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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CÁLCULO II - PROJETO NEWTON AULA 27 Assunto: Mudança de Variável na Integral Dupla e Coordenadas Polares Palavras-chaves: mudança de variável, integrais duplas, coordenadas polares Mudança de variável na integral dupla(Continuação) Exemplo 1 Calcule ∫ ∫ B cos(x− y) sin(x+ y) dxdy, em que B é o trapézio 1 ≤ x+y ≤ 2, x ≥ 0, y ≥ 0. Resolução: Temos que x+ y = 1⇒ y = −x+ 1 x+ y = 2⇒ y = −x+ 2 Vamos fazer a seguinte mudança de variável { x− y = u x+ y = v Logo, obteremos 2x = u+ v ⇒ x = u 2 + v 2 2y = v − u⇒ y = v 2 − u 2 Portanto, ϕ(u, v) = (u 2 + v 2 , v 2 − u 2 ) Observamos que a função ϕ−1 = (x− y, x+ y) é a inversa da função ϕ. Precisamos agora determinar o conjunto Buv do plano uv que satisfaz B = ϕ(Buv). Por- tanto, tal conjunto também satisfaz ϕ−1(B) = Buv. Assim, para encontrarmos Buv basta determinar a imagem do conjunto B pela função ϕ−1. A imagem da reta x+ y = 1 que implica em y = −x+ 1 será, ϕ−1(x,−x+ 1) = (x− (−x+ 1), x+ (−x+ 1)) = (x+ x− 1, x− x+ 1) = (2x− 1, 1) = (−1, 1) + (2x, 0) = (−1, 1) + x(2, 0) essa é a equação vetorial da reta que passa pelo ponto (−1, 1) e tem a direção do vetor (2, 0). A imagem da reta x+ y = 2 que implica em y = −x+ 2 será, 2 ϕ−1(x,−x+ 2) = (x− (−x+ 2), x+ (−x+ 2)) = (x+ x− 2, x− x+ 2) = (2x− 2, 2) = (−2, 2) + (2x, 0) = (−2, 2) + x(2, 0) essa é a equação vetorial da reta que passa pelo ponto (−2, 2) e tem a direção do vetor (2, 0). A imagem do eixo x(y = 0) será, ϕ( − 1)(x, 0) = (x, x) = (0, 0) + x(1, 1) essa é a equação vetorial da reta que passa pela origem e tem a direção do vetor (1, 1). A imagem do eixo y(x = 0) será, ϕ( − 1)(0, y) = (−y, y) = (0, 0) + y(−1, 1) essa é a equação vetorial da reta que passa pela origem e tem a direção do vetor (−1, 1). Assim, temos a seguinte situação geométrica Portanto, Buv = {(u, v) ∈ R2; 1 ≤ v ≤ 2,−v ≤ u ≤ v} Calculemos o determinante jacobiano de ϕ ∂(x, y) ∂(u, v) = ∣∣∣∣∣∣∣∣∣ ∂x ∂u ∂x ∂v ∂y ∂u ∂y ∂v ∣∣∣∣∣∣∣∣∣ = ∣∣∣∣∣∣∣∣∣ 1 2 1 2 −1 2 1 2 ∣∣∣∣∣∣∣∣∣ = 1 4 + 1 4 = 1 2 Usando agora a fórmula de mudança de variável, temos 3 ∫ ∫ B cos(x− y) sin(x+ y) dxdy = ∫ ∫ Buv cos(x− y) sin(x+ y) ∣∣∣∣∂(x, y)∂(u, v) ∣∣∣∣ dudv = ∫ ∫ Buv cosu sin v 1 2 dudv = 1 2 ∫ ∫ Buv cosu sin v dudv = 1 2 ∫ 2 1 ∫ v −v cosu sin v dudv Vamos calcular separada a integral ∫ v −v cosu sin v du. Assim, ∫ v −v cosu sin v du = 1 sin v ∫ v −v cosu du = 1 sin v [ sin u ]v −v = 1 sin v [sin v − sin(−v)] = 1 sin v [sin v + sin v] = 2 sin v sin v = 2 Portanto, ∫ ∫ B cos(x− y) sin(x+ y) dxdy = 1 2 ∫ 2 1 2 dv = 1 2 [ 2v ]2 1 = 1 2 [2.2− 2.1] = 1 2 [4− 2] = 1 2 .2 = 1 Então, ∫ ∫ B cos(x− y) sin(x+ y) dxdy = 1 Coordenadas Polares Coordenadas polares são pares de números que se destinam a localizar pontos do plano de uma maneira distinta de como é feito para coordenadas cartesianas. As coordenadas polares são determinadas a partir de um ponto O do plano de polo e de um semi-eixo com origem em O, e geralmente desenhado na horizontal, chamado de eixo polar. Todo ponto P do plano fica então determinado pela distância ρ de P a O e pelo ângulo θ entre o eixo polar e o segmento OP . 4 Os números ρ e θ são as coordenadas polares do ponto P e dizemos que o ponto P é dado por (ρ, θ), ou seja, P = (ρ, θ). P = (ρ, θ), em coordenadas polares Convencionamos que os valores positivos de θ correspondem a ângulos medidos no sentido anti-horário e valores negativos correspondem a ângulos medidos no sentido horário. Se P = (ρ, θ) com ρ > 0, então o ponto Q = (−ρ, θ) é aquele que também é representado por (ρ, θ + pi). É possível converter coordenadas polares em coordenadas cartesianas e vice-versa, local- izando o sistema de coordenadas cartesianas sobre o sistema de coordenadas polares, de modo que a origem do primeiro coincida com o polo do segundo, e o semi-eixo positivo do eixo x do primeiro sistema coincida com o eixo polar do segundo sistema. Seja P um ponto do plano de modo que (x, y) são as suas coordenadas cartesianas e (ρ, θ) são as suas coordenadas polares. Assim, { x = ρ cos θ y = ρ sin θ , tan θ = y x ρ = √ x2 + y2 Exemplo 2 1. O conjunto dos pontos do plano dado por {( ρ, pi 3 ) ; ρ ∈ R } é constituído pelos pontos da reta esboçada abaixo. Dizemos então que θ = pi 3 é a equação dessa reta em coordenadas polares. De um modo geral θ = c, com c constante, é a equação de uma reta em coordenadas polares. Para obtermos a equação, em coordenadas cartesianas, da reta dada em coordenadas polares por θ = pi 3 , podemos proceder como segue θ = pi 3 ⇒ tan θ = tan pi 3 ⇒ y x = √ 3 5 Portanto, y = √ 3x 2. O conjunto dos pontos do plano dado por {(2, θ); 0 ≤ θ ≤ 2pi} é constituído pelos pontos da circunferência de centro no polo e raio 2. Dizemos então que ρ = 2 é a equação da circunferência em coordenadas polares. Segue de ρ = √ x2 + y2 que a equação dessa circunferência em coordenadas cartesianas é √ x2 + y2 = 2⇒ x2 + y2 = 4 De um modo geral, a equação ρ = c, c constante, representa a circunferência de centro no polo e raio c. A equação dessa circunferência em coordenadas cartesianas é x2 + y2 = c 3. ρ = θ (espiral) 4. ρ = 2 cos θ Circunferência de centro em (1, 0) e raio 1 Observamos que ρ = √ x2 + y2, logo x = ρ cos θ ⇒ cos θ = x ρ ⇒ cos θ = x√ x2 + y2 Portanto, ρ = 2 cos θ ⇒ √ x2 + y2 = 2 x√ x2 + y2 ⇒ x2 + y2 = 2x ⇒ x2 − 2x+ y2 = 0 ⇒ x2 − 2x+ 1 + y2 = 1 ⇒ (x− 1)2 + y2 = 1 6 5. ρ = 1 + sin θ (Cardióide) 6. ρ = cos 2θ (Rosácea de quatro pétalas) Nosso interesse em coordenadas polares no momento, reside no fato de fazermos mudança de variável na integral dupla ∫ ∫ B f(x, y)dxdy utilizando a função ϕ(θ, ρ) = (ρ cos θ, ρ sin θ). Essa mudança é chamada de mudança de variável para coordenadas polares na integral dupla. Onde { x = ρ cos θ y = ρ sin θ e ∂(x, y) ∂(ρ, θ) = ∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣ ∂x ∂θ ∂x ∂ρ ∂y ∂θ ∂y ∂ρ ∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣ = ∣∣∣∣∣ −ρ sin θ cos θρ cos θ sin θ ∣∣∣∣∣ = −ρ sin2 θ − ρ cos2 θ = −ρ Portanto, ∣∣∣∣∂(x, y)∂(ρ, θ) ∣∣∣∣ = | − ρ| = ρ Exemplo 3 Calcule ∫ ∫ R (3x + 4y2)dA, onde R é a região no semiplano superior limitada pelos círculos x2 + y2 = 1 e x2 + y2 = 4. Resolução: Temos que R = {(x, y) ∈ R2; y ≥ 0, 1 ≤ x2 + y2 ≤ 4} { x = ρ cos θ y = ρ sin θ , dxdy = ρdθdρ 7 Da fórmula de variável para coordenadas polares teremos que ∫ ∫ R f(x, y)dxdy = ∫ ∫ Rθρ f(ρ cos θ, ρ sin θ)ρ dθdρ Assim, ∫ ∫ R (3x+ 4y2)dxdy = ∫ ∫ Rθρ (3ρ cos θ, 4(ρ sin θ)2)ρ dθdρ = ∫ pi 0 ∫ 2 1 (3ρ cos θ, 4ρ2 sin2 θ)ρ dρdθ = ∫ pi 0 ∫ 2 1 (3ρ2 cos θ, 4ρ3 sin2 θ)dρdθ Calculando a integral interna teremos, ∫ 2 1 (3ρ2 cos θ, 4ρ3 sin2 θ)dρ = [ ρ3 cos θ + ρ4 sin2 θ ]2 1 = 23 cos θ + 24 sin2 θ − (13 cos θ + 14 sin2 θ) = 8 cos θ + 16 sin2 θ − cos θ − sin2 θ = 7 cos θ + 15 sin2 θ Portanto, ∫ ∫ R (3x+ 4y2)dxdy = ∫ pi 0 (7 cos θ + 15 sin2 θ)dθ Lembre-se que sin2 θ = 1 2 (1− cos 2θ). Logo, ∫ ∫ R (3x+ 4y2)dxdy = ∫ pi 0 ( 7 cos θ + 15 2 (1− cos 2θ) ) dθ = ∫ pi 0 ( 7 cos θ + 15 2 − 15 2 cos 2θ ) dθ = [ 7 sin θ + 15 2 θ − 15 4 sin 2θ ]pi 0 = 7 sin pi + 15 2 pi − 15 4 2pi − ( 7 sin 0 + 15 2 .0− 15 4 sin 2.0 ) = 15 2 pi 8 Exemplo 4 Determine o volumedo sólido limitado pelo plano z = 0 e pelo parabolóide z = 1− x2 − y2. Resolução: Esse sólido está abaixo do parabolóide e acima do disco x2 + y2 ≤ 1 no plano xy. Seja D = {(x, y) ∈ R2; x2 + y2 ≤ 1} Portanto o volume do sólido é dado por V = ∫ ∫ D (1− x2 − y2) dxdy V = ∫ ∫ D (1− x2 − y2) dxdy = ∫ ∫ Dθρ (1− (ρ cos θ)2 − (ρ sin θ)2)ρ dθdρ = ∫ 2pi 0 ∫ 1 0 (1− ρ2 cos2 θ − ρ2 sin2 θ)ρ dθdρ = ∫ 2pi 0 ∫ 1 0 (1− ρ2)ρ dρdθ = ∫ 2pi 0 ∫ 1 0 (ρ− ρ3)dρdθ Resolvendo a integral mais interna teremos, ∫ 1 0 (ρ− ρ3)dρ = [ ρ2 2 − ρ 4 4 ]1 0 = 1 2 − 1 4 = 1 4 Portanto, V = ∫ 2pi 0 1 4 dθ = 1 4 ∫ 2pi 0 dθ = 1 4 [ θ ]2pi 0 = 1 4 .2pi = pi 2 Exemplo 5 Utilize integral dupla em coordenadas polares para determinar a área da circun- ferência de raio r. 9 Resolução: Consideremos a circunferência de centro na origem e raio r e seja D o disco D = {(x, y) ∈ R2; x2 + y2 ≤ r2} A área do disco D é dada por A = ∫ ∫ D dxdy Fazendo a mudança de variável para coordenadas polares obtemos, A = ∫ ∫ Dθρ ρ dθdρ = ∫ 2pi 0 ∫ r 0 ρ dρdθ Temos que ∫ r 0 ρ dρ = [ ρ2 2 ]r 0 = r2 2 Portanto, A = ∫ 2pi 0 r2 2 dθ = r2 2 ∫ 2pi 0 dθ = r2 2 [ θ ]2pi 0 = r2 2 .2pi = pir2 Exemplo 6 Determine a área delimitada pelo cardióide ρ = 1 + sin θ. Resolução: Precisamos calcular a integral dupla A = ∫ ∫ D dxdy, em que D é a região delimitada pela cardióide ρ = 1 + sin θ. Façamos a mudança para coordenadas polares A = ∫ ∫ D dxdy = ∫ ∫ Dθρ ρ dθdρ = ∫ 2pi 0 ∫ 1+sin θ 0 ρ dρdθ Temos que, 10 ∫ 1+sin θ 0 ρ dρ = [ ρ2 2 ]1+sin θ 0 = 1 2 [ ρ2 ]1+sin θ 0 = 1 2 (1 + sin θ)2 Portanto, A = ∫ 2pi 0 1 2 (1 + sin θ)2dθ = 1 2 ∫ 2pi 0 (1 + sin θ)2dθ = 1 2 ∫ 2pi 0 (1 + 2 sin θ + sin2 θ)dθ = 1 2 ∫ 2pi 0 ( 1 + 2 sin θ + 1 2 (1− cos 2θ) ) dθ = 1 2 ∫ 2pi 0 ( 3 2 + 2 sin θ − 1 2 cos 2θ ) dθ = 1 2 [ 3 2 θ − 2 cos θ − 1 4 sin 2θ ]2pi 0 = 1 2 [ 3 2 2pi − 2 cos 2pi − 1 4 sin 4pi − ( 3 2 .0− 2 cos 0− 1 4 sin 0 )]2pi 0 = 1 2 [3pi − 2− 0− (0− 2− 0)] = 3pi 2 11
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