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Direito Civil - Começando do Zero

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COMEÇANDO DO ZERO 
Direito Civil 
Roberto Figueiredo 
1 
POSSE e PROPRIEDADE 
 
1. Definição dos Direitos Reais 
 
Denominado “Direito das Coisas”, é dividido em 
dez títulos que contemplam os seguintes 
temas: posse, direitos reais, propriedade, 
superfície, servidões, usufruto, uso, habitação, 
direito do promitente comprador, penhor, 
hipoteca e anticrese. 
 
O Direito das Coisas é o grande gênero, na 
medida em que posse e propriedade são 
espécies. 
 
2. Posse 
 
2.1. Conceito e natureza jurídica 
 
Possuidor é aquele que tem de fato o exercício 
de algum dos poderes inerentes à propriedade 
(art. 1.196, CC). Portanto, a posse é um estado 
de fato e de poder sócio-econômico sobre uma 
coisa relevante para o direito. 
 
2.2. Principais teorias explicativas da posse: 
 
2.2.1. Teoria subjetiva (Friedrich Carl Von 
Savigny) 
 
2.2.2. Teoria objetiva (Rudolf Von Ihering) 
 
2.3. Posse x detenção: o fâmulo da posse 
 
2.4. Posse de direitos (existe posse de 
direitos?) 
 
Segue a orientação segundo a qual apenas 
coisas (corpóreas) são objetos de posse. 
Talvez por isto o Superior Tribunal de Justiça 
tenha afirmado ser “inadmissível o interdito 
proibitório para proteção de direito autoral” 
(súmula 228, STJ). 
 
Obs.: A súmula 193 do Superior Tribunal de 
Justiça admite a posse de linha telefônica 
apenas para efeito da usucapião: “O direito de 
uso de linha telefônica pode ser adquirido por 
usucapião”. 
 
2.5. Classificação da posse 
 
a) Direta x Indireta. 
c) Justa x Injusta. 
d) De Boa fé x de Má fé. 
 
2.6. Constituto possessório x tradition breve 
manu 
 
Imagine a hipótese na qual alguém vende um 
imóvel a outrem, mas continua a habitar 
naquele bem, que antes lhe pertencia (agora 
mediante o pagamento de aluguel). Nesta 
situação, este alienante possuía, 
originariamente, em nome próprio. Contudo, 
agora, passa a possuir em nome alheio. A isto 
se denomina constituto possessório ou 
cláusula constituti. 
 
3. Aquisição e Perda da Posse 
 
A aquisição da posse acontece desde o 
momento em que se torna possível o seu 
exercício, ou seja, a partir do momento em que 
o sujeito passa a exercer os poderes inerentes 
à propriedade (art. 1.204, CC). 
 
Art. 1.209, CC: “A posse do imóvel faz 
presumir, até prova em contrário, a das coisas 
móveis que nele estiverem”. 
 
A posse pode ser adquirida pela própria 
pessoa, seu representante ou terceiro, desde 
que haja ratificação, na forma do artigo 1.205, 
CC. 
 
Esta posse se transmite aos herdeiros ou 
legatários do possuidor com os mesmos 
caracteres (art. 1.206, CC), sendo que o 
sucessor universal continua de direito a posse 
do seu antecessor; e ao sucessor singular é 
facultado unir sua posse à do antecessor, para 
efeitos legais (art. 1.207, CC). 
 
4. Efeitos da Posse 
 
4.1. Quanto à percepção dos frutos (art. 
1.214 a 1.216, CC) 
 
4.2. Responsabilidade pela perda ou 
deterioração da coisa (arts. 1.217 e 1.218, 
CC) 
 
4.3. Quanto às benfeitorias realizadas na 
coisa (arts. 1.219 e 1.220, CC) 
 
 
 
 
 
 
 
 
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COMEÇANDO DO ZERO 
Direito Civil 
Roberto Figueiredo 
2 
5. Direito de propriedade ou direito real na 
coisa própria 
 
5.1. Conceito e caracteres 
 
Apesar de o Código Civil não conceituar o 
direito de propriedade, o legislador preocupou-
se em definir o proprietário, elencando suas 
faculdades no artigo 1.228, quais sejam as de 
usar, gozar/fruir, dispor e reivindicar a coisa, 
segundo a sua função social. 
 
Dentro daquilo que se convencionou 
denominar princípio da taxatividade ou 
numerus clasulus do direito real, somente pode 
ser qualificado como direito real aquele que 
estiver explicitamente contido na legislação civil 
ou especial, daí a enumeração do artigo 1.225: 
 
São direitos reais: 
 
I – a propriedade; 
II – a superfície; 
III – as servidões; 
IV – o usufruto; 
V – o uso; 
VI – a habitação; 
VII – o direito do promitente comprador do 
imóvel; 
VIII – o penhor; 
IX – a hipoteca; 
X – a anticrese; 
XI – a concessão de uso especial para fins de 
moradia; 
XII – a concessão de direito real de uso; 
 
Os direitos reais tendem a ser perpétuos, 
desde que obedientes à função social. 
 
A propriedade deve atender à função social, 
logo a perpetuidade é reconhecida. As relações 
contratuais-obrigacionais são transitórias por 
natureza. Os direitos reais se submetem, em 
regra, ao registro público enquanto que os 
direitos obrigacionais à forma livre (art. 107, 
CC). 
 
5.2. Características 
 
a) COMPLEXO – pois é formado por um plexo 
(conjunto) de poderes ou faculdades (usar, 
gozar/fruir, dispor e reivindicar); 
 
b) ABSOLUTO – pois a sua oponibilidade é 
“erga omnes” (em face de todos); 
 
c) PERPÉTUO – uma vez que não se extingue 
pelo simples não-uso e pode ser transmitido de 
uma geração para outra; 
 
d) EXCLUSIVO – pois afasta o exercício do 
poder dominial de terceiro sobre a mesma 
coisa (quando da propriedade sobre um bem), 
ressalvando-se apenas a situação do 
condomínio, em que há divisão ideal do bem; 
 
e) ELÁSTICO – pois os poderes do proprietário 
podem ser distendidos ou contraídos, para 
formar outros direitos reais, sem perder a sua 
essência (vide art. 1.231, CC); 
 
Dica: C + A + P + E + (E + L + A) = 
CAPEELA! 
 
5.3. Extensão e limites: função social da 
propriedade (art. 1.229 e art. 1.230, CC) 
 
5.4. Função social da propriedade (art. 5º, 
XXII e XXIII e art. 170, III, CF) 
 
5.5. A descoberta 
 
5.6. Aquisição da propriedade imobiliária 
 
Nos termos do artigo 1.241, CC, poderá o 
possuidor requerer ao juiz que seja declarada 
adquirida, mediante usucapião, a propriedade 
imóvel, de forma que a declaração obtida na 
forma deste artigo constituirá título hábil para o 
registro no Cartório de Registro de Imóveis. 
 
A usucapião constitui instituto sedimentado 
pelo Corpus Iuris Civilis de Justiniano. 
 
 Sendo a usucapião uma prescrição aquisitiva 
da propriedade pode-se afirmar que “o 
usucapiente não adquire a alguém; 
simplesmente adquire” (Fabrício, 1984, p. 503). 
 
Por constituir instituto semelhante à prescrição, 
as causas que obstam, suspendem ou 
interrompem esta, também devem se aplicar 
àquele, por força do artigo 1.244 do Código 
Civil. 
 
 
 
 
 
 
 
 
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3 
a) Aquisição pela usucapião de bem 
imóvel 
A usucapião pode ser dividida mediante as 
seguintes espécies: 
 
I. Usucapião extraordinária (art. 1.238, 
CC): 
II. Usucapião ordinária (art. 1.242, CC): 
III. Usucapião especial rural ou pro – labore 
ou rústico (art. 1.239, CC; art. 191, CF/88 e Lei 
6.969/81): 
 
IV. Usucapião urbano ou “pro misero” (art. 
1.240, CC; art. 183, CF/88 e arts. 9º e 
10 do Estatuto das Cidades – Lei 
Federal n. 10.257/01, ou seja: individual 
ou coletiva): 
• Usucapião coletivo (art. 10 do Estatuto 
da Cidade – Lei 10.257/01 e 1228, § 4 do CC): 
V. Usucapião indígena (arts 32 e 33 da Lei 
Federal n. 6.001/73 – Estatuto do índio): 
• Aspectos Processuais da Usucapião 
 
b) Aquisição pelo registro do título 
 
c) Aquisição da propriedade imóvel por 
acessão 
 
I. Acessão por formação de ilhas 
II. Acessão por aluvião 
III. Acessão por avulsão 
IV. Acessão por álveo abandonado 
V. Acessão por plantações e construções 
 
5.7. Aquisição da propriedade móvel (arts. 
1.260/1.274, CC) 
 
a) Aquisição por usucapião de bem móvel 
 
A forma ordinária (onde o comum acontece) 
exige o justo título e a boa-fé, estando prevista 
no artigo 1.260. Assim, aquele que possuir 
coisa móvel como sua, contínua e 
incontestadamente durante três anos, com 
justo título e boa-fé, adquirir-lhe-á a 
propriedade. 
A forma extraordinária está prevista noartigo 
1.261 de modo que se a posse da coisa móvel 
se prolongar por cinco anos, produzirá 
usucapião, independentemente de título e boa-
fé. 
 
A usucapião dos bens móveis se aplica 
subsidiariamente o regime jurídico da 
usucapião dos bens imóveis, ou seja, os 
artigos 1.243 e 1.244 do Código Civil, assim 
como o artigo 941 e seguintes do Código de 
Processo Civil. 
 
b) Aquisição por ocupação 
c) Aquisição por achado do tesouro 
d) Aquisição por tradição 
e) Aquisição por especificação 
 
5.8. A perda da propriedade (art. 1.275 e 
1.276, CC) 
 
São causas de perda da propriedade: a 
alienação, a renúncia, o abandono, o 
perecimento da coisa e a desapropriação. 
 
A alienação gratuita (doação) ou onerosa 
(venda) é a forma usual de se perder a 
propriedade. Contudo, renúncia e abandono 
também constituem importantes modalidades, 
daí a importância em se distinguir uma situação 
da outra. 
 
A renúncia é a demissão da qualidade jurídica 
sobre uma dada coisa. É a declaração 
expressa da vontade abdicativa da 
propriedade. 
 
O abandono constitui um fato jurídico não 
expresso, mas sobre o qual se pode extrair a 
intenção de não mais ser proprietário da coisa: 
o imóvel urbano que o proprietário abandonar, 
com a intenção de não mais o conservar em 
seu patrimônio, e que se não encontrar na 
posse de outrem, poderá ser arrecadado, como 
bem vago, e passar, três anos depois, à 
propriedade do Município ou à do Distrito 
Federal, se se achar nas respectivas 
circunscrições (art. 1.276, CC). 
 
Prevê o parágrafo primeiro do referido artigo 
que o imóvel situado na zona rural, 
abandonado nas mesmas circunstâncias, 
poderá ser arrecadado, como bem vago, e 
passar, três anos depois, à propriedade da 
União, onde quer que ele se localize. 
 
Também se perde a propriedade mediante o 
perecimento da coisa, lembrando a máxima 
segundo a qual a coisa perece em face de seu 
 
 
 
 
 
 
 
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dono – res perit domino. O perecimento 
simboliza a perda do objeto ou da utilidade do 
bem. 
 
A desapropriação constitui a última modalidade 
de perda da propriedade e está relacionada 
com a supremacia do interesse social (público) 
sobre o particular egoístico. 
 
1. Direito de Família 
 
Noções Introdutórias 
 
O Direito de Família tem fundamento 
constitucional e merece ser compreendido à luz 
do artigo 226, da Constituição Federal de 1988. 
Deste modo, à vista da dignidade humana, há 
uma repersonalisação do Direito Civil 
(constitucional). Veja este quadro comparativo: 
 
 
 
 
 
2. Casamento 
 
2.1. Conceito 
 
Paulo Luiz Netto Lôbo, forte na doutrina de 
Pontes de Miranda, conceitua o casamento 
como um “ato jurídico negocial, solene, público 
e complexo, mediante o qual um homem e uma 
mulher constituem família” pela livre 
manifestação de vontade e pelo 
reconhecimento do Estado. 
 
Segundo o artigo 1.511 do Código Civil “O 
casamento estabelece comunhão plena de 
vida, com base na igualdade de direitos e 
deveres dos cônjuges”. 
 
Tanto o artigo 1.512 do Código Civil, como a 
Constituição Federal de 1988, disciplinam o 
matrimônio afirmando que “o casamento é civil 
e gratuita a celebração” (§ 1º, art. 226), 
admitindo, o casamento religioso com efeito 
civil “nos termos da lei” (§ 1º, art. 226). 
 
Pressupostos de existência: (i) a diversidade 
de sexo, (ii) o consentimento, (iii) a celebração. 
 
2.2. Capacidade núbil (para o casamento) 
 
Homens e mulheres podem se casar a partir 
dos 16 (dezesseis) anos. 
Exceção: admite-se o matrimônio, antes desta 
idade, apenas em duas situações 
excepcionais, expressas no artigo 1.520, CC, 
quais sejam: para evitar imposição ou 
cumprimento de pena criminal ou em caso de 
gravidez. 
 
Mas, a Lei Federal de nº 11.106/2005, revogou 
o artigo 107 do Código Penal, autorizador da 
extinção da punibilidade pelo casamento. 
 
Os relativamente incapazes podem casar 
desde que obtenham autorização dos pais, 
tutores ou curadores, ou ainda a supressão 
judicial. 
 
2.3. O processo administrativo de 
habilitação para o casamento 
 
Para se casar é necessário formular pedido, 
requerimento administrativo a um oficial de 
registro: habilitação para o casamento. 
Iniciado o procedimento pela porta das 
formalidades preliminares, o ato administrativo 
seguinte será o de submeter o feito ao 
Ministério Público, para manifestação a 
respeito da possibilidade ou não do casamento. 
Inexistindo oposição, seja do notarial, do 
Ministério Público ou de terceiros, o expediente 
administrativo será concluído, mediante a 
apresentação do documento de habilitação, 
com prazo de validade de 90 dias (prazo 
decadencial). 
 
Mas, para que serve o processo de 
habilitação? Para verificar se existiria algum 
impedimento, ou causa suspensiva, a obstruir o 
casamento. 
 
2.4. Impedimentos 
 
Os impedimentos são obstáculos 
intransponíveis ao casamento. São situações 
 
 
 
 
 
 
 
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taxativamente previstas na norma que vedam o 
casamento. 
 
Art. 1.521 do Código Civil: Não podem 
casar: 
 
I) os ascendentes com os descendentes 
seja o parentesco natural ou civil; 
II) os afins em linha reta; 
III) o adotante com quem foi cônjuge do 
adotado e o adotado com quem o foi do 
adotante; 
IV) os irmãos, unilaterais ou bilaterais, e 
demais colaterais, até o terceiro grau inclusive; 
V) o adotado com o filho do adotante; 
VI) as pessoas casadas; 
VII) o cônjuge sobrevivente com o 
condenado por homicídio ou tentativa de 
homicídio contra o seu consorte. 
 
A aplicação dos impedimentos alcança, 
inclusive, o casamento de estrangeiros 
domiciliados no Brasil. 
 
O rol do art. 1521: os impedimentos resultam 
ou de parentesco, ou de vínculo (casamento 
anterior), ou de crime, senão veja-se: 
 
a) De parentesco (art. 1.521, I a V, CC): 
Podem ser por sanguineidade ou afinidade. 
O vínculo por afinidade na linha reta não se 
extingue, a teor do artigo 1.595, § 2º, tratando-
se de impedimento eterno. Uma vez sogra, 
sempre sogra. 
 
b) De vínculo. Bigamia (art. 235, CP): O 
Código Civil veda o casamento de pessoas já 
casadas ante o princípio da monogamia. 
Este impedimento não obstrui a constituição de 
união estável. 
 
c) De crime. (art. 1.521, VII, CC): Não 
pode casar o cônjuge sobrevivente com o 
condenado em crime de homicídio ou tentativa 
de homicídio contra o seu consorte. 
 
2.5. Causas suspensivas 
 
São obstáculos transponíveis, suscetíveis de 
transposição, constituindo meras 
recomendações do legislador, para quem 
certas pessoas “Não devem casar”, nas 
hipóteses indicadas no artigo 1.523 do Código 
Civil. 
 
Assim, não devem casar: 
 
I) o viúvo ou a viúva que tiver filho do 
cônjuge falecido, enquanto não fizer 
inventário dos bens do casal e der partilha 
aos herdeiros; 
 
II) a viúva, ou a mulher cujo casamento se 
desfez por ser nulo ou ter sido anulado, até dez 
meses depois do começo da viuvez, ou da 
dissolução da sociedade conjugal; 
 
III) o divorciado, enquanto não houver 
sido homologada ou decidida a partilha dos 
bens do casal; 
 
IV) o tutor ou o curador e os seus 
descendentes, ascendentes, irmãos, cunhados 
ou sobrinhos, com a pessoa tutelada ou 
curatelada, enquanto não cessar a tutela ou 
curatela, e não estiverem saldadas as 
respectivas contas. 
 
2.6. As Invalidades do Casamento 
 
As invalidades do casamento se dividem em 
nulidade absoluta e relativa. 
 
Nulidade: art. 1548 do Código Civil, 
englobando o casamento contraído pelo 
enfermo mental sem o necessário 
discernimento para os atos da vida civil, bem 
como o casamento que desrespeita 
impedimentos. 
 
Hipótesesde anulabilidade: art. 1550 do CC, 
englobando: I – de quem não completou a 
idade mínima para casar; II – do menor em 
idade núbil, quando não autorizado por seu 
representante legal; III – por vício da vontade, 
nos termos dos arts. 1.556 a 1.558; IV – do 
incapaz de consentir ou manifestar, de modo 
inequívoco, o consentimento; V – realizado 
pelo mandatário, sem que ele ou o outro 
contraente soubesse da revogação do 
mandato, e não sobrevindo coabitação entre os 
cônjuges; VI – por incompetência da autoridade 
celebrante. 
 
 
 
 
 
 
 
 
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6 
As hipóteses de erro essencial estão no art. 
1557 do CC. Todas são por fatos anteriores ao 
casamento, cujo conhecimento posterior torna 
insuportável à vida em comum. 
 
Adentra no rol a hipótese do transexual que, 
após operado, casa-se e não comunica o fato 
ao seu consorte. 
 
Lembra-se que os vícios não serão passíveis 
de anular o casamento se, após a sua ciência, 
houver coabitação. 
 
2.7. Celebração do casamento 
 
Segundo o artigo 1.514 do Código Civil “O 
casamento se realiza no momento em que o 
homem e a mulher manifestam, perante o juiz, 
a sua vontade de estabelecer vínculo conjugal, 
e o juiz os declara casados”. 
 
O registro do casamento é ato consectário 
necessário à configuração da existência do 
mesmo. 
 
A celebração do casamento é ato de extremo 
formalismo, apenas estando finalizado após a 
leitura da fórmula sacramental, disciplinada no 
artigo 1.535 do Código Civil de 2002. 
 
Sobre a celebração por autoridade, Código 
Civil acolheu a teoria do funcionário de fato 
(teoria da aparência): art. 1561 do CC. 
 
2.8. Espécies de casamento 
 
2.8.1. Casamento civil 
 
A teor do artigo 1.534 e seguintes do mesmo 
Código Civil, o casamento se realiza, regra 
geral, na sede do cartório. Entretanto, poderá 
acontecer em outro edifício público ou 
particular. 
 
2.8.2. Casamento religioso com efeito civil 
 
A teor do artigo 74 da Lei de Registros 
Públicos, o casamento religioso com efeito civil 
demanda do procedimento prévio de 
habilitação. De fato, apenas é religiosa a 
celebração do casamento, pois todo o 
procedimento prévio e o registro posterior são 
idênticos ao civil. 
O art. 1.515, CC, admite o casamento religioso 
com efeito civil. A celebração pode ser em 
qualquer religião, desde que observadas as 
formalidades do ato. 
 
2.8.3. Moléstia grave ou nuncupativo 
 
Ocorre quando um dos cônjuges possui 
moléstia grave (não estando em perigo 
iminente de vida) e está disciplinado no artigo 
1.539 do Código Civil. 
 
Seria mais um caso específico em que a 
celebração não será realizada em cartório. 
 
2.8.4. Em iminente risco de vida ou in 
extremis ou nuncupativo 
 
O nubente se encontra à beira da morte, não 
sendo possível nomear autoridade celebrante, 
realizar processo de habilitação, publicar edital. 
Serão em número de 6 (seis) as testemunhas, 
que não sejam parentes em linha reta, nem 
colateral até segundo grau dos nubentes (art. 
1540 do CC). 
 
Acaso o enfermo venha a convalescer e sendo 
possível ratificar o casamento na presença da 
autoridade competente, serão dispensadas as 
formalidades. 
 
2.8.5. Por procuração 
 
Previsto no artigo 1.542 CC, esta procuração 
terá validade por apenas 90 dias (mesmo prazo 
de validade da habilitação) e somente poderá 
ser feita por instrumento público, contendo 
poderes especiais. 
 
2.9. Efeitos pessoais do casamento 
 
O casamento gera efeitos pessoais e 
patrimoniais (regime de bens). 
 
Exemplo: direitos e deveres conjugais (arts. 
1.565 e 1.566 do Código Civil): fidelidade 
recíproca, vida em comum no domicílio 
conjugal (coabitação), mutua assistência, 
sustento, guarda e educação dos filhos e 
respeito e consideração mútuos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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7 
2.10. Efeitos patrimoniais do casamento 
(regime de bens) 
 
O regime de bens é o estatuto patrimonial do 
casamento. 
 
O regime de bens submete-se a dois 
princípios: liberdade de escolha, o qual é 
exercitado pelo pacto antenupcial, e 
mutabilidade. 
 
2.10.1 Pacto antenupcial 
 
Acaso os nubentes desejem não se submeter à 
comunhão parcial de bens, o negócio jurídico 
de família que há de ser realizado para atingir 
esta finalidade é denominado pacto 
antenupcial, ou convenção matrimonial. 
 
Trata-se de negócio jurídico solene, que 
somente poderá ser feito por escritura pública, 
sob pena de nulidade. 
 
É possível ao relativamente incapaz subscrever 
pacto antenupcial, desde que haja aprovação 
do representante legal do mesmo. 
 
Mediante o pacto é possível que os nubentes 
escolham um regime de bens já regulado no 
Código Civil ou que realizem regime próprio, 
híbrido, misto, exercitando a variabilidade 
(Enunciado 331 do CJF). 
 
2.10.2 Mutabilidade 
 
Possibilidade de alteração do regime de bens 
entre os cônjuges, desde que o pedido seja 
conjunto, de ambos, sem litígio algum e, 
fundamentado, haja decisão judicial, com a 
máxima publicidade e sem causar um só 
prejuízo a terceiros (art. 1.639 CC). 
 
A mudança de regime é ex nunc (Enunciado 
113 do CJF). 
 
2.10.3. Espécies de regime de bens 
 
a) O regime legal da comunhão parcial de 
bens. Não havendo convenção, ou sendo esta 
nula, ineficaz, a teor do art. 1.640, CC, vigorará 
“entre os cônjuges o regime da comunhão 
parcial”. 
Na comunhão parcial de bens “comunicam-se 
os bens que sobrevierem ao casal, na 
constância do casamento”, (art. 1.658, CC), 
com as exceções previstas no artigo 1.659 do 
CC. 
 
A teor do art. 1.663, CC, a administração dos 
bens comuns compete a qualquer um dos 
cônjuges. Já a administração dos particulares 
competirá ao seu proprietário (art. 1.665, CC). 
 
b) O regime da comunhão universal. Este 
regime de bens importa na comunicação de 
todo o patrimônio presente e futuro do casal, 
inclusive as dívidas, com poucas exceções de 
incomunicabilidade, que estão previstas no 
artigo 1.668 do Código Civil. 
 
 
Existe responsabilidade solidária entre os 
cônjuges pelas dívidas do outro enquanto não 
se extinguir a comunhão (art. 1.671, CC). 
 
c) Separação obrigatória. O artigo 1.641 
do Código civil impõe o regime de separação 
obrigatória de bens para três hipóteses 
específicas: casamento celebrado com maior 
de 70 anos de idade; casamento decorrente de 
supressão judicial de autorização para casar 
em favor de relativamente incapaz e, 
finalmente, casamento que não observa as 
causas suspensivas. 
 
Atenção: a redação do artigo 1.641 foi alterado, 
em 10 de dezembro de 2010, pela Lei 12.344, 
aumentando para 70 anos a idade a partir da 
qual se torna obrigatória a imposição do regime 
de separação obrigatória. 
 
A incomunicabilidade é a marca característica 
deste regime. 
 
Súmula 377, STF: “no regime de separação 
legal de bens, comunicam-se os adquiridos na 
constância do casamento”. 
 
d) Separação convencional. O regime 
jurídico é idêntico ao da separação obrigatória 
sendo que a única diferença reside no fato de o 
mesmo não surgir de imposição normativa, 
mas sim da autonomia privada. 
Ambos os cônjuges, na proporção dos seus 
rendimentos, concorrem para o sustento do lar. 
 
 
 
 
 
 
 
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8 
e) Participação final nos aquestos. Trata-
se de regime de pouca aceitação social, que 
tende a cair em desuso. 
 
O cônjuge possui patrimônio próprio, e lhe 
caberá à época da dissolução da sociedade 
conjugal, direito à metade dos bens adquiridos 
pelo casal, a título oneroso, na constância do 
casamento (art. 1.672, CC). 
 
O direito à meação não é renunciável, cessível,ou penhorável na vigência do regime 
matrimonial (artigo 1.682 CC). 
 
3. Separação e Divórcio 
 
A dissolução da sociedade conjugal termina 
com a morte de um dos cônjuges, com a 
nulidade, ou anulação do casamento, pela 
separação judicial ou, finalmente, pelo divórcio. 
 
Emenda Constitucional nº 66: o vínculo 
matrimonial poderá ser desfeito de maneira 
mais célere e menos custosa. Trouxe o fim da 
separação judicial e do divórcio indireto. 
Também se aboliu o prazo mínimo para a 
dissolução do vínculo matrimonial. 
 
A EC 66 tem efeito apenas ex nunc. 
 
Tanto o art. 1.581, CC, quanto a súmula 197 do 
STJ, afirmam que “o divórcio direto pode ser 
concedido sem que haja prévia partilha dos 
bens”. 
 
3.1. Divórcio extrajudicial 
 
 Lei Federal nº 11.441/07: é permitido o 
divórcio administrativo, realizado perante um 
tabelião e desde que não haja litígio entre os 
divorciados, nem incapazes envolvidos. 
A presença do advogado é imprescindível no 
divórcio extrajudicial, sendo possível, inclusive, 
um só causídico para ambos os clientes. 
 
3.2. Efeitos da dissolução conjugal 
 
3.2.1. O nome de casado 
 
Não há obrigatoriedade: tanto a mulher como o 
homem pode acrescer ao seu nome, caso 
queira, o sobrenome do outro cônjuge. Após a 
dissolução, a manutenção, ou não, do nome de 
família, é uma faculdade prevista no § 2º do 
artigo 1.571 do CC. 
 
Excepcionalmente, é possível a ordem de 
retirado do sobrenome, desde que (1578 do 
CC): haja pedido expresso, culpa reconhecida 
e não observe-se: 
 
I) evidente prejuízo para a sua 
identificação; 
II) manifesta distinção entre o seu nome 
de família e o dos filhos havidos da união 
dissolvida; 
III) dano grave reconhecido na decisão 
judicial. 
 
3.2.2. Direito a alimentos 
 
A EC 66 em nada altera a relação dos pais 
com seus filhos. 
 
Os alimentos serão devidos levando-se em 
conta basicamente o binômio 
necessidade/utilidade. 
 
O pagamento dos alimentos será fixado na 
justa medida entre a capacidade do 
alimentante e a necessidade do alimentado. 
O escopo é não só o mínimo existencial, mas a 
manutenção de um padrão de vida. Alimentos 
não é apenas o que se come. 
 
Se o divórcio for consensual, os próprios 
divorciandos deverão acordar sobre o 
montante a ser pago. 
 
3.2.3. Guarda dos filhos 
 
Deverá ficar com a guarda da criança ou do 
adolescente aquele que melhores condições 
psicológicas e morais demonstrar ter. 
 
O que se deve levar em conta é, pois, o 
interesse do menor. 
O texto em comento entrou em vigor na data 
de sua publicação. Fiquem atentos! Será 
questão certa. 
 
3.3.4. Partilha dos bens 
 
A partilha dos bens poderá inclusive ocorrer 
posteriormente ao divórcio. 
 
 
 
 
 
 
 
 
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9 
4. Relações de parentesco 
 
Parentes em linha reta de parentes colaterais. 
A teor do artigo 1.591: “São parentes em linha 
reta as pessoas que estão para com as outras 
na relação de ascendentes e descentes”. 
 
Os parentes colaterais (ou transversais) são 
“as pessoas provenientes de um só tronco, 
sem descenderem uma da outra” e até o quarto 
grau (art. 1.593). São, por exemplo, os irmãos, 
sobrinhos, tios e primos. 
 
Os parentes afins: “Cada cônjuge ou 
companheiro é aliado aos parentes do outro 
pelo vínculo da afinidade”, limitando-se este 
parentesco “aos ascendentes, aos 
descendentes e aos irmãos do cônjuge ou 
companheiro” (§ 1º, art. 1.595, CC) . 
 
O grau de parentesco é dado pelo número de 
gerações existentes entres os parentes. 
 
Para se determinar o grau de parentesco na 
linha colateral, art. 1.594, CC, dispõe que o 
grau será determinado subindo de um dos 
parentes até ao ascendente comum, e 
descendo até encontrar o outro parente. 
 
4.1. Filiação 
 
O constituinte tratou de disciplinar a igualdade 
existente entre os filhos, não admitindo 
qualquer distinção ou denominação que o 
diferencie dos demais. 
 
§ 6º do artigo 227 da CF/88: “Os filhos, havidos 
ou não da relação do casamento, ou por 
adoção, terão os mesmos direitos e 
qualificações, proibidas quaisquer designações 
discriminatórias relativas à filiação” 
 
O Código Civil no artigo 1.597 ostenta um 
sistema de presunção do estado de filiação na 
constância do casamento em algumas 
hipóteses: 
 
I)nascidos cento e oitenta dias, pelo menos, 
depois de estabelecida a convivência conjugal; 
II)nascidos nos trezentos dias subsequentes à 
dissolução da sociedade conjugal, por morte, 
separação judicial, nulidade e anulação do 
casamento; 
III)havidos por fecundação artificial homóloga, 
mesmo que falecido o marido; 
IV)havidos, a qualquer tempo, quando se tratar 
de embriões excedentários, decorrentes de 
concepção artificial homóloga; 
V) havidos por inseminação artificial 
heteróloga, desde que tenha prévia autorização 
do marido. 
 
O sistema é na constância do casamento, logo 
não se aplica à uniões estáveis. 
 
A inseminação artificial heteróloga se difere por 
utilizar material genérico de terceiro, razão pela 
qual exige autorização do outro cônjuge, sob 
pena de não se presumir filho do casal. 
Nestes casos, a relação sexual é substituída 
pela vontade juridicamente qualificada 
(Enunciado 104 do CJF). 
 
Estas presunções são relativas, de modo que 
podem ser afastadas por prova em sentido 
contrário. 
 
Esta filiação pode ser objeto de 
reconhecimento em quatro hipóteses: 
 
I) no registro do nascimento; 
II) por escritura pública ou escrito 
particular, a ser arquivado em cartório; 
III) por testamento, ainda que 
incidentalmente manifestado; 
IV) por manifestação direta e expressa 
perante o juiz, ainda que o reconhecimento não 
haja sido o objeto único e principal do ato que o 
contém. 
 
É irrevogável o reconhecimento do filho mesmo 
quando feito em testamento, sendo que o filho 
havido fora do casamento, reconhecido por um 
dos cônjuges, não poderá residir no lar 
conjugal sem o consentimento do outro, sendo 
ineficazes a condição e o termo apostos ao ato 
de reconhecimento do filho (arts. 1.610, 1.611 
e 1.613, todos do CC). 
 
O reconhecimento do filho maior não pode 
acontecer sem o consentimento do filho. 
 
4.3. A sócioafetividade 
 
Paulo Luiz Netto Lôbo afirma que a “chamada 
verdade biológica nem sempre é adequada, 
 
 
 
 
 
 
 
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pois a certeza absoluta não é suficiente para 
fundar a filiação, especialmente quando esta já 
tiver sido constituída na convivência duradoura 
com pais socioafetivos”. 
 
Enunciado 103 em Jornada de Direito Civil: “o 
Código Civil reconhece, no art. 1.593, outras 
espécies de parentesco civil além daquele 
decorrente da adoção, acolhendo, assim, a 
noção de que há também parentesco civil no 
vínculo parental proveniente quer das técnicas 
de reprodução assistida heteróloga 
relativamente ao pai (ou mãe) que não 
contribuiu com seu material fecundante, quer 
da paternidade sócio-afetiva, fundada na posse 
do estado de filho”. 
 
Enunciado 108: “no fato jurídico do nascimento, 
mencionado no art. 1.603, compreende-se, à 
luz do disposto no art. 1.593, a filiação 
consanguínea e também a sócio-afetiva”. 
 
5. União Estável 
 
Prevista nos artigos 1.723 a 1.726 do Código 
Civil, trata-se da união pública, fixa, perene, 
habitual, estável, entre homem e mulher com o 
objetivo de constituir família. 
 
Três são os requisitos objetivos da união 
estável (diversidade de sexos, publicidade e 
habitualidade). Um será o requisito subjetivo 
(animus de constituir família). 
 
Não é necessário more uxório (morar sob o 
mesmo teto), prazo mínimo e prole para 
caracterização do instituto. 
 
Os impedimentos do casamento se aplicam àunião estável, à exceção do impedimento 
matrimonial. 
 
Quanto às causas suspensivas do casamento, 
previstas no artigo 1.523 do Código civil, estas 
não se aplicam à união estável. 
 
A união estável, regra geral, submete-se ao 
regime da comunhão parcial de bens, salvo 
contrato particular, escrito, que pode em tese, 
eleger outro tipo de regime. 
 
Tal pacto é denominado de contrato de 
convivência, e possui forma livre. 
Aplica-se a união estável os deveres 
consagrados no artigo 1.724 do código Civil: 
 
Deveres de lealdade; 
 
Respeito e assistência; 
 
De guarda, sustento e educação dos filhos. 
 
6. Concubinato 
 
O artigo 1.727 do Código Civil estabelece que 
a relação não habitual entre homem e mulher 
impedidos de casar constitui concubinato. 
Traições pontuais não configuram 
concubinatos, mas mera quebra do dever de 
fidelidade. 
 
Trata-se de uma relação jurídica ilegítima que 
não será protegida pelo ordenamento jurídico 
de forma alguma. 
 
7. Alimentos 
 
A ordem jurídica assegura entre certos 
parentes (ascendentes, descendentes e 
irmãos) o direito recíproco de receber 
alimentos, estendendo esta disciplina ao 
cônjuge e ao companheiro. 
 
Trata-se de direito indisponível, 
intransacionável, impenhorável, 
incompensável, incessível, inerente à pessoa, 
que impõe o pagamento, in natura ou em 
espécie, de prestações aptas à manutenção da 
vida digna. 
 
Os alimentos são irrenunciáveis, mas é 
possível, em tese, para a hipótese fática da 
ausência de uma necessidade, que o credor 
dispense o devedor potencial de pagá-los. 
 
Enunciado 342, CJF: “Observadas as suas 
condições pessoais e sociais, os avós somente 
serão obrigados a prestar alimentos aos netos 
em caráter exclusivo, sucessivo, complementar 
e não-solidário, quando os pais destes 
estiverem impossibilitados de fazê-lo, caso em 
que as necessidades básicas dos alimentandos 
serão aferidas, prioritariamente, segundo o 
nível econômico-financeiro dos seus genitores.” 
 
 
 
 
 
 
 
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Os alimentos devidos e vencidos prescrevem 
em dois anos (art. 206, § 2º, CC) se não 
pretendidos pelo credor. 
 
Os alimentos liminarmente deferidos pela 
Justiça podem ser provisionais ou provisórios. 
Súmula 309 do STJ: “O débito alimentar que 
autoriza a prisão civil do alimentante é o que 
compreende as três prestações anteriores ao 
ajuizamento da execução e as que se 
vencerem no curso do processo”. 
 
A socioafetividade geradora das relações de 
parentesco possibilita o surgimento do dever 
alimentar, que se transmite hereditariamente 
(Enunciado 341 do CJF). 
 
7.1. Alimentos gravídicos 
 
Lei Federal 11.804/2008: restou disciplinado o 
direito de alimentos da mulher gestante, da 
concepção ao parto “inclusive as referentes à 
alimentação especial, assistência médica e 
psicológica, exames complementares, 
internações, parto, medicamentos de demais 
prescrições preventivas e terapêuticas 
indispensáveis, a juízo do médico, além de 
outras que o juiz considere pertinentes”, a ser 
custeados pelo “futuro pai” (art. 2º da lei), 
desde que se identifiquem “indícios de 
paternidade” (art. 6º da lei). 
 
8. Guarda 
 
A guarda serve tão somente para estabelecer o 
estado de fato relativo à posse da criança ou 
do adolescente menor de dezoito anos e não 
emancipado no que concerne à convivência 
com os genitores ou terceiros. 
 
A regra é a guarda compartilhada. 
 
A guarda unilateral constitui exceção à regra e 
só deve ocorrer quando não for possível a 
guarda compartilhada. 
 
A guarda não gera a perda da autoridade 
parental. 
 
O § 5º do artigo 1.584 do Código Civil prevê a 
possibilidade do juiz entregar a guarda do 
incapaz à pessoa distinta que revele 
compatibilidade com a natureza da medida, 
devendo neste caso observar os graus de 
parentesco e as relações de afinidade e 
afetividade. 
 
9. Tutela 
 
Segundo o art. 1.728, CC, os filhos menores 
serão postos em tutela para caso do 
falecimento dos pais destes, ou se “os pais 
decaírem do poder familiar”, competindo aos 
genitores nomear tutor em conjunto, mediante 
testamento ou documento outro, desde que 
autêntico sendo “nula a nomeação de tutor pelo 
pai ou pela mãe que, ao tempo de sua morte, 
não tinha o poder familiar” (art. 1.730, CC). 
 
A tutela incumbe aos parentes do menor, 
preferencialmente aos ascendentes mais 
próximos. Na falta destes, aos colaterais até o 
terceiro grau. 
 
Aos irmãos órfãos há de se dar um só tutor a 
fim de permitir a manutenção do que ainda 
restou dos laços familiares originários (unidade 
da tutela). 
 
Ao lado dos impedidos de exercer a tutela, 
existem aqueles que podem se escusar do 
múnus, ou seja, postular a dispensa do dever 
da tutela: mulheres casadas, os maiores de 
sessenta anos, aqueles que tiverem sob 
autoridade mais de três filhos, os 
impossibilitados por enfermidade, os que 
habitam longe do lugar onde se haja de exercer 
a tutela, aqueles que já exercerem tutela ou 
curatela e os militares em serviço. 
 
A escusa não se confunde com o impedimento. 
Enquanto este deve ser indicado pelo Juiz ex 
oficio, aquela exige postulação do interessado. 
E qual seriam as atribuições do tutor? 
 
De acordo com o artigo 1.740 do Código Civil 
compete ao tutor dirigir a educação do tutelado, 
defendê-lo, prestar alimentos, adimplir os 
deveres dos pais, entre outras hipóteses. 
 
Hipóteses em que o tutor não está autorizado a 
agir, sob pena de nulidade. São elas: (art. 
1.479, CC) 
 
 
 
 
 
 
 
 
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12 
I) adquirir por si, ou por interposta pessoa, 
mediante contrato particular, bens móveis ou 
imóveis pertencentes ao menor; 
 
II) dispor dos bens do menor a título gratuito; 
 
III) constituir-se cessionário de crédito ou de 
direito, contra o menor. 
 
Artigo 1.752, CC: “O tutor responde pelos 
prejuízos que, por culpa, ou dolo, causar ao 
tutelado; mas tem direito a ser pago pelo que 
realmente despender no exercício da tutela, 
salvo no caso do art. 1.734, e a perceber 
remuneração proporcional à importância dos 
bens administrados. § 1º Ao protutor será 
arbitrada uma gratificação módica pela 
fiscalização efetuada. § 2º São solidariamente 
responsáveis pelos prejuízos as pessoas às 
quais competia fiscalizar a atividade do tutor, e 
as que concorreram para o dano”. 
Os tutores sempre deverão prestar contas da 
administração dos bens dos tutelados. 
 
10. A Curatela 
 
A curatela constitui instituto mais amplo a se 
dirigir não apenas aos demais incapazes, 
absolutos ou relativos, maiores de dezoito 
anos, como ainda ao nascituro, ao ausente, ao 
revel citado por edital, entre outras hipóteses. 
 
Artigo 1.779 do Código Civil: “Dar-se-á curador 
ao nascituro, se o pai falecer estando grávida a 
mulher, e não tendo o poder familiar”, sendo 
que, de acordo com o parágrafo único, “Se a 
mulher estiver interdita, seu curador será o do 
nascituro”. 
 
Artigo 1.767, CC: “Estão sujeitos a curatela: I – 
aqueles que, por enfermidade ou deficiência 
mental, não tiverem o necessário 
discernimento para os atos da vida civil; II – 
aqueles que, por outra causa duradoura, não 
puderem exprimir a sua vontade; III – os 
deficientes mentais, os ébrios habituais e os 
viciados em tóxicos; IV – os excepcionais sem 
completo desenvolvimento mental; V – os 
pródigos”. 
 
A lei civil exige que o Magistrado examine 
pessoalmente o interditando assistido por 
especialistas (art. 1.771, CC), falando-se em 
perícia médica obrigatória. 
 
Deve a interdição estabelecer os seus limites, 
de modo a permitir certa dose de 
independência e liberdade para a pessoa 
interditada. 
 
Artigo 1.782, CC: “Ainterdição do pródigo só o 
privará de, sem curador, emprestar, transigir, 
dar quitação, alienar, hipotecar, demandar ou 
ser demandado, e praticar, em geral, os atos 
que não sejam de mera administração”. 
 
E quem deve ser nomeado o curador? 
 
Na forma do artigo 1.775 do Código Civil ou o 
cônjuge, ou o companheiro, não separado 
judicialmente ou de fato. Na falta destas 
pessoas, o curador deverá ser ou o pai, ou a 
mãe. Na falta destes, o descendente que se 
demonstrar mais apto sendo que “os mais 
próximos precedem aos mais remotos”. 
 
Se o interditado restabelecer a saúde psíquica, 
poderá formalizar judicialmente pedido de 
levantamento da interdição, hipótese na qual 
cessará a tutela. 
 
11. Adoção 
 
A adoção atribui a condição de filho ao 
adotado, eliminando os vínculos de 
parentescos biológicos, à exceção do 
impedimento matrimonial. 
Somente a pessoa maior de dezoito anos pode 
adotar, salvo na hipótese de um casal e desde 
que um deles tenha completado a maioridade e 
comprove a estabilidade da família. 
Considerando que a adoção constitui ficção 
jurídica que imita a realidade biológica, exige-
se que o adotante seja, pelo menos, dezesseis 
anos mais velho que o adotado. 
 
A adoção pressupõe um processo judicial e 
depende do consentimento dos pais, ou dos 
representantes legais de quem se deseja 
adotar, além da concordância deste, se contar 
mais de doze anos. 
 
O consentimento somente será dispensado se 
os pais desta pessoa forem desconhecidos, ou 
 
 
 
 
 
 
 
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destituídos do poder familiar, por razões 
intuitivas. 
 
Casais homossexuais podem adotar porque 
assim já entendeu o Superior Tribunal de 
Justiça, como também poderão divorciados e 
separados judicialmente. 
 
A adoção existe em melhor benefício do 
adotando (mais uma vez o princípio da 
proteção integral, o mesmo aplicado para a 
guarda). 
 
O adotando terá direito subjetivo de alterar o 
sobrenome ou até o prenome, se menor e 
desde que haja pleito neste sentido. 
 
DIREITOS DAS SUCESSÕES 
 
1. Conceito 
 
A sucessão se dá no momento da morte, 
sendo a herança desde logo transmitida aos 
herdeiros legítimos ou testamentários (art. 
1784, CC). 
 
Saisine ou Droit Saisine: Trata-se de um 
princípio que cria uma importante ficção 
jurídica objetivando que a propriedade sempre 
tenha um dono, um herdeiro, para, assim, 
atender a sua função social. 
 
1.2. Pressupostos 
 
Dois são os pressupostos necessários: 
 
a) que o de cujos tenha falecido; 
b) que lhe sobreviva o herdeiro. 
Vivo o autor da herança não existe sucessão: 
viventis nulla hereditatis. Só a morte natural ou 
presumida é capaz de abrir a sucessão (artigos 
6º e 7º, CC). 
 
1.2.1 Comoriência (art. 8º, CC) 
 
Se dois ou mais indivíduos falecerem na 
mesma ocasião, não se podendo averiguar se 
algum dos comorientes precedeu aos outros, 
presumir-se-ão simultaneamente mortos. 
 
1.3. Natureza jurídica da herança: 
indivisibilidade da herança e juízo universal 
A sucessão é tida como imóvel (artigo 80, II, 
CC), submetida ao regime de um condomínio 
indivisível (artigo 1.791, CC), surgindo, a partir 
de então, o juízo universal da herança (artigo 
91, CC). 
 
Na qualidade de imóvel, a transmissão da 
herança exige escritura pública (artigo 1.793, 
CC) sob pena de nulidade (artigo 166, IV, CC), 
como também da outorga uxória se o regime 
de bens não for o da separação absoluta 
(artigo 1.647, I, CC). 
 
1.4. Sucessão do Município do Distrito 
Federal e da União (art. 1.844, CC) 
 
O Poder Público não consta mais no rol dos 
herdeiros necessários apontados na ordem da 
vocação hereditária (art. 1.844, CC). 
 
Não é herdeiro regular. É sucessor anômalo ou 
irregular criado apenas por fundamento político 
social para evitar propriedade sem dono 
quando ocorre a vacância. 
 
1.5. Pacto de corvina 
 
A lei brasileira, na melhor forma do artigo 426 
do Código Civil proíbe a existência de contrato 
que tenha como objeto a herança de pessoa 
viva. 
 
2. O Foro para Ajuizamento do Inventário e 
a Administração da Herança 
 
2.1. O foro 
 
Como é sabido: a sucessão abre-se no lugar 
do último domicílio do falecido (art. 1.785, CC), 
sendo este, regra geral, o foro competente para 
o ajuizamento do inventário. 
 
Art. 96 do CPC, em inexistindo domicílio certo, 
será o da situação dos bens. Caso não tenha 
domicílio certo, e bens em lugares diferentes, 
será o do local do óbito. 
 
2.2. A indivisibilidade da herança 
 
Apresentadas as disposições gerais, o Direito 
Sucessório prossegue sua disciplina Até a 
partilha, o direito dos coerdeiros, quanto à 
propriedade e posse da herança, será 
 
 
 
 
 
 
 
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indivisível, e regular-se-á pelas normas 
relativas ao condomínio. 
 
2.3. A Possibilidade de cessão 
 
Nada impede, contudo, que o quinhão 
hereditário seja objeto de “cessão por escritura 
pública” (art. 1.793, CC). 
 
“O coerdeiro, a quem não se der conhecimento 
da cessão, poderá, depositado o preço, haver 
para si a quota cedida a estranho, se o 
requerer até cento e oitenta dias após a 
transmissão” (artigo 1.795, CC). 
 
2.4. A Força da herança 
 
 “O herdeiro não responde por encargos 
superiores às forças da herança”, incumbindo-
lhe “a prova do excesso, salvo se houver 
inventário que a escuse, demonstrando o valor 
dos bens herdados” (art. 1.792, CC). 
 
3. Capacidade para Suceder 
 
O Código Civil legitima como sucessores as 
pessoas nascidas ou já concebidas no 
momento da abertura da sucessão (art. 1.789). 
Há ainda a possibilidade, na sucessão 
testamentária, que a prole dita eventual 
suceda, desde que concebida, salvo disposição 
de vontade em contrário, até dois anos após a 
morte do de cujus (arts. 1.799, 1.800, CC). 
 
É possível que a herança seja destinada a uma 
pessoa jurídica, atual ou futura. 
 
3.1. Ilegitimados a Suceder 
 
O concubino, assim como o deserdado, ou o 
indigno, não podem receber herança, por 
razões intuitivas (art. 1.802, CC). 
 
Também não podem ser nomeados herdeiros 
ou legatários a pessoa que, a rogo, escreveu o 
testamento, seu cônjuge ou companheiro, 
ascendentes e irmãos, as testemunhas do 
testamento e o tabelião, seja civil ou militar (art. 
1801, CC). 
 
Lícita, porém, é a deixa patrimonial para o filho 
fruto do concubinato, haja vista a igualdade 
filial (art. 1803, CC). 
5. Indignidade: Dos Excluídos da Sucessão 
 
5.1. Trata-se de sanção cível imposta por 
sentença transitada em julgado 
identificadora de uma das taxativas 
hipóteses previstas no artigo 1.814 do 
Código Civil. 
 
5.2. A reabilitação do indigno 
 
É possível a reabilitação do indigno, a teor do 
artigo 1.818 do Código Civil “se o ofendido o 
tiver expressamente reabilitado em testamento, 
ou em outro ato autêntico”, assim sendo 
também considerado o indigno “contemplado 
em testamento do ofendido, quando o testador, 
ao testar, já conhecia a causa da indignidade”. 
 
5.3. E a deserdação? 
 
Enquanto a deserdação é um instituto típico da 
sucessão testamentária, possibilitando ao 
testador excluir herdeiro necessário, a 
indignidade é instituto mais amplo, aplicando-
se tanto à sucessão testamentária quanto à 
legítima. 
 
As causas de deserdação são mais amplas 
que as de indignidade, pois, além das 
hipóteses do art. 1814 do CC, é possível a 
arguição das hipóteses dos arts. 1961 e 1962 
do CC, as quais envolvem ofensa física, injúria 
grave, relações ilícitas familiares e desamparo. 
 
6. Herança Jacente versus Herança Vacante 
 
A herança jacente ocorre quando os herdeiros 
não são notoriamente conhecidos, ou ainda 
quando a herança não foi aceita pelas pessoas 
sucessíveis,ou a prole eventual não fora 
gerada. 
 
Passado um ano da primeira publicação de 
edital, e não aparecendo ninguém, deve o juiz 
declarar a herança vacante. 
Os herdeiros colaterais apenas poderão se 
habilitar até a declaração de vacância (um 
ano), enquanto que os necessários poderão se 
habilitar, sem prejuízos, pelo prazo de cinco 
anos após a declaração de vacância (art. 1822 
CC). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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7. Petição da Herança 
 
7.1. Conceito 
 
Prevista no artigo 1.824 do Código Civil, trata-
se de “pretensão deduzida em juízo pelo 
herdeiro preterido no sentido de lhe ser 
deferida quer a quota-parte que lhe caberia, 
quer, ainda, a totalidade da herança, 
reconhecendo-se, em todo o caso, a qualidade 
de herdeiro que lhe é natural”. 
O Supremo Tribunal Federal na súmula 149 
entendeu pela prescritibilidade, sendo esta a 
doutrina majoritária. 
 
8. Ordem de Vocação Hereditária 
 
8.1. Conceito 
 
Trata-se de uma relação preferencial 
estabelecida por lei das pessoas chamadas a 
suceder o finado. 
Morrendo alguém sem deixar testamento, a 
hipótese será de aplicação do artigo 1.829, CC. 
 
8.2. Sucessão dos descendentes 
 
Art. 1.835: “Na linha descendente, os filhos 
sucedem por cabeça, e os outros 
descendentes por cabeça ou por estirpe, 
conforme se achem ou não no mesmo grau”.. 
 
8.3. A situação do cônjuge na concorrência 
com os descendentes 
 
A depender do regime de bens é possível que 
o cônjuge sobrevivente concorra, ao lado dos 
descendentes, no recebimento da herança (art. 
1.829, inciso I, CC). 
 
Enunciado 270, CJF/STJ: “o artigo 1.829, 
inciso I, só assegura ao cônjuge sobrevivente o 
direito de concorrência com os descendentes 
do autor da herança quando casados no 
regime da separação convencional de bens ou, 
se casados nos regimes da comunhão parcial 
ou participação final nos aquestos, o falecido 
possuísse bens particulares, hipóteses em que 
a concorrência restringe-se a tais bens, 
devendo os bens comuns (meação) ser 
partilhados exclusivamente entre os 
descendentes”. 
Nessa concorrência, é assegurado ao cônjuge 
(art. 1.832 do CC) direito hereditário a um 
quinhão igual ao dos que sucederem por 
cabeça, não podendo a sua quota ser inferior à 
quarta parte se for ascendente dos herdeiros 
com que concorre. 
 
8.4. Sucessão dos ascendentes 
 
Não havendo herdeiros da classe dos 
descendentes, chamar-se-ão a suceder em 
concorrência com o cônjuge sobrevivente 
qualquer que seja o regime matrimonial de 
bens, os ascendentes do de cujus (art. 1.836, 
CC). 
 
O grau mais próximo exclui o mais remoto, não 
se devendo atender à distinção de linhas (art. 
1.836, p.u). 
 
Inexiste o direito de representação na linha de 
ascendência (vide o art. 1.852, in fine). 
 
Na ascendência também há de falar-se em 
concorrência com o cônjuge sobrevivente (art. 
1837 CC). 
 
8.5. A sucessão do cônjuge sobrevivente 
 
“Em falta de descendentes e ascendentes, será 
deferida a sucessão por inteiro ao cônjuge 
sobrevivente” (1.838, CC). 
 
Artigo 1.830 - A parte final do artigo perde total 
sentido, pois não é mais possível investigar a 
culpa no divórcio, que constitui direito 
potestativo dos cônjuges, seja por isto, seja 
ante o princípio da intervenção mínima do 
estado. 
 
 Se o casamento for putativo, o cônjuge de boa 
fé (art. 1.561, § 1º, CC) sucede. Isto se a 
sentença anulatória for posterior ao 
falecimento. 
 
8.6. Sucessão dos colaterais – herdeiros 
facultativos 
 
São sucessíveis os colaterais até o quarto grau 
apenas. Art. 1.840 do CC: Na classe dos 
colaterais, os mais próximos excluem os mais 
remotos, salvo o direito de representação 
concedido aos filhos de irmãos. 
 
 
 
 
 
 
 
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O artigo 1.841 do CC, para efeito de sucessão 
de colateral, distingue o irmão bilateral ou 
germano, do irmão unilateral ou consanguíneo 
ou uterino: concorrendo à herança do falecido 
irmãos bilaterais com irmãos unilaterais, cada 
um destes herdará metade do que cada um 
daqueles herdar. 
 
8.7. O Artigo 1.830 e a separação há mais de 
dois anos 
 
A teor do art. 1.830 “somente é reconhecido o 
direito sucessório ao cônjuge sobrevivente se, 
ao tempo da morte do outro, não estavam 
separados judicialmente, nem separados de 
fato há mais de dois anos, salvo prova, neste 
caso, de que essa convivência se tornara 
impossível sem culpa do sobrevivente”. 
 
8.8. O direito real de habitação 
 
A teor do artigo 1.831 do Código Civil “Ao 
cônjuge sobrevivente, qualquer que seja o 
regime de bens, será assegurado, sem prejuízo 
da participação que lhe caiba na herança, o 
direito real de habitação relativamente ao 
imóvel destinado à residência da família, desde 
que seja o único daquela natureza a 
inventariar”. 
 
Existem duas espécies do direito real de 
habitação: 
 
(1) A voluntária que exige escritura pública 
registrada em cartório (Lei de Registros 
Públicos, art. 167, I, 7); 
(2) A legal, que independe de escritura, sendo 
esta a estudada no direito das sucessões. 
 
Enunciado 117 em Jornada de Direito Civil: “o 
direito real de habitação deve ser estendido ao 
companheiro, seja por não ter sido revogada a 
previsão da Lei n. 9.278/96, seja em razão da 
interpretação analógica do art. 1.831, 
informado pelo art. 6º, caput, da CF/88”. 
 
9. A Sucessão do Companheiro 
 
Com o novo Código Civil, e seu artigo 1.790, foi 
instituída a concorrência sucessória do 
companheiro com descendentes, ascendentes 
e colaterais do falecido. 
Quais bens herda o companheiro e quanto 
herda? 
 
A massa patrimonial que herda o companheiro 
está disciplinada no caput do artigo 1.790 e 
deve ser considerada a partir de duas 
premissas: 
 
O primeiro bloco patrimonial composto apenas 
pelos bens que o falecido adquiriu 
onerosamente depois de iniciada a união. 
 
O segundo bloco composto dos demais bens 
existentes antes da união estável ou mesmo 
aqueles adquiridos gratuitamente sem o 
esforço comum após a união, tais como 
herança e doação. 
 
9.1. Sucessão dos descendentes 
 
A primeira situação de concorrência do 
companheiro acontece quando este possua 
filhos comuns com o de cujus, hipótese na qual 
herdará a mesma coisa que cada um dos filhos 
receberem. 
 
9.2. A concorrência sucessória do 
companheiro com os “outros parentes” 
 
Inexistindo descendentes, sejam comuns, 
sejam exclusivos do finado, o inciso III, do 
artigo 1.790, prescreve que o companheiro 
sobrevivente receberá 1/3 dos bens 
onerosamente adquiridos durante a união 
estável, sendo que os “outros parentes” (ou 
ascendentes, ou colaterais), receberão 2/3 
deste bloco patrimonial e a totalidade dos 
demais bens, gratuitos, ou exclusivos, do 
finado. 
 
10. Direito de Representação 
 
Herda-se pelo direito de representação quando 
convocado a suceder em lugar de outro 
herdeiro, parente mais próximo do falecido, que 
está pré-morto, ausente ou incapaz de suceder 
no instante em que se abre a sucessão (art. 
1851 do CC). 
 
Trata-se de substituição operada pela lei. 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Como indicado pelo artigo 1.852, a 
representação se dá na linha descendente e 
jamais na ascendente. 
 
Os representantes só podem herdar o que 
herdaria o representado se vivo fosse (art. 
1.854, CC). 
 
Sempre que houver representação, a partilha 
efetuar-se-á por estirpe, distribuindo-se o 
quinhão do representado por igual entre os 
seus representantes. 
 
11. Sucessão Testamentária 
 
O testamento é um negócio jurídico unilateral e 
gratuito, de natureza solene, essencialmenterevogável, personalíssimo, pelo qual alguém 
dispõe dos bens para depois de sua morte, ou 
determina a própria vontade sobre a situação 
dos filhos e outros atos de última vontade, que 
não poderão, porém influir na legítima dos 
herdeiros necessários. 
 
Por ser ato personalíssimo não se admite o 
testamento conjunto ou de mão comum (art. 
1863 CC), bem como simultâneo recíproco ou 
correspectivo. 
 
11.1. Capacidade de testar 
 
Toda pessoa pode dispor por testamento da 
totalidade de seus bens ou de parte deles, para 
depois de sua morte, mas a legítima dos 
herdeiros necessários não poderá ser incluída 
no testamento (artigo 1.857 do CC). 
 
O artigo 1.857 há de ser analisado em 
conformidade com o artigo 1.848. 
 
A capacidade testamentária ativa inicia-se aos 
16 (dezesseis) anos (parágrafo único do artigo 
1.860, CC). 
 
Artigo 1.866, CC: o indivíduo inteiramente 
surdo, que saiba ler, lerá seu testamento, e se 
não souber, designará quem o leia em seu 
lugar, presentes as testemunhas. 
 
Tanto o cego (art. 1.867, CC) como o 
analfabeto (art. 1.869, CC) podem testar. 
 
A nulidade do testamento por incapacidade 
ativa só pode ser ajuizada no juízo privativo, no 
prazo de cinco anos, contados do registro do 
testamento, conforme o art. 1.859, CC. 
 
 “A incapacidade superveniente do testador 
não invalida o testamento, nem o testamento 
do incapaz se valida com a superveniência da 
capacidade” (art. 1.861, CC). 
 
11.2. Formas de testamento 
 
a) Formas ordinárias. O público, cerrado e 
particular (art. 1.862 do CC). 
b) Formas especiais. Em número de três, 
compreende o testamento militar, aeronáutico e 
marítimo, segundo dispõe o artigo 1.886 do 
CC. 
 
11.2.1. O testamento público 
 
O primeiro requisito se refere ao sujeito que 
efetuará a lavratura do ato. Há de ser 
necessariamente tabelião ou seu substituto 
legal. 
 
O segundo requisito é a leitura integral do 
testamento a um só tempo e para todos 
(testador e as duas testemunhas), de uma só 
vez. 
 
O terceiro requisito é a presença de duas 
testemunhas, que assistam a todo o ato. 
 
O quarto requisito é a assinatura do testamento 
por todas as pessoas acima elencadas. 
 
11.2.2. Do testamento cerrado 
 
Também chamado de testamento secreto ou 
místico. 
 
Encontra-se disciplinado nos artigos 1.868 a 
1.875 do Código Civil. 
 
É composto de dois elementos essenciais: a 
cédula testamentária e o auto de aprovação. 
Os requisitos do testamento cerrado estão 
disciplinados no artigo 1.868 do Código Civil. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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11.2.3. Do testamento particular 
 
Também denominado de testamento hológrafo 
é o escrito e assinado pelo testador, lido na 
presença de três testemunhas que também o 
assinarão. 
 
Sua base legal está contida nos artigos 1.876 a 
1.880 do Código Civil. 
 
Seus requisitos estão disciplinados no art. 
1.876, CC: 
 
Morto o testador, publicar-se-á em juízo o 
testamento, com citação dos herdeiros 
legítimos (CC, art. 1.877 c/c 1.130 do CPC). 
 
11.3. O codicilo 
 
É o negócio jurídico de última vontade em que 
o autor dispõe sobre assuntos de menor 
importância, despesas e donativos de reduzido 
valor. 
 
Art. 1.881 do CC: toda pessoa capaz de testar 
poderá, mediante escrito particular seu, datado 
e assinado, fazer disposições especiais sobre 
seu enterro, sobre esmolas de pouca monta a 
certas e determinadas pessoas, ou, 
indeterminadamente, aos pobres de certo 
lugar, assim como legar móveis, roupas ou 
jóias, de pouco valor, de seu uso pessoal. 
 
Serve ainda o codicilo para nomear ou 
substituir testamenteiros (art. 1.883), perdoar o 
indigno (art. 1.818), bem como para reservar 
parcelas para sufrágio de sua alma, obrigando, 
neste caso, a herança (art. 1.998). 
 
11.4. Revogação do testamento 
 
Diz o artigo 1.969 do CC/02 que o testamento 
pode ser revogado pelo mesmo modo e forma 
como pode ser feito. 
 
Tem que ser a mesma forma de testamento? 
Para quase toda a doutrina a resposta é 
negativa. A revogação pode ser parcial ou 
mesmo integral. 
 
No testamento cerrado (art. 1.972 do CCB) 
considera-se revogado quando o testador o 
abrir ou dilacerar ou consentir neste 
procedimento 
 
11.4.1. Repristinação 
 
Repristinar, juridicamente, significa restaurar, 
reavivar. Logo, a revogação do testamento 
revogador não vai repristinar o revogado. 
11.5. Rompimento do testamento 
 
Disciplinado pelos artigos 1.973 a 1.975 do CC, 
o rompimento do testamento se dá em apenas 
duas hipóteses jurídicas e está diretamente 
relacionado com o princípio da intangibilidade 
da legítima. 
 
 Arts. 1.973 e 1.974 do Código Civil. 
Não haverá o rompimento do testamento se o 
testador só dispôs da metade de seu 
patrimônio. 
 
11.6. Do testamenteiro 
 
É permitido que o testador nomeie mais de um 
testamenteiro, conjunta ou separadamente, a 
quem compete o dever jurídico de dar 
cumprimento às disposições de última vontade. 
 
11.7. Do legado 
 
Disciplinado nos artigos 1.912 a 1.940 do 
Código Civil Brasileiro, o legado é uma 
disposição causa mortis no qual o testador 
deixa coisa certa ou direito determinado em 
benefício de alguém (denominado de 
legatário).

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