condicionado ao deferimento do registro do candidato. Todas as definições de registro de candidaturas devem estar definidas até o dia das eleições. Todas as ações de impugnação ao registro da candidatura devem estar julgadas em, pelo menos, 45 dias antes das eleições. Trata-se de prazo impróprio, que orienta a Justiça Eleitoral a julgar definitivamente as ações de impugnação de registro. O candidato que tem um registro impugnado, se não for julgado até o dia da eleição, poderá participar e até mesmo ganhar as eleições; ele não pode ser impedido de participação do pleito eleitoral, mas a validade dos votos fica condicionada à improcedência da ação. Ex.: Candidato 1 tem uma AIRC (ação de impugnação de registro da candidatura) em andamento. Participou da eleição e obteve 1.000.000 de votos a deputado federal. Se a AIRC for julgada procedente, os votos ficam inteiramente inválidos (posição jurisprudencial do TSE) e não serão computados. 11. Campanha Eleitoral Diante do deferimento do registro das candidaturas, os partidos e coligações precisarão arrecadar dinheiro para realizar as campanhas eleitorais. As doações podem ocorrer através: a) de pessoa jurídica: as doações estão limitadas a 2% do faturamento bruto do exercício financeiro anterior – LE, art. 81; b) de pessoa física: as doações estão limitadas a 10% do faturamento bruto do exercício anterior – LE, art. 23. Toda doação deverá ser feita aos Comitês. 12. Comitê Financeiro Artigo 19, LE: Art. 19. Até dez dias úteis após a escolha de seus candidatos em convenção, o partido constituirá comitês financeiros, com a finalidade de arrecadar recursos e aplicá-los nas campanhas eleitorais. Até 10 dias das Convenções, os partidos ou coligações devem criar os seus respectivos comitês que têm como objetivo receber doações de campanhas. Página 7 de 7 Após a criação do comitê financeiro (que é uma pessoa jurídica) o partido ou coligação devem registrar (além do registro de pessoa jurídica) o comitê na Justiça Eleitoral no prazo de 5 dias e a partir daí pode receber doação, antes do registro não. Cada Partido ou Coligação terá seu comitê que terá o dinheiro centralizado para os candidatos, o candidato retirará dinheiro desse comitê para a realização de campanhas. O candidato deve abrir uma conta corrente específica para as verbas do Comitê Financeiro. Essa conta, inclusive, terá gratuidade de taxas bancárias – LE, art. 22. Para cada eleição há um comitê, encerram-se as eleições, encerra-se o comitê. 13. Fontes vedadas de arrecadação de campanha eleitoral Artigo 24, LE: 1) Entidade ou Governo estrangeiro. Envolve soberania nacional – o art. 17, § 1º, da CF; 2)Administração Pública (direta e indireta) não pode fazer doação de campanha; 3) Concessionário ou permissionário de serviço público; 4) Entidade de direito privado que receba, na condição de beneficiária, contribuição compulsória fixada em lei; 5) Entidade de utilidade pública; 6) Entidade de classe ou sindical; 7) Pessoas jurídicas sem fins lucrativos que receba recursos do exterior; 8) Entidades religiosas ou beneficentes; 9) Entidades esportivas. O partido que descumprir isso perderá para o ano seguinte o repasse financeiro do comitê financeiro, além da responsabilidade por abuso do poder econômico ou político, em relação a todos os candidatos que utilizaram o valor da conta do comitê.
Compartilhar