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Direio Penal Especial Aula 2 09 Material de Apoio Magistratura

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Magistratura e Ministério Público 
CARREIRAS JURÍDICAS 
Damásio Educacional 
MATERIAL DE APOIO 
 
Disciplina: Direito Penal Especial 
 Professor: Victor Gonçalves 
Aula: 09 | Data: 10/06/2015 
 
 
ANOTAÇÃO DE AULA 
SUMÁRIO 
 
1. Feminicídio 
2. Comentários relativos às figuras qualificadas 
3. Causas de aumento de pena do homicídio 
4. Perdão Judicial 
 
1. Feminicídio 
 
Trata-se de figura qualificada do homicídio inserida no CP pela lei 13.104 de 09 de março de 2015. Esta modalidade 
qualificada foi inserida no §2º, VI do artigo 121 do CP, sendo que a mesma lei inseriu essa forma de homicídio no 
rol de crimes hediondos. 
 
De acordo com o texto legal, Feminicídio é o homicídio de uma mulher por razões da condição do sexo feminino. 
Exemplo: pai matou a filha porque ela foi de saia para a escola, entende-se que ele matou em razão da condição 
do sexo feminino; outro exemplo é o marido que mata a mulher por ela não querer ter relações sexuais com ele ou 
por pedir o divórcio, afinal houve o crime em razão da condição do sexo feminino. 
 
O próprio §2º-A esclarece que considera-se haver razão de condição do sexo feminino quando o crime envolve: 
I- violência doméstica familiar; 
II- menosprezo ou discriminação à condição de mulher (exemplo: no Afeganistão a tentativa de homicídio de Malala 
por entender que ela não teria direito de estudar). 
 
Na hipótese do inciso I não basta que o crime seja praticado contra esposa, companheira, filha ou irmã, sendo 
necessário que, além disso, o crime seja motivado pela condição do sexo feminino. 
Não configura feminicídio matar a esposa para receber o seu seguro de vida ou em razão de uma disputa por droga 
etc. 
 
Na hipótese do inciso II é também a motivação do agente que torna o crime qualificado: matar por preconceito ou 
por descriminação pelo fato de ser mulher. 
Exemplo: matar uma moça porque entende que mulheres não devem estudar. 
 
O feminicídio, portanto, constitui qualificadora de caráter subjetivo porque ligado sempre à motivação (matar em 
razão da condição do sexo feminino) (desta forma, se o marido mata a mulher porque ela pediu o divórcio não 
incide a qualificadora do motivo torpe, apenas o feminicídio, do contrário haveria “bis in idem”, afinal a motivação 
do crime foi ela ser mulher). 
 
O feminicídio terá sua pena aumentada de 1/3 até a metade, de acordo com o artigo 121, §7º nas seguintes 
hipóteses: 
I- se o crime for praticado durante a gestação ou nos 3 meses posteriores ao parto (sem prejuízo de acusação pelo 
crime de aborto); 
II- se a vítima tiver menos de 14 ou mais de 60 anos ou se for pessoa portadora de deficiência (física ou mental); 
III- quando o crime for praticado na presença de ascendente ou descendente da vítima. 
 
 
 
 
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2. Comentários relativos às figuras qualificadas 
 
a) o parricídio e o matricídio não constam no rol das qualificadoras, configurando agravante genérica do artigo 61, 
II, alínea “e”; 
 
b) se os jurados reconhecerem duas ou mais qualificadoras no crime de homicídio, o juiz, na fixação da pena, utiliza 
uma delas realmente como qualificadora e as outras como agravantes genéricas do artigo 61, II, alíneas “a” a “d”; 
 
c) o privilégio, por ser sempre de caráter subjetivo, é incompatível com as qualificadoras de caráter subjetivo. Como 
o privilegio é votado antes pelos jurados no tribunal do júri, o seu reconhecimento impede, até mesmo, que sejam 
colocadas em votação as qualificadoras de caráter subjetivo. 
Exemplo: os jurados dizem que o marido matou a esposa por injusta provocação da vitima, estão dizendo na 
verdade que não houve o feminicídio. 
 
É, todavia, possível que o homicídio seja qualificado e privilegiado, desde que se trate de qualificadora de caráter 
objetivo. 
Exemplo: violenta emoção e surpresa ou meio cruel. 
 
O STF entendeu que o homicídio qualificado-privilegiado não tem natureza hedionda porque não há menção 
expressa a tal forma de delito no rol da lei 8.072. 
 
d) de acordo com o artigo 30 do CP, as circunstâncias de caráter pessoal (de caráter subjetivo) não se comunicam 
aos comparsas, salvo se forem elementares. Qualificadoras não são elementares e assim, as qualificadoras de 
caráter subjetivo não se comunicam aos comparsas (o fato de haver motivo torpe para um não quer dizer que há 
motivo torpe para outro, não há necessariamente comunicação de um para o outro, dependerá do caso em 
concreto, afinal se os dois agentes agiram por motivo torpe assim responderão); 
 
e) já as qualificadoras de caráter objetivo aplicam-se a todos os comparsas, exceto no caso de participação se ficar 
demonstrado que o partícipe estimulou o homicídio sem ter, todavia, ciência da forma mais gravosa de execução 
que seria utilizada. 
 
3. Causas de aumento de pena do homicídio 
 
Valem para todas as formas de homicídio doloso, exceto para o feminicídio em que existem causas de aumento 
específicas. 
 
- De acordo com o artigo 121, §4º a pena é aumentada em 1/3 se a vítima é menor de 14 ou maior de 60 anos. Por 
sua vez o §6º do artigo 121 estabelece o aumento de 1/3 até metade se o crime for praticado por milícia privada a 
pretexto de prestação de serviço de segurança ou por grupo de extermínio. 
 
 
 
 
 
 
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- Homicídio culposo, artigo 121, §3º, a pena é de detenção de 1 a 3 anos. O crime culposo do CP só se aplica se o 
delito não for praticado na direção de veículo automotor, sendo exemplos o erro médico, derrubar uma árvore sem 
isolar a área e a árvore cair em cima de alguém, manusear uma arma carregada e disparar acidentalmente etc. 
 
Existem algumas situações que parecem se enquadrar no Código de Trânsito, mas que na verdade configuram 
homicídio culposo comum: 
 
a) quando a imprudência é por parte de um pedestre ou de um passageiro de um veículo; 
b) quando a conduta culposa ocorre na condução de um veículo não motorizado como bicicleta, skate, carroça etc; 
c) se o crime for praticado na condução de jet-ski, lancha, helicóptero porque o artigo 1º do CTB diz que suas regras 
só incidem para fatos que ocorram em via terrestre. 
 
- São causas de aumento de pena: 
 
Artigo 121, §4º, CP. O aumento é de 1/3: 
 
a) se o agente deixa de prestar imediato socorro à vítima ou não procura diminuir as consequências de seu ato. 
 
Se a vítima estiver evidentemente morta não haverá o aumento pela falta de socorre porque ano há socorro a ser 
prestado por alguém que já está morto. 
 
Também não haverá o aumento se outra pessoa tiver se adiantado ao agente e prestado socorro, desde que ele 
tenha tomado conhecimento disso. 
 
Se além do autor da conduta culposa existirem outras pessoas no local, e nenhuma delas socorrer a vítima, será 
aplicada a causa de aumento ao autor do delito culposo, enquanto os demais que não socorreram responderão 
pelo crime de omissão de socorro agravado pela morte. 
 
b) se o agente foge para evitar a prisão em flagrante: Muitos autores entendem que essa majorante não é mais 
aplicável porque fere o princípio do privilégio contra a autoincriminação, segundo o qual ninguém é obrigado a 
produzir prova contra si mesmo; 
 
c) se o crime resulta da inobservância de regra técnica de arte, profissão ou ofício: trata-se de uma hipótese mais 
grave de negligência em que o sujeito conhece a regra técnica, mas por desleixo não a observa e é exatamente esse 
fator que acaba gerando a morte da vítima. Na imperícia a causa da morte é a falta de aptidão, de habilidade no 
desempenho de uma arte, profissão ou ofício (exemplo: não esterilização do bisturi o que ocasiona a morte do 
paciente). 
 
4. Perdão Judicial 
 
Artigo 121, §5º. O juiz pode deixar de aplicar a pena quando as circunstâncias do caso concreto atingirem o agente 
de forma tão grave que sua imposição se torne desnecessária. Os casos mais comuns de aplicaçãodo perdão são 
aqueles em que o próprio agente fica também gravemente ferido e aqueles em que a vítima do delito é um parente 
próximo, cônjuge, companheiro etc. Tem natureza jurídica de causa extintiva da punibilidade (artigo 107, IX, CP) (a 
sentença será declaratória da extinção da punibilidade, não subsistindo nenhum efeito, nem o direito de indenizar). 
 
 
 
 
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De acordo com a súmula 18 do STJ a concessão do perdão judicial é declaratória da extinção da punibilidade, não 
subsistindo nenhum outro efeito (nem mesmo o efeito secundário consistente na obrigação de indenizar, mas 
poderá a família ingressar com ação de indenização na esfera cível). 
 
Súmula 18 
A sentença concessiva do perdão judicial e declaratória da extinção 
da punibilidade, não subsistindo qualquer efeito condenatório.

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