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CÁLCULO I Prof. Edilson Neri Júnior | Prof. André Almeida Aula n o 16: Problemas de Otimização Objetivos da Aula • Utilizar o Cálculo Diferencial para resolução de problemas. 1 Problemas de Otimização Nessa aula mostraremos algumas aplicações do cálculo de máximos e mínimos relativos. Exemplo 1. A reação do organismo à administração de um medicamento é frequentemente representada por uma função da forma R(D) = D2 ( C 2 − D 3 ) , onde D é a dose e C (uma constante) é a dose máxima que pode ser administrada. A taxa de variação de R em relação à variável D é chamada sensibilidade. Determine o valor de D para o qual a sensibilidade é máxima. Solução: Note que R'(D) é a função sensibilidade. Logo, denotaremos por S(D) = R′(D), e temos que S = R′(D) = ( CD2 2 − D 3 3 )′ = CD −D2 Agora, derivando a função sensibilidade, temos que S′(D) = C − 2D O ponto crítico de S é quando D = C 2 . Agora, note que S′′(D) = −2 < 0 Logo, pelo Teste da Segunda Derivada temos que D = C 2 é o máximo local de S. � Exemplo 2. Determine dois números x e y tais que a diferença entre eles seja igual 100 e o produto seja o mínimo possível. Solução: Se a diferença entre eles é igual a 100, escrevemos x− y = 100⇒ y = x− 100 Logo, definimos a função f = x.y Note que podemos escrever f(x) = x(x− 100) = x2 − 100x. Sendo assim, vamos achar os pontos críticos da função f . Derivando f , temos que f ′(x) = 2x− 100 Logo, o ponto crítico dessa função é encontrado, fazendo f ′(x) = 0, e logo, descobrimos que x = 50. Calculando a segunda derivada obtemos que f ′′(x) = 2, logo, f ′′(50) = 2 > 0, logo, pelo teste da segunda derivada, x = 50 é um mínimo da função f . Desse modo, temos que y = x − 100 = 50 − 100 = −50. Portanto, os números procurados são 50 e −50. � 1 Cálculo I Aula n o 16 Exemplo 3. O maior constituinte do corpo humano é a água, que é muito eficiente na dissolução de sais minerais, devido ao fato de suas moléculas combinarem com íons dando origem a íons hidratados. A presença de íons de hidrogênio em soluções aquosas (H+ e OH−) é tal que à uma temperatura constante de 25◦C tem-s que [H+][OH−] = 10−14. Para que concentração de H+, a soma [H+] + [OH−] é mínima? Solução: Para facilitar nossos cálculos, utilizaremos as notações x = [H+] e y = [OH−]. Note que essa questão se assemelha a anterior, pois, precisamos determinar um valor para x tal que a soma x + y seja mínima e o produto xy = 10−14. Dessa última igualdade, podemos determinar que y = 10−14 x . Logo, obtemos a função que queremos minimizar, dada por: f(x) = x+ 10−14 x Desse modo, calculamos a derivada de f e temos que f ′(x) = 1− 10 −14 x2 Logo, note que f ′(x) = 0 1− 10 −14 x2 = 0 10−14 x2 = 1 x2 = 10−14 x = 10−7 Agora, note que f ′′(x) = 10−14 x3 e que f ′′(10−7) = 10−14 10−21 = 107 > 0. Então, pelo teste da Segunda Derivada, x = 10−7 é o mínimo da função f . � Exemplo 4. Determine o ponto sobre a reta y = 2x+ 3 que está mais próximo da origem. Solução: Queremos determinar o ponto mais próximo da origem. Isso significa que queremos encontrar o mínimo da função distância entre um ponto da reta y = 2x + 3 e a origem (0, 0). Vamos determinar a função distância. Sabemos que a distância entre dois pontos A(a1, a2) e B(b1, b2) é dada por d(A,B) = √ (a1 − b1)2 + (a2 − b2)2) Para o nosso exemplo, consideraremos A(x, y) um ponto sobre a curva y = 2x + 3 e B(0, 0). Então, podemos escrever a função distância como sendo d(A,B) = √ (x− 0)2 + (y − 0)2 = √ x2 + y2 como y = 2x+ 3, então d(x) = √ x2 + (2x+ 3)2 = √ x2 + 4x2 + 12x+ 9 = √ 5x2 + 12x+ 9 Note que achar os mínimos da função d(x) é o mesmo que encontrar os mínimos da função d2(x). Logo, devemos encontrar o mínimo da função f(x) = 5x2 + 12x+ 9 Prof. Edilson Neri | Prof. André Almeida 2 Cálculo I Aula n o 16 Derivando e calculando os seus pontos críticos, obtemos que f ′(x) = 10x+ 12 Assim, o único ponto crítico de f é x = −6 5 . Note que f ′′(x) = 10 > 0 para todo x ∈ R. Então, pelo teste da segunda derivada, x = −6 5 é mínimo da função f , e portanto, da função d(x). Agora, basta determinarmos o valor de y, que é encontrado substituindo x = −6 5 na equação da reta e obtemos que y = 3 5 . Enfim, o ponto desejado é ( −6 5 , 3 5 ) . � Exemplo 5. Uma lata cilíndrica é feita para receber 1 litro de óleo. Encontre as dimensões que minimizarão o custo do metal para produzir a lata. Solução: Note que para minimizar o custo do metal utilizado na fabricação dessa lata, devemos minimizar a quantidade de metal utilizada na confecção da mesma, ou seja, minimizar a área total da lata. Sabemos da geometria espacial que a área total de um cilindro é dada por A = 2pir2 + 2pirh (1) Como a equação acima depende de r e h, devemos escrever uma em função da outra para que possamos trabalhar com uma única variável. Para isso, note que o volume da lata deve ser de 1L = 1000 cm3 e sabemos que o volume dessa lata é dado por V = pir2h ⇒ 1000 = pir2h Então, podemos escrever h = 1000 pir2 . Dessa forma, a equação (1) pode ser reescrita como A(r) = 2pir2 + 2pir ( 1000 pir2 ) = 2pir2 + 2000 r Agora, para determinar as dimensões da lata que minimizam a área, precisamos encontrar o valor do raio que minimiza. Dessa forma, devemos determinar os pontos críticos de A(r) e determinar o ponto de mínimo relativo, utilizando o Teste da Segunda Derivada. Sendo assim, note que A′(r) = 4pir − 2000 r2 Desse modo, A′(r) = 0 4pir − 2000 r2 = 0 4pir = 2000 r2 r3 = 500 pi r = 3 √ 500 pi Calculando agora A′′(r), temos que A′′(r) = 4pi + 4000 r3 Logo, note que A′′ ( 3 √ 500 pi ) = 4pi + 4000( 3 √ 500 pi )3 = 4pi + 8pi = 12pi > 0 Prof. Edilson Neri | Prof. André Almeida 3 Cálculo I Aula n o 16 Sendo assim, r = 3 √ 500 pi é um mínimo relativo de A(r). Logo, temos que h = 1000 pi.(500pi ) 2 3 = 2 3 √ 500 pi = 2r � Exemplo 6. Certa pessoa que se encontra em A, para atingir C, utilizará na travessia do rio (de 100 metros de largura) um barco com velocidade máxima de 10 km/h; de B a C utilizará uma bicicleta com velocidade máxima de 15 km/h. Determine B para que o tempo gasto no percurso seja o menor possível. Solução: Marcaremos na margem que contém o ponto C, um ponto D como mostra na figura abaixo. E denotaremos por x a distância desse ponto D ao ponto B. Vamos analisar cada parte do trajeto. Note que na primeira parte do trajeto, que será de barco, podemos traça o seguinte triângulo retângulo AD̂B Convertendo 100m = 0, 1 km e denotando por d a distância entre A e B, segue do teorema de Pitágoras que d2 = x2 + (0, 1)2 ⇒ d = √ x2 + (0, 1)2 Utilizando o fato que tempo = distância velocidade temos que o tempo gasto nessa parte do percurso é dado por T1(x) = √ x2 + (0, 1)2 10 (2) Agora, na segunda parte do percurso, temos que a distância percorrida de B até C é dada por 10− x. Logo, o tempo gasto nessa etapa é dado por T2(x) = 10− x 15 (3) Prof. Edilson Neri | Prof. André Almeida 4 Cálculo I Aula n o 16 Utilizando (2) e (3), temos que o tempo gasto no percurso total é dado por T (x) = √ x2 + (0, 1)2 10 + 10− x 15 Agora, determinando os pontos críticos de T , T ′(x) = x 10 √ x2 + (0, 1)2 − 1 15 Dessa forma, fazendo T ′(x) = 0, temos que x 10 √ x2 + (0, 1)2 = 1 15 x = 10 15 √ x2 + (0, 1)2 = 2 3 √ x2 + (0, 1)2 3 2 x = √ x2 + (0, 1)2 9 4 x2 = x2 + (0, 1)2 9 4 x2 − x2 = (0, 1)2 5 4 x2 = (0, 1)2 x2 = 4 5 (0, 1)2 x = √ 4.10−2 5 x = 2.10−1√ 5 = 2 √ 5 5.10 = 2 √5 50 km Convertendo para metros, temos que x = 2 √ 5 50 × 1000 = 40 √ 5m Agora, determinando a função T ′′, notamos que T ′′(x) = 0, 1√ x2 + (0, 1)2 > 0 Logo, pelo Teste da Segunda Derivada, x = 40 √ 5m a direita de D é o ponto que minimiza o tempo do percurso. � Exemplo 7. Um sólido será construído acoplando-se a um cilindro circular reto, de altura h e raio r, uma semiesfera de raio r. Deseja-se que a área da superfície do sólido seja 5pi. Determine r e h para que o volume seja máximo. Solução: Sabemos que o volume do cilindro circular reto é dado por Vc = pir 2h e o volume da semiesfera é dado por Vs = 1 2 Vesfera = 2 3 pir3. Então, o volume do sólido em questão é dado por V = pir2h+ 2 3 pir3 (4) Como argumentamos em exemplos anteriores, vamos escrever a expressão em função de uma variável apenas. Para isso, notemos que a área da superfície desse sólido é de 5pi. Então, como a área total desse Prof. Edilson Neri | Prof. André Almeida 5 Cálculo I Aula n o 16 sólido é a soma da área da superfície da semiesfera, da área lateral do cilindro e a área apenas da sua base inferior, segue que a área total é dada por A = 1 2 4pir2 + 2pirh+ pir2 = 3pir2 + 2pirh Então, isolando o termo h, temos que h = 5− 3r2 2r (5) Assim, podemos reescrever (4) como V (r) = pir2 ( 5− 3r2 2r ) + 2 3 pir3 = 5pi 6 (3r − r3) Dessa forma, V ′(r) = 5pi 6 (3− 3r2) Para encontrar os pontos críticos de V (r), fazemos V ′(r) = 0 5pi 6 (3− 3r2) = 0 3− 3r2 = 0 3r2 = 3 r2 = 1 r = 1 Então o ponto crítico de V é r = 1. Agora, calculando a função V ′′(r) obtemos que V ′′(r) = 5pi 6 (−6r) = −5pir < 0 pois os valores de r são sempre positivos. Logo, pelo Teste da Segunda Derivada, r = 1 é o raio que maximiza o volume. E sendo assim, temos também que h = 5− 3.12 2.1 = 1 � Exemplo 8. Quando um resistor de R ohms é ligado aos terminais de uma bateria com uma força eletro- motriz de E volts e uma resistência interna de r ohms, uma corrente de I ampères atravessa o circuito e dissipa uma potência de P watts, sendo I = E R+ r e P = I2.R. Supondo r constante, qual o valor de R para o qual a potência dissipada seja máxima? Solução: Inicialmente, precisamos determinar a função cujo máximo desejamos encontrar. Utilizando as funções dadas no enunciado da questão, podemos deduzi-la por P = ( E R+ r )2 R = RE2 (R+ r)2 Prof. Edilson Neri | Prof. André Almeida 6 Cálculo I Aula n o 16 Agora, calculando a derivada de P , obtemos que P ′(R) = (RE2)′(R+ r)2 −RE2[(R+ r)2]′ (R+ r)4 = E2(R2 + 2Rr + r2)−RE2[2(R+ r).1]) (R+ r)4 = E2R2 +��� � 2E2Rr + E2r2 − 2E2R2 −����2E2Rr (R+ r)4 = E2(r2 −R2) (R+ r)4 = E2(r −R)(r +R) (R+ r)4 = E2(r −R) (R+ r)3 Agora, observe que o único ponto crítico de P é se R = r, pois para que P ′(R) = 0, temos que obter que E2(r −R) = 0 ⇒ R = r Dessa forma, para confirmar que ponto crítico em questão é um extremo, devemos utilizar um dos testes apresentados na aula anterior. Contudo, nesse exemplo só poderemos utilizar o teste da Primeira Derivada, pois o Teste da Segunda Derivada é inconclusivo. De fato, observe que P ′′(R) = ( E2(r −R) (R+ r)3 )′ = E2 ( (r −R) (R+ r)3 )′ = E2 (r −R)′(R+ r)3 − (r −R)[(R+ r)3]′ (R+ r)6 = E2 −1.(R+ r)3 − (r −R)(3(R+ r)2.1) (R+ r)6 = E2 −R− r − 3r + 3R (R+ r)4 = 2E2(R− r) (R+ r)4 E, desse modo, temos que P ′′(r) = 0. Logo, devemos utilizar o teste da primeira derivada. Agora, observando a função P ′, notamos que E2 > 0, então, os termos que determinarão o sinal de P ′ são R− r e (R+ r)3. Note que o primeiro termo é um polinômio do primeiro grau com variável R e raiz em R = r. E, o segundo é um polinômio do terceiro grau, com variável R e possui raiz em R = −r(note que esse ponto não pertence ao domínio da função P ). Logo, obtemos o seguinte quadro de sinais: Prof. Edilson Neri | Prof. André Almeida 7 Cálculo I Aula n o 16 Logo, pelo teste da primeira derivada, temos que R = r é máximo da função P . � Resumo Faça um resumo dos principais resultados vistos nesta aula. Aprofundando o conteúdo Leia mais sobre o conteúdo desta aula na seção 4.7 do livro texto. Sugestão de exercícios Resolva os exercícios da seção 4.7 do livro texto. Prof. Edilson Neri | Prof. André Almeida 8
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