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Magistratura e Ministério Público CARREIRAS JURÍDICAS Damásio Educacional MATERIAL DE APOIO Disciplina: Penal Parte Geral Professor: André Estefam Aula: 08 | Data: 05/03/2015 ANOTAÇÃO DE AULA SUMÁRIO EFEITOS DA CONDENAÇÃO 2. Reabilitação criminal PUNIBILIDADE 1. Causas extintivas da punibilidade 2. Morte do Agente EFEITOS DA CONDENAÇÃO 1. Efeitos Extrapenais (art. 91 e 92 do CP) – Efeitos Extrapenais Genéricos São efeitos aplicáveis em todas as condenações, desde que compatíveis com o caso concreto. São efeitos automáticos, dispensam motivação ou expressa declaração na sentença. Os mais importantes estão no art. 91 do CP. I) Tornar certa a obrigação de reparar o dano (art. 5º, XLV, CF) Art. 5º, XLV, CF - nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a obrigação de reparar o dano e a decretação do perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido; II) Perda de bens em favor da União . Dos instrumentos ilícitos do crime O destino dado a armas de fogo apreendidas é diferente, as armas de fogo, quando irregulares, serão entregues ao comando do exercito para destruição (art. 25, Estatuto do Desarmamento – Lei 10.826/03). Obs.: Todo e qualquer instrumento utilizado no tráfico de drogas, ainda que lícito, será apreendido. . Produto ou proveito obtido com a infração Produto é o ganho direito (Ex.: O relógio subtraído). Proveito é o lucro indireto, é o lucro obtido com a prática criminosa (Ex.: Venda do relógio subtraído). É possível que o perdimento de bens atinja, em caráter excepcional, o patrimônio lícito do agente. Se por ventura o produto ou proveito do crime não for encontrado ou estiver no exterior, o perdimento de bens poderá atingir o patrimônio lícito do agente (art. 91, §§, CP). Página 2 de 4 III) Suspensão dos direitos políticos (art. 15, CF) A suspensão dos direito políticos é automática para todos. Salvo para deputados federais e senadores que para sofrerem a perda do mandato é necessário decisão da respectiva casa legislativa – Condenado o Réu, será expedido ofício a casa legislativa, que irá votar e editar uma resolução decidindo sobre a perda ou não do mandato (art. 55, CF). IV) Configuração de justa causa para eventual rescisão do contrato de trabalho (art. 482, CLT) Se o empregador quiser, poderá demitir o empregado por justa causa. – Efeitos Extrapenais Específicos São cabíveis apenas em algumas condenações, não são automáticos, e por isso exigem expressa declaração na sentença. Prevalece o entendimento que os efeitos extrapenais específicos, por não serem automáticos, devem ser expressamente requeridos pela acusação. Os mais importantes estão no art. 92 do CP: I) Perda do cargo, função pública ou mandato eletivo O conceito de cargo ou função é a definição de funcionário público para efeitos penais (art. 327, CP). Perda é diferente de proibição do exercício. A perda do cargo é um efeito extrapenal específico, já a proibição do exercício é uma pena restritiva de direitos (art. 47, I, CP). Art. 327, CP - Considera-se funcionário público, para os efeitos penais, quem, embora transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública. Obs.: Perda do mandado eletivo é inaplicável, pois o simples fato de ser condenado já sofrerá a suspenção dos direitos políticos. . Hipóteses de cabimento da perda do cargo ou função pública a) Condenação a PPL igual ou superior a 1 ano, em crime funcional O pedido de perda do cargo ou função pública na esfera penal, não obsta a possibilidade de perda do cargo por decisão em processo administrativo. b) Condenação a PPL superior a 4 anos II) Incapacidade para o exercício do poder familiar, tutela ou curatela São requisitos cumulativos: a) Condenação por crime doloso b) Apenado com reclusão c) Que tenha como vítima, filho, tutelado ou curatelado Página 3 de 4 III) Inabilitação para conduzir veículos automotores Não foi revogado pelo CTB. Será cabível quando da condenação por crime doloso, em que o veículo foi empregado com instrumento (Ex.: Atropelar um desafeto com a intenção de mata-lo). Nesse caso o condenado perde a habilitação. 2. Reabilitação criminal (art. 93 a 95, CP) É o instrumento hábil para recuperar direitos cassados com base no art. 92, CP (sendo vedada a reintegração da situação anterior). Ex1: Com a reabilitação criminal o condenado readquire o direito de novamente ocupar cargo ou função pública, mas não o mesmo cargo ou função. Ex2: O pai que pratica estupro de vulnerável contra um dos filhos, ao ser condenado perde o poder familiar sobre todos os filhos. Cumprida a pena, esse pai pode requerer a reabilitação para o exercício do poder familiar sobre os outros filhos, mas não sobre o filho que foi vítima do crime. PUNIBILIDADE É a possibilidade jurídica de imposição da sanção penal. Surgimento.: Como regra a punibilidade surge no instante da prática delituosa. Exceção.: Nos crimes em que o legislador impõe condições objetivas de punibilidade (Ex.: Crime falimentar); Casos em que se aplicam as escusas absolutórias. Causa extintiva da punibilidade – Determina o fim do direito de punir do Estado Condição objetiva de punibilidade – Determina o início do direito de punir do Estado Escusa absolutória – Impede a punibilidade 1. Causas extintivas da punibilidade (art. 107/120, CP) O rol do art. 107 é exemplificativo. Ex.: Reparação do dano em determinadas infrações; Cumprimento das condições do “sursis” processual; Cumprimento da transação penal; Cumprimento da pena – São causas extintivas de punibilidade, mas não estão no art. 107 do CP. Efeitos das causas extintivas da punibilidade Depende do momento em que a causa extintiva ocorreu: Se anterior ao trânsito em julgado.: Extingue todo e qualquer efeito da condenação. Página 4 de 4 Se posterior ao trânsito em julgado.: Em regra extingue somente o feito penal principal (pena ou medida de segurança no caso do semi-imputável por doença mental). Exceção.: Nos casos de “abolitio criminis” e anistia, extingue-se todos os efeitos penais (logo não se estinguem os efeitos extrapenais). 2. Morte do Agente (“mors omnia solvit”) A morte extingue a punibilidade em razão do Princípio da Personalidade, da Individualidade ou da Intranscendência da Pena (art. 5º, XLV, CF). É requisito processual a certidão de óbito original, demonstrando a morte do agente. E se a certidão de óbito for falsa? A maioria da doutrina diz que nada pode ser feito, pois retomar o andamento desses casos seria o mesmo que efetuar a chamada “revisão pro societate”, e o ordenamento jurídico brasileiro só permite a revisão criminal “pro reo”. O STF entende de forma diversa, ou seja, os processos extintos devem ser retomados, salvo no caso de prescrição (fato inexistente não produz efeito jurídico).
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