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imaginária que os homens fazem de sua relação com suas condições reais de existência. Segundo esse sentido, à ideologia manifesta subjazem fantasmas inconscientes que são "realizações" de desejos inconscientes. Esse significado de ideologia a aproxima do anseio ou da ilusão. Segundo seu matiz político ou ético, as ideologias classificam-se em progressivas (se sustentam valores evolutivos ou revolucionários) ou regressivas (se são reacionárias ou conservadoras). Em geral, em uma sociedade"', a ideologia dominante é aquela que os setores dominantes conseguem produzir e difundir. Para algumas correntes do Institucionalismo, a ideologia é um conceito importante e operacional (Sociopsicanálise*, Análise Institucional *); para outras, carece de interesse, por pertencer ao espaço da representação e não ao das forças (Esquizoanálise *). IMANÊNCIA: para alguns filósofos, este termo designa a interioridade de um ser ao ser de outro. Opõe-se à transcendência. Para o Institucionalismo, expressa a não-separação entre os processos econômicos, políticos, culturais (sociais em sentido amplo), os naturais e os desejantes. Todos eles são 155▲ inerentes, intrínsecos e só separáveis com finalidades semânticas ou pedagógicas. INCONSCIENTE: em um sentido amplo, refere-se a realidades e processos que não são conscientes. O significado psicanalítico designa instâncias, processos, mecanismos, forças e representações, em especial o Complexo de Édipo e o desejo, que são mantidos no espaço psíquico inconsciente pela força ativa do recalcamento, especialmente o recalcamento primário. Algumas correntes institucionalistas compartilham a definição psicanalítica (por exemplo, a Sociopsicanálise). Para outras, o inconsciente é a qualidade de pré-materialidades e processos das mais diversas essências que se gera como espaço no ato mesmo da produção do novo. É um campo histórico que sofre uma repressão político-econômica e libidinal dada pelo horizonte do possível de cada formação social. INFRA-ESTRUTURA: no Materialismo Histórico, ciência da História, da Sociologia e da Economia Política marxistas, denomina-se infra estrutura à instância do todo social na qual se desenvolve o processo de produção, distribuição, apropriação, troca, consumo e desfrute de bens materiais. Esse processo é considerado a base material e condição de existência de toda e qualquer sociedade, operando a reprodução* econômica restrita do modo de produção*. Na versão clássica do Materialismo Histórico, a infra-estrutura determina a superestrutura*. INSTÂNCIAS: no Materialismo Histórico, particularmente na versão de Althusser, denomina-se instância a cada região que compõe o território ou domínio do modo de produção, dito em sentido amplo, de uma sociedade humana. Essa terminologia resulta da importação do modelo da Segunda Tópica freudiana para a teoria do Modo de Produção, quer dizer, a que apresenta a personalidade como integrada pelas instâncias do Ego, Superego e ld, e também das instâncias do aparelho jurídico. INSTITUIÇÃO: são árvores de decisões lógicas que regulam as atividades humanas, indicando o que é proibido, o que é permitido e o que é indiferente. Segundo seu grau de objetivação e formalização, podem estar expressas em leis* (princípios-fundamentos), normas ou hábitos. Toda instituição compreende um movimento que a gera: o instituinte*; um resultado: o instituído*; e um processo: da institucionalização. Exemplos de instituições são:a linguagem, as relações de parentesco, a divisão social do trabalho*, a religião, a justiça, o dinheiro, as forças armadas etc. Um conglomerado importante de instituições é, por exemplo, o Estado*. Para realizar concretamente sua função regulamentadora, as instituições materializam-se em organizações* e estabelecimentos. As 156 ▲ origens das instituições são difíceis de determinar. Pode-se falar de quatro instituições "fundantes" das sociedades humanas (ver sociedade*). INSTITUÍDO: ao resultado da ação instituinte* denomina-se instituído. Quando esse efeito foi produzido pela primeira vez, diz-se que se fundou uma instituição. O instituído cumpre um papel histórico importante porque vigora para ordenar as atividades sociais essenciais para a vida coletiva. Para que os instituídos sejam eficientes, devem permanecer abertos às transformações com que o instituinte* acompanha o devir social. Contudo, o instituído tem uma tendência a permanecer estático e imutável, conservando de juri estados já transformados de facto e tornando-se assim resistente e conservador. INSTITUlNTE: é o processo mobilizado por forças produtivo-desejante -revolucionárias que tende a fundar instituições ou a transformá-las, como parte do devir das potências e materialidades sociais. No transcurso do funcionamento do processo de institucionalização, o instituinte inventa instituídos* e logo os metamorfoseia ou cancela, de acordo com as exigências do devir social. Para operar concretamente, o processo de institucionalização deve ser acompanhado de outros organizantes* que se materializam em organizações*. Os dinamismos instituintes e organizantes* são orientados pelas Utopias Ativas*. INTERESSE: denomina-se assim às motivações, desejos, aspirações, expectativas e demandas pré-conscientes e conscientes que impulsionam ou mobilizam os agentes, grupos ou classes na atividade social. Os interesses caracterizam-se por serem conhecidos e assumidos pelos sujeitos e estarem dotados de uma certa racionalidade. Em geral, os interesses divergem ou se opõem aos desejos e fantasmas inconscientes, e freqüentemente se descobre que sua suposta racionalidade não é mais que uma racionalização. INTERVENÇÃO lNSTITUClONAL: ação transformadora praticada segundo uma ética e uma política e formalizada em uma teoria aplicada segundo certas regras metodológicas e uma série de recursos técnicos. Todo esse procedimento parte de uma avaliação 1ogística de disponibilidades e é planificado segundo uma estratégia que se decompõe em táticas. Seu objetivo central é propiciar nos coletivos intervindos a ação do instituinte* organizante* e, no seu limite, a implantação de processos plenos e continuados de auto-análise* e autogestão*. LEIS: consistem na formalização e explicitação, em textos e/ou discursos, das árvores de valores e decisões que constituem as instituições*. Quando expressam rígida e exclusivamente a vontade do instituído-organizado* e se apresentam como universais e mais ou menos invariáveis, sendo 157 ▲ referendadas, por exemplo, pelo Estado ou a Igreja, são apenas a justificativa da dominação* – exploração-mistificação. Quando são provisórias e singulares e expressam realmente a vontade instituinte*-organizante* que "se dá suas próprias leis", são instrumentos formais produtivo-desejante- revolucionários. O Institucionalismo conhece e aplica as leis científicas que lhe são úteis, mas aceita e enfatiza o papel do acaso* nos processos de que se ocupa. LÍDER: as lideranças são papéis específicos que adquirem importância especial por suas funções dirigentes ou de condução. Os mais característicos