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Direio Processo Penal Aula 1 07 Material de Apoio Magistratura

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Magistratura e Ministério Público 
CARREIRAS JURÍDICAS 
Damásio Educacional 
MATERIAL DE APOIO 
 
Disciplina: Direito Processual Penal 
 Professor: André Estefam 
Aula: 07 | Data: 31/03/2015 
 
 
ANOTAÇÃO DE AULA 
SUMÁRIO 
 
COMPETÊNCIA 
1. Determinação do juízo competente 
2. Foro por prerrogativa de função 
3. Conexão e Continência 
 
 
COMPETÊNCIA 
 
1. Determinação do juízo competente 
 
1) Juízos com competência distinta 
Com base nas normas de organização judiciária. 
 
2) Juízos com a mesma competência (com base no CPP) 
 
a) Prevenção 
Vem do latim “prae” + “venire”. Juízo prevento é aquele que se antecipou ao demais na realização de algum ato 
processual ou medida relativa ao processo. Ex.: Recebimento da denúncia; Decretação da prisão preventiva ou 
prisão temporária; Interceptação telefônica; Pedido de explicações em juízo nos crimes contra a honra. 
 
b) Distribuição 
Basicamente é um sorteio (em regra feito por meio eletrônico). 
 
 
2. Foro por prerrogativa de função (foro especial) 
Não é uma medida conferida à pessoa, mas sim concedida ao cargo ou função. É competência em razão “ratione 
personae” ou “ratione muneris”. As regras de prerrogativa de função estão definidas na Constituição Federal e 
por terem caráter constitucional merecem interpretação restritiva. 
 
A Constituição Estadual pode conceder foro por prerrogativa de função, desde que haja simetria com as regras 
previstas na Constituição. Ex.: A CE/GO concedeu prerrogativa de função aos delegados de polícia e aos 
secretários de estado, com tudo a CF não concede prerrogativa de função aos delegados federais, mas concede 
aos ministros, portanto a CE/GO só respeita a simetria em relação aos secretários. 
 
Obs.: O legislador ordinário, em princípio, não pode conceder prerrogativa de foro por função. Mas de forma 
indireta pode estabelecer prerrogativa de função concedendo ao cargo em questão o status de Ministro de 
Estado. 
 
 
1) Rito processual (Lei 8.038/90 e 8.658/93) 
Competência originária dos tribunais. Tem defesa preliminar. Restrições ao duplo grau de jurisdição. 
 
 
 
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2) Promotor natural 
A atribuição originária não ficará a cargo do membro do MP que atua em 1ª instância, mas sim do PGJ ou PGR. 
 
3) Local do crime 
Não interfere na fixação do foro especial, que se baseia no lugar em que a autoridade exerce suas funções. 
 
4) Concurso de pessoas 
 
a) Corréu com foro especial + Corréu sem foro especial 
É possível a reunião de processos, mas cabe ao tribunal competente decidir (STF, 704). 
 
STF, 704. Não viola as garantias do juiz natural, da ampla defesa e do 
devido processo legal a atração por continência ou conexão do 
processo do corréu ao foro por prerrogativa de função de um dos 
denunciados. 
 
b) Dois ou mais corréus com foro especial diferentes (ex.: Prefeito e Governador) 
Por estarem previstas na Constituição são improrrogáveis, assim haveria a separação dos processos. Contudo o 
STF entende que é possível a aplicação da Súmula 704 (STF), permitindo a reunião dos processos. 
 
 
5) Crimes dolosos contra a vida X foro especial 
Pela Súmula 721 do STF devemos distinguir entre foro privilegiado previsto na CF ou na CE. 
 
STF, 721. A competência constitucional do tribunal do júri prevalece 
sobre o foro por prerrogativa de função estabelecido exclusivamente 
pela constituição estadual. 
 
a) Foro especial definido pela CF – Será julgado pelo Tribunal respectivo, tem foro especial. 
 
b) Foro especial definido pela CE – Será julgado pelo Júri. 
 
 
6) Momento do Crime X foro especial 
O foro especial somente vigora enquanto o agente estiver no exercício do cargo ou função, pouco importa o 
momento em que o delito foi cometido. 
 
a) Crime cometido depois do exercício de cargo ou função: Não tem prerrogativa de função (STF, 451). 
 
b) Crime cometido antes do exercício de cargo ou função: O processo já existente é encaminhado ao tribunal. 
 
c) Crime cometido durante o exercício de cargo ou função: Tem foro especial enquanto ocupa o cargo ou função. 
 
Obs.: Com o fim do exercício funcional o processo retorna ao juízo competente, sem prerrogativa. 
Não há “perpetuatio jurisdiciones”, ou seja, a competência não se prorroga. 
 
 
 
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Histórico 
- Súmula 394 do STF, determinava a prorrogação da competência pelo foro especial – Foi cancelada em 25.08.99. 
 
- Lei 10.628/2002 – Criou o art. 84 do CPP, que determinava: Quando o crime está relacionado ao cargo ou função 
a jurisdição se perpetua. Quando o crime não está relacionado ao cargo ou função o foro especial não subsiste. 
 
- ADIN 2797, julgada procedente em 15.09.2005, considerou a Lei 10.628/2002 inconstitucional. 
 
- Hoje só há prerrogativa de foro enquanto a autoridade exercer o cargo ou função. 
 
 
 
3. Conexão e Continência (art. 76 a 82 do CPP) 
É vínculo processual objetivo ou subjetivo que resulta na reunião de processos. 
 
1) Conexão (art. 76, CPP) 
Sempre teremos dois ou mais fatos delituosos. 
A conexão sempre tem pluralidade de fatos. São modalidades de conexão para a doutrina: 
 
I) Conexão Intersubjetiva 
Por Simultaneidade: Quando duas ou mais pessoas, em duas ou mais infrações, praticadas ao mesmo tempo. 
Por Concurso: Quando duas ou mais pessoas, previamente ajustadas, praticam crimes diverso no tempo ou lugar. 
Por Reciprocidade: Várias pessoas umas contra as outras. 
 
II) Conexão Objetiva ou Material 
Teleológica: Um crime é praticado pata garantir a execução de ouro crime. 
Consequencial: O crime é praticado para garantir a impunidade de outro crime. 
 
 
III) Conexão Instrumental, Probatória ou Processual 
Quando a prova de uma infração puder influenciar na prova de outra infração. Ex.: Crime de furto e receptação. 
 
 
2) Continência 
 
I) Por Cumulação Subjetiva (art. 29, CP) 
Uma infração praticada por duas ou mais pessoas. É o concurso de agente. 
 
II) Por Cumulação Objetiva 
São todos os casos de concurso formal (art. 70, art. 73, §2º, art. 74, §2º, CP). 
 
 
 
 
 
 
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 Critérios de determinação do órgão prevalente (art. 78 do CPP) 
É a chamada “vis attractiva” 
 
a) Justiça Eleitoral X Justiça Comum = Prevalece a Justiça Eleitoral. 
 
b) Júri X Justiça Comum = Prevalece o Júri. 
 
c) Júri X Justiça Eleitoral = Há separação dos processos. 
 
d) Justiça Comum Federal X Justiça Comum Estadual = Prevalece a Justiça Comum Federal (STJ, 122). 
 
STJ, 122. Compete a justiça federal o processo e julgamento unificado 
dos crimes conexos de competência federal e estadual, não se 
aplicando a regra do art. 78, II, "a", do código de processo penal. 
 
e) Órgão de diferente grau de jurisdição = Prevalece o órgão mais graduado. 
 
f) Órgãos da mesma justiça e de mesmo grau de jurisdição = Deve obedecer três critérios: 
1º Critério) Prevalece o juízo do local do crime mais grave (Rec > Det; > pena máx.; > pena mín.) 
2º Critério) Juízo do local do maior número de crimes. 
3º Critério) Prevenção. 
 
Atenção  Se houver concurso material (conexão) ou formal (continência) aplicamos o art. 78 do CPP. Se houver 
crime continuado (conexão) não se aplica o art. 78, mas sim o art. 71 do CPP, aplicando diretamente a prevenção.

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