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Direio Penal Especial Aula 2 08 Material de Apoio Magistratura

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Magistratura e Ministério Público 
CARREIRAS JURÍDICAS 
Damásio Educacional 
MATERIAL DE APOIO 
 
Disciplina: Direito Penal Especial 
 Professor: Victor Gonçalves 
Aula: 08 | Data: 27/05/2015 
 
 
ANOTAÇÃO DE AULA 
SUMÁRIO 
 
1. Estelionato Majorado 
2. Receptação 
3. Disposições Gerais 
 
1. Estelionato Majorado 
 
Artigo 171, §3º, CP: 
 
§ 3º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime é cometido em 
detrimento de entidade de direito público ou de instituto de economia 
popular, assistência social ou beneficência. 
 
A pena é aumentada em 1/3 se o crime for praticado em detrimento de entidade de direito público, instituto de 
economia popular ou entidade assistencial ou beneficente. 
 
De acordo com a súmula 24 do STJ o aumento é cabível se o crime for contra autarquia previdenciária. 
Exemplo: fraude contra o INSS. 
 
SÚMULA 24 
Aplica-se ao crime de estelionato, em que figure como vítima entidade 
autárquica da previdência social, a qualificadora do § 3º do art. 171 do 
código penal. 
 
Quando o próprio autor da fraude passa a receber mensalmente benefícios indevidos, o crime tem natureza 
permanente e de acordo com os Tribunais Superiores, a prescrição corre a partir do último recebimento. 
 
2. Receptação 
 
Artigo 180 do CP. 
 
A receptação pode ser dolosa ou culposa. 
 
1) Receptação dolosa: 
 
Art. 180 - Adquirir, receber, transportar, conduzir ou ocultar, em 
proveito próprio ou alheio, coisa que sabe ser produto de crime, ou 
influir para que terceiro, de boa-fé, a adquira, receba ou oculte: 
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. 
 
 
 
 
 
 
 
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A receptação dolosa pode ser: 
- simples; 
- qualificada; 
- privilegiada; 
- majorada. 
 
a) Receptação simples: 
A receptação simples pode ser própria ou imprópria. Ambas estão previstas no caput, do art. 180, do CP, tendo 
pena de reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos e multa. 
 
 Receptação Própria: 
 
 Artigo 180, caput, 1ª parte, CP. 
 
O crime consiste em adquirir, receber, ocultar, conduzir ou transportar, em proveito próprio ou alheio, coisa que 
sabe ser produto de crime (a pessoa age de má-fé). 
 
Trata-se de crime acessório, porque sua existência depende da ocorrência de um crime anterior. 
 
A pena em abstrato da receptação não guarda relação de proporcionalidade com a pena do crime antecedente, 
que pode ser maior, igual ou menor. 
 
A receptação se apura sempre mediante ação pública incondicionada, mesmo que o crime antecedente seja de 
ação privada ou pública condicionada à representação. 
Exemplo: furto de coisa comum ou furto de um irmão contra o outro. Ambos dependem de ação penal condicionada 
à representação. Suponha que o irmão que furtou o outro venda o bem a terceiro e a vítima não ofereça 
representação. O receptador poderá ser processado por receptação, independentemente do oferecimento da 
representação. 
 
O art. 180 do CP, só permite a tipificação da receptação quando o bem é produto de crime, não sendo suficiente, 
portanto, que se trate de produto de contravenção. 
 
Como a receptação é um crime contra o patrimônio, só se configura se o crime antecedente tiver reflexos 
patrimoniais negativos para a vítima. Não é necessário, todavia, que o crime antecedente esteja previsto no Título 
dos crimes contra o patrimônio. O peculato, por exemplo, é um crime contra a Administração Pública que provoca 
prejuízo patrimonial à vítima e, assim, quem adquire o produto de um peculato, ciente da procedência ilícita, 
responde pelo crime de receptação. Neste caso, estaremos diante da receptação majorada, prevista no § 6º, do 
art. 180, do CP, que estabelece que a pena do caput será aplicada em dobro se o produto do crime pertencer a 
União, Estado ou Município, sociedades de economia mista ou, finalmente, concessionária de serviço público. 
 
De acordo com o art. 180, § 4º, do CP, o receptador é punível ainda que desconhecido ou isento de pena o autor 
do ato criminoso antecedente (exemplo: menor de idade, portador de deficiência mental, filho da vítima etc). 
 
 
 
De acordo com o art. 108 do CP, a extinção da punibilidade do autor do crime antecedente não impede a punição 
do receptador. Excepcionalmente, quando a extinção da punibilidade do crime antecedente decorrer da aprovação 
 
 
 
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de lei nova benéfica, como abolitio criminis e anistia, tal lei retroage à data do crime antecedente e beneficia o 
autor da receptação. 
 
- Condutas típicas (consumação): 
Nas modalidades adquirir e receber, a receptação constitui crime instantâneo, enquanto nas modalidades ocultar, 
conduzir e transportar cuida-se de crime permanente. 
 
Exemplo: se a polícia encontra uma TV furto de roubo pendurada na parede de um bar não poderá prender o dono 
do bar em flagrante, o dono do bar poderá responder criminalmente e a TV poderá se apreendida, mas não poderá 
haver prisão em flagrante naquele momento, afinal de contas o dono do bar não estava realizando a conduta típica. 
 
A receptação tem o tipo misto alternativo, porque são vários verbos separados pela partícula “ou”, de modo que 
basta uma das condutas típicas para configurar o delito, mas a realização de mais de uma delas em relação ao 
mesmo bem constitui crime único. 
Exemplo: adquirir e depois conduzir um carro roubado, o motorista poderá ser preso em flagrante. 
 
É possível tentativa de receptação própria. 
Exemplo: um sujeito é contratado para receber num galpão uma carga roubada. No momento da entrega da carga, 
a polícia chega e impede a entrega (consumação). 
 
Quando alguém oculta o produto do crime visando beneficiar (ajudar) exclusivamente o autor do crime 
antecedente, comete o crime de favorecimento real do art. 349 do CP. Na receptação o agente oculta o produto 
do crime em seu próprio proveito ou de qualquer outra pessoa que não o autor do crime antecedente. 
 
Como o tipo penal da receptação exige efetivo conhecimento de que o bem é produto de crime, significa que o 
sujeito quer adquirir, receber um produto de origem ilícita, agindo, portanto, com dolo direto. A receptação simples 
é incompatível com o dolo eventual. Na prática, quem agir com dolo eventual responderá por receptação culposa. 
 
Produto de crime é a vantagem auferida com a ação delituosa anterior, que continua a ter essa característica ainda 
que passe por alguma transformação (exemplo: joias furtadas que são derretidas). 
 
Quem compra uma chave falsa usada em um furto ou uma faca usada em um roubo adquiriu o instrumento e não 
o produto do crime e não responde por receptação. 
 
O STF pacificou o entendimento de que imóvel não pode ser objeto material da receptação (pode ser objeto 
material de estelionato). Entendeu o STF que no crime de receptação o objeto possa passar de “mão em mão” se 
distanciando cada vez mais do dono. 
 
- Sujeitos do crime: 
 
Sujeito ativo: pode ser qualquer pessoa, exceto aqueles que tenham tomado parte no crime antecedente. Caso um 
destes realize conduta posterior que se encaixe ou se enquadre no tipo da receptação, para ele será considerado 
post factum impunível. 
 
Sujeito passivo: é a mesma vítima do crime antecedente. 
 
 
 
 
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É possível que o mesmo produto de crime seja sucessivamente objeto material de diversas receptações e a vítima 
é sempre o dono do bem. É o que a doutrina chama de “receptação de receptação”. 
 
 Receptação imprópria: 
 
Art. 180, caput, 2ª parte, CP. Consiste em influir para que terceiro, de boa-fé, receba, adquira ou oculte objeto 
produto de crime (terceiro não sabe da procedência criminosa). 
 
Ladrão Amigo intermediador 3º de boa-fé 
 
O receptador impróprio é um intermediário que sabe da procedência criminosa do bem e o oferece a alguém que 
desconhece tal origem. 
 
Trata-sede crime formal que se consuma no momento em que é feita a oferta, ainda que o terceiro de boa-fé 
resolva não adquirir ou não receber o bem. Por isso se diz que a receptação imprópria não admite tentativa. Feita 
a oferta o crime está consumado, se não foi feita o fato é atípico. 
 
b) Receptação qualificada: 
 
 Art. 180, § 1º, CP: 
 
§ 1º - Adquirir, receber, transportar, conduzir, ocultar, ter em 
depósito, desmontar, montar, remontar, vender, expor à venda, ou de 
qualquer forma utilizar, em proveito próprio ou alheio, no exercício de 
atividade comercial ou industrial, coisa que deve saber ser produto de 
crime: 
Pena - reclusão, de três a oito anos, e multa. (Redação dada pela Lei 
nº 9.426, de 1996) 
 
 
A pena será de reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa, se o crime for praticado no exercício de atividade 
comercial ou industrial. 
 
De acordo com o § 2º, do art. 180, do CP equipara-se a comerciante, para os fins do § 1º, quem exerce comércio 
irregular ou clandestino, ou até mesmo em residência. 
 
O § 1º diz que pratica receptação qualificada o comerciante ou industrial que “deve saber” da procedência 
criminosa, o que é indicativo de dolo eventual. Como o texto legal não faz referência ao comerciante que 
efetivamente sabe da origem ilícita, coube ao STF pacificar a controvérsia decidindo que, por interpretação 
extensiva, também é punido pela figura qualificada o comerciante ou industrial que atue com dolo direto. 
 
c) Receptação privilegiada: 
 
Art. 180, § 5º, 2ª parte, CP. 
 
 
 
 
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§ 5º - Na hipótese do § 3º, se o criminoso é primário, pode o juiz, tendo 
em consideração as circunstâncias, deixar de aplicar a pena. Na 
receptação dolosa aplica-se o disposto no § 2º do art. 155. 
 
Na receptação dolosa, são aplicadas as regras do furto privilegiado (CP, art. 155, § 2º). 
 
§ 2º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a coisa furtada, 
o juiz pode substituir a pena de reclusão pela de detenção, diminuí-la 
de um a dois terços, ou aplicar somente a pena de multa. 
 
d) Receptação majorada: 
Art. 180, § 6º, CP (Já foi visto em aula). 
 
2) Receptação culposa: 
 
Art. 180, § 3º, CP. 
 
§ 3º - Adquirir ou receber coisa que, por sua natureza ou pela 
desproporção entre o valor e o preço, ou pela condição de quem a 
oferece, deve presumir-se obtida por meio criminoso: 
Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa, ou ambas as penas. 
 
Consiste em adquirir ou receber coisa que, por sua natureza ou pela desproporção entre o valor de mercado e o 
preço pago, ou pela condição do ofertante, deve-se presumir ter sido obtida por meio criminoso. 
 
Trata-se de crime culposo que não tem o tipo aberto, porque a lei especifica as hipóteses configuradoras da culpa. 
A existência do delito pressupõe que o objeto seja produto de crime e que o agente não soubesse disso, mas que 
o juiz conclua que as circunstâncias fariam o homem médio desconfiar. 
 
De acordo com a 1ª parte do § 5º, o juiz pode conceder o perdão judicial na receptação culposa se o réu for primário 
e o fato não for considerado grave pelo magistrado. 
 
3. Disposições Gerais 
 
No capítulo VIII, do Título II, estão previstas as imunidades absolutas (CP, art. 181) e relativas (CP, art. 182) dos 
crimes patrimoniais. Contudo, o art. 183 do CP, exclui ambas as imunidades: 
 
I – quando se tratar de crime de roubo ou extorsão, ou outro que envolva violência ou grave ameaça contra a 
pessoa; 
 
II – ao terceiro que toma parte no crime; 
 
III – quando a vítima tiver idade igual ou superior a 60 anos. 
 
 
 
1) Imunidades absolutas: 
 
 
 
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Art. 181, CP. 
 
São também conhecidas como “escusas absolutórias” e a consequência é a completa isenção de pena. 
 
I – se o crime for praticado contra cônjuge durante a constância da sociedade conjugal. 
 
Por analogia in bonam partem, a imunidade também se aplica aos companheiros se o fato ocorrer durante a união 
estável. 
 
A imunidade existe qualquer que seja o regime de bens do casamento. 
 
Se o casal está separado de fato e ainda são casados, há a separação de fato e esta não exclui a imunidade. 
 
O que se leva em conta é se as partes são casadas no dia do fato. 
 
II – se o crime for praticado contra ascendente ou descendente. 
 
2) Imunidades Relativas: 
 
Art. 182, CP. A consequência é fazer com que os crimes contra o patrimônio de ação pública incondicionada passem 
a depender de representação nas seguintes hipóteses: 
 
I – crime contra cônjuge do qual é separado judicialmente ou desquitado; 
II – crime contra irmão; 
III – crime contra tio ou sobrinho, com quem o agente coabita.

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