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DEPARTAMENTO DE QUÍMICA Prática 8 Determinação dos parâmetros de campo ligante, 10 dq, B’ e β, dos complexos [Co(NH3)6]Cl3 e [Co(NH3)5Cl]Cl2 através do espectro eletrônico. Introdução: A espectroscopia no ultravioleta visível (UVVis) envolve a espectroscopia de fótons, utiliza luz visível, ultravioleta e infravermelho, nessas faixas as moléculas sofrem transições eletrônicas. Os espectros são obtidos inserindo a amostra no caminho optico do aparelho, assim a luz com determinados comprimento de onda passa pela amostra, o espectrofotómetro mede quanto de luz foi absorvida pela amostra. A intensidade da luz antes de passar na amostra é simbolizado por 10 e a intensidade da luz depois de passar pela amostra é simbolizado por 1, a transmitância da amostra é definida pela razão das duas (1/10) e expressa em percentagem de transmitância. Determinada a absorvância de ambos é determinada para o comprimento de onda. São separados em dois tipos: feixe simples e feixe duplo. As amostras geralmente são líquidas, uma cela transparente que não absorve radiação nas faixas de onda usada, chamada de cubeta, é enchido com a amostra líquida, o caminho óptico da amostra é a largura da cubeta. Este material geralmente é feito de vidro, mas para espectroscopia na região do UV são utilizados de quartzo. O espectro é um gráfico da absorbância pelo comprimento de onda. Solventes polares produzem maiores mudanças no espectro do que solventes apolares. As transições dos elétrons tendem a seguir algumas regras de seleção, como a regra de Laporte, onde são permitidas transições em orbitais que possuam centro de simetria. Os orbitais s e d são g e os orbitais p são u, então só são permitidas transições g g e u u. A → → regra da multiplicidade diz que são proibidas transições por diferentes estados de multiplicidade, como por exemplo de um singlete para um duplete. As transições podem ser dd, que ocorre quando um metal forma um complexo com seus ligantes, mudando a energia de seus orbitais, assim seus elétrons podem ir de um orbital d de menor energia para um d de maior energia, isto é o que geralmente gera cor nos complexos metálicos. As transições podem ser também vibrônicas, que são transições que só ocorrem por conta da vibração da molécula, como também de transferência de carga, que são transferência de elétrons entre metal e ligante. Com o espectro e as transições possíveis (espectros das transições similares na teoria) é possível fazer a identificação de um composto por meio desta técnica, e com a lei de LambertBeer podemos determinar a concentração por meio da equação: A = log(I o /I) = e.C.L Na qual A: absorbância, Io: intensidade da luz incidida, I: intensidade da luz transmitida, e: absortividade molar, C: concentração e L: caminho óptico. A partir dos dados de energia entre esses estados excitados e fundamentáis, foram desenvolvidos os diagramas de TanabeSugano, que é utilizado no estudo de complexos octaédricosO estudo de complexos octaédricos também é favorecido, pois como as transições eletrônicas em complexos octaédricos dependem da simetria das moléculas, podese utlizar a espectroscopia na região do UVVis para estudar os parametros envolvidos na simetria e nos efeitos relacionados ao desdobramento dos oritais d. Quando um átomo metálico tem as energias de seus orbitais modificadas ao formar complexos, dizse que os orbitais estão degenerdos. Sendo assim os orbitais d se dividem em dois grupos: t2g, que engloba os orbitais dxz, dyz e dxy, que tem energia menor, e eg, que engloba os orbitais dz2 e dx2y2, com energia maior. O eletron pode transitar entre esses orbitais. Quando um elétron é elevado do nivel t2g para eg, dizse que ele absorveu energia e entrando em estado exitado. O estado excitado tem formula geral 2s+1Xq, onde S= S1+S2+S3.., X pode ser A (Estado unicamente degenerado) ou E (estado duplamente degenerado) ou T (estado triplamente degenerado). A energia envolvida nesta absorção é dada pela quantidade 10Dq. , com esse diagrama podemos saber o número de bandas que apareceram no espectro, os parâmetros de Racah e efeitos neufelauxéticos seram utilizados para isso. Quando o íon metálico encontrase sozinho, a repulsão elétronelétron é maior do que a repulsão dos elétrons no complexo. Isto se deve porque a nuvem eletrônica do metal sofre uma expansão ao formar complexo, logo os elétrons passam a ter uma região maior do espaço para ocupar. Esta expansão da nuvem eletrônica recebe o nome de efeito nefelauxético, que depende do tipo de carga do metal central (k) e do tipo de ligante (h), que estão indicados na tabela 1. Para íon de metal de transição livre podem existir misturas entre estados de energia que podem ser representados pelos parâmetros de Racah, que estão diretamente relacionados às repulsões eletrônicas em um mesmo orbital ou em orbitais diferentes. Os parâmetros de Racah B e C podem ser determinados experimentalmente. O valor este parâmetro no complexo é dado por B’, pois há uma deslocalização dos elétrons quando o metal forma complexos. O efeito nefelauxético, dado por ß , através da equação 1, sendo que B diminui à medida que o grau de deslocalização aumenta. ß =B’/B (Equação 1) O valor de B pode ser calculado também pela equação 2: (1B)=hk (Equação 2) Os valores de h e k podem ser obtidos na tabela 1 e os valores de B na tabela 2: Tabela 1: série neufelauxética para ligantes e metais Ligante h Metal k F 0,8 Mn (II) 0,07 H2O 1,0 V (II) 0,1 NH3 1,4 Cr (III) 0,2 Cl 2,0 Co (III) 0,333 CN 2,1 Mn (IV) 0,5 NO2 1,7 Ni (IV) 0,8 Br 2,3 Pd (IV) 0,7 Tabela 2: Valores de B para íons de metais de transição (em cm1) Metal M2+ M3+ Ti 695 ‐‐‐‐ V 755 861 Cr 810 918 Mn 860 965 Fe 917 1015 Co 971 1065 Ni 1030 1115 Com estes dados podese prever o numero de bandas no espectro visível. Imagem 1: Espectro de luz visível Objetivos: Obter os espectros UVVis das práticas 1 e 3 e calcular seus 10Dq, B’ e e utilizarβ esses dados para comparação entre eles e descobrir qual ligante gera o maior deslocamento, Cl ou NH3 Materiais utilizados: Espátula, balança analítica, balão volumétrico de 100ml, picete com água destilada, cuvete Procedimento: Em uma balançaanalítica foi pesado 0,06687g de hexamincobalto (III) e colocado um balão de 100ml, foi pesado também 0,06260g de pentaminclorocobalto (III) e colocado em outro balão de 100ml, ambos os balões foram completados com água destilada até a marca, após completos os balões foram agitados até total solubilização. Dois cuvetes foram completos com as soluções a cima, um tubo para cada solução. Esses tubos foram colocados no espectrometro de UVVis com o branco já tirado, e foram obtidos os espectros dessas substâncias. Resultados e discussão: Obtevese os espectros UVVis (entre 300 e 800 nm) de soluções 5 mM dos compostos sintetizados nas práticas anteriores (1 e 3) que são [Co(NH3)6]Cl3 e [Co(NH3)5Cl]Cl respectivamente, estes estão representados na Figura 1. Figura 1. Espectros de UVVis dos complexos [Co(NH3)6]Cl3 e [Co(NH3)5Cl]Cl A partir dos espectros, podese obter as bandas de transições e seus respectivos valores que estão melhores representados na tabela 1: Tabela 3: Valores dos comprimentos de onda em nm e cm1 para os complexo da prática 1 ([Co(NH3)6]Cl3 e da prática 3 [Co(NH3)5Cl]Cl: Comprimento de onda nm/cm1 Comprimento de onda nm/cm1 Prática 1 333,200/30.012,0 473,140/21.135,39 Prática 3 354,799/28.184,97 509,213/19.638,15 Os cálculos realizados a fim de converter nm para cm1 foram: ● Prática 1: 1 nm 107 cm 333,200 x x = 3,332 105 cm Convertendo para cm1: 1 / 3,332 105 cm = 30.012,0 cm1 O mesmo foi realizado para o segundo comprimento de onda: 1 nm 107 cm 473,140 x X = 4,7314 105 cm = 21.135,39 cm1 Como o complexo utilizado apresenta 6 elétrons em sua camada de valência (d6), o diagrama de TanabeSugano que será utilizado a fim de determinar os parâmetros de campo ligante (10Dq, B’ e β) será o d6, como ilustrado na figura 2: Figura 2. Diagrama de TanabeSugano para configuração eletrônica d6. Há regras de seleção que determinam se uma transição é permitida ou não, uma das mais importantes regras leva em consideração a multiplicidade de spin, que é dada pela fórmula: 2S +1. O número quântico de spin total, S, é a soma dos spins individuais. Na situação da figura 3, está representado um diagrama para uma configuração eletrônica d6 para um campo forte, spin baixo, para o estado fundamental (t2g), S = s1 + s2 = (+½) + (½) = 0, e portanto, a multiplicidade de spin do estado fundamental é 2S + 1 = 1 (singlete). Para o estado excitado (eg), como não existem elétrons, 2S = 1 (singlete). Então, ambos os estados fundamental e excitado são chamados de estados de singletes. Figura 3. Transição eletrônica do orbital de mais alta energia ocupado (HOMO, t2g) para o orbital de mais alta energia desocupado (LUMO, eg). Considerando a primeira regra de seleção para transições eletrônicas, verificase quais as transições permitidas entre o estado fundamental e os estados de maior energia (que tenham a mesma multiplicidade do estado fundamental). Neste caso, com o auxílio da figura 2, as transições seriam: 1A1g > 1T1g, 1A1g > 1T2g, 1A1g > 1Eg, 1A1g > 1A2g. A fim de promover a determinação dos parâmetros de campo ligante, 10Dq, B’ e β, o valor de B, que é um parâmetros de Racah, foi procurado em uma tabela a fim de encontrar a repulsão eletrônica para Co3+ que é equivalente a 1065. Cálculos para a determinação de 10Dq e B’: ● Prática 1: Razão entre os comprimentos de onda: 30.012,0 / 21.135,39 = 1,42 Com o auxílio de uma régua procurou entre as transições 1T1g e 1T2g qual a posição que apresentava esta mesma proporção. A proporção mais próxima encontrada foi de: 1,425, e a posição no eixo x era de: 34,11 10Dq/B’. A partir do valor do eixo x encontrado, extrapolase uma reta até o eixo y, os valores obtidos foram: Para 1T2g seu valor em y foi: 45,29 E/B’ → E1 Para 1T1g seu valor em y foi: 32,35 E/B’ → E2 Em sumo temos: E1 = 30.012,0 (1A1g → 1T2g) E2 = 21.135,39 (1A1g → 1T1g) Dessa forma B, será: B’ = 662,66 cm1 (E1) B’ = 653,34 cm1 (E2) A média dessas duas medidas é: B’m = 658 cm1 Com esses valores podese calcular o 10Dq: 10Dq = 34,11 * 658 = 22.444,38 cm1 Calculando também o efeito nefelauxético, este efeito mede a extensão da deslocalização da nuvem eletrônica: β = B’/B = 658/1065 = 0,618 ● Prática 3: Razão entre os comprimentos de onda: 28.184,97 / 19.638,15 = 1,435 A proporção mais próxima encontrada foi de: 1,431, e a posição no eixo x era de: 32,941 10Dq/B’. A partir do valor do eixo x encontrado, extrapolase uma reta até o eixo y, os valores obtidos foram: Para 1T2g seu valor em y foi: 42,94 E/B’ → E1 Para 1T1g seu valor em y foi: 25,88 E/B’ → E2 Dessa forma B, será: B’ = 656,38 cm1 (E1) B’ = 758,82 cm1 (E2) A média dessas duas medidas é: B’m = 708,6 cm1 Com esses valores foi possível calcular o 10Dq: 10Dq = 32,941 * 708,6 = 23.341,99 cm1 Calculando também o efeito nefelauxético, este efeito mede a extensão da deslocalização da nuvem eletrônica: β = B’/B = 708,6/1065 = 0,6653 Tabela 4: Parâmetros de campo ligante, 10Dq, B’ e β dos complexos sintetizados na prática 1 e 3. 10Dq B’ β Prática 1 22.444,38 cm1 658 cm1 0,618 Prática 3 23.341,99 cm1 708,6 cm1 0,6653 Os 10Dq são inversamente proporcional ao comprimento de onda, com isso quanto maior o valor de 10Dq menor será seu comprimento de onda, logo a cor varia conforme o comprimento de onda. Essa variação de 10Dq pode ser ocasionada por conta do tipo do metal, sua carga, e seus ligantes, como no caso das práticas analisadas apenas um dos ligantes que se difere de um complexo para o outro, enquanto em um todos os substituintes são amônias, na prática 3 uma das amônias foi substituida por um cloro. Como podemos ver via Tabela 1, o valor do h para a amônia é de 1,4 e no cloro já é de 2,0, com isso seu efeito neufelauxético é maior, causando uma degeneração com maior distância entre os orbitais. Por conta disso temos que o primeiro composto é de cor alaranjada enquanto o terceiro é de cor púrpura. Vemos isso na Figura 1, onde o alaranjado é de um comprimento de onda maior do que o púrpuro, indicando que seu 10Dq é menor do que o da terceira prática, pois o 10Dq é inversamente proporcional ao comprimento de onda, no qual gera coloração. Essa diferença nos valores de 10Dq, B’ e se devem por conta de que o cloro é um β ligante mais forte que a amônia, com isso gera diferença em suas transições eletrônicas, e muda os efeitos gerados pelo ligante (clorro possúi um fraco efeito de ressonância doadorde elétrons). Figura 4. Demonstração das transições permitidas. Conclusão: A partir dos cálculos realizados observase que o valor de 10Dq para o complexo da prática 1 [Co(NH3)6]Cl3 é correspondente a 22.444,38 cm1 e para o complexo da prática 3 [Co(NH3)5Cl]Cl é correspondente a 23.341,99 cm1. Sabese que o valor de 10Dq é inversamente proporcional ao comprimento de onda, logo, podese notar que o espectro UV condiz com o valor de 10Dq. Com esses dados temse que os ligantes têm a seguinte ordem de força do campo ligante NH3 > CO3 > Cl > NO2. Referências: ● Skoog; et al. (2007). Principles of Instrumental Analysis (6ª Ed). Belmont, CA: Thomson Brooks/Cole. pp. 169–173. ● J Mendham; R C Denney; J D Barnes; M J K Thomas. Vogel. Análise Química Quantitativa (6ªEd). ● Shriver & Atikin. Química Inorgânica (4ª Ed)
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