Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
CÁLCULO I Prof. Edilson Neri Júnior | Prof. André Almeida Aula no 03: Funções Logarítmica, Exponencial e Hiperbólicas Objetivos da Aula • Definir as funções logarítmica, exponencial e hiperbólicas; • Enunciar suas principais propriedades e reconhecer o gráfico dessas funções. A ideia de função está relacionada em estabelecermos uma relação biunívoca entre dois conjuntos, de forma que os elementos do primeiro conjunto tenham uma única correspondência no segundo conjunto. Na aula de hoje, definiremos uma função de uma forma diferente da que estamos acostumados, em que dizemos explicitamente os conjuntos domínio e contradomínio, que é a função logarítmica natural e a partir dela definiremos a função exponencial e as funções hiperbólicas. 1 Função Logarítmica Natural Seja x > 0. Definimos a função logarítmica natural como sendo a função dada pela medida da área abaixo da hipérbole y = 1 t , entre t = 1 e t = x. Graficamente, essa área é dada como abaixo: Figura 1: O Logaritmo Natural de x Então podemos escrever que f : R∗+ → R x 7→ f(x) = ln x = Área abaixo da função g(t) = 1 t entre as retas t = 1 e t = x Durante nosso estudo, definiremos mais precisamente como calcular essa área, contudo a ideia que deve ficar presente em nossas mentes é que a relação que acabamos de definir é uma função, pois a cada 1 Cálculo I Aula no 03 x tomado, temos uma região correspondente a esse x; e a essa região temos um único número real que corresponde a sua área. Por exemplo, para x = 2, temos que o valor de ln 2 é o valor da área da região Figura 2: Região cuja área corresponde a ln 2 Para x = 1 2 , Figura 3: Região cuja área corresponde a ln 1 2 Observação 1. Essa função está bem definida, pois a hipérbole existe em todos os pontos t = x, com x > 0. Observação 2. A princípio, definiremos que se x > 1 então f(x) > 0 e se 0 < x < 1 então f(x) < 0, contudo essa afirmação será provada nas aulas seguintes. Definição 1. Definimos o número e como sendo o número tal que f(e) = ln e = 1. A seguir, enunciaremos algumas propriedades da função logarítmica natural que serão demonstradas nas aulas seguintes: Proposição 1. Sejam a, b > 0, então (i) ln(a.b) = ln a+ ln b; (ii) ln (a b ) = ln a− ln b; (iii) ln(ac) = c ln a, c ∈ R Prof. Edilson Neri | Prof. André Almeida 2 Cálculo I Aula no 03 O Gráfico de f(x) = ln x é: Figura 4: Gráfico da função f(x) = ln x 2 Função Exponencial Natural Observando o gráfico de f(x) = lnx, podemos notar que f é injetora, uma vez que verifica o teste da reta horizontal; e também é sobrejetora, pois Imf = R. Logo, a função logarítmica natural é bijetora e portanto, inversível. Desse modo, podemos definir uma função g : R→ R∗+, denotada por g(x) = exp(x) tal que g(x) = f−1(x). Utilizando as propriedades de função inversa e função composta, temos que f(g(x)) = x, ∀x ∈ R e g(f(x)) = x, ∀x ∈ R∗+ Logo, exp(1) = exp(ln e) = e exp(0) = exp(ln 1) = 1 Se x for qualquer número real, então a propriedade do logaritmo da potência nos dá: ln(ex) = x ln(e) = x. Portanto, exp(x) = ex. Logo, ex = exp(x) Em outras palavras, definimos ex como a função inversa de ln x: ex = y ⇐⇒ ln y = x. (1) Pelas propriedades de função composta: eln x = x x > 0 (2) e ln(ex) = x ∀x. (3) Supondo que as propriedades dos logaritmos são verdadeiras, podemos mostrar o seguinte teorema Prof. Edilson Neri | Prof. André Almeida 3 Cálculo I Aula no 03 Teorema 1. Se x e y forem números reais, então 1. ex+y = ex.ey 2. ex−y = ex ey 3. (ex)y = exy DemonstraçãoDe fato, note que: ln(ex.ey) = ln(ex) + ln(ey) = x+ y = ln(ex+y) Como a função logarítmica natural é injetora, segue que ex.ey = ex+y. Analogamente, ln ( ex ey ) = ln(ex)− ln(ey) = x− y = ln(ex−y) Como a função logarítmica natural é injetora, segue que ex−y = ex ey . Finalmente, temos: ln(exy) = xy. ln(e) = xy = y. ln(ex) = ln((ex)y). Como a função logarítmica natural é injetora, segue que (ex)y = exy. � Agora, utilizando a propriedade gráfica da função inversa, obtemos que o gráfico da função exponencial natural é 3 Funções Logarítmicas e Exponenciais Gerais Definição 2. Se a > 0 e x são números reais, então: ax = (eln a)x = ex ln a. Portanto, definimos ax = ex ln a (4) A função f(x) = ax é chamada função exponencial com base a. Observe que ax é positivo para todo x, pois ex é positivo para todo x. A Definição 2 nos permite estender uma das propriedades de logaritmos. Já sabemos que ln(ax) = x. ln a, logo: ln ax = ln(ex ln a) = x. ln a ∀x ∈ R As propriedades gerais dos expoentes seguem da Definição 2 com as propriedades do expoentes para ex. Prof. Edilson Neri | Prof. André Almeida 4 Cálculo I Aula no 03 Teorema 2. Se x e y forem números reais e a, b > 0, então: 1. ax+y = ax.ay 2. ax−y = ax ay 3. (ax)y = axy 4. (ab)x = ax.bx A demonstração desse resultado decorre do teorema 1. Observação 3. Se a > 1, então ln a > 0, logo ax. ln a > 0, o que mostra que y = ax é crescente. Analogamente, se 0 < a < 1, então ln a < 0 e, portanto, y = ax é decrescente. Definiremos agora a função logarítmica geral. Se a > 0 e a 6= 1, então f(x) = ax é uma função injetora. Sua função inversa é chamada função logarítmica de base a e é denotada por f(x) = loga x. Logo: loga x = y ⇐⇒ ay = x (5) Em particular: loge x = ln x. E as propriedades de lnx se estendem a loga x. 4 Funções Hiperbólicas Nessa seção apresentaremos as funções hiperbólicas, que são funções obtidas por combinação das funções ex e e−x. Elas são: • Função Seno Hiperbólico é a função f : R → R dada por f(x) = senh (x) = e x − e−x 2 . O seu gráfico é Figura 5: Gráfico da Função f(x) = senhx Prof. Edilson Neri | Prof. André Almeida 5 Cálculo I Aula no 03 • Função Cosseno Hiperbólico é a função g : R→ R∗+, dada por g(x) = cosh(x) = ex + e−x 2 , e seu gráfico é: Figura 6: Gráfico da Função f(x) = cosh x A partir dessas duas funções podemos definir as outras que seguem abaixo: • Função Tangente Hiperbólica é a função f : R → (−1, 1) dada por f(x) = tgh (x) = senhx cosh x = ex − e−x ex + e−x , o seu gráfico é o seguinte: Figura 7: Gráfico da Função f(x) = tghx • Função Secante Hiperbólica é a função g(x) = 1 cosh(x) e cujo gráfico é: Prof. Edilson Neri | Prof. André Almeida 6 Cálculo I Aula no 03 Figura 8: Gráfico da Função f(x) = sechx • Função Cossecante Hiperbólica é a função f(x) = 1 senh(x) e cujo gráfico é: Figura 9: Gráfico da Função f(x) = cossechx • Função Cotangente Hiperbólica é a função g(x) = 1 tgh(x) = cosh(x) senhx e cujo gráfico é: Figura 10: Gráfico da Função f(x) = cotghx Vejamos alguns exemplos de cálculos simples: Prof. Edilson Neri | Prof. André Almeida 7 Cálculo I Aula no 03 Exemplo 1. Calcule o valor de (a) senh 0 (b) cosh 0 (c) tgh 1 (d) senh (ln 2) (e) sech 0 (f) cotgh (ln 3) (g) cossech (ln 2) Solução: (a) senh 0 = e0 − e−0 2 = 0 2 = 0 (b) cosh 0 = e0 + e−0 2 = 2 2 = 1 (c) tgh 1 = senh 1 cosh 1 = e1 − e−1 e1 + e−1 = e− e−1 e+ e−1 (d) senh (ln 2) = eln 2 − e− ln 2 2 = 2− ( 1 2 ) 2 = 3 2 2 = 3 4 (e) sech 0 = 1 cosh 0 = 1 1 = 1 (f) cotgh (ln 3) = cosh ln 3 senh ln 3 = eln 3 + e− ln 3 2 eln 3 − e− ln 3 2 = eln 3 + e− ln 3 eln 3 − e− ln 3 = 3 + 1 3 3− 1 3 = 10 3 8 3 = 5 4 (g) cossech (ln 2) = 1 senhx = 2 eln 2 − e− ln 2 = 2 2− 1 2 = 2 3 2 = 4 3 � A utilização das funções hiperbólicas na ciência e na engenharia ocorre sempre que uma entidade como a luz, a velocidade, a eletricidade ou a radioatividade, é gradualmente absorvida ou extinta, sendo esse decaimento representado poresse tipo de função. Uma outra aplicação é o uso do cosseno hiperbólico para descrever a forma de um fio dependurado entre duas hastes, como por exemplo o fio elétrico entre dois postes. Em geral, esse fio assume a forma de uma catenária, que é uma curva cuja equação é y = c+ a cosh ( x a ) . Também podemos utilizar as funções hiperbólicas na descrição das ondas do mar. A velocidade de uma onda aquática com comprimento L se movimentando por uma massa de água com profundidade d é modelada pela função: v = √ gL 2pi tgh ( 2pid L ) onde g é a aceleração da gravidade. A seguir, exibiremos algumas identidades envolvendo as funções hiperbólicas: Proposição 2. Sejam x ∈ R. Então: (i) senh (−x) = −senhx Prof. Edilson Neri | Prof. André Almeida 8 Cálculo I Aula no 03 (ii) cosh(−x) = coshx (iii) cosh2 x− senh2x = 1 (iv) 1− tgh2x = sech2 x (v) senh(x+ y) = senhx cosh y + senh y cosh x (vi) cosh(x+ y) = coshx cosh y + senhxsenh y DemonstraçãoProvaremos os itens (iii) e (iv) e os outros ficam como exercício. (iii) Note que cosh2 x− senh2x = ( ex + e−x 2 )2 − ( ex − e−x 2 )2 = ( e2x + 2exe−x + e−2x 4 ) − ( e2x − 2exe−x + e−2x 4 ) = ��e2x + 2 +�� �e−2x −��e2x + 2−���e−2x 4 = 4 4 = 1 (iv) Observe que 1− tgh2x = 1− senh 2x coshx = cosh2 x− senh2x cosh2 x = 1 cosh2 x = sech2x � Resumo Faça um resumo dos principais resultados vistos nesta aula. Leia mais sobre o conteúdo desta aula nas páginas 48− 53, 55− 62 e no Apêndice G do livro texto. Sugestão de exercícios Resolva os exercícios das páginas 53,54, 64,65,66 e os exercícios do Apêndice G do livro texto. Dica importante Os conceitos de função, função composta e função inversa são necessários para o bom entendimento das funções exponencial e logarítmica. Por isso, se esses conceitos não estão bem firmados em sua mente, relembre a aula 01 e faça os exercícios lá indicados. Prof. Edilson Neri | Prof. André Almeida 9
Compartilhar