Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Magistratura e Ministério Público CARREIRAS JURÍDICAS Damásio Educacional MATERIAL DE APOIO Disciplina: Direito Penal Geral Professor: André Estefam Aula: 09 | Data: 06/03/2015 ANOTAÇÃO DE AULA SUMÁRIO Causas Extintivas da Punibilidade 1. Perdão Constitucional 2. Abolitio Criminis 3. Renúncia, decadência, perempção e perdão aceito 4. Retratação 5. Perdão Judicial 6. Prescrição 7. Prescrição da Pretensão Punitiva Causas Extintivas da Punibilidade 1. Perdão Constitucional Artigo 107, II, CP. Anistia, graça e indulto são as espécies, trata-se de um sistema de freio e contrapeso. A CF impõe uma restrição: são insuscetíveis de anistia e graça os crimes hediondos e equiparados, artigo 5º, XLIII, CF. O STF possui precedente, em 2012 houve um decreto em que era possível aplicar o indulto ao crime de tráfico de drogas, porém foi matéria de ADIN e o STF decidiu que apesar da expressão indulto não estar descrita na CF, há a interpretação de que crimes hediondos e equiparados também são insuscetíveis de indulto. Anistia Graça e Indulto Caráter individual; É de competência do Congresso Nacional; Através de lei; Pode ser concedida antes ou depois do trânsito em julgado; Refere-se a fatos concretos, não atinge um fato abstrato (abolition criminis); Atinge todos os efeitos penais, o agente volta a ser primário. Caráter coletivo; É de Competência do Presidente da República; Através de decreto que pode também ser delegado do presidente para outras autoridades (por exemplo: Procurador Geral da República, artigo 84, CF); Concedidos após o trânsito em julgado ou, pelo menos, se transitou em julgado para a acusação; Refere-se a pessoas que preenchem os requisitos legais; Atinge somente o efeito penal principal. O beneficiário pode recusar o benefício legal? Como regra não, afinal na anistia, graça e indulto o Estado se abdica do direito de punir. Mas há uma situação em que se reconhece possível a recusa: quando se tratar de anistia, graça e indulto condicionados, ou seja, aqueles que impõem condições para a sua aplicação, determinados comportamentos que o beneficiário será obrigado a Página 2 de 5 cumprir, e a partir do instante em que a lei impõe essas condições o beneficiário pode não aceitar cumprir essas condutas. Graça e indulto normalmente extinguem a punibilidade, mas também podem reduzir ou comutar a pena. Quando extinguirem a punibilidade são chamados de graça e indulto total. Quando reduzem ou comutam a pena são chamados de graça ou indulto parcial. 2. Abolitio Criminis Lei que descriminaliza a conduta, artigo 107, III, CP. Se o fato que não é mais considerado crime, as condutas praticadas antes do abolitio criminis será aplicada a extinção da punibilidade, se praticadas depois será fato atípico. 3. Renúncia, decadência, perempção e perdão aceito. Renúncia e decadência têm em comum: - se aplicam a crimes de ação privada; - se aplicam a crimes de ação pública condicionada à representação; - se aplicam antes que haja ação penal. Decadência: se dá no prazo de 6 meses a contar da ciência da autoria. Perempção (artigo 60, CPP) e perdão aceito (deve haver o perdão + o aceite do querelado): - só se aplicam em crime de ação privada; - só ocorrem durante a ação penal. 4. Retratação Nos casos previstos em lei. Causa especial de extinção da punibilidade, somente quando estiver expresso em lei. Como regra, a retratação apenas gera uma redução de pena, mas existem casos em que a retratação extingue a punibilidade: - artigo 143, CP – crimes de calúnia e difamação (injúria ficou de fora); - artigo 342 – falso testemunho etc. É necessário que a retratação ocorra até a sentença! No que se refere aos crimes contra a honra deve ocorrer na sentença que apura a suposta calúnia ou difamação. No falso testemunho a retratação deve ocorrer na sentença do processo do processo originário em que o fato foi cometido. A retratação como causa extintiva da punibilidade tem natureza comunicável? Havendo concurso de pessoas, um só se retratando se comunica aos demais? Artigo 143, CP – não é comunicável, é personalíssimo. Página 3 de 5 Já no falso testemunho prevalece entendimento de que por ser um crime de mão própria comportaria uma forma de concurso de pessoas: a participação. Se a testemunha se retratar beneficia também o partícipe, afinal com a retratação o fato deixa de ser punível. 5. Perdão Judicial Nos casos previstos em lei, causa de extinção de punibilidade especial, somente ocorre em determinados casos. O Estado-juiz abdica de seu direito de punir. São casos de perdão judicial: a) lesão culposa (artigo 129, §8º, CP); b) homicídio culposo (artigo 121, §5º); Esses dois também se aplicam ao CTB (artigos 302, 303). c)injúria (artigo 140, CP); d) tomar refeição em restaurante alojar-se em hotel ou utilizar-se de meio de transporte sem dispor de recursos para efetuar o pagamento (artigo 176, CP); e) registrar filho alheio como próprio (artigo 242); f) subtração de incapazes (artigo 249); g) lei 9.807/99; h) lei 9.013/98; i) lei 12.859/13. Qual a natureza jurídica da sentença concessiva? STJ, súmula 18 – declaratória da extinção da punibilidade. Não vale como titulo executivo na esfera cível. Com o perdão judicial não haverá pena nem reincidência, em todos os casos, está expresso no artigo 120, CP. 6. Prescrição São espécies: 1) prescrição da pretensão punitiva (PPP): ocorre antes do trânsito em julgado, extingue todos os efeitos penais; 2) prescrição da pretensão executória (PPE): ocorre depois do trânsito em julgado, só extingue o efeito penal principal. Crimes imprescritíveis: Infrações que não podem ser atingidas pela prescrição: CF: - racismo, lei 7716/89, artigo 5º, XLII; - ação de grupos armados civis ou militares contra a ordem constitucional ou contra o regime democrático, lei 7170/83, artigo 5º, XLIV. Página 4 de 5 Existe uma tese de que as demais infrações penais sujeitam-se as regras da prescrição, o constituinte teria então aplicado o princípio da prescritibilidade geral. STJ, súmula 415 – artigo 366 do CPP diz que se o réu for citado por edital e não comparecer em juízo e não constituir defensor suspende-se o processo e a prescrição, o legislador não estabeleceu nenhum termo final, pelo CPP ficarão suspensos até data indeterminada. Não seria forma indireta para crime imprescritível? Aplica-se então o artigo 109, do CP para impor um limite para a prescrição obedecendo o princípio da prescritibilidade geral. A suspensão da prescrição tem como limite os prazos do artigo 109 do CP. Súmula 415, STJ: O período de suspensão do prazo prescricional é regulado pelo máximo da pena cominada Tese intermediária: é possível ampliar o rol de infrações imprescritíveis através de Tratados ou Convenções Internacionais. O artigo 5º da CF diz que os direitos fundamentais são colocados sem prejuízo de outros que serão colocados em Tratados ou Convenções. A EC 45/04 disse que o Brasil reconhece a jurisdição do Tribunal Penal Internacional que tem como base o Estatuto de Roma que fala sobre crimes de guerra, de agressão, contra a humanidade (tortura) etc e mencionam que estas infrações são imprescritíveis, desta forma, por força do Estatuto de Roma essas infrações são imprescritíveis no Brasil. 7. Prescrição da Pretensão Punitiva Subdivide-se em: 1) em abstrato: calculada com base na pena máxima cominada. Contagem do prazo: o prazo é obtido em três etapas: a) determina-se o parâmetro – pena máxima; b) confronta-se o parâmetro com a tabela – artigo 109, CP; c) verifica-se aidade do agente (menor de 21 na data do fato e maior de 70 na data da sentença reduz pela metade). Art. 109. A prescrição, antes de transitar em julgado a sentença final, salvo o disposto no § 1o do art. 110 deste Código, regula-se pelo máximo da pena privativa de liberdade cominada ao crime, verificando-se: (Redação dada pela Lei nº 12.234, de 2010). I - em vinte anos, se o máximo da pena é superior a doze; II - em dezesseis anos, se o máximo da pena é superior a oito anos e não excede a doze; III - em doze anos, se o máximo da pena é superior a quatro anos e não excede a oito; Página 5 de 5 IV - em oito anos, se o máximo da pena é superior a dois anos e não excede a quatro; V - em quatro anos, se o máximo da pena é igual a um ano ou, sendo superior, não excede a dois; VI - em 3 (três) anos, se o máximo da pena é inferior a 1 (um) ano (delitos praticados a partir de 06/05/2010, antes disso prescreve em 2 anos). 2) em concreto: calculada com base na pena efetivamente aplicada na sentença.
Compartilhar