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Direio Processo Civil Aula 15 e 16 Material de Apoio Magistratura

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Magistratura e Ministério Público 
CARREIRAS JURÍDICAS 
Damásio Educacional 
Disciplina: Processo Civil 
 Professor: Eduardo Francisco 
Aulas: 15 e 16 | Data: 23/06/2015 
 
 
MATERIAL DE APOIO 
ANOTAÇÃO DE AULA 
SUMÁRIO 
 
RECURSOS ESPÉCIE 
1. Apelação 
2. Agravo no 1º Grau 
3. Agravo de Instrumento 
4. Embargos Infringentes 
5. Embargos de Declaração 
6. ROC – Recurso Ordinário Constitucional 
7. Recurso Especial e Recurso Extraordinário 
 
EXECUÇÃO 
1. Título Judicial 
2. Título Extrajudicial 
3. Princípios da Execução 
4. Requisitos para Execução 
5. Espécies de Título 
6. Procedimento de Execução 
 
 
RECURSOS ESPÉCIE 
 
1. Apelação (art. 513 a 521 do CPC) 
A apelação em regra tem efeito suspensivo, salvo nos incisos do art. 520, CPC, e outras em leis especiais. Ex.: MS, 
Lei do inquilinato. Mesmo nesses casos o art. 558 do CPC permite a concessão de efeito suspensivo impróprio, 
que pode ser concedido pelo juiz de 1º Grau (art. 518, LACP, JEC), ou pelo relator (Razões, Petição do autor). 
 
 
2. Agravo no 1º Grau (art. 522 a 529, CPC) 
No CPC todas as interlocutórias são agraváveis. A regra é o agravo retido e a exceção é o agravo de instrumento. 
 
No novo CPC, o agravo está no art. 1.015 a 1.020: 
- Não existe agravo retido (eventual decisão sobre questão incidental que não permita agravo poderá ser 
questionada em preliminar na apelação). 
- Só existe agravo de instrumento, que só cabe nas hipóteses taxativas da lei. 
 
O agravo retido em regra é escrito no prazo de 10 dias, endereçado ao juízo “a quo”. 
Excepcionalmente ele será oral e imediato na audiência de instrução (art. 523, CPC). 
 
Sempre que houver urgência: 
- liminar concedida ou não 
- intervenção de terceiros 
- questão de competência 
O agravo será de instrumento. 
 
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Interposto o agravo retido: colhesse as contrarrazões, o juiz exerce o juízo de retratação e mantida a decisão o 
recurso permanece retido até eventual apelação, e só será apreciado se reiterado em preliminar, nas razões ou 
contrarrazões, do contrário é desistência tácita. 
 
 
3. Agravo de Instrumento 
Se processa em instrumento formado por cópias de três tipos: 
 
I. Cópias obrigatórias 
São aquelas exigidas pela Lei: 
- Decisão agravada 
- Certidão de intimação 
- Procurações das partes 
 
II. Cópias facultativas 
Tudo que as partes entenderem que é útil. 
 
III. Cópias Necessárias 
Não são exigidas pela Lei, mas são indispensáveis no caso concreto. 
 
Para o STJ quando falta cópia necessária a aparte deve ser intimada para juntá-la em 5 dias, sob pena de não 
conhecimento. Não se exige autenticação, ou declaração de autenticidade. Quando não existe a peça, basta 
informar no recurso que ela não existe. 
 
O agravo é endereçado ao presidente e interposto direto no Tribunal, exigindo preparo. 
No Tribunal é distribuído imediatamente ao relator que pode proceder nos termos do art. 527 do CPC. 
No agravo não há revisão, nem sustentação oral. 
 
O parágrafo único do art. 527 do CPC considera irrecorrível as decisões do relator que converte o agravo em 
retido e que decide sobre tutela de urgência. Cabe pedido de reconsideração e para o STJ e cabe Mandado de 
Segurança se não couber agravo regimental. 
 
A) Hipóteses 
No CPC atual são cinco as hipóteses de agravo de instrumento (art. 522, CPC): 
- Decisão que não admite a apelação 
- Decisão sobre os efeitos em que a apelação é recebida 
- Contra decisão capaz de causar lesão (urgência) 
- Decisão que julga liquidação de sentença (art. 475-H, CPC) 
- Decisão que julga a impugnação ao cumprimento de sentença, sem extinguir a execução (art. 475-M, §3º, CPC) 
 
B) Pressuposto específico (art. 526, CPC) 
Exige a comunicação do agravo, por cópia ao 1º Grau em três dias, para permitir o juízo de retratação. 
O descumprimento só será analisado se alegado e provado nas contrarrazões. 
 
Obs.: Se houver apelação e agravo pendentes no mesmo processo o agravo tem que ser julgado antes, ainda que 
na mesma sessão. 
 
 
 
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4. Embargos Infringentes (art. 530 a 534 do CPC) 
Foi abolido pelo Novo CPC. 
 
A) Cabimentos 
 
I. Acordão que na apelação, por maioria de votos, reforma sentença de mérito 
 
II. Acordão na rescisória, que por maioria de votos, julga procedente 
 
* Não cabe em Mandado de Segurança e no processo de falência. 
 
B) Procedimento 
 
1 – Exige preparo. 
 
2 – Endereçado ao relator do acordão. 
 
3 – O relator faz o primeiro juízo de admissibilidade: 
- Se negativo cabe agravo interno do CPC 532. 
- Se for aceito será encaminhado para novo relator (de preferência que não tenha participado do acordão). 
 
4 – Será julgado por um colegiado maior, de acordo com o regimento interno. 
 
5 – Sempre que o acordão é julgado por maioria de votos os embargos infringente são necessários para esgotar as 
vias ordinárias. 
 
 
5. Embargos de Declaração (art. 535 a 538, CPC) 
Pelo CPC só cabe no caso de “omissão”, “obscuridade” e “contradição”. 
No juizado especial acrescenta-se a hipótese de “dúvida”. 
No CPC os embargos interrompem o prazo recursal para as partes. 
No juizado apenas suspende os prazos. 
No Novo CPC os embargos estão nos artigos 1.022 a 1.026, e também falou em obscuridade, contradição e 
omissão, mas acrescentou “corrigir erro material”. 
 
A) Procedimento 
 
1 – É isento de preparo. 
 
2 – Endereçado ao juízo de 1º Grau (decidido em 5 dias), ou ao relator se for no Tribunal (decidido na sessão 
seguinte). 
 
3 – Em regra não há contrarrazões, salvo se puder ter efeito modificativo ou infringente. 
 
Se manifestamente protelatório, multa de até 1% do valor do causa. Se os embargos manifestamente 
protelatórios forem reiterados a multa será elevada para até 10% e tem feito impeditivo: enquanto não for 
depositado o valor da multa, a parte não pode usar os demais recursos. 
 
 
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B) Embargos de Declaração para préquestionamento 
Não é protelatório (Súmula 98 do STJ). 
 
STJ, 98. Embargos de declaração manifestados com notório proposito 
de prequestionamento não tem caráter protelatório. 
 
Para o STF basta os embargos de declaração para préquestionamento, ainda que não providos. 
 
Para o STJ não basta os embargos de declaração, eles tem que ser providos. 
Se não providos é necessário Recurso Especial por ofensa ao art. 535 do CPC. 
Provido o RESP o STJ manda o Tribunal local suprir a omissão. 
Suprida a omissão será possível o RESP principal. 
 
Intempestividade ant-tempos: Ocorre quando a parte interpõe o Recurso Especial antes da publicação do acordão 
dos embargos de declaração do adversário. O STF e Novo CPC estão em sentido contrário a esse entendimento. 
 
 
6. ROC – Recurso Ordinário Constitucional (art. 539 e 540, CPC; Novo CPC art. 1.027 e 1028) 
 
A) ROC para o STJ 
 
I. Contra sentença nas ações internacionais 
Ações que tem Estado estrangeiro ou organismo internacional, contra município ou pessoa residente ou 
domiciliada no Brasil – Tramita na justiça federal de 1º Grau, e ao invés da apelação ao TRF cabe ROC para o STJ. É 
um ROC substitutivo da apelação: tem conteúdo, forma, efeitos e procedimento idênticos aos da apelação. 
 
II. Contra decisão denegatória de Mandado de Segurança originário de TJ ou TRF 
 
 
B) ROC para o STF 
 
- Contra decisão denegatória de Mandado de Segurança, Habeas Data, Mandado de Injunção (e HC) originário 
de Tribunal Superior. 
 
Nessas duas últimas hipóteses o ROC é um recurso “secundu eventos litis”, porque só cabe contra decisão 
denegatório. Decisão denegatória para fins de ROC significa o acordão final que não concede o remédio (com 
mérito ou sem mérito). 
 
 
7. Recurso Especial e Recurso Extraordinário (art. 541 e seg. do CPC; Novo CPC art. 1.029 a 1.041) 
 
A) Principais Características ComunsI) Função Política 
Tutelam o direito positivo. 
 
II) Só se discute tese jurídica 
Fatos e provas não são discutidos. 
 
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III) Não tem efeito suspensivo 
Mas admitem cautelar inominada, para obter (Súmulas 634 e 635 do STF). 
 
STJ, 634. Não compete ao supremo tribunal federal conceder medida 
cautelar para dar efeito suspensivo a recurso extraordinário que 
ainda não foi objeto de juízo de admissibilidade na origem. 
 
STJ, 635. Cabe ao presidente do tribunal de origem decidir o pedido 
de medida cautelar em recurso extraordinário ainda pendente do seu 
juízo de admissibilidade. 
 
IV) Possibilidade de julgamento por amostragem 
 
V) Acordão paradigma impeditivo 
 
Pressupostos Genéricos RESP Pressupostos Genéricos do REXT. 
a. Prequestionamento 
b. Decisão de última ou única instância = esgotamento das vias ordinárias 
c. Decisão de Tribunal da justiça comum (TJ/TRF) 
É por isso que no Juizado não cabe RESP, mas cabe 
REXT, que não exige decisão de tribunal 
c. Repercussão geral 
 
 
Repercussão Geral: É a transcendência, ou seja, o interesse da questão ultrapassa o interesse das partes, pela 
relevância política, jurídica, econômica ou social. Há repercussão geral sempre que a decisão recorrida contrariar 
Súmula ou jurisprudência dominante do STF. A repercussão geral é um pressuposto que tem dois aspectos: 
 
Aspecto formal: é uma preliminar obrigatória nas razões recursais (descrevendo a repercussão geral). Nesse 
aspecto formal como preliminar obrigatória pode ser analisada pelo presidente do Tribunal local ou qualquer 
ministro. 
 
Aspecto material: No que se refere ao conteúdo. É a verificação da efetiva relevância da questão, que é 
competência exclusiva do STF: 
a. Para negar repercussão geral – só o plenário por 2/3 dos seus votos. 
b. Para reconhecer basta a decisão de uma Turma por no mínimo 4 votos. 
 
Na discussão sobre repercussão geral admite-se o amigo da corte e dispensa-se a redação de acordão, a súmula 
do julgamento publicado no diário da justiça vale como acordão. Negada a repercussão geral todos os recursos 
pendentes, sobre a mesma tese, não serão admitidos e os recursos futuros baseados na mesma tese ficam 
impedidos. A repercussão geral pode ser analisada por amostragem, e se nas amostras for reconhecida passa-se 
ao julgamento do mérito por acordão paradigma. 
 
 
 
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B) Pressupostos Específicos do Recurso Especial (art. 105, III, CF) 
 
a. Contra acordão que contrariar tratado ou lei federal, ou negar-lhes vigência 
Contrariar é aplicar com interpretação errada. 
Negar vigência é deixar de aplicar a norma. 
Trato é todo instrumento de direito internacional público, inclui compromisso, pacto, convenção e etc. 
Lei federal é toda norma de abrangência nacional, inclui medida provisória, decretos autônomos, lei 
complementar e etc. 
 
b. Decisão que julgar válido ato de governo local contestado em face de lei federal 
Ato de governo é todo ato administrativo, do executivo, legislativo ou judiciário. 
Governo local são os Municípios, Estados e Distrito Federal. 
 
c. Quando a decisão der a lei federal interpretação diferente de outro Tribunal 
Trata-se de diferencia externa, entre Tribunais diferentes. 
A divergência tem que ser atual, isto é o acordão do outro Tribunal usado para mostrar a divergência tem que 
representar o último entendimento de um órgão que ainda é competente para a matéria (do contrário o 
divergência estará superada). Requisitos específicos: 
 
I. Comparação analítica e pontual da divergência 
II. Divergência externa – Tribunais diferentes 
III. Divergência atual 
IV. Prova da existência do acordão paradigma da divergência, por meio de cópia autenticada, certidão, citação de 
repositório oficial de jurisprudência, ou cópia extraída da internet (desde que citada a fonte). 
 
Obs.: Para o STJ a contrariedade a Súmula não permite Recurso Especial com base na alínea “a”. 
 
 
C) Pressupostos Específicos do Recurso Extraordinário (art. 105, CF) 
 
a. Quando a decisão contrariar a Constituição Federal 
Exige-se ofensa direta, incluindo contrarias ou negar vigência à constituição. 
Não se admite o recurso quando a ofensa é indireta ou reflexa. 
 
b. Quando a decisão declarar a inconstitucionalidade de Lei federal ou tratado 
 
c. Quando a decisão julgar válida lei local ou ato de governo local, contestado em face da Constituição Federal 
 
d. Quando a decisão julgar válida lei local contestada em face de lei federal 
 
 
D) Procedimento 
 
1 – Interposto e endereça ao presidente do Tribunal local. 
 
2 – A secretaria colhe as contrarrazões 
 
 
 
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3 – O presidente do Tribunal local faz o juízo de admissibilidade: 
- Se o juiz for negativo, cabe agravo de decisão denegatória do art. 544 do CPC. 
- Se o juiz for positivo, sobe para o STJ ou STF 
 
4 – Ministro relator faz duas coisas: Reexamina a admissibilidade e apresenta um relatório. 
 
5 – Autos vão para o revisor. Após o revisor os autos vão para o colegiado (cabe sustentação oral). 
 
6 – Embargos de Divergência (art. 546, CPC): Quando o acordão diverge de decisão de outro órgão do mesmo 
Tribunal. 
 
 
E) Julgamento por amostragem 
Só vai caber quando houver multiplicidade de recursos com a mesma tese (art. 543-B e 543-C, CPC). 
 
a. Escolha das amostras 
Em regra é o presidente do Tribunal local. Suspende os recursos idênticos no Tribunal. 
Nada impede que excepcionalmente, qualquer ministro do STJ ou STF pode selecionar as amostrar, determinando 
a suspensão dos demais em todo o pais. 
 
b. Incremento do debate 
O relator pode solicitar informações escritas a todos os Tribunais locais. 
Ainda pode admitir ou convidar o “amicus curiae”. 
Colherá o parecer do MP. 
 
c. Julgamento por acordão paradigma 
É irrecorrível. 
Decide as amostras. 
Consolida o entendimento do Tribunal. 
Vai prejudicar os recursos suspensos contra decisão em conformidade com ele. 
 
Gera efeito regressivo, porque os recursos suspensos contra decisão contrária voltam para o Tribunal de origem, 
para retratação: 
- Se o órgão prolator da decisão se retratar, nos termos do paradigma, o recurso fica prejudicado. 
- Se não houver retratação, presentes os demais requisitos, o recurso sobe e o STJ ou STF receberá a decisão 
liminar e monocrática nos termos no paradigma. 
 
O acordão paradigma impedirá recursos futuros contra decisão em conformidade com ele. 
 
Obs.: Depois que o recurso é escolhido como amostra o recorrente não pode desistir. 
 
Obs.: O acordão paradigma é irrecorrível e o entendimento nele firmado só poderá ser revisto em procedimento 
específico que pode ser requerido por alguns legitimados com base no regimento interno e decisões internas. 
 
 
 
 
 
 
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 Agravo contra decisão denegatória de recurso especial ou extraordinário (art. 544 e 545, CPC) 
O objeto de recurso é o reexame da admissibilidade do RESP ou do REXT. 
Esse recurso é um recurso nos próprios autos do recurso denegado (não é mais de instrumento). 
É necessário um agravo para cada recurso denegado. 
Esse agravo é isento de preparo. 
Sempre que for provido automaticamente se analisa o mérito do recurso inicialmente denegado. 
 
Obs.: Todo recurso em regra é decido em colegiado, mas pode ser decidido monocraticamente, nos termos do 
artigo 557 do CPC, e caberá agravo interno em 5 dias. 
 
Obs.: Todo agravo interno visa o reexame colegiado de uma decisão monocrática, feito pelo próprio órgão que 
julgaria o recurso principal do colegiado. 
 
Obs.: Admite-se embargos de declaração contra decisão monocrática, e em princípio ele é julgado pelo próprio 
relator monocraticamente. Mas o STJ permite que o relator transforme os embargos em agravo interno 
submetendo ao colegiado. Isso está previsto também no novo CPC.Pelo artigo 542, §3º do CPC o Recurso Especial ou Extraordinário contra acordão interlocutório em processo de 
conhecimento, cautelar ou de embargos à execução serão retidos e só serão processados se reiterados por 
ocasião do recurso contra decisão final ou em contrarrazões. 
 
 
 
EXECUÇÃO 
 
O termo execução indica ação, processo ou atividade jurisdicional. Qualquer que seja a ideia, sempre visa 
satisfazer o credor, ou em outras palavras, realizar de fato o direito reconhecido no título executivo. Temos dois 
sistemas de execução: 
 
1. Título Judicial 
A regra é o cumprimento de sentença, que normalmente é uma fase executiva no processo sincrético, ou seja, 
basta o requerimento e a intimação. Excepcionalmente o cumprimento de sentença será feito por processo 
autônomo, sendo necessária petição inicial e citação do réu. 
 
O cumprimento de sentença vai exigir processo autônomo quando for sentença de fora do juízo civil (sentença 
penal condenatória transitada em julgada, sentença arbitral, sentença estrangeira homologada pelo STJ). 
 
Excepcionalmente o título judicial será executado de forma tradicional, regulada pelo livro II do CPC (não será 
cumprimento de sentença). Quando for execução contra a Fazenda (art. 730 e 731, CPC), execução de alimentos 
(art. 732 a 735, CPC), execução contra devedor insolvente (art. 748 e seg. do CPC). 
 
 
2. Título Extrajudicial 
Será sempre por meio de um processo de execução tradicional regulado pelo livro II do CPC, e sempre vai exigir 
petição inicial e citação. 
 
 
 
 
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3. Princípios da Execução 
 
I. Princípio do Título 
Não existe execução sem título. 
 
II. Princípio da Autonomia 
A execução exige um processo autônomo: 
- Para título extrajudicial 
- Para execuções específicas 
- Para cumprimento de sentença heterogênea 
 
Esse princípio foi mitigado no cumprimento de sentença por fase. 
 
III. Princípios da Efetividade da Tutela Executiva 
O credor deve receber tudo e exatamente o que é devido. 
 
IV. Princípio da Menor Onerosidade (art. 620 do CPC) 
Inclui o princípio da utilidade: Só permite sacrifícios do devedor se resultar em vantagem ao credor. 
 
V. Princípio da Patrimonialidade 
A execução recai sobre bens e não sobre a pessoa. 
 
VI. Princípio do Contraditório 
Execução tem contraditório, que alguns chamam de contraditório mitigado, pois ele é: 
 
a. Eventual – porque depende da inciativa do devedor. 
 
b. Diferido ou Postergado – porque o juiz primeiro manda cumprir a obrigação. 
 
c. Limitado ou Mitigado – na execução de título judicial, por causa dos limites que decorrem da coisa julgada 
material. 
 
 
4. Requisitos para Execução 
Toda execução exige título executivo e inadimplemento. 
 
Título é o documento ou instrumento ao qual a Lei dá força executiva (taxatividade). 
Deve representar uma obrigação: 
. Certa – quanto ao objeto 
. Liquida – quantificada 
. Exigível – com eficácia atual, porque não está sujeita a condição, termo ou contraprestação pendentes. 
 
Inadimplemento ocorre quando uma obrigação exigível não é satisfeita voluntariamente (é dele que nasce o 
interesse de agir). 
 
 
 
 
 
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5. Espécies de Título 
 
I. Título Judicial (art. 475-N, CPC) 
Em regra será uma sentença cível, penal, estrangeira, arbitral, homologatória de acordo extrajudicial ou 
homologatória de conciliação e transação em juízo. Também é título o formal e a certidão de partilha que encerra 
o processo de inventário. 
 
II. Título Extrajudicial (art. 585, CPC) 
É título extrajudicial a decisão judicial que aprova os honorários do perito, interprete ou tradutor (art. 585, VI, 
CPC). Também é título extrajudicial a certidão da dívida ativa. 
 
São vários os títulos extrajudiciais. É título extrajudicial: 
. TAC – Compromisso de Ajustamento de Conduta. 
. Decisões dos Tribunais de contas, que impõe multa ou impute débitos. 
. Cédula de crédito bancário. 
 
 
6. Procedimento de Execução 
 
I. Cumprimento de Sentença (Livro I do CPC) 
Se for obrigação de fazer ou não fazer segue as regras do art. 461, CPC. 
Se for obrigação de entrega de coisa, vai seguir as regras do art. 461-A, CPC. 
Se for quantia certa é o art. 475-J e seg. do CPC. 
 
Em regra o título executivo tem que expressar uma obrigação liquida. 
 
Exceção: O título judicial pode ser ilíquido, e nesse caso antes de executar será submetido à liquidação de 
sentença. 
 
 Liquidação de Sentença (art. 475-A a 475-H, CPC) 
Há três formas ou espécies de liquidação: 
 
a. Liquidação por cálculo (art. 475-A e 475-B, CPC) 
Em regra o credor elabora a planilha de cálculo. 
Excepcionalmente será pelo contador quando: 
- O credor for beneficiário da assistência judiciária. 
- O juiz desconfiar de erro no cálculo do credor. 
 
b. Liquidação por arbitramento (art. 475-C e 475-D, CPC) 
É feita por meio de perito, que atribui valor a obrigação. 
É cabível quando: 
- A sentença determinar 
- As partes convencionarem 
- A natureza a obrigação exigir 
 
A súmula 344 do STJ diz que não ofende a coisa julgada fazer liquidação de forma diferente da sentença. 
STJ, 344. A liquidação por forma diversa da estabelecida na sentença 
não ofende a coisa julgada. 
 
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c. Liquidação por artigos (art. 475-E, 475-F e 475-G, CPC) 
Quando for necessário alegar e provar fato novo, o limite é o respeito a coisa julgada (não pode mudar o que foi 
decidido). Cria uma fase de conhecimento inteira. 
 
II. Cumprimento de sentença nas obrigações de fazer, não fazer e entrega de coisa (art. 461 a 461-A, CPC) 
Inicia-se de ofício e não cabe impugnação ou outra defesa. 
 
O juiz cita o devedor para cumprir a obrigação no prazo fixado e de ofício impõe multa diária e outros meios de 
coerção e sub-rogação (art. 461, §5º, CPC) – Atipicidade dos meios executivos. 
 
Na obrigação de fazer ou não fazer o juiz pode assegurar o resultado prático equivalente ou a tutela específica. 
Só se converte em perdas e danos se impossível tutela específica ou equivalente, ou então, se o credor pedir. 
 
Quando for obrigação de fazer fungível, cabe meios de sub-rogação e de coerção. Já obrigação infungível só 
coerção. Quando for entrega de coisa a lei não prevê resultado equivalente, ou será tutela específica, ou perdas e 
danos. 
 
 
III. Cumprimento de sentença que impõe obrigação de quantia certa (art. 475-J e seg. do CPC) 
Depende de requerimento do credor. 
Admite impugnação. 
 
Só meios executivos típico, em regra de sub-rogação – Técnica de expropriação. Proferida a sentença 
condenatória e transitada em julgado de ofício o juiz intima o devedor para pagamento voluntário em 15 dias. Se 
não houver o pagamento automaticamente incide a multa de 10% e o processo fica parado e só haverá a fase de 
execução forçada quando o credor requerer a penhora e avaliação de bens, juntando a planilha de cálculo.

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