Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
2016 E.L.O.L Transtorno depressivo maior Definição: um ou mais episódios de síndrome depressiva maior em 2 semanas. Basicamente um cachorro preto. CRITÉRIOS DE DIAGNÓSTICO (CADA UM DEVE ESTAR PRESENTE PROEMINENTEMENTE, A MAIOR PARTE DO DIA E QUASE TODOS OS DIAS POR UM MÍNIMO DE 2 SEMANAS CONSECUTIVAS) ● Humor depressivo (pode ser humor irritável em crianças e adolescentes) ou ● Interesse ou prazer diminuído (anedonia) e ● Perda de peso ou alteração do apetite (redução ou aumento) ● Mudança no sono (insônia ou hipersonia) ● Agitação ou retardo psicomotor ● Fadiga ou apatia ● Sentimento de inutilidade ou culpa ● Concentração e capacidade de tomar decisões diminuídas ● Pensamentos de morte ou ideação suicida, tentativa de suicídio ou um plano específico de suicídio Epidemiologia: No Brasil a prevalência é de 8-12% e está associado a ser mulher, ser solteira e tem pico de prevalência no final da meia-idade (Fonte: http://revista.hupe.uerj.br/detalhe_artigo.asp?id=110). Nos EUA também prevalece mais em mulheres (8-10% contra 3-5% em homens). Estima-se o custo anual de 12 bi para o tratamento, 8 bi para morbidades associadas e 33 bi em trabalho e produtividade perdidos. Fisiopatologia: Etiologia multifatorial: poligênica e ambiental. Parece estar relacionado a alterações nos sistemas serotoninérgicos e noradrenérgicos. O eixo hipotalamo-hipofise- adrenal é hiperativo. Exames de imagem mostram redução hipocampal, possivelmente resultado de maiores índices de cortisol, e alteração da atividade metabólica cerebral do circuito frontoestriatal e cortex cingulado anterior. Estudos de psicologia demonstram padrões de pensamento negativo, com distorções dos pensamentos sobre si mesmo, sobre o futuro e sobre o ambiente. Má qualidade ou ausência de relações sociais e eventos de vida estressantes, particularmente eventos como mortes, separações, provas de clínica médica de grande dificuldade ou comprometimento funcional estão fortemente associados à depressão. Clínica: Sintomas podem ser classificados em alterações do humor, ideação e neurovegetativo. Nem sempre o humor depressivo está presente, mas deve haver perda de interesse ou prazer em atividades desejadas. Pode haver ainda irritabilidade, ansiedade ou somatização. Embora as formas brandas de depressão na comunidade frequentemente desaparecem espontaneamente dentro de alguns meses sem assistência médica, os pacientes já podem ter tido sintomas persistentes por meses ou anos antes de procurar tratamento. Sinais e Sintomas ● Emocionais ○ Humor depressivo, tristeza, choro 2016 E.L.O.L ○ Irritabilidade (visto em todas as idades, talvez mais comumente em crianças/adolescentes e idosos) ○ Ansiedade ○ Perda de interesses ou prazer (anedonia) ○ Ideacional ○ Inutilidade/baixa autoestima ○ Culpa ○ Desesperança/niilismo ○ Desamparo ○ Pensamentos de morte, suicídio ● Somático/Neurovegetativo ○ Alteração de apetite/peso ○ Alteração no sono ○ Apatia ○ Diminuição da libido ○ Prejuízo da concentração ○ Variação diurna dos sintomas (manhãs – o pior padrão é mais característico) ● Outros ○ Pensamento ruminante (tendência de enfatizar um tema [negativista]) ○ Sintomas somatoformes ou preocupação somática ○ Sintomas psicóticos (delírios negativistas característicos) – define o subtipo ○ “Depressão Maior com Características Psicóticas” Diagnóstico: Pelo menos cinco critérios por duas semanas • Humor deprimido • Desânimo, perda do interesse • Apetite • Sono • Anedonia • Fadiga, perda de energia • Pessimismo • Baixa auto-estima • Concentração prejudicada • Pensamentos de morte ou suicídio • Retardo/agitação psicomotora Diagnóstico diferencial: Transtorno bipolar (com mania) e transtorno esquizoafetivo (com sintomas psicóticos). Pode acompanhar delirium ou demência. Tratamento: três fases (agudo, continuação e manutenção). A combinação com psicoterapia é usada em casos mais graves ou complexos. Psicoterapias podem ser mais benéficas que o tratamento habitual. É mais usada em depressão leve a moderada com predomínio de estressores psicossociais. Envolvimento familiar pode funcionar como adjuvante. 2016 E.L.O.L Tratamento medicamentoso é feito com antidepressivos, úteis em qualquer etapa. Os medicamentos só possuem efeito após 1 a 2 semanas, motivo pelo qual se faz importante acompanhar os pacientes regularmente nos primeiros meses. Seu uso em pacientes com menos de 25 anos parece estar associado a aumento do risco para comportamento suicida. Eletroconvulsoterapia é indicada em casos graves e refratários, incluindo a depressão com características psicóticas. Obs.: Tricíclicos podem ser usados em dor neuropática, tem vários efeitos colaterais e contra indicações. Podem levar a exacerbação de quadro de mania. ISRS tem contra indicações para doenças cardíacas. Escitalopram e citalopram tem menos efeitos colaterais. Sertralina tem mais efeitos extrapiramidais e sexuais. IMAO é do mal. Prognóstico: remissão completa em até 80% dos pacientes. Até 70% pode ter episódios recorrentes e 20% pode apresentar depressão crônica. 2016 E.L.O.L Transtornos de Ansiedade Definição: Condições com predomínio de ansiedade idiopática, geralmente acompanhada de sintomas psicológicos e somáticos. Quando primários não há déficit cognitivo, sintomas depressivos, maníacos ou psicóticos. 2016 E.L.O.L Epidemiologia: Transtorno do panico: 1% Transtorno obsessivo compulsivo: 2%. Transtorno de ansiedade generalizada: 2-3%. Fobias: 10%. Geralmente tem inicio no fim da adolescência até os trinta anos. A maioria é devida a transtornos de humor ou cognitivos, ou secundários a doenças ou drogas. Fisiopatologia: Acionamento inadequado ao sistema de resposta ao estresse, a resposta de “luta ou fuga”. Envolve diversos sistemas cognitivos, motores, neuroendócrinos e autonômicos. Acredita-se que o núcleo central da tonsila desempenha um papel crucial na coordenação da resposta da ansiedade. A tonsila recebe a entrada glutamatérgica excitatória de várias áreas corticais e do tálamo, assim permitindo responder a uma grande variedade de estímulos, incluindo informações sensoriais do mundo exterior, bem como estressores que são processados e reconhecidos por áreas de associação corticais. A tonsila, por sua vez, se projeta para muitas regiões do cérebro que subservem as manifestações clínicas da resposta de ansiedade, em parte por meio de suas projeções diretas para os centros importantes dos sistemas monoaminérgicos: neurônios dopaminérgicos da área tegmental ventral do mesencéfalo, neurônios noradrenérgicos no locus ceruleus e neurônios serotoninérgicos nos núcleos da rafe. A psicologia considera como uma interpretação equivocada e catastrófica de sensações somáticas normais, levando a ativação autonômica com consequente feedback psicológico. Já o TOC pode ter origem em alterações no funcionamento de sistemas frontoestriatais e dos sistemas serotoninérgicos. As obsessões e compulsões podem ser desencadeadas por roteiros neurais que envolvem pensamentos e comportamentos complexos. Parece estar mais relacionado a transtornos do movimento do que a ansiedade primária. Clínica: Ansiedade psíquica e manifestações somáticas. 2016 E.L.O.L Manifestações somáticas comuns de ansiedade ● CARDIORRESPIRATÓRIA ○ Palpitações ○ Dor no peito ○ Dispneia ou sensação de estar sufocado ● GASTROINTESTINAL ○ Dispepsia ○ Náusea ○ Diarreia ○ Inchaço ou dor abdominal ● GENITURINÁRIO ○ Frequência ou urgência urinária ● NEUROLÓGICO/AUTONÔMICO ○ Sudorese ○ Ondas quentes ou frias ○ Tonturas ou pré-síncope ○ Parestesias ○ Tremor ○ Dor de cabeça Ataque de pânico: períodosde cerca de 20 minutos, com ápice aos 10 minutos, em que há sintomas agudos de elevada ansiedade, medo e sintomas somáticos. Transtorno do Pânico Definição: ataques de pânico recorrentes, precipitados por situações estressantes. Sintomas: ● Ansiedade antecipatória em que há sofrimento psíquico contínuo por preocupação com o próximo ataque de oânico ou os efeitos do ataque (e.g. humilhação por sofrer um ataque em público). ● Comportamento de esquiva, ficando longe de fatores desencadeantes conhecidos ou de situações em que ter um ataque de pânico pode ser perigoso ou preocupante (e.g. dirigir, espaços públicos). Pode somar-se a agorafobia (medo angustiante e incapacitante de lugares ou situações das quais escapar poderia ser difícil ou embaraçoso ou da qual a ajuda pode não estar disponível na eventualidade de um ataque de pânico). Focos agorafóbicos: estar sozinho fora de casa, ficar em pontes ou em túneis, viajar de carro ou estar em multidões ou filas. 40 a 50% dos pacientes com transtorno do pânico têm agorafobia. Transtorno Obsessivo-Compulsivo Definição: quadro com obsessões e/ou compulsões recorrentes. Perda de mais de 2 horas por dia. Sintomas: ● Obsessões: pensamentos angustiantes recorrentes que são experimentados como invasivos e inadequados. Para crianças e pacientes crônicos, a sensação é apenas angustiante. 2016 E.L.O.L ● Compulsões: ações físicas ou mentais recorrentes, relacionadas ao conteudo das obsessões ou a regras rígidas que devem ser obedecidas. A maioria dos adultos detecta as compulsões inicialmente como intrusivas e inadequadas ou excessivas. Os pacientes tentam ignorar, suprimir ou neutralizar as obsessões e compulsões, o que leva a grande sofrimento psíquico até cederem. Tipos comuns de obsessões e compulsões no transtorno obsessivo-compulsivo OBSESSÕES ● Agressivo (teme prejudicar a si ou aos outros, proferir obscenidades ou outros atos agressivos indesejáveis; imagens violentas ou horríveis indesejadas) ● Contaminação (preocupações com a sujeira, germes, resíduos ou secreções do corpo, contaminantes ambientais, ou animais/insetos) ● Sexual (preocupações com imagens ou impulsos sexuais indesejados) ● Colecionismo/poupança ● Religioso (escrupulosidade) (preocupações excessivas com sacrilégio, blasfêmia, certo/errado, moralidade) ● Necessidade de simetria/exatidão ● Somático (preocupação excessiva com doença, parte do corpo ou aparência) COMPULSÕES ● Limpeza/lavagem (lavagem das mãos excessiva ou ritualizada, tomar banho, ou outra preparação) ● Verificação (verificação de fechaduras, fogão, aparelhos domésticos; verificação do corpo em relação a obsessões somáticas; verificar se não machuca ou não irá machucar a si ou aos outros) ● Rituais repetitivos (reler ou reescrever; atividades de rotina como passar por uma porta ou levantar de uma cadeira) ● Contar ● Ordenar/arrumar ● Colecionismo/poupança Transtorno de Ansiedade Generalizada Definição: Presença de ansiedade clinicamente significativa e sintomas somáticos associados durante 6 meses ou mais. Não é diagnosticado se a ansiedade é parte de uma ansiedade diagnosticável, humor, ou outro transtorno psiquiátrico, isto é, se for substituído na hierarquia de diagnóstico por outras condições que produzem a ansiedade. Diagnóstico: Por meio de um histórico e exame do estado mental para identificar se os sintomas se encaixam nos transtornos, avaliando a presença de qualquer outro transtorno psiquiátrico que possa ser comorbidade a ansiedade ou mesmo a origem dela. É importante identificar se é primário ou secundário a condição neurológica, medicamentosa, abstinência. Deve ser feita triagem para drogas tóxicas para diagnóstico diferencial. Tratamento: Psicoterapia cognitivo-comportamental, buscando extinguir comportamentos inúteis e reforçar o funcional. Pode ser usada como monoterapia ou concomitante ao tratamento farmacológico. Uso de antidepressivos a longo prazo e ansiolíticos para sintomas agudos. A maioria das classes de antidepressivos, provavelmente com exceção da bupropiona, são úteis para o transtorno do pânico, TEPT, transtorno de ansiedade generalizada e fobia social. Para o TOC, os únicos antidepressivos eficazes são aqueles com forte atividade no sistema 2016 E.L.O.L serotoninérgico, como inibidores seletivos da recaptação de serotonina e também a clomipramina, composto tricíclico. Prognóstico: A maioria das pessoas com transtornos de ansiedade, além do transtorno de estresse agudo transitório ou outros estados de ansiedade dependentes da situação, tendem a ter uma evolução crônica de sintomas oscilantes. Poucos pacientes (≈ 5%) com TOC tem episódios intermitentes alternados com períodos de remissão completa. Mas até 15% dos pacientes com TOC podem ter um agravamento contínuo e progressivo ao longo do tempo. Terapias de manutenção devem ser usadas para pacientes com mais transtornos de ansiedade crônica, embora haja poucas evidências. Fonte: Goldman, Lee, et al. Cecil tratado de medicina interna. No. 616. Elsevier,, 2009.
Compartilhar