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Direio Penal Especial Aula 1 02 Material de Apoio Magistratura

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Magistratura e Ministério Público 
CARREIRAS JURÍDICAS 
Damásio Educacional 
MATERIAL DE APOIO 
 
Disciplina: Direito Penal Especial 
 Professor: Gustavo Junqueira 
Aula: 02 | Data: 05/05/2015 
 
 
ANOTAÇÃO DE AULA 
SUMÁRIO 
 
1. Homicídio Qualificado 
 
1. Homicídio Qualificado 
 
Artigo 121, §2º, CP. Comentários gerais: 
 
a) as qualificadoras também estão previstas como agravantes, salvo a asfixia; 
b) a premeditação não é qualificadora no Brasil. 
 
São qualificadoras do homicídio: 
 
I) paga, promessa de recompensa ou outro motivo torpe: 
 
a) paga: prevalece que a paga deve ter referência econômica. Para Damásio (minoritário) qualquer vantagem, 
como a sexual, é suficiente para configurar a paga. Se não há promessa anterior de benefício, mas apenas 
espontânea recompensa posterior, não incide a qualificadora. 
 
A paga alcança o contratante? 
Exemplo: indivíduo paga para matar sua sogra, a qualificadora alcança o indivíduo que está pagando para matar a 
sogra ou a qualificadora alcança somente quem foi contratado para matar a sogra? 
 
Primeira posição: para a doutrina majoritária não, pois é circunstância de caráter subjetivo, incomunicável nos 
termos do artigo 30, CP. 
 
Segunda posição: é pacífica orientação das cortes superiores que o contratante também responde pela paga. 
Hungria sustenta que determinadas circunstâncias são tão importantes /essenciais para compreensão do injusto 
que merecem tratamento das elementares. São formalmente circunstâncias, mas materialmente elementares e 
por isso devem seguir o regime jurídico das elementares. O exemplo de Hungria é a paga no homicídio 
mercenário. 
Conclusão: a circunstância elementar subjetiva se comunica, assim como a elementar subjetiva. 
 
b) motivo torpe: é o especialmente repugnante, abjeto. 
Exemplo: mata o pai para pegar a herança, mata o filho para pegar o dinheiro do seguro etc. 
 
Na doutrina tradicional era exigida a relação do motivo torpe com a paga. O entendimento atual dos tribunais é 
aberto e alcança todo motivo especialmente repugnante como briga de gangue, morte por preconceito etc. 
 
Vingança e ciúme são motivos torpes? 
Podem ser torpes dependendo dos fatores desencadeadores. 
Exemplo: sujeito matou o neto porque a esposa estava dando muita atenção para o neto e deixando ele de lado, 
configura motivo torpe. 
 
 
 
 
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Motivo torpe é compatível com dolo eventual? 
O STF já entendeu que o motivo torpe é compatível com o dolo eventual, como no caso do médico que realiza 
plástica sem conhecimento técnico, em busca do lucro e mata a vítima. 
 
II) Motivo fútil: 
 
É o motivo especialmente pequeno, desproporcional. 
 
Polêmica: ausência de motivo é motivo fútil? 
Primeira posição: não, pois seria ofensa à legalidade, se a lei exige motivo fútil deve ter motivo. 
 
Segunda posição: sim, pois a ausência de motivo é o mais fútil dos motivos. 
 
Terceira posição (Nucci – posição indicada para a prova): todo homicídio tem um motivo que deve ser narrado e 
comprovado pela acusação, sob pena de afastar a qualificadora. 
 
Exemplos de motivo fútil: briga de trânsito, briga de torcida etc. 
 
A forte discussão anterior ao homicídio afasta qualificadora? 
O STF no HC 107.199 entendeu que sim, mas o STJ no RESP 1.113.364 entendeu que fica mantida a qualificadora. 
 
O ciúme pode configurar motivo fútil dependendo do fato que o desencadeia. 
A embriaguez não afasta o motivo fútil. 
Motivo fútil se adapta ao dolo eventual – RESP 912.904. 
 
III) veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura, meio insidioso, cruel ou que possa resultar perigo comum: 
 
a) veneno: é a substância em si tóxica, apta a gerar déficit orgânico. Prevalece com Custódio da Silveira que o 
veneno só qualifica se ministrado de forma insidiosa/escondida (exemplo: veneno na comida, veneno na bebida). 
 
Vidro moído é veneno? 
Exemplo: colocar vidro moído na comida. 
Para Fragoso sim, mas prevalece que não, embora configure meio insidioso. 
 
Açúcar na comida do diabético é veneno? 
Prevalece que açúcar não é veneno, embora possa configurar meio insidioso. Para parte da doutrina o conceito 
de veneno é aberto e poderia se adaptar as particulares condições da vítima. 
 
b) fogo: prevalece que incide a qualificadora mesmo que a labareda não atinja a vítima, como na morte na 
inalação de fumaça ou mergulho em caldeirão com água fervendo. 
 
c) explosivo: prevalece que as qualificadoras do fogo e do explosivo não absorvem os crimes de perigo comum de 
incêndio ou uso de artefato explosivo, ou seja, é possível o concurso de crimes. 
 
d) asfixia: é a parada forçada da função respiratória (exemplo: forca, esganadura etc). 
 
 
 
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e) tortura: 
 
Homicídio mediante tortura Tortura com resultado morte 
Artigo 121, §2º, III, CP 
 
O dolo é de matar e o meio escolhido é a tortura 
Lei 9455/97 
 
O dolo é de torturar e a morte é o resultado culposo 
(preterdoloso) 
 
Distinção entre tortura e meio cruel: meio cruel é o que impõe sofrimento desnecessário à vítima. A mera 
reiteração de golpes é indício, mas não é suficiente ao meio cruel. Para Bittencourt a diferença é que a tortura é 
mais prolongada. Há entendimento de que a tortura se fundamenta na intenção do autor, enquanto que o meio 
cruel é subsidiário, ou seja, tem foco no sofrimento da vítima, mesmo que não desejado especificamente pelo 
autor. 
 
Exemplo homicídio mediante tortura: casal pega um rapaz, amarram ele, arrancam sua pele até ele desmaiar e 
então mataram ele. 
 
Exemplo de meio cruel: mãe e filha combinam de matar o pai para ficar com a herança, atraíram o pai para o 
porão, a filha deu um golpe de faca e saiu correndo, o pai sangrou horas e elas não tiveram coragem de mata-lo 
de vez, ele morreu de tanto sangrar. 
 
IV) modos: traição, emboscada, dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa do 
ofendido: 
 
a) traição: surpresa pela quebra da confiança. 
 
b) emboscada: surpresa pelas circunstâncias. 
Exemplo: armadilha, tocaia. 
 
c) dissimilação: surpresa pela condição escondida. 
Exemplo: sujeito suspeitando estar sendo traído pela esposa com o novo vizinho, numa festa a esposa apresenta 
o vizinho e ao abraça-lo enfia a faca em suas costas. 
 
d) outro recurso que dificulte a defesa: as hipóteses anteriores dificultam a defesa do ofendido, o que ocorre 
aqui é uma interpretação analógica de lei incriminadora, ou seja, este recurso deve ser parecido com traição, 
emboscada ou dissimulação. o inciso IV trata de consagrada hipótese de interpretação analógica e assim a 
expressão “recurso” deve ser compreendida em harmonia de sentido com a surpresa, traição, emboscada e 
dissimulação. 
 
Tese defensiva: discussão anterior afasta a surpresa. Exemplo: sujeito avisa que vai matar a vítima, entra em seu 
quarto de madrugada com ela dormindo e a mata. 
O STF já entendeu que a mera ameaça anterior não afasta a qualificadora. 
 
V) assegurar a execução, ocultação, impunidade ou vantagem de outro crime: 
 
A qualificadora tem natureza subjetiva, ou seja, basta a intenção, ainda que não tenha êxito. Se o objetivo se 
relaciona com contravenção penal não incide a qualificadora, embora possa configurar motivo fútil. 
 
 
 
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a) assegurar a execução: Exemplo para assegurar a execução: matar o pai para estuprar e matar a filha. 
 
b) ocultação: Na ocultação o objetivo é impedir que seja conhecida a existência do crime. 
Exemplo: sujeito entra num quarto de hospital e estupra uma vítima internada, uma enfermeira passa e vê o 
sujeito então mata a enfermeira. 
 
c) impunidade: o objetivo é garantir que o crime, cuja existência é ou será conhecida, permaneça impune. 
Exemplo: sujeito estupra a vítima internada, a enfermeira vê, o sujeito mata a enfermeira para ficarimpune. 
 
d) vantagem: pode ser produto, proveito ou preço. Produto é o ganho imediato, proveito é o lucro mediato, 
preço é a quantia recebida pela prática do crime. 
 
VI) Feminicídio: 
 
Entra em vigor em 10/03/2015. Se o homicídio é praticado contra mulher por razões da condição do sexo 
feminino. 
 
§2º-A – há razões de condição do sexo feminino: próxima aula.

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