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CRESS-PR – Conselho Regional de Serviço Social – 11ª
Região – PR
A HISTÓRIA DO SERVIÇO SOCIAL NA HISTÓRIA DO PARANÁ
Autoria: Odaria Battini
Publicação: IV Congresso Paranaense de Assistentes Sociais
Gênese e institucionalização (1944-1959)
A HISTÓRIA DO SERVIÇO SOCIAL NA HISTÓRIA DO PARANÁ
Gênese e institucionalização (1944-1959)
O Serviço Social emerge como profissão no Brasil na década de 1930, determinado pelo capital e
imiscuindo-se nas mediações entre carecimentos e necessidades sociais da classe trabalhadora.
Pautando-se em seu Projeto Ético-político (Borgianni [et al] (org.) 2003), busca respostas às
expressões particulares da questão social, demandando ações subsidiadoras da organização da
cultura e por garantia de direitos.
No Paraná, a particularidade de sua gênese e institucionalização, inscreve-se em três conjunturas
econômico-políticas que moveram a cultura na época (1930-1947;1951-1955;1956-1959), por sua
vez, determinadas pelas conjunturas nacionais e internacionais.
1. Aproximações sobre o Contexto Econômico-Social Paranaense nas Décadas de 1930-1950: notas
introdutórias
A história do Serviço Social no Paraná é caudatária da história do Serviço Social no Brasil surgido na
década de 1930. Emerge da iniciativa particular de setores da burguesia, respaldados pela Igreja
Católica, tendo como referencial o Serviço Social franco-belga e, especialmente na sua
institucionalização, a base funcional-tecnocrática norte-americana.
Sob o ponto de vista da economia, a particularidade desta história no Paraná em sua gênese e
institucionalização, é permeada pelas forças e interesses de uma fração da burguesia ligada à
indústria ervateira e ao comércio da madeira e do aço, em tempos de expansão territorial do Estado,
em transição da economia agro-exportadora para a urbano industrial. Com a emergente classe
trabalhadora, recrudescem as expressões da questão social, as quais se configuram em objetos de
intervenção do assistente social. Aliado a economia toma relevo o pensamento da Igreja renovada.
Emergem as bases organizacionais e doutrinárias do apostolado laico assumindo os trabalhos de
promoção humana e acolhendo as demandas do capital e de uma das suas importantes requisições:
os serviços sociais. Criam-se as bases para a emergência e a institucionalização do Serviço Social
no Paraná. As imbricadas relações “hegemonia do capital– comunitarismo cristão” emantavam
subsumidas demandas do Mercado, da Igreja e do Estado. Este leito histórico sustentador de uma
economia periférica dependente (Padis. 1981), é o solo no qual nasce a profissão do Serviço Social
no Paraná.
1.1. Organização político-administrativa do território paranaense: emergência das políticas
sociais e o lugar privilegiado do Serviço Social
Para fazer face à complexidade cada vez maior do novo contexto nacional e do Paraná, no período
em questão, os governos estaduais passaram a desenvolver estratégias que atendessem às
necessidades que emergiam em todo o Estado e na capital, numa perspectiva modernizadora.
Direção essa assumida na direta relação com a ideologia do governo central de Getúlio Vargas e
cunhada na gestão de Manoel Ribas, interventor e governador, prosseguida na de Moysés Lupion,
estendendo-se no pós 1947, na gestão de Bento Munhoz da Rocha Neto, embora em outra
conjuntura e em outro cenário (Oliveira. 2004). Foi na gestão de Manoel Ribas que as políticas
sociais tomaram relevo desenhando-se possibilidades superadoras da atenção aos trabalhadores,
até então efetivadas pelo sistema protetivo privado, inicialmente familiar e sob a responsabilidade de
segmentos sociais, mormente ligados a Igreja.
Considerando as exigências do capitalismo industrial emergente e sob a égide do Estado Novo,
Manoel Ribas implementou as políticas estatais no Paraná priorizando: a) racionalização e
modernização burocrática; b) infra-estrutura viária, de comunicação e construção de novas rodovias;
c) educação; d) ação governamental na área de ciência e tecnologia; e) fomento a industrialização; f)
colonização com nova política agrária e fundiária, inclusive mantendo a concessão à Cia. de Terras
do Norte do Paraná, em virtude da ascensão de novos interesses cafeeiros no norte do Estado; g)
características gerais do regime com forte repressão política aos esquerdistas e à classe
trabalhadora numa clara posição de combate ao comunismo e controle sobre as comunidades de
imigrantes, orquestradas pelo nacionalismo varguista (Oliveira. 2004. p.26-27).O quadro a seguir
indica conteúdos dessa conjuntura.
Manoel Ribas (Maneco Facão)1932-1945Questão social “caso de polícia”
Início de políticas industrializantes: Klabin; Cimento Portland; Estatização da Ferrovia São Paulo-
Paraná;
Modernização burocrática: controle orçamentário e do funcionalismo com demissões massivas de
pessoal contratado no regime anterior;
Infra-estrutura viária, de comunicação e construção de novas rodovias;
Incremento na Saúde;na Agricultura; Departamento de Estatística; Colégio Estadual, Casa do
Jornaleiro; Departamento Médico-legal; Instituto de Identificação da Polícia Civil;
Ação governamental na área de ciência e tecnologia: Instituto de Biologia e Pesquisas
Tecnológicas do Paraná (bioquímica, agronomia e veterinária);
Colonização com nova política agrária e de colonização fundiária – Política cafeeira (norte) e
pecuária (oeste e Campos Gerais);
Forte repressão política aos esquerdistas, à classe trabalhadora, combate ao comunismo e
controle sobre as comunidades de imigrantes;
Ascensão ao poder via exército – influência de Vargas e do gauchismo;
Criação da LBA – Darcy S. Vargas – Decreto-lei 4.830 de 15 de outubro de 1942 e sua
implantação no PR.
Foi a partir de 1945 que o Paraná experimentou o peso das novas áreas de expansão, mormente
pela influência do café e pela colonização no sudoeste – por catarinenses e gaúchos – sendo a
fração ervateira substituída por novos grupos hegemônicos. Esses grupos caracterizaram-se como
sujeitos coletivos, ativos tanto na economia quanto nas tarefas de direção política no Estado. Nessa
década, o governador Moysés Lupion ampliou a ação do Estado buscando respostas às demandas
sociais que emergiam, criando órgãos específicos na estrutura de governo, para dar cabo às
requisições societárias.
Moysés Lupion 1947-1951 e 1956-1961 
Questão social “caso de política”
Nova territorialização do capital – maior disponibilidade de investimentos externos;
Expansão capitalista mundial: aço (máquinas a vapor, navios, ferrovias). (Oliveira. 2004);
PR – Fração de classe/fortes grupos econômicos (indústria, comércio e exportação), com
vinculação política (no executivo, legislativo e órgãos públicos)PSD/PTB/UDN/PRP – Grupo
Lupion (Salles.2004);
Economia associada:
Grupos de famílias tradicionais (erva mate e madeira) + empresariado emergente + domínio de
imigrantes “capitalistas” (novo patronato);
Ascensão ao poder por meio de recursos técnicos, financeiros e tecnológicos (estradas, aumento
de trabalhadores qualificados) e expansão do mercado consumidor;
Crescimento de cidades e fluxo de imigrantes: trabalho em fazendas de café e manufaturas
urbanas.
Nesse novo cenário são implementadas as políticas sociais, conforme abaixo:
Moysés Lupion 1947-1951 e 1956-1961
Implementação de Políticas Sociais
Criação e Regulamentação do Departamento Estadual da Criança – Decreto 2.517 de junho de
1947;
Criação da Secretaria de Saúde e Assistência Social – Decreto Lei nº 615 de junho de 1947;
Criação do Departamento da Assistência Social – Decreto 2.518/47;
Criação do IPE;
Instituto de Recuperação dos Surdos-Mudos do Paraná;
Criação do SAM (IAM);
Expansão da Política de Educação – formação básica e profissionalizante (Economia Doméstica e
Artes Industriais);1948 – SESC, SESI, SENAI, SENAR;
Federação do Comércio do Estado do Paraná –administração dos serviços sociais de
aprendizagem industrial;
Na continuidade da organização político-administrativa do Estado, o governador Bento Munhoz da
Rocha Neto, intelectual e político, criou bases administrativas e ideológicas para o novo Paraná em
rápida expansão econômica (Oliveira. 2001). As políticas estatais tomaram vulto, entrando em cena a
esfera pública na condução dos destinos econômicos, políticos e sócio-culturais do território
paranaense, traduzindo a noção de um “governo científico e nacional” como espaço de poder.
Conforme Oliveira (2004), as políticas foram: a) territorial, com desmembramento de municípios e
criação de novos; b) fundiária, com centralidade na questão da ocupação da terra; c) de imigração,
com ênfase no assentamento de imigrantes instalando-se as três principais colônias que originaram
cooperativas de produção: Entre Rios, colônia de famílias alemãs, na região de Guarapuava;
Castrolanda, composta por famílias holandesas, instalada no município de Castro e Witmarsum,
integrada por imigrantes menonitas, de origem holandesa e cultura alemã, provenientes do Paraguai;
d) de energia elétrica, com a criação da Companhia Paranaense de Energia Elétrica – COPEL; e) de
transportes, com pavimentação asfáltica em maior escala, iniciando a Rodovia do Café – BR 369 –
para exportação de produtos via Porto de Paranaguá, antes realizada pelo Porto de Santos, sendo
que a malha viária faria também a integração das diversas regiões em torno de uma identidade
territorial, ainda que convergindo para o centro administrativo, a capital; f) Paraná na Federação,
com a inserção de paranaenses em órgãos federais detentores de certo poder econômico e político
na época, bem assim, com estratégias de captação de recursos gerados no Estado, inicialmente
captados por São Paulo, mediante instalação de agências bancárias no interior; g) cultural e
educacional, com a construção do Centro Cívico, Biblioteca Pública, Teatro Guaíra, com a
destinação de auxílios à Universidade do Paraná, à União Paranaense dos Estudantes, à Sociedade
Paranaense de Cultura, esta última para compor a Universidade Católica do Paraná, auxílios para a
criação de Faculdades em Ponta Grossa, para instituições culturais com vistas à preservação da
memória e para fins de pesquisa, criação de parques estaduais – Vila Velha e Lagoa Dourada - e de
monumentos históricos; h) políticas sociais de capacitação e melhores condições de vida aos
habitantes da zona rural, através da criação da Fundação de Assistência ao Trabalhador Rural sob a
responsabilidade das auxiliares rurais, supervisionadas por agrônomos e médicos; a criação dos
Postos de Puericultura para enfrentamento da mortalidade infantil e significativa destinação
orçamentária para a Secretaria de Saúde Pública, incluindo auxílio para a construção do Instituto
Paranaense do Câncer (Oliveira. 2004.p.193-214). Estes investimentos igualmente tinham como
finalidade conquistar visibilidade do Paraná em seu centenário de emancipação política, acontecido
em 1953. Nesse cenário emerge o Serviço Social.
2. Emergência e Institucionalização do Serviço Social no Paraná: primeiras aproximações
No período de 1930-1940, organizava-se no Brasil uma nova cultura orientada para a consolidação
do trabalho livre e substanciada pelo movimento de renovação da Igreja Católica. Colocavam-se
novas exigências calcadas na relação de ajuda aos trabalhadores, com inculcação de valores que
viessem garantir o controle social para a reprodução da força de trabalho para as demandas do
capitalismo emergente. Para isso, leigos intelectuais católicos, orientados pela hierarquia da Igreja,
teceram rede de relações em entidades sociais privadas e nos órgãos públicos estatais e seus
programas governamentais. Por esses meios fluíam estratégias de regulação social, com forte
capilaridade, tanto nas bases quanto na esfera da sociedade política – trabalho, cultura, família,
partidos políticos, assistência social, saúde, educação, formação de quadros – mediando interesses
e finalidades diversos na perspectiva da valorização do capital. Tal movimento se evidenciou no
Paraná, associado diretamente ao poder local, na sua imediata relação com o centro de poder
nacional. (Oliveira.2004). Nesse contexto emerge e se institucionaliza o Serviço Social, na região sul,
compreendendo o período de 1944-1959.
2.1. A Participação do Movimento Leigo na Ação Católica do Paraná: a reação renovadora
da Igreja e a implementação do Serviço Social
Os sujeitos dominantes da época (Oliveira. 2004), com forte visão doutrinária, detinham vínculos
orgânicos institucionais que respaldaram política-jurídica-econômica-administrativa e culturalmente o
processo de gênese e institucionalização do Serviço Social, com o protagonismo do Círculo de
Estudos Bandeirantes, da Juventude Feminina Católica de Curitiba articulada a Congregação das
Filhas do Coração de Maria e da Ação Social do Paraná.
2.1.1. A importância do Círculo de Estudos Bandeirantes
Instituído em 12/09/1929, tinha como finalidade a formação dos seus membros, pautada no
cristianismo autêntico, instrumentalizando-os para a condução da vida intelectual e acadêmica do
Estado nas diversas áreas do conhecimento, tanto na fundação de Faculdades quanto na docência,
nas organizações católicas e no processo de federalização do ensino superior no Estado. Parte dos
sócios militantes teve participação na criação da então Escola de Serviço Social de Curitiba, como
Dona Irene Augusta Teixeira de Freitas e Dr. Bento Munhoz da Rocha Neto., orientados no
comunitarismo cristão. O CEB abrigou a Escola de Serviço Social no período 1945/1949, a qual teve
seu funcionamento iniciado em 27 de maio 1945 e foi a 1ª. Escola no gênero do Estado do Paraná.
2.1.2. A Congregação das Filhas do Coração de Maria: caminho e lócus de sensibilização
para a criação do Serviço Social no Estado do Paraná
A Congregação das Filhas do Coração de Maria foi o lócus de sensibilização para a criação do
Serviço Social no Estado do Paraná. Na década de 1940, responsabilizava-se por serviços
assistenciais e de formação religiosa em escolas e comunidades periféricas, incorporando em seus
quadros pessoas com vocação para atuação em um trabalho de promoção social, tendo como
missão fundar escolas ou instituições de formação de pessoas. Em 1937, chega ao Rio de Janeiro a
Irmã Germaine Marsaud, que funda a Escola de Serviço Social, mantida pelo Instituto Social do RJ,
sob a orientação de Dom Sebastião Leme e de Alceu Amoroso Lima, da qual foi a 1ª diretora. Em
1940 vem a Curitiba, com Stella de Faro, e acerta a qualificação de Irene Teixeira de Freitas no RJ,
então presidente da Juventude Católica Feminina do Estado do Paraná Independente. Incumbe d.
Irene a implementar o processo de formação de futuras assistentes sociais em Curitiba..
2.1.3. – A Juventude Feminina Católica no Estado do Paraná: a manifestação das
protoformas do Serviço Social no Estado
A Juventude Feminina Católica de Curitiba, um dos braços institucionais para viabilizar os princípios
da Igreja Renovada, era constituída por jovens católicas ligadas aos trabalhos assistenciais.
Pautava-se na premissa da necessária formação católica para enfrentamento dos graves problemas
sociais, compreendidos como sendo “…mais de natureza moral e religiosa…” seguindo assim “… as
diretrizes do Santo Padre, que aponta o campo social como meio próprio para a Ação Católica,
idealizando a este “apostolado” dedicar-se inicialmente com o preparo de futuras assistentes sociais
(Ata ASP. 1943). Com essa missão, a JFC concretizou o processo de fundação da Escola de Serviço
Social do Paraná, para o preparo de técnicos qualificados, sob os auspíciosdo Instituto Social do Rio
de Janeiro, constituindo-se nas protoformas do Serviço Social no Paraná. Inicialmente todas as
orientações eram vindas da PUCRJ, por meio de correspondência, para habilitar as jovens
interessadas para a profissão de assistente social. A Escola de Serviço Social de Curitiba teve sua
institucionalização e legalidade com a instalação em 13 de dezembro de 1944, com o início de seu
funcionamento em 27 de maio de 1945.
Na ocasião d. Irene reafirmou o significado do Serviço Social, a necessidade da Escola e dos
diversos campos de aplicação desse serviço. Relatando o que já empreendera, expôs as dificuldades
que ia encontrando e a insuficiência de recursos financeiros pedindo a fundação de uma sociedade
mantenedora da Escola (Ata da Reunião da ASP.13/12/1944). Assim, aliada aos interesses mais
gerais da sociedade curitibana, foi fundada a Ação Social do Paraná que, aliada ao CEB,
capitaneava a organização da cultura sob o ponto de vista intelectual, acadêmico e social. A Ação
Social do Paraná manteve a Escola de Serviço Social por um longo período.
2.1.4. A Ação Social Católica do Paraná: institucionalização e legalidade da Escola de
Serviço Social no Estado do Paraná
A Ação Social do Paraná tinha como pretensão assumir a ação social por meio de programas,
projetos e serviços assistenciais privados, anteriormente à constituição do sistema de proteção social
na esfera pública estatal influenciando ainda, por um largo tempo histórico quando da implementação
das políticas sociais estatais. Possuindo personalidade jurídica, acolheu a Escola de Serviço Social.
Ganhando reconhecimento a Escola obteve contribuições materiais e financeiras do comércio
curitibano e das instituições envolvidas no processo. No período de 1950-1957, funcionou na Cúria
Metropolitana de Curitiba. Articulando-se ao Círculo Operário Católico de Curitiba, responsabilizou-
se pela profissionalização da assistência nas “obras sociais”. Ampliando suas ações e buscando
enraizar o significado sócio-histórico da profissão a Escola obteve o chamamento pelos órgãos
governamentais e não governamentais na implantação de projetos e programas sociais na esfera
pública e privada.
A Escola permaneceu vinculada à Ação Social do Paraná, até 1952. Por esta ocasião e em virtude
da ampliação das suas condições de funcionamento, bem como, da diversidade de requisições
postas aos assistentes sociais que iam se formando, d.Irene solicitou o seu desligamento da Ação
Social do Paraná, afirmando da necessidade de mais autonomia para a atuação institucional-
acadêmica. Em abril de 1953, a Escola passa a ser mantida pela Associação de Educação Familiar e
Social do Paraná. Sob a direção de Irene Teixeira de Freitas, a Escola de Serviço Social em sua
trajetória, foi obtendo sua maturidade, trazendo contribuições para a implementação de ações
sociais e profissionais na esfera das políticas sociais estatais e em outras áreas de atuação.
2.2. Primeiras inserções da Escola de Serviço Social e dos assistentes sociais: perspectiva
acadêmica e implementação de políticas e programas sociais
Com novo vínculo, a Escola alavancou sua atuação no cenário local e nacional, filiando-se a ABESS
– Associação Brasileira de Escolas de Serviço Social. Manifestava-se assim, a sua primeira inserção
no processo organizativo dos assistentes sociais pela via acadêmica e a busca de permanente
aprimoramento profissional. Representantes da Escola participavam nas Sessões de Estudos onde
eram avaliadas as ações operadas e debatidas temáticas que compunham os conteúdos da
formação de assistentes sociais.Deliberava-se sobre a participação docente nos Encontros e
Congressos realizados pelo Comitê Brasileiro da Conferência Internacional de Serviços Sociais –
CBCISS – junto ao qual a Escola mantinha vinculação. Nesta época, marcou sua participação a
criação da Fundação de Assistência ao Trabalhador Rural, com projetos de qualificação de mão de
obra rural, em vista das novas exigências de mercado, com o esgotamento da indústria da erva mate
e da madeira, e a ascensão da cafeicultura. Programas de atenção à família também se faziam
presentes. Novas requisições eram postas para a Escola, em face do desenvolvimento econômico-
social do Estado. Significativa contribuição se deu na implantação do Departamento de Assistência 
Social/ Secretaria da Educação do Estado, Secretaria da Saúde e Secretaria do Trabalho e
Assistência Social.
Simultaneamente a criação destes órgãos e requisitada pelos governadores Bento Munhoz da Rocha
Neto e Moysés Lupion, a Escola abriu estágio para as alunas que se inseriam no mercado de
trabalho ampliando programas, projetos e ações de assistência social em vários campos e esferas de
atuação. A profissão tomava corpo, sendo reconhecida e legitimada socialmente construindo a sua
identidade. Abriam-se campos de atuação no SESC, no SESI e na LBA, também pioneiros na
atuação profissional de assistentes sociais em Curitiba. A Rede Ferroviária Federal incorporava
assistentes sociais em seu quadro de funcionários. Outras inserções da Escola, nos campos de
atuação: criança, família, comunidade, saúde, habitação, educação, empresa, etc.
2.3. O reconhecimento e a incorporação da Escola de Serviço Social à Universidade
Católica do Paraná
O ano de 1954 foi marcado pelo início da construção da sede própria da Escola de Serviço Social
vinculada a Associação de Educação Familiar e Social. Neste mesmo ano, preparava seu processo
de reconhecimento do Curso junto ao MEC o que se deu através do Decreto nº 39.220, em
23/05/1956. Em 1957 muda-se passando a ocupar sua sede própria, incluindo dependências do
Diretório Acadêmico “Caetano Munhoz da Rocha”. Foi formalmente anexada à Universidade Católica
do Paraná, em 14/03/1959 – o 1º Curso a constituir a Universidade, seguido pela Enfermagem,
Filosofia, Direito e Medicina. Em 1969 incorpora-se à Sociedade Paranaense de Cultura,
mantenedora da Universidade Católica do Paraná
Os breves apontamentos sobre a gênese e a institucionalização do Serviço Social no Paraná nos
exortam a desafios: enraizar o projeto ético-político do Serviço Social apreendendo a sua história no
interior dos projetos societários presentes na sociedade paranaense, em seus modos de ser e de se
constitui; encorajar-se para resgatar a sua trajetória no Paraná decifrando o modo pelo qual a
profissão cultiva a cultura, a crítica e a capacidade de formular, recriar e avaliar propostas que
apontem para a progressiva democratização das relações sociais, com vistas ao trabalho
emancipado.

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