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Direio Penal Geral Aula 2 06 Material de Apoio Magistratura

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Magistratura e Ministério Público 
CARREIRAS JURÍDICAS 
Damásio Educacional 
MATERIAL DE APOIO 
 
Disciplina: Penal Parte Geral 
 Professor: Gustavo Junqueira 
Aula: 06 | Data: 27/03/2015 
 
 
 
ANOTAÇÃO DE AULA 
SUMÁRIO 
 
DOLO E CULPA 
1. Dolo 
2. Culpa 
 
 
DOLO E CULPA 
 
1. Dolo 
 
– Características do dolo 
 
1º) Deve ser contemporâneo a conduta 
 
2ª) Deve alcançar todos os elementos do tipo 
Quanto aos elementos normativos, basta o conhecimento leigo. 
 
3ª) A vontade não precisa ser livre para ser vontade 
Zaffaroni busca vencer o problema terminológico distinguindo desejo versus vontade. O desejo seria a vontade 
livre idealizada. No entanto dolo não é consciência e desejo, mas sim consciência e vontade. 
 
 
– Dolo específico ? 
Antes do finalismo o dolo era classificado como genérico ou específico. Específico se exigida especial motivação 
tendência ou finalidade. Genérico se suficiente a vontade de realizar os elementos objetivos do tipo. Com o 
finalismo tal classificação perde sentido, pois dolo será sempre consciência e vontade. A necessidade de especial 
motivação tendência ou finalidade no finalismo não interfere no dolo, consistindo apenas em um elemento 
subjetivo especial do tipo, ou seja, um elemento subjetivo que condiciona a tipicidade. Tendo como critério a 
exigência de tal elemento subjetivo os tipos podem ser classificados como: 
 
a) Ultraintencionais ou De Intenção: É aquele em que o tipo exige um objetivo futuro que está fora da realização 
dos elementos objetivos, como na extorsão mediante sequestro e na associação criminosa. Os delitos 
ultraintencionais podem ser classificados como: 
 
. Delitos de resultado cortado: É aquele em que o autor busca o resultado futuro que está fora do tipo e que 
pode dispensar sua intervenção (a nova conduta é desnecessária), como na extorsão mediante sequestro. 
 
. Delitos mutilados em dois atos: O objetivo do primeiro ato é praticar o segundo. Aqui o resultado depende de 
uma nova conduta, como na associação criminosa. 
 
b) De Tendência: Ensina Welzel que no delito de tendência a ação esta envolvida por um animo específico. Não se 
busca finalidade externa ao tipo ou futura, mas sim que o autor confira à ação um sentido ou tendência subjetiva 
específica no momento em que é praticada (Ex.: Como a tendência lasciva nos crimes sexuais). 
 
 
 
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2. Culpa 
É a quebra do dever geral de cuidado. 
Os deveres de cuidado em regra são culturais, mas podem ser legais como no Código de Trânsito. 
 
1) Previsibilidade 
Partindo da conduta tida como descuidada o resultado deve ser um desdobramento esperado, previsível. Para 
evitar respostas insatisfatórias no alcance da previsibilidade foi adotado o Princípio da Confiança. No direito penal 
permite concluir que aquele que cumpre com seus próprios deveres de cuidado tem o direito de acreditar que 
terceiros também o farão. 
 Exceção: Fica afastada a confiança se no caso concreto foi rompida pela evidência dos fatos. 
 
2) Elementos do fato típico culposo 
 
a) Conduta voluntária 
 
b) Resultado involuntário 
O resultado é elemento necessário (em regra) do crime culposo nos termos do art. 18, II do CP. Para parte da 
doutrina o resultado do crime culposo é um elemento de azar: porque é aleatório e condicionado a relevância 
penal do fato. 
Art. 18, II do CP: Diz-se o crime culposo quando o agente deu causa 
ao resultado por imprudência, negligência, imperícia. 
 
Obs.: Na legislação brasileira, no entanto, é possível encontrar um crime culposo sem resultado: Art. 63, §2º do 
Código de Defesa do Consumidor. 
Art. 63. Omitir dizeres ou sinais ostensivos sobre a nocividade ou 
periculosidade de produtos, nas embalagens, nos invólucros, 
recipientes ou publicidade: 
§ 2° Se o crime é culposo: 
Pena Detenção de um a seis meses ou multa. 
 
c) Nexo de causalidade 
No crime culposo não basta causalidade física, ou seja, exige-se também que o resultado seja aquele que a norma 
de cuidado quis evitar. Trata-se de critério que foi proposto pela doutrina para o crime culposo e que hoje pode 
ser encontrado na imputação objetiva de Roxin (Ex.: Motorista que passa no farol vermelho e atropelar uma 
criança 1 Km depois do farol). 
 
d) Tipicidade 
O tipo culposo em regra é aberto e por isso é excepcional. 
 
 
3) Classificação da culpa 
A culpa pode ser classificada como consciente e inconsciente. 
 
. Culpa consciente ou com previsão 
Se o autor faz a previsão do resultado, mas tem certeza que irá evita-lo. 
 
 
 
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. Culpa inconsciente 
É a culpa clássica se o sujeito sequer fez previsão de um resultado que era previsível. 
 
Obs.: No RCH 39.627, Rogerio Schietti Cruz, j. 2014, o STJ decidiu que a denúncia deve descrever o dolo eventual, 
sob pena de violação do contraditório e da ampla defesa (causa de inépcia da denúncia). 
 
EMENTA 
PENAL E PROCESSUAL PENAL. RECURSO HABEAS CORPUS. ART. 121, 
CAPUT, C⁄C ART. 13, § 2º, b, AMBOS DO CP. HOMICÍDIO. CRIME 
COMISSIVO POR OMISSÃO. CAUSALIDADE. DOLO EVENTUAL. 
DENÚNCIA. INÉPCIA. ILEGALIDADE RECONHECIDA. PROVIMENTO. 1. 
A denúncia, peça acusatória revestida de tecnicalidades 
e formalidades, deve seguir os ditames do art. 41 do Código de 
Processo Penal, de sorte que a atribuição, ao denunciado, da conduta 
criminosa seja clara e precisa, com a descrição de todas as 
suas circunstâncias, a fim de possibilitar a desembaraçada 
reação defensiva à acusação apresentada. 2. Na hipótese em apreço, 
a denúncia imputou à recorrente o crime de homicídio doloso, por 
haver - ao deixar de comparecer ao hospital a que fora chamada 
quando se encontrava de sobreaviso - previsto e assumido o risco de 
causar a morte da paciente que aguardava atendimento neurológico. 
No entanto, a exordial acusatória não descreve, de maneira 
devida, qual foi o atendimento médico imediato e especializado que 
a recorrente poderia ter prestado (e que não tenha sido suprido por 
outro profissional) e que pudesse ter evitado a morte da paciente, 
bem como não descreve que circunstância (s) permite (m) inferir que 
tenha ela previsto o resultado morte e a ele anuído. 3. Nas 
imputações pela prática de crime comissivo por omissão, para que se 
configure a materialidade do delito, é imprescindível a descrição da 
conduta (omitida) devida, idônea e suficiente para obstar o dano 
ocorrido. Em crime de homicídio, é mister que se indique o nexo 
normativo entre a conduta omissiva e a morte da vítima, porque só 
se tem por constituída a relação de causalidade se, com lastro em 
elementos empíricos, for possível concluir-se, com alto grau de 
probabilidade, que o resultado não ocorreria se a ação devida (no 
caso vertente, o atendimento imediato pela recorrente) fosse 
realizada. Se tal liame, objetivo e subjetivo, entre a omissão da 
médica e a morte da paciente não foi descrito, a 
denúncia é formalmente inepta, porquanto não é lícito presumir que 
do simples não comparecimento da médica ao hospital na noite em 
que fora chamada para o atendimento emergencial tenha resultado, 
3 (três) dias depois, o óbito da paciente. 4. A seu turno, por ser tênue 
a linha entre o dolo eventual e a culpa consciente, o elemento 
subjetivo que caracteriza o injusto penal deve estar bem indicado em 
dados empíricos constantes dos autos e referidos expressamente na 
denúncia, o que não ocorreu na hipótese aqui analisada, visto que se 
inferiu o dolo eventual a partir da simples afirmação de que "a 
 
 
 
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denunciada deixou de atender a vítima, pouco se importando com a 
ocorrência do resultado morte." 5. Uma vez que se atribuiu à 
recorrente crime doloso contra a vida, a ser julgado perante o 
Tribunal do Júri, com maior razão deve-se garantir a ela o 
contraditórioe a plenitude de defesa, nos termos 
do art. 5º, XXXVIII, a, da Constituição Federal, algo que somente 
se perfaz mediante imputação clara e precisa, ineludivelmente 
ausente na espécie. 6. Recurso ordinário em habeas corpus provido, 
para reconhecer a inépcia formal da denúncia, sem prejuízo de que 
outra peça acusatória seja oferecida, com observância dos ditames 
legais. 
 
4) Concorrência e compensação de culpas 
Ainda que verificada a culpa concorrente não há compensação de culpas em direito penal. 
 
 
5) Formas de quebra do dever de cuidado 
 
. Negligência: É o descuido omissivo, ou seja, o sujeito não toma o cuidado devido. 
Ex.: Deixou de verificar o pneu do carro, que está careca. 
 
. Imprudência: É o descuido comissivo, é o agir descuidado, é o agir temerário. 
Ex.: Dirigiu o carro com o pneu careca. 
 
. Imperícia 
É a falta de aptidão (talento natural) ou conhecimento específico para a profissão arte ou ofício. 
É o sujeito que não tem conhecimento da técnica. 
 
 
Próxima Aula 
Erro de Tipo: O erro de tipo pode ser classificado como essencial ou acidental.

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