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1 Controle de Constitucionalidade 1. Objetivo: O controle de constitucionalidade serve para assegurar a supremacia da Constituição. Só podemos falar em controle quando há um escalonamento normativo, isto é, quando há uma norma em posição hierarquicamente superior dando fundamento de validade para as demais. As normas constitucionais possuem um nível máximo de eficácia, obrigando os atos inferiores a guardar uma relação de compatibilidade vertical para com elas. Se não for compatível, o ato será inválido (nulo), daí a inconstitucionalidade ser a quebra da relação de compatibilidade. 2. Conceito: Controle de constitucionalidade é a verificação de compatibilidade ou adequação entre um ato jurídico qualquer e a Constituição, no aspecto formal e material. 3. Origem do Controle de Constitucionalidade: Nasceu nos EUA após a decisão da Suprema Corte acerca do caso Marbury (nomeado para juiz de paz) vs. Madison (Secretário de Thomas Jefferson) : caso da nomeação dos juízes. A Suprema Corte foi provocada com a alegação de que uma determinada lei federal lhe concedida os poderes necessários para ordenar a posse. O Chief Justice John Marshall deu razão no mérito à Marbury, mas não concedeu a ordem por entender que a referida lei federal não poderia ampliar a competência da Suprema Corte; cabendo somente à CF/EUA fazê-lo. A lei, desta forma, era inconstitucional, tendo a Corte poderes para assim declará-la e recusar- se a cumpri-la. Desde esta decisão, ficou estabelecido que o PJud. pode apreciar a constitucionalidade de lei, verificando sua compatibilidade com a CR e declarando a inconstitucionalidade no julgamento dos casos concretos. Posteriormente, na Europa, Hans Kelsen, idealizou o controle concentrado que deveria ser exercido por um ou poucos órgãos especialmente criados para este fim ou que tivessem nessa atividade sua função principal – a CR/AUS de 1920 criou o Tribunal Constitucional da Áustria. 4. Requisitos para o controle de constitucionalidade: É necessário haver uma inconstitucionalidade (quebra da relação de compatibilidade com a Constituição) formal ou material. 2 4.1. Inconstitucionalidade Formal e Material: 4.1.1. Inconstitucionalidade formal: A norma é elaborada em desconformidade com as regras de procedimento, independentemente de seu conteúdo. A norma possui um vício em sua forma, ou seja, em seu processo de formação. 4.1.2. Inconstitucionalidade material ou substancial: A norma é elaborada em conformidade com as regras de procedimento, mas o seu conteúdo está em desconformidade com a Constituição, isto é, a matéria está tratada de forma diversa da Constituição. 4.2. Inconstitucionalidade Por Ação e Por Omissão: A inconstitucionalidade pode resultar de uma ação ou de uma omissão do Poder Público, dando origem à: 4.2.1. Inconstitucionalidade por Ação ou Positiva: ocorre quando o desrespeito à CR resulta de uma conduta comissiva, positiva, praticada por algum órgão estatal – ex: ALMG elabora lei inconstitucional. 4.2.1. Inconstitucionalidade por Omissão ou Negativa: ocorre quando a afronta à CR resulta de uma omissão do legislador, em face de um preceito constitucional que determina a elaboração de norma regulamentadora de suas disposições. É uma conduta omissiva do dever de legislar imposta ao Poder Púbico pela própria CF – ex: não edição de norma que possibilite o exercício de um direito previsto em uma norma de eficácia limitada. Pode ser total (ausência da norma) ou parcial (há a norma mas ela é insuficiente para permitir o exercício do direito assegurado). 5. Sistemas de Controle: Considerando o órgão encarregado de exercer o controle de constitucionalidade: a) político: a constitucionalidade é verificada por um órgão político, distinto do PJud. Este órgão não precisa ser necessariamente o PExec. ou PLeg., podendo ser um órgão especial – ex: Conselho Constitucional Francês; b) jurisdicional: a constitucionalidade é verificada pelo PJud. No BRA, mesmo existindo formas de controle (preventivo e repressivo) levado a cabo pelo PExec. PLeg., prevalece o entendimento que adotamos o controle jurisdicional; c) misto: neste tipo de controle, algumas leis serão submetidas ao controle pelo PJud. e outras ao controle político – ex: Suíça (leis federais: controle político e leis locais: controle jurisdicional). Entre nós todas as leis estão sujeitas ao controle jurisdicional. Parte da doutrina e algumas bancas de concurso utilizam a expressão “misto” para se referir ao controle difuso e concentrado. No BRA o controle de constitucionalidade é jurisdicional, mas contempla 2 modalidades: concentrado e difuso. É por isso que muitos doutrinadores e bancas utiliza a expressão “controle misto” para se referir que dentro do controle jurisdicional existem 2 formas diversas para os seu exercício. 5. Momento do controle de constitucionalidade: a) controle preventivo ou prévio: É aquele exercido no momento de formação do ato, antes que o processo se complete. Classicamente era feito pelo Poder Legislativo e pelo Poder Executivo, mas com a CF/88, o Poder Judiciário poderá fazer o controle prévio desde que provocado por algum membro da Casa, normalmente através de mandado de segurança - ex: Comissão de Constituição e Justiça dá um parecer 3 negativo, acarretando o arquivo do projeto de lei; Chefe do Poder Executivo veta o projeto de lei, por ser inconstitucional (veto jurídico); b) controle repressivo ou posterior: É aquele exercido após a formação, isto é, após existência do ato no mundo jurídico. Ex: Controle pelo judiciário da lei que entrou no mundo jurídico. Classicamente feito pelo Poder Judiciário, mas com a CF/88, o controle posterior também pode ser feito pelo Poder Legislativo. Ex: Cabe ao Congresso Nacional sustar os atos normativos do Poder Executivo que exorbitem o poder regulamentar ou dos limites de delegação legislativa (art. 49, V da CF). Controle Preventivo Controle Repressivo PLeg. Comissão de Constituição e Justiça - CCJ PLeg. Apreciação de Medida Provisória Pleg. Lei Delegada – delegação atípica (art. 68, §3º, CR). Controle feito pelo CN sobre o projeto de lei elaborado pelo PR PLeg. Art. 49, V, CR: sustar atos normativos do PExec. que exorbitem dos limites da delegação legislativa PExec. Veto Jurídico PExec Recusa do Chefe do Executivo em cumprir leis inconstitucionais PJud. MS do parlamentar para assegurar direito líquido e certo ao devido processo legislativo PJud Controle Difuso e Concentrado Pelo quadro podemos ver que todos os Poderes realizam controle preventivo e repressivo de constitucionalidade 5.1. Controle Repressivo feito PJud. - Concentrado e Difuso: No tocante ao controle repressivo feito pelo PJud. temos as modalidades difusa e concentrada, tendo sido ambas adotadas no BRA. O controle concentrado é exercido por um órgão, um tribunal. No BRA, se o parâmetro for a CR/88, o controle concentrado será exercido pelo STF. Entretanto, caso o parâmetro seja uma CE, o controle será exercido pelo Tribunal de Justiça do respectivo Estado-Membro. O controle difuso é aquele exercido por todos os juízes e tribunais (inclusive o STF). É chamado de difuso porque está “espalhado” por todos os órgãos do Poder Judiciário. A via de exercício ou o modo de realização do controle pode ser incidental ou abstrata. O controle de constitucionalidade concentrado, em geral, é feito em tese, na via abstrata, não havendo um caso concreto e seu objetivo é retirar do ordenamento jurídico a norma tida como inconstitucional. Já na via incidental, há um caso concreto e seu objetivo não é a retirada da norma supostamente inconstitucional,mas sim a defesa de um direito subjetivo da parte que para ser reconhecido precisa afastar a norma tida como inconstitucional. 5.1.1. Controle Difuso: Tanto no controle difuso quanto no controle concentrado a regra é que os efeitos da decisão sejam retroativos. Todavia, eles podem sofrer modulação para tornar-se “ex tunc” ou prospectivos (para o futuro). Cláusula de reserva de plenário: se for um juiz singular ele está autorizado a decidir a respeito da inconstitucionalidade da norma. Todavia, se a decisão couber a um Tribunal, a declaração de inconstitucionalidade dever ser feita por seu órgão Pleno ou pelo 4 órgão Especial – art. 97 XI, CR. Caso o órgão fracionário do tribunal entenda que a norma é constitucional ele não precisa afetar a questão ao Pleno/Órgão Especial. STF/Cláusula de Reserva de Plenário: a doutrina entende que o STF deve respeito à cláusula da reserva de plenário. Todavia, o STF entende que não. STF/Repercussão geral (art. 102, §3º, CR): é um filtro acrescentado pela EC 45, que determina o ônus da parte em demonstrar que seu caso tem importância para além das partes envolvidas. Assim, a parte deve demonstrar a existência de questão relevante do ponto de vista econômico, político, social ou jurídico que ultrapassem os interesses subjetivos da causa. O STF só pode recusar julgar o RE pela manifestação de 2/3 de seus membros. Resolução do Senado (art. 52, X, CR): tem caráter discricionário (o Senado não está obrigado a expedir a resolução) e seus efeitos são “ex nunc”. A Resolução pode suspender os efeitos de leis de todas as esferas da federação (federal, estadual, distrital e municipal). O Senado atua como órgão nacional. O Senado não atua no caso de juízo de não recepção. Antes da Resolução do Senado Depois da Resolução do Senado Eficácia: inter partes Eficácia: erga omnes Efeito: ex tunc Efeito: ex nunc 5.1.1. Controle Concentrado: Na via abstrata/principal/direta, o ato normativo é impugnado em tese (em abstrato), sendo a impugnação dissociada de um caso concreto. Existem ações específicas para realizar tal tipo de controle e legitimados próprios. O principal objetivo é a proteção da CR, ainda que de forma oblíqua também sejam protegidos direitos subjetivos. - Legitimados: São aqueles previstos no art. 103, CR: a) PR: não precisa de adv e universal; b) Mesa do Sen: não precisa de adv e universal; c) Mesa da CD: não precisa de adv e universal; d) Mesa AL e do DF: não precisa de adv e especial/não universal; e) Gov de EM e do DF: não precisa de adv e especial/não universal; f) PGR: não precisa de adv e universal g) Conselho Fed. da OAB: não precisa de adv e universal; h) Partido Político: precisa de adv e universal; i) Confederação Sindical; precisa de adv e especial/não universal; j) Entidade de Classe de Âmbito Nacional: precisa de adv e especial/não universal. 7. Objeto do Controle de Constitucionalidade: Sim – podem ser objeto de ADI Não – podem ser objeto de ADI Normas do art. 59, CR Leis revogadas Decreto Autônomo Normas das CR’s anteriores Tratados Internacionais (decreto legislativo) Norma CR originária Lei DF (competência estadual) Decreto regulamentar (atos infralegais em geral) Lei municipal ou do DF de competência municipal Súmulas (inclusive as vinculantes) 5 Lei ou ato normativo de efeito concreto Lei declarada inconstitucional no controle difuso, cuja eficácia foi suspensa peloa Res. do Senado Projetos de Lei e PEC 8. Participação do PGR e do AGU: 8.1. PGR: art. 103, §1º, CR O PGR se manifestará em todas as ADI’s, ainda que ele não as tenha proposto e inclusive naquelas que ele propôs. Ele sempre opina pela procedência ou improcedência das ações. Apesar de ser vedada a desistência da ação, o PGR pode opinar, ao final, contrariamente à sua tese inicial; ou seja, pode mudar de posicionamento e se manifestar pela improcedência da ADI. 8.2. AGU: art. 103, §2º, CR O AGU atua como verdadeiro curador (defensor legis) das normas infraconstitucionais, inclusive às normas estaduais. Sua função é velar pela preservação da presunção de constitucionalidade das normas, bem como sua integridade e validez jurídica no âmbito do sistema de direito. STF: AGU não é obrigado a defender o ato impugnado quando o próprio STF já houver fixado entendimento pela inconstitucionalidade da norma. 9. Efeitos da Decisão Final: art. 102, §2º, CR Em regra, a decisão final tem os seguintes efeitos: a) eficácia erga omnes; b) efeito vinculante: em relação aos demais órgãos do PJud. e à AP Direta e Indireta, nas esferas federal, estadual, distrital (STF) e municipal. Não vincula: STF (Plenário) e PLeg; c) efeitos ex tunc: cabível a modulação dos efeitos; d) efeito repristinatório.
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