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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CÁLCULO II - PROJETO NEWTON AULA 14 Assunto: Funções diferenciáveis Palavras-chaves: derivadas, derivadas parciais, diferenciabilidade Funções diferenciáveis(continuação) Vimos que, se uma função f(x, y) é diferenciável em (x0, y0), então f admite derivadas parciais em (x0, y0) e tais derivadas parciais são justamente as constantes a e b que aparecem na função erro. Para o que vem a seguir precisamos do conceito de conjunto abertp Conjunto Aberto Um subconjunto A do Rn é chamado de conjunto aberto, se para todo p ∈ A, existe uma bola aberta de centro em p e contida em A Em outras palavras, um subconjunto A do Rn é aberto, se todos os seus pontos são pontos interiores, ou ainda, se A = o A. Exemplo 1 • O conjunto A = { (x, y) ∈ R2; 1 < y < 3} é um conjunto aberto, pois todos os pontos de A são pontos interiores de A. • O conjunto A = { (x, y) ∈ R2; 1 < y ≤ 3} não é um conjunto aberto, pois, por exemplo, o ponto (1, 3 ∈ A) e (1, 3) não é ponto interior de A • O conjunto A = { (x, y) ∈ R2;−1 < x < 1 e − 1 < y < 1} é um conjunto aberto • Toda bola aberta é um conjunto aberto 2 • O conjunto A = { (x, y) ∈ R2;x = y} não é aberto O próximo teorema nos diz que a existência e continuidade das derivadas parciais de um função f é uma condição suficiente para a diferenciabilidade de f Teorema 1 Sejam A ⊂ R2 → R, com A aberto, e (x0, y0) ∈ A As derivadas parciais de f existem em A e são contínuas em (x0, y0) ⇒ 6⇐ f é diferenciável em (x0, y0) Exemplo 2 Vamos usar esse teorema para mostrar que a função f(x, y) = 1 x− y é diferenciável no ponto (1, 2). Com efeito, o domínio de f é o conjunto Df = { (x, y) ∈ R2;x 6= y} 3 Portanto Df é um conjunto aberto. Temos que: ∂f ∂x = 0.(x− y)− 1.1 (x− y)2 = − 1 (x− y)2 ∂f ∂y = 0.(x− y)− 1.(−1) (x− y)2 = 1 (x− y)2 Portanto, as derivadas parciais de f existem em Df e são contínuas em (1, 2). Logo, pelo teorema anterior, f(x, y) é diferenciável em (1, 2). Diremos que uma função f(x, y) é diferenciável em B ⊂ Df se f(x, y) é diferenciável em todos os pontos de B. Se f(x, y) for diferenciável em Df , diremos, simplesmente, que f(x, y) é diferenciável. Sejam f(x, y) uma função e A um subconjunto aberto de Df . Diremos que f(x, y) é de classe C 1 em A se as derivadas parciais de f são contínuas em A. O seguinte corolário é uma consequência do teorema anterior Corolário 1 Sejam f(x, y) uma função e A ⊂ Df , com A aberto. Se f é de classe C1 em A ⇒ 6⇐ f é diferenciável em A Exemplo 3 Consideremos a função f(x, y) = √ x2 + y2. O domínio de f é todo o R2. Já sabemos que f não é diferenciável em (0, 0). Para (x, y) 6= (0, 0), temos: ∂f ∂x = x√ x2 + y2 ∂f ∂y = y√ x2 + y2 Portanto, as derivadas de parciais de f(x, y) existem e são contínuas em R2 − {(0, 0)} que é um conjunto aberto. Assim, f(x, y) é de classe C1 em R2 − {(0, 0)}, logo f(x, y) é diferenciável nesse conjunto. Exemplo 4 Mostremos que a função 4 f(x, y) = x2y2 x2 + y2 se (x, y) 6= (0, 0) 0 se (x, y) = (0, 0) é diferenciável. Vamos mostrar de f é de classe C1 no R2. Para (x, y) 6= (0, 0), temos: ∂f ∂x (x, y) = 2xy2(x2 + y2)− x2y22x (x2 + y2)2 = � ��2x3y2 + 2xy4 −���2x3y2 (x2 + y2)2 = 2xy4 (x2 + y2)2 Calculemos agora ∂f ∂x (0, 0) ∂f ∂x (0, 0) = lim x→0 f(x, 0)− f(0, 0) x− 0 = limx→0 x2.02 x2+02 − 0 x = lim x→0 0 x = 0 Portanto, ∂f ∂x (x, y) = 2xy4 (x2 + y2)2 se (x, y) 6= (0, 0) 0 se (x, y) = (0, 0) Analogamente, ∂f ∂y (x, y) = 2x4y (x2 + y2)2 se (x, y) 6= (0, 0) 0 se (x, y) = (0, 0) Segue da expressão ∂f ∂x (x, y) que essa derivada é contínua em (x, y) 6= (0, 0). Verifiquemos a continuidade de ∂f ∂x (0, 0). Assim, teremos lim (x,y)→(0,0) ∂f ∂x (x, y) = lim (x,y)→(0,0) 2xy4 (x2 + y2)2 = lim (x,y)→(0,0) tende a zero︷︸︸︷ 2x y2 x2 + y2 y2 x2 + y2︸ ︷︷ ︸ limitada = 0 = ∂f ∂x (0, 0) Portanto ∂f ∂x é contínua em (0, 0). Logo ∂f ∂x é contínua em R2. Analogamente, ∂f ∂y é contínua em R2. Logo f é diferenciável em R2, isto é, f é diferenciável. Exemplo 5 Considere a função 5 f(x, y) = (x 2 + y2) sin ( 1 x2 + y2 ) se (x, y) 6= (0, 0) 0 se (x, y) = (0, 0) Essa função é um contra-exemplo para mostrar que a recíproca do corolário e do teorema anterior não são válidas, pois tal função é diferenciável, mas as derivadas parciais de f não são contínuas em (0, 0). Todos os conceitos e resultados, relativos a funções diferenciáveis, vistos até aqui para funções de duas variáveis, são válidos para funções de três ou mais variáveis. Seja f : A ⊂ Rn → R, A é aberto, e p0 ∈ A com p0 = (p1, p2, ..., pn). Escrevamos h = (h1, h2, ..., hn). A função f é diferenciável em p0 se existem a1, a2, ..., an em R tais que lim h→0 f(p0 + h)− f(p0)− n∑ i=1 aihi ||h|| = 0 Se f é diferenciável em p0, então f é contínua em p0 e existem as derivadas parciais de f em p0. Além disso, ai = ∂f ∂xi (p0) Se as derivadas parciais de f existem em A e são contínuas em p0, então f é diferenciável em p0. Dizemos que f é de classe C1 no subconjunto aberto B de Df se as derivadas parciais de f existem e são contínuas em A. Se f é de classe C1 em B, então f é diferenciável em B. Para funções de uma variável as palavras derivável e diferenciável são sinônimos e ambas as referem a existência de derivadas da função. Para funções de várias variáveis essas palavras tem significado diferentes, pois f : A ⊂ Rn → R ser derivável em p0 ∈ A siginifica que f tem derivadas parciais em p0, enquanto que o fato de f ser diferenciável em p0 significa que lim h→0 f(p0 + h)− f(p0)− n∑ i=1 ∂f ∂xi (p0)hi ||h|| = 0 em que h = (h1, h2, ..., hn). E, além disso, sabemos que f é diferenciável em p0 ⇒ 6⇐ f é derivável em p0 6
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