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Magistratura e Ministério Público CARREIRAS JURÍDICAS Damásio Educacional MATERIAL DE APOIO Disciplina: Direito Empresarial Professor: Marcelo Iacomini Aula: 03 | Data: 10/03/2015 ANOTAÇÃO DE AULA SUMÁRIO 1. Princípios que regem o nome empresarial 2. Estabelecimento Empresarial 1. Princípios que regem o nome empresarial 1) Novidade: artigo 1163, CC - o nome empresarial deve distinguir-se de qualquer outro já escrito no mesmo registro. A ação para reclamar do mesmo nome é imprescritível, pode ocorrer a qualquer tempo, porém o nome só tem proteção no mesmo Estado. Art. 1.166. A inscrição do empresário, ou dos atos constitutivos das pessoas jurídicas, ou as respectivas averbações, no registro próprio, asseguram o uso exclusivo do nome nos limites do respectivo Estado. 2) Veracidade: artigo 34 da lei 8934/94. O nome empresarial deve representar uma situação fática verdadeira, o nome deve representar algo que realmente existe. O princípio da veracidade inspirou o artigo 1.164 do CC – proíbe que o nome empresarial possa ser objeto de alienação, ou seja, nome no Brasil não se vende essa regra vale também para denominação e firma (exemplo: a denominação não pode ser vendida). 2. Estabelecimento Empresarial Artigo 1142, CC. É um conjunto de bens que o empresário ou a sociedade empresária (sujeito de direito) utilizam para realização da sua empresa (atividade). Estabelecimento são os bens utilizados para a realização da atividade. 1) Natureza jurídica: artigo 90 do CC. O estabelecimento empresarial é uma universalidade de fato, organizada pelo empresário que receberá uma tutela específica pelo ordenamento jurídico, sem que os bens que acompanham o estabelecimento percam sua tutela individual. 2) Estabelecimento como objeto unitário de direito: artigo 1.143, CC. O estabelecimento pode ser objeto unitário de direitos e de negócios jurídicos, translativos ou constitutivos que sejam compatíveis com a sua natureza. 3) Negócios jurídicos translativos – TRESPASSE: é o contrato que tem por objeto a venda do estabelecimento empresarial. A vende seu estabelecimento para B – primeira regra: artigo 1146, CC cuida dos débitos do estabelecimento, B não responde pelo passivo do estabelecimento, débitos não são transferidos. Porém, débitos regularmente contabilizados são transferidos. Débitos do estabelecimento: de acordo com Oscar Barreto Filho, os débitos não podem ser considerados bens do estabelecimento. Logo, em caso de alienação do estabelecimento o adquirente não responde pelo passivo, salvo Página 2 de 3 aqueles regularmente contabilizados. O passivo regularmente contabilizado é aquele que consta expressamente no contrato de trespasse ou que estejam escriturados nos livros obrigatórios do empresário. Há duas regras especiais para o passivo (exceções para a regra geral) em que o passivo é transferido para o adquirente, independentemente de estipulação no contrato: a) dívidas trabalhistas, artigo 448, CLT; b) passivo fiscal (tributário), artigo 133 do CTN. - Lei 11.101/05: lei de recuperação em empresas e de falência. a) Aviamento: potencial de lucro do estabelecimento. b) artigo 141, II: quando houver alienação de estabelecimento empresarial de sociedade empresária que se encontra com sua falência decretada, o adquirente deste estabelecimento não responde pelo passivo, seja este de natureza fiscal ou trabalhista. c) artigo 60, parágrafo único: existia discussão quando a alienação fosse feita em sede de recuperação judicial, pois esse artigo não menciona a exclusão das dívidas trabalhistas. O assunto hoje está pacificado pelo STF, mesmo em caso de recuperação judicial o adquirente também não responde pelas dívidas tributárias e trabalhistas. - Artigo 1147, CC – cláusula de não reestabelecimento: o alienante de estabelecimento empresarial não pode, salvo cláusula expressa, fazer concorrência com o adquirente por um prazo de cinco anos. Essa cláusula de 5 anos não pode ser majorada, sob pena de ferir direitos constitucionais (direito de exercer atividade). Esse artigo não estipula o raio do reestabelecimento, normalmente faz-se uma cláusula de raio no contrato. Caso não haja cláusula de raio, deve-se analisar o âmbito de abrangência da clientela (exemplo: não há problema algum vender uma padaria na zona leste e abrir sua padaria na zona sul). - Artigo 1148, CC – Sub-rogação nos contratos: funcionários não são bens do estabelecimento, mas é interessante que se preserve os funcionários e toda a estrutura do negócio. Para vincular as pessoas ao estabelecimento deve haver sub-rogação para exploração do estabelecimento (A vende o negócio para B, o contrato subsiste e B entra no lugar de A, os funcionários permanecem no estabelecimento). O adquirente de estabelecimento empresarial se sub-rogará nos contratos necessários para exploração do estabelecimento, como por exemplo, nos contratos de trabalho, nos contratos de prestação de serviços etc. O terceiro (o funcionário, por exemplo) poderá rescindir o contrato em 90 dias, contados da publicação do trespasse se houver justa causa. Obs: Contratos de caráter personalíssimo, mesmo que necessários para exploração do estabelecimento, não são automaticamente transferidos ao adquirente. Exemplos: contrato de fiança; contrato de franquia (não posso abrir uma franquia e transferir para terceiro diretamente); contrato de concessão (concessionarias que vendem carro). 4) Elementos que integram o Estabelecimento a) corpóreos: de existência física. Exemplos: máquinas, veículos. b) incorpóreos: sem existência física. 5) Elementos incorpóreos do estabelecimento Página 3 de 3 a) Nome Empresarial: artigo 1164, CC – o nome não pode ser objeto de alienação. No entanto, no parágrafo único deste artigo, o legislador permite que em caso de trespasse, se houver cláusula contratual permitindo, o adquirente poderá usar o nome do alienante, desde que precedido de seu próprio com a qualificação de sucessor (não é venda é permissão do uso do nome). b) Título de estabelecimento: identifica o estabelecimento empresarial, mais precisamente o local onde o empresário oferece seus produtos. A doutrina diz que é o que consta da tabuleta, na fachada (exemplo: casas bahias; pernambucanas). Local onde a clientela visualiza o comércio, é o título do estabelecimento. O título de estabelecimento pode ser vendido, não tem a regra de alienação, pode ser livremente alienado. Não existe, hoje em dia, um órgão próprio para a proteção do título de estabelecimento (para o registro), não pode ser realizado nem na Junta Comercial nem no INPI (instituto nacional da propriedade industrial). Embora não possua órgão próprio para o registro do título, o artigo 191 da lei 9279/96 considera crime utilizar título de estabelecimento alheio. c) Ponto Empresarial: o ponto é o local onde o empresário exerce sua atividade. O ponto não se confunde com a propriedade em que ele está inserido. O ponto é o bem incorpóreo que será protegido juridicamente por meio da ação renovatória (não confundir com revocatória), prevista no artigo 51 da lei 8245/91. Ação renovatória é o meio legal da tutela do ponto que obriga o locador a renovar compulsoriamente a locação ou, em certos casos, permite que o locatário possa ser indenizado pela perda do ponto. Na locação gerência loco o ponto e a propriedade, deixando de ser titular. Requisitos para o manejo da ação renovatória: (1º) contrato escrito e por prazo determinado: contrato verbal é válido, mas não protege o ponto; (2º) o contrato deve ser por um prazo de 5 anos, admitindo-se a soma de contratos anteriores (mesmo em caso de sucessão), desde que não haja interrupção na locação; (3º) exercício da mesma atividade peloprazo mínimo e ininterrupto de 3 anos (a tutela legal é da atividade, dos benefícios que a atividade produz).
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