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Direio Penal Especial Aula 2 04 Material de Apoio Magistratura

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Magistratura e Ministério Público 
CARREIRAS JURÍDICAS 
Damásio Educacional 
MATERIAL DE APOIO 
 
Disciplina: Direito Penal Especial 
 Professor: Victor Gonçalves 
Aula: 04 | Data: 13/05/2015 
 
 
ANOTAÇÃO DE AULA 
SUMÁRIO 
 
1. Roubo 
2. Roubo Impróprio 
3. Roubo Majorado 
 
1. Roubo 
 
1) Concurso de Crimes 
 
Quando o agente aborda ao mesmo tempo duas pessoas e subtrai seus pertences, trata-se de concurso formal 
porque em um só contexto fático o ladrão subtraiu objetos de duas pessoas. 
 
Quanto o agente aborda uma pessoa e subtrai, por exemplo, a sua carteira, vai embora, e depois de alguns 
minutos aborda outra pessoa e também subtrai sua carteira, temos crime continuado porque houve duas 
subtrações em contextos fáticos distintos. 
 
Por sua vez, não se admite o reconhecimento da continuidade delitiva entre roubo simples e latrocínio porque 
este último afeta um bem jurídico a mais, qual seja, a vida, de forma que entre esses delitos o que se aplica é o 
concurso material. 
 
2) Consumação 
 
Há vários anos os tribunais superiores firmaram entendimento de que o crime se consuma no momento em que a 
vítima é desapossada, ainda que o ladrão não consiga tirar o bem da esfera de vigilância do dono e obter a sua 
posse tranquila. 
 
A tentativa é possível quando o agente emprega a violência ou grave ameaça, mas não consegue se apoderar de 
bens da vítima. 
 
2. Roubo Impróprio 
 
Artigo 157, §1º, CP. 
 
§ 1º - Na mesma pena incorre quem, logo depois de subtraída a 
coisa, emprega violência contra pessoa ou grave ameaça, a fim de 
assegurar a impunidade do crime ou a detenção da coisa para si ou 
para terceiro. 
 
Neste crime o agente queria praticar apenas um furto e já havia se apoderado de algum bem da vítima, porém, 
logo após de subtraída a coisa, ele emprega violência ou grave ameaça a fim de garantir sua impunidade ou a 
detenção do bem (basta que ele queira uma dessas coisas). 
 
 
 
 
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No roubo próprio a violência ou grave ameaça se iniciam antes da subtração, enquanto que no roubo impróprio 
são empregadas somente após a subtração. 
Uma outra diferença entre esses dois crimes é que o tipo penal do roubo próprio admite a violência imprópria 
como uma de suas formas de execução, o que não ocorre no tipo penal do roubo impróprio. 
 
A tipificação do roubo impróprio pressupõe que a violência ou grave ameaça sejam empregadas logo após a 
subtração, o que na prática significa imediatamente depois do apoderamento. Se o ladrão já conseguiu levar o 
bem tranquilamente do local e, por exemplo, meia hora depois, já em outro contexto fático, agride alguém para 
se manter na posse do objeto, responde por furto consumado em concurso material com lesão corporal. 
 
Se o agente arrombou a porta de uma casa a fim de praticar um furto e antes de se apoderar de qualquer objeto 
se depara com terceiro e agride tal pessoa apenas para garantir sua impunidade e sair do local, incorre em 
tentativa de furto qualificado pelo arrombamento em concurso material com as lesões provocadas na vítima. 
 
De acordo com a própria redação do §1º, o crime se consuma no exato instante em que o agente emprega a 
violência ou a grave ameaça, ainda que não consiga garantir a sua impunidade ou a detenção do bem. 
 
Se o ladrão pega um pedaço de pau e desfere golpes na vítima, mas esta se esquiva e não é atingida, ele já 
empregou a violência e o crime está consumado, violência é o golpe desferido e não o golpe que acerta. 
 
Se o agente pega um pedaço de pau e corre em direção à vitima e no exato instante em que ia desferir o primeiro 
golpe chega outra pessoa e impede que este golpe seja desferido, temos grave ameaça já empregada e roubo 
impróprio consumado. 
 
Em razão de tudo o que foi exposto, a grande maioria entende que não existe tentativa de roubo impróprio. 
 
3. Roubo Majorado 
 
Artigo 157, §2º, CP, também chamado de roubo circunstanciado. Este §2º prevê cinco hipóteses em que a pena 
do roubo é aumentada de 1/3 até metade, tendo portanto, natureza jurídica de causas de aumento de pena. Não 
são tecnicamente qualificadoras. 
 
§ 2º - A pena aumenta-se de um terço até metade: 
 I - se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma; 
 II - se há o concurso de duas ou mais pessoas; 
 III - se a vítima está em serviço de transporte de valores e o 
agente conhece tal circunstância. 
 IV - se a subtração for de veículo automotor que venha a ser 
transportado para outro Estado ou para o exterior; 
 V - se o agente mantém a vítima em seu poder, restringindo sua 
liberdade. 
 
Estas majorantes aplicam-se tanto ao roubo impróprio quanto ao próprio, mas não se aplicam quando se tratar 
de roubo qualificado pelo resultado lesão grave ou morte previstos no §3º. 
 
I) se o crime é praticado com emprego de arma: arma é todo instrumento que tem poder vulnerante, capacidade 
para matar ou ferir, potencialidade ofensiva. Como o texto legal não faz restrição, a majorante se aplica tanto 
 
 
 
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para armas próprias quanto impróprias. Próprias são os instrumentos feitos para servir mesmo como arma, como 
uma espada, um punhal ou as armas de fogo. Impróprias são os instrumentos que têm outra finalidade, mas têm 
igualmente poder vulnerante, como uma tesoura, uma faca de cozinha, um canivete, um estilete, espeto de 
churrasco, garrafa quebrada etc. 
 
Arma branca pode ser própria ou imprópria. 
 
Quando alguém simula estar armado encostando o dedo nas costas da vítima ou colocando a mão sobre sua 
blusa, não há efetivo emprego de arma, de modo que não incide a majorante. 
 
Após décadas de controvérsia, encontra-se atualmente pacificado entendimento de que armas de brinquedo e 
outros simulacros não geram o aumento porque não têm potencialidade lesiva e assim não se enquadram no 
conceito de arma. Também em razão da falta de potencialidade lesiva no momento da execução do roubo, não 
incide a majorante quando se trata de arma quebrada ou desmuniciada (entendimento do STJ). 
 
Quando a arma é apreendida ela deve ser submetida à perícia para constatação de sua natureza e eficácia (artigo 
175 do CPP). Se, todavia, a realização de perícia ficar inviabilizada pela não apreensão da arma, a prova 
testemunhal poderá suprir a falta, viabilizando o reconhecimento da majorante se não houver uma outra prova 
que infirme a prova testemunhal. Este entendimento foi adotado pelo plenário do STF e se encontra pacificado 
também no STJ. 
 
II) se há o concurso de duas ou mais pessoas: como o texto legal não faz distinção, vale tanto para casos de 
coautoria como para casos de participação. O juiz pode condenar uma só pessoa e reconhecer a majorante, desde 
que exista prova do envolvimento de outra que não pode ser punida, por exemplo, por ser menor de idade, por 
ter morrido, por não ter sido identificada etc. 
 
Súmula 442: 
É inadmissível aplicar, no furto qualificado, pelo concurso de agentes, 
a majorante do roubo. 
 
De acordo com a súmula 442 do STJ é inaplicável ao furto qualificado pelo concurso de agentes essa majorante do 
roubo, esta súmula foi aprovada porque alguns defensores pretendiam a exclusão da qualificadora do furto e a 
aplicação da majorante do roubo com o argumento de que a qualificadora fere o principio da proporcionalidade 
por dobrar a pena do furto, ao passo que a majorante leva somente ao aumento de 1/3 até metade. 
 
Nossos tribunais superiores entendem que não há bis in idem no reconhecimento do concurso material entre o 
delito de associação criminosa armada (artigo 288, parágrafo único do CP) e roubo majorado pelo emprego de 
arma e o concurso de agentes. 
 
III) se a vítima está em serviço de transporte de valores e o agente conhece tal circunstância: se a vítima está 
transportando para fins particulares e não a trabalho,inexiste a majorante. Como a lei exige que o agente saiba 
que a vítima está trabalhando com transporte de valores, a majorante só é compatível com o dolo direto (porque 
o ladrão quer roubar quem está transportando os valores). 
 
IV) se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado para outro Estado ou para o exterior: 
verificar comentários feitos ao §5º do artigo 155 (matéria do furto). 
 
 
 
 
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V) se o agente mantém a vítima em seu poder, restringindo sua liberdade: (exemplo: ladrão rouba o carro da 
vítima, mas fica com ela dentro do carro durante meia hora momento em que chega numa rodovia e a larga no 
acostamento de uma rodovia). O inciso V em análise só tem aplicação quando ocorre restrição de liberdade, ou 
seja, quando a vítima é obrigada a ficar por pouco tempo, por alguns minutos em poder dos bandidos. Quando 
eles, todavia, obrigam-na a permanecer com eles por um tempo maior (por algumas horas, por exemplo) não 
incide a majorante do inciso V porque se configura o crime de sequestro do artigo 148 em concurso material com 
o roubo. 
 
Súmula 443 STJ: 
O aumento na terceira fase de aplicação da pena no crime de roubo 
circunstanciado exige fundamentação concreta, não sendo suficiente 
para a sua exasperação a mera indicação do número de majorantes. 
 
De acordo com a súmula 443 do STJ o juiz deve sempre fundamentar o índice de aumento entre os limites 
mínimo e máximo, não podendo, todavia, o fundamento ser exclusivamente o número de majorantes para que 
seja aplicado o índice superior ao mínimo. 
 
Em suma, a escolha do índice deve estar relacionada com a maior ou menor gravidade das majorantes do caso 
concreto e não apenas ao número delas. 
 
Próxima aula: artigo 157, §3º, CP.

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