Buscar

Partidos políticos

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 13 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 13 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 13 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

CENTRO DE ESTUDOS SUPERIORES APRENDIZ
FACULDADE DE DIREITO
Wellington Magalhães
PARTIDOS POLÍTICOS
Barbacena
2015
RESUMO
Oficialmente, os partidos políticos já existem no Brasil há muitos anos. Todavia, não existem partidos centenários no país, como é comum, por exemplo, nos Estados Unidos, onde “Democratas” (desde 1790) e “Republicanos” (desde 1837) alternam-se no poder. E o motivo disso, dessa precariedade partidária, da falta de enraizamento histórico dos programas nas camadas sociais, é a inconstância da vida política brasileira.
Em diversas oportunidades históricas, tanto no Brasil Império como na República, os governantes tiveram que optar entre conseguir a estabilidade política necessária ao bom governo das coisas ou manter a integridade de suas ideias, dos seus programas políticos e até mesmo manter a representatividade dos mandatos para os quais foram eleitos.
A tendência mais comum, pois, foi sacrificar as ideias, os programas e a representatividade em nome da ordem e do bom andamento das coisas, tentando evitar crises políticas danosas ao controle que as elites exerciam e exercem sobre o país-continente.
Palavras-chave: integridade, mandatos. partidos, política, representatividade.
ABSTRACT
Officially, political parties already exist in Brazil for many years. However, there are centenarians parties in the country, as is common, for example, in the United States, where "Democrats" (since 1790) and "Republicans" (since 1837) alternate in power. And the reason for this, this party insecurity, lack of historical rootedness of programs in the social strata, is the inconstancy of Brazilian political life.
On several historic opportunities, in Brazil Empire and the Republic, the rulers had to choose between achieving political stability necessary for the proper administration of things or maintain the integrity of their ideas, their political programs and even maintain a properly representative mandates for which they were elected.
The most common trend therefore was sacrificing ideas, programs and the representation on behalf of order and smooth running of things, trying to avoid political crises harmful to the control exercised and the elites have on the country-continent.
Keywords: integrity, mandates. parties, politics, representativeness.
1. INTRODUÇÃO
EDMUND BURKE, no final do século XVIII, referia-se ao partido político como "um corpo de homens que se unem para colocar seus esforços comuns a serviço do interesse nacional, sobre a base de um princípio ao qual todos aderem". BENJAMIN CONSTANT, já no início do século XIX, conceituava os partidos políticos como "uma reunião de homens que professam a mesma doutrina política”. WEBER, por sua vez, assevera em sua obra que “os partidos são, na essência mais íntima, organizações criadas de maneira voluntária, partindo de uma propaganda livre e que necessariamente se renovam em contraste com todas as entidades firmemente delimitadas por lei ou contrato”. Já KELSEN nos ensina que “os partidos políticos são organizações que congregam homens da mesma opinião para afiançar-lhes verdadeira influência na realização dos negócios públicos”.
Diante dos instrumentos legais brasileiros, os partidos políticos são pessoas jurídicas de direito privado, sendo instrumentos eficazes de participação da sociedade no exercício do governo, impondo-se como veículo natural da democracia representativa.
2. DESENVOLVIMENTO
2.1. HISTÓRICO
2.1.1. Partidos no Império
Passada a fase da Independência e somente após a queda do imperador D. Pedro I, os partidos políticos assumiram uma função institucional no Brasil. Formaram-se as duas agremiações que caracterizaram o Segundo Reinado: a dos “Conservadores” (Saquaremas) e a dos “Liberais” (Luzias).
A oposição entre eles devia-se basicamente à visão de cada uma das agremiações a respeito do poder monárquico. Os Conservadores propunham sempre um regime forte, com autoridade concentrada no trono e pouca liberdade cedida às províncias. Os Liberais, por sua vez, inclinavam-se pelo fortalecimento do parlamento e pela maior autonomia provincial.
O voto era rarefeito e hierárquico, baseado em critério censitário (Lei Saraiva, 1881) e em eleições realizadas em dois turnos, com as assembleias paroquiais escolhendo os eleitores das províncias e estes escolhendo os representantes da nação e das províncias. O escasso conflito ideológico devia-se ao fato de que tanto Conservadores como Liberais pertenciam à mesma classe social: a dos proprietários de bens e de escravos.
2.1.2. Partidos na República Velha
Assinado por Quintino Bocaiúva em Itu, São Paulo, em 3 de dezembro de 1870, o “Manifesto Republicano” logo engendrou a fundação de um partido republicano. Novamente, a cidade de Itu serviu de palco para a realização da primeira convenção republicana, que criou o PRP (Partido Republicano Paulista).
Contudo, o novo regime implantado a partir da Proclamação da República, em 15 de novembro de 1889, devido a sua imposição militar, contou com escassa presença de republicanos autênticos. A República foi obra de generais, não de políticos civis. Ainda assim, obedecendo ao espírito federativo tão reclamado, surgiram partidos regionais (Partido Republicano Paulista, Partido Republicano Mineiro, entre outros) que gradativamente desativaram as tentativas de formação de agremiações nacionais.
Com a ascensão do coronelismo e suas práticas, as eleições passaram a refletir o poder do “caciquismo”, sendo que a maioria delas resultava de manipulações ou de arranjos prévios feitos entre os chefes políticos de cada estado. Esta prática feria o principio básico do sistema republicano, que se assenta no princípio da rotatividade dos cargos e das funções, visto que as oposições estavam impedidas, pelo processo eleitoral legal, de substituírem o grupo dominante.
2.1.3. Partidos ideológicos
Aberto às paixões do século, o Brasil também acolheu as ideologias extremistas antípodas que afloraram depois da Primeira Guerra Mundial, o “Comunismo” e o “Fascismo”. Em 1922, foi fundado o Partido Comunista Brasileiro (PCB), vinculado a “Terceira Internacional”. Dez anos depois, em 1932, foi a vez da fundação da “Ação Integralista Brasileira” (ABI), inspirada no movimento fascista italiano e no movimento da Falange Espanhola.
Colocados na ilegalidade pelo decreto de 2 de dezembro de 1937, somente retornaram à vida política ao final da Segunda Guerra Mundial. O PCB ainda teve uma pálida atuação no Governo Goulart (1961-1964) e os ex-integralistas, acobertados pela sigla do PRP (Partido da Representação Popular), fizeram sua última aparição na ditadura do Presidente Médici (1969-1973).
2.1.4. Os partidos da República redemocratizada
Totalmente proibidos durante o Estado Novo (1937-1945), os partido políticos somente foram novamente legalizados em 1945. É certo dizer que a vida política brasileira entre 1945 e 1964 foi polarizada entre os partidos getulistas (PSD e PTB) e o principal partido anti-getulista (UDN). Por conseguinte, mesmo depois da morte de Vargas, em 24 de agosto de 1954, a sua personalidade continuou pairando sobre a sociedade brasileira por mais dez anos.
O PSD (Partido Social Democrático) abrigou a face conservadora do “Getulismo”, formada por lideranças rurais e por altos funcionários estatais, enquanto o PTB (Partido Trabalhista Brasileiro) agregava as lideranças sindicais e os operários fabris em geral. O partido rival, a UDN (União Democrática Nacional), liberal e antipopulista, congregava a burguesia e a classe média urbana, favorável ao capital estrangeiro e à iniciativa privada.
2.1.5. O bipartidarismo no regime militar
Destruído o sistema partidário democrático existente desde 1945, o regime militar, a partir de 1965, somente permitiu a existência de duas associações políticas nacionais, nenhuma delas podendo usar a palavra “partido”. Criou-se então a ARENA (Aliança RenovadoraNacional), base de sustentação civil do regime militar, formada majoritariamente pela UDN e egressos do PSD, e o MDB (Movimento Democrático Brasileiro), com a função de fazer uma oposição bem comportada, tolerável ao regime.
Da mesma forma que na República Velha recorria-se à Comissão de Verificação dos Poderes do Congresso para afastar opositores inconvenientes, o regime militar adotou o sistema de cassações de mandatos para livrar-se dos seus adversários. Juntaram-se na ARENA lideranças conservadoras e fascistas, enquanto os liberais e os escassos trabalhistas sobreviventes dos expurgos entraram para o MDB.
2.1.6. O multipartidarismo da Nova República
A “camisa de força” em que a vida política brasileira foi contida na época do regime militar rompeu-se gradativamente a partir da vitória eleitoral da oposição, em 1974, forçando a política da “abertura lenta e gradual”, adotada pelo general-presidente Ernesto Geisel. A Campanha das “Diretas Já”, de 1984, foi o último momento em que houve um congraçamento geral das forças de oposição, fazendo com que a partir dali cada agremiação buscasse seu rumo próprio.
No lugar da extinta ARENA surgiram o PFL (Partido da Frente Liberal) e o PPB (Partido Popular Brasileiro), e de dentro do MDB emergiram o PMDB (Partido do Movimento Democrático Brasileiro), o PSDB (Partido Social Democrático Brasileiro), o PTB (Partido Trabalhista Brasileiro), o PDT (Partido Democrático Trabalhista) e o PT (Partido dos Trabalhadores). Numa típica reação ao sufocamento da vida partidária anterior, a nova ordem nacional concedeu direito de expressão partidária a todo e qualquer tipo de proposta que cumprisse com os quesitos mínimos necessários à formação de um partido político.
2.2. NATUREZA JURÍDICA
Os partidos políticos são pessoas jurídicas de direito privado, de caráter nacional, destinados a participar do processo eleitoral e a fortalecer o regime democrático. Para serem formados, é indispensável o registro em cartório, com a subscrição de pelo menos 101 fundadores que tenham domicílio eleitoral em, no mínimo, um terço dos Estados, mais a documentação exigida pela lei.
Para que possa concorrer às eleições, o partido deve ser registrado também no TSE, depois de ter sido registrado no Registro Civil das Pessoas Jurídicas do Distrito Federal.
Cada partido reflete uma ideologia compatível com o regime democrático e tem autonomia para definir sua estrutura interna, se autogerir e se autoadministrar, desde que dentro das balizas legais. Não pode o partido político ter caráter paramilitar, valer-se de uniformes, destinar-se ao cometimento de crimes e ser avesso à democracia. Não pode ter vínculo ou receber dinheiro de governos estrangeiros, da Administração Pública (direta ou indireta), de entidades esportivas, dentre outras.
Regem os partidos políticos a Constituição Federal de 1988 (art. 17), a Lei Orgânica dos Partidos Políticos (Lei nº 9.096/95) e resoluções do TSE.
2.3. CRIAÇÃO, FUSÃO E EXTINÇÃO
2.3.1. Criação
O primeiro passo para se criar um partido é a obtenção da assinatura de 101 fundadores, distribuídos em pelo menos nove estados. Em seguida, deve-se registrar a legenda no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Esse registro é provisório e se concretiza com o apoio formal da quantidade de eleitores correspondente a 0,5% dos votos dados na última eleição a toda a Câmara dos Deputados, sem os brancos e nulos, sendo necessários em torno de 430 mil eleitores para o registro. Cumpridas ainda outras formalidades, o partido poderá participar de eleições, receber dinheiro do fundo partidário e ocupar o horário político no rádio e na TV.
2.3.2. Fusão
Ocorre fusão quando dois ou mais partidos políticos, mediante deliberação dos seus órgãos nacionais, se unem sob um novo estatuto, diferente do que era adotado inicialmente pelos integrantes do processo. A fusão faz nascer uma nova pessoa jurídica de direito privado, um novo partido com um novo estatuto, acarretando a extinção das pessoas jurídicas fundidas, que terão os seus respectivos registros cancelados junto ao TSE e ao Registro Civil, valendo o mesmo para os seus estatutos.
2.3.3. Extinção
Um partido pode ser extinto por iniciativa própria, mediante deliberação dos seus membros, na forma prevista em seu estatuto, com as formalidades e o quorum necessário para essa deliberação.
É possível também que um partido, em decorrência de decisão do TSE transitada em julgado,  tenha seu registro civil e estatuto cancelados, caso fique comprovado contra ele um dos seguintes fatos:
I - ter recebido ou estar recebendo recursos estrangeiros de procedência estrangeira;
II - estar subordinado a entidade ou governo estrangeiro;
III - não ter prestado, nos termos da Lei nº 9.096/95, as devidas contas à Justiça Eleitoral.
2.4. PROPAGANDA ELEITORAL
Os partidos políticos têm direito a propaganda partidária e eleitoral no rádio e na televisão. O tempo de exibição vai depender do número de votos que cada legenda recebeu nas últimas eleições para a Câmara dos Deputados. A publicidade é gratuita para os partidos, mas não para o erário público, uma vez que as emissoras recebem uma compensação fiscal.
A propaganda partidária tem por finalidade divulgar assuntos de interesse das agremiações partidárias, de acordo com o disposto nos arts. 45 a 49 da Lei nº 9.096/95. Nos termos do § 1º do art. 45 da Lei nº 9.096/95, ficam vedadas, na propaganda partidária:
I - a participação de pessoa filiada a partido que não o responsável pelo programa;
II - a divulgação de propaganda de candidatos a cargos eletivos e a defesa de interesses pessoais ou de outros partidos;
III - a utilização de imagens ou cenas incorretas ou incompletas, efeitos ou quaisquer outros recursos que distorçam ou falseiem os fatos ou a sua comunicação.
É importante ressaltar que a propaganda partidária ficará restrita ao horário gratuito, sendo expressamente proibida a veiculação de qualquer propaganda paga no rádio e na televisão.
2.5. FILIAÇÃO, DESFILIAÇÃO E FIDELIDADE PARTIDÁRIA
2.5.1. Filiação partidária
A filiação partidária é o ato pelo qual um eleitor aceita, adota o programa e passa a integrar um partido político. Esse vínculo que se estabelece entre o cidadão e o partido é condição de elegibilidade, conforme disposto no art. 14, § 3º, V, da Constituição Federal.
Nos termos do art. 16 da Lei dos Partidos Políticos (Lei nº 9.096/95), “só pode filiar-se a partido o eleitor que estiver no pleno gozo de seus direitos políticos”. Para concorrer a cargo eletivo, o eleitor deve estar filiado ao partido há pelo menos um ano antes da data fixada para as eleições, conforme dispõem os arts. 18 e 20 da referida lei.
2.5.2. Desfiliação partidária
É a comunicação ao juiz eleitoral, por escrito, da desfiliação ao partido político. Exige cópia do pedido de desfiliação protocolada junto ao órgão municipal do partido político. Contudo, na hipótese de inexistência de órgão partidário municipal ou de comprovada impossibilidade de localização de quem o represente, o filiado poderá fazer a comunicação apenas ao juiz eleitoral competente.
O filiado deverá apresentar requerimento de desfiliação partidária no Cartório Eleitoral no qual é inscrito como eleitor. A filiação será cancelada com a data do protocolo da comunicação da desfiliação no Cartório Eleitoral.
2.5.3. Fidelidade partidária
O termo fidelidade partidária, no Direito eleitoral, trata da obrigação que um político deve ter para com seu partido. Se no Brasil todos os candidatos a cargos eletivos precisam de partidos políticos para se eleger, eles não podem se desvincular do partido para o qual foram eleitos, sob pena de perderem o mandato.
Desde a redemocratização do Brasil, nos anos 80, a troca de partidos após a eleição foi prática corriqueira, gerando protestos em diversos setores da sociedade civil. Durante a década de 90, foram elaborados diversos esboços de reforma política que instituiriam a fidelidade partidária, mas que nunca saíram do papel. Porém, em 27 de março de 2007,mesmo sem uma lei formal, o TSE, respondendo a uma consulta do DEM, decidiu que o mandato pertencia ao partido, levando os partidos que se sentiram prejudicados com o troca-troca a requerer a cassação do mandato dos infiéis e sua posterior substituição por seus suplentes. Em 4 de outubro de 2007, o STF estabeleceu o entendimento de que a fidelidade partidária passaria a ser a norma, porém só valendo a cassação dos mandatos de parlamentares que tivessem trocado de partido após a decisão do TSE.
Já no ano seguinte, estavam em curso 8.595 processos de perda de mandato, movidos na Justiça Eleitoral de todo o país, por infidelidade partidária.
2.6. FINANCIAMENTO, FINANÇAS E PRESTAÇÃO DE CONTAS
2.6.1. Financiamento e finanças dos partidos políticos
No Brasil, os partidos políticos têm direito a recursos do Fundo Partidário, previsto pela Constituição de 1988 (artigo 17, § 3º). No entanto, os recursos desse fundo representam apenas uma parcela muito pequena do total gasto nas campanhas políticas, sendo que a maior parte desses gastos é coberta por contribuições dos membros do partido, bem como por doações de pessoas físicas e, principalmente, de pessoas jurídicas. Consoante os ensinamentos do pesquisador Geraldo Tadeu Monteiro, do Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro (IUPERJ), "o valor gasto na França com as últimas eleições é próximo da doação feita por uma única construtora do Brasil nas eleições municipais do ano passado, dividida entre vários candidatos". Em 2010, as doações de 19 mil pessoas jurídicas somaram R$ 2,2 bilhões (75% do total arrecadado), mas metade das contribuições foi feita por apenas 70 empresas. Segundo o cientista político Alexandre Neves, da UFPE, a pressão do poder econômico, "que ajuda a eleger os parlamentares", tem sido evidente em várias votações importantes do parlamento.
Após o chamado “escândalo do mensalão” (2005), que se desdobrou na Ação Penal 470, o problema do financiamento de campanhas e partidos políticos passou a ser discutido mais amplamente, inserindo-se no âmbito do debate sobre a reforma política. Na discussão sobre o financiamento de campanhas e partidos políticos existem basicamente três posições: a primeira, que defende o financiamento exclusivamente público; a segunda, contrária ao financiamento público (ou exclusivamente público), e uma terceira posição, que defende a proibição de doações por pessoas jurídicas a partidos e campanhas, além da imposição de limites a doações feitas por pessoas físicas.
2.6.2. Prestação de contas
O partido político precisa prestar contas do exercício financeiro findo até o dia 30/04 do ano seguinte. A prestação de contas é apresentada à Justiça Eleitoral por intermédio dos seus órgãos partidários: o órgão nacional presta contas ao TSE, os órgãos regionais prestam contas aos Tribunais Regionais; os órgãos municipais prestam contas ao Juiz Eleitoral.
A sanção pelo descumprimento da obrigação de prestar contas, ou pela sua desaprovação parcial ou total, é a suspensão dos repasses de novas cotas do fundo partidário e a sujeição dos responsáveis às penas da lei.
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com a proliferação dos partidos ditos “nanicos”, ocorreu uma “poluição” do processo político, afirmando os críticos desse multipartidarismo excessivo que a própria governabilidade fica fragilizada pela existência de tantos partidos. Hoje, há no Congresso mais de 30 representações políticas legais.
Diametralmente, os defensores da mais ampla e livre organização partidária indicam que a complexidade e as desigualdades do Brasil ficam mais bem expostas na multiplicidade e não na uniformidade partidária. Mesmo reconhecendo a existência de apenas quatro ou cinco grandes correntes ideológicas (de esquerda, de centro-esquerda, de centro-direita e da direita) que formam a totalidade do espectro político nacional, entende-se ser melhor para o país manter o atual sistema de representação do que tentar limitá-lo. Assim, sacrifica-se a governabilidade em nome da diversidade de representação.
A estratégia de sobrevivência adotada por muitos políticos de vulto, evitando crises políticas graves que pudessem enfraquecer de modo irreparável o poder das elites, fez com que os partidos políticos merecessem pouca confiança da parte da população brasileira em geral, daí haver uma preferência dos eleitores por indivíduos, por homens confiáveis, por “salvadores”, em detrimento aos programas partidários ou ideológicos.
4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL. Constituição (1988). In: Vade Mecum Saraiva. 18ª ed. atual. e ampl. São Paulo: Saraiva, 2014.
BRASIL. Lei nº 9.096, de 19 de setembro de 1995. In: Vade Mecum Saraiva. 18ª ed. atual. e ampl. São Paulo: Saraiva, 2014.
CLÈVE, Clèmerson Merlin. Fidelidade Partidária e Impeachment. 2ª ed. Curitiba: Juruá, 2012.
DE ARAGÃO, Murillo. Reforma Política: O debate inadiável. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2014.
JEHA, Pedro Rubez. O processo de degeneração dos partidos políticos no Brasil. Tese de Doutorado. Universidade de São Paulo, 2009.
RABAT, Márcio Nuno. Reforma política: histórico, estágio atual e o lugar da recente proposta do executivo. Brasília: Biblioteca Digital da Câmara dos Deputados, 2009.

Outros materiais