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Magistratura e Ministério Público CARREIRAS JURÍDICAS Damásio Educacional Disciplina: Processo Civil Professor: Eduardo Francisco Aula: 08 | Data: 22/05/2015 MATERIAL DE APOIO ANOTAÇÃO DE AULA SUMÁRIO INTERVENÇÃO DE TERCEIROS 1. Intervenções Atípicas 2. Amigo da Corte 3. Intervenção do MP INTERVENÇÃO DE TERCEIROS (art. 50 a 80 do CPC) 1. Intervenções Atípicas – Intervenção do art. 1.698, 2º parte do CC Na ação de alimentos pode ser trazido para o polo passivo o parente de mesmo grau. Como intervir? Quem pode intervir? Até quando pode interver? são regras de efetividade e quanto mais ampla a interpretação melhor. - Para Fredie Didier é uma intervenção “sui generis”. Se baseia no fato da lei não limitar a iniciativa ao autor ou ao réu e não há direito de sub-rogação. Os parentes de mesmo grau são coobrigados, cada um, no limite ou proporção da sua possibilidade. Obs.: Se o alimentando for idoso há solidariedade entre os alimentantes. - Para Humberto Theodoro e Cassio Scarpinella, quando feita pelo réu é mais uma hipótese de Chamamento ao Processo: 1º. O Código Civil como lei federal pode criar mais uma hipótese de Chamamento. 2º. A estrutura do Chamamento não é incompatível, e é adequada, para trazer ao processo os coobrigados. 3º. Nada impede a analogia. Se for por iniciativa do autor será por meio do aditamento da inicial. Pelo princípio da instrumentalidade e da efetividade, como a lei não limitou o momento, é razoável propor que é uma exceção ao artigo 264 do CPC, e até depois do saneador será possível. 2. Amigo da Corte A doutrina diverge sobre a natureza jurídica: 1ª Ideia: É intervenção de terceiros 2ª Ideia: É um auxiliar do juízo, semelhante ao perito. 3ª. Ideia: É instituto “sui generis”. Página 2 de 5 Do ponto de vista fático é uma intervenção de terceiro: Alguém que não era parte passa a postular no processo. No regimento do STF e no Novo CPC consta como intervenção de terceiros. Não se enquadra em nenhuma das intervenções tradicionais do CPC. Sua importância cresce na medida em que aumenta a força dos precedentes no Brasil. Foi introduzido pelo Regimento Interno do STF e regulado expressamente no final da década de 90 na Lei de Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (a doutrina aponta leis anteriores com medidas semelhantes). Após foi introduzido no CPC por meio do art. 482, §3º, na Lei 9.868/99, que trata da Declaração Incidental de Constitucionalidade pelos Tribunais. O amigo da corte também está no CPC nos artigos 543-A, B e C. – Características do amigo da corte 1) O interesse não é na demanda ou ação, o interesse é na tese jurídica que será firmada. 2) Em regra é uma intervenção espontânea, mas pode ser provocada pelo relator, que convida certos órgãos ou entidades. 3) Objeto – O amigo da corte peticiona fornecendo subsídios para o melhor julgamento. Obs.: Não pode ser equiparado ao perito, nem ao MP fiscal da Lei, dos quais se exige a mesma imparcialidade do juiz. 4) Limitações – Não pode recorrer e também não pode fazer sustentação oral. Limitação Temporal: O amigo da corte tem que ingressar antes do início do julgamento, ou seja, quando o relator apresenta o seu relatório e expõe seu voto. Obs1: O STF diz que o amigo da corte não pode recorrer, mas pode oferecer embargos de declaração. Obs2: A decisão que admite o amigo da corte é irrecorrível. Obs3: O amigo da corte pode recorrer da decisão que indefere o seu pedido de ingresso. 5) Finalidade – É pluralização do debate para a legitimação social das decisões. 6) Pode ser amigo da corte qualquer pessoa, natural ou jurídica. Órgãos e entidades também podem ser amigo da corte. 7) Requisitos de admissibilidade: a. Causa relevante. b. Sujeito dotado de conhecimentos técnicos úteis para a decisão, e representado por advogado. c. Efeito multiplicador – É semelhante a Repercussão Geral. Página 3 de 5 Obs.: Na prática, principalmente quando muitos sujeitos pedem o ingresso como amigo da corte os relatores tem restringido usando também critérios típicos do processo coletivo: - Pertinência Temática - Representação adequada (aptidão técnica e econômica para desempenhar a função). 3. Intervenção do MP (art. 81/85 do CPC) O MP sempre é parte no processo, porque participada da relação processual postulando. O MP pode atuar como: a. Parte na ação: Como autor – substituto processual. Também pode ser réu, pois o artigo 188 do CPC diz que o MP tem prazo em quadruplo para contestar e em dobro para recorrer. O MP tem sido réu nas ações rescisórias e também nas ações anulatórias de TAC, embargos a execução do TAC (Promotor não pode receber citação, tem que citar o MP na procuradoria). b. MP Fiscal da Lei: Aqui o MP é parte imparcial, porque só é parte no processo e sempre zela pela correta aplicação da Lei, podendo emitir parecer contrário ao incapaz se de acordo com a lei. – Regra Geral das Intervenções do MP A intervenção do MP deve ser interpretada a partir dos artigos 127 e seguintes da Constituição Federal. Regra geral o MP intervém quando: . Direito Indisponível . Interesse Público (primário) Ou seja, o MP intervém quando houver: - Incapaz (indisponível pela qualidade da parte) - Ações de Estado (indisponível pela natureza do direito material) - Invasões Coletivas (interesse público – o interesse público está na estabilidade, na ordem pública) Obs.: O CPC só fala de invasões coletivas de área rural, mas é pacífico e consta no Novo CPC que prédio urbano também. – Características da Intervenção do MP 1) O MP tem os mesmos direitos e deveres que as demais partes. 2) Intimação pessoal com vista dos autos. 3) Manifesta-se após as partes – Pela lei o MP só deve ser intimado para se manifestar após a resposta do réu e eventual réplica. Também sobre o mérito sua manifestação é após os debates ou memoriais das partes. Obs.: A única hipótese em que o MP se manifesta antes da citação é se houver pedido de liminar inaudita altera parte. Página 4 de 5 4) Pode juntar documentos, requerer diligências e provas, e deve participar das audiências. 5) Quem antecipa o custeio das provas requeridas pelo MP é o autor. 6) Além do parecer sobre o mérito antes da sentença, o MP oferece Parecer Recursal, quando as partes recorrem. 7) Tem legitimidade para recorrer, ainda que o vencido não recorra (Súmula 99 do STJ). STJ, 99. O ministério público tem legitimidade para recorrer no processo em que oficiou como fiscal da lei, ainda que não haja recurso da arte. 8) O prazo recursal é em dobro. 9) Quando obrigatória a intervenção o autor deve requerer sua intimação, e o juiz de ofício deve determiná-la, sob pena de nulidade a partir de quando era necessária a intimação (art. 246, CPC). Trata-se de nulidade absoluta sanável, e para saná-la é indispensável: . A manifestação do MP . A inocorrência de prejuízo ou a possibilidade de reversão do prejuízo . A última palavra é do poder judiciário Art. 246, CPC. É nulo o processo, quando o Ministério Público não for intimado a acompanhar o feito em que deva intervir. Parágrafo único. Se o processo tiver corrido, sem conhecimento do Ministério Público, o juiz o anulará a partir do momento em que o órgão devia ter sido intimado. 10) O representante do MP só responde civilmente se agir com dolo ou fraude. 11) O MP pode oferecer exceção de impedimento e suspeição nos processos em que intervém. A doutrina e a jurisprudência divergem sobre a exceção de incompetência relativa – No Novo CPC pode. 12) Recurso Adesivo – Como parte na ação é pacífico que o MP pode interpor recursoadesivo. Como fiscal da Lei Nelson Nery alega que pode, mas Humberto Theodoro e Elpídeo Donizete dizem que não. 13) O MP intervém no: Conflito de competência (ainda que ele mesmo tenha suscitado o conflito). Uniformização de jurisprudência. Julgamento por amostragem. Jurisdição voluntária. Página 5 de 5 Racionalização: O MP não intervém nas ações de: Separação e divórcio – se não houver interesse de incapaz. Usucapião – salvo usucapião coletivo. Inventário e partilha – se não houver interesse de incapaz ou testamento. Obs.: No Mandado de Segurança há divergência. A lei do MS determina a intervenção, mas não haverá intervenção do MO quando for interesse patrimonial de parte capaz. Obs.: O MP tem legitimidade ativa para rescisória: 1º. Quando foi parte na ação principal. 2º. Se houve colusão entre as partes (conluio). 3º. Quando era obrigatória, mas não ouve a sua intervenção. O MP intervirá como fiscal da lei na ação rescisória sempre que na ação principal havia ou era necessária a sua intervenção, bem como se por fato superveniente a rescisória se enquadrar em uma das hipóteses do art. 182, CPC. Ex.: A parte se tornou incapaz.
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