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Aula 1 digitalizada- História da Idade Média Oriental

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Aula 1
A Idade Média Oriental/A desagregação do Império Romano
Ao final desta aula, o aluno será capaz de:
1. Conceituar Idade Média Oriental; 
2. identificar esteriótipos relacionados ao Oriente Medieval; 
3. relacionar a difusão da cultura helenística com as estruturas organizacionais predominantes no espaço oriental; 
4. analisar os elementos que contribuíram para a desagregação do Império Romano no Ocidente.
A Idade Média Oriental é uma disciplina que visa estudar as ocorrências históricas  circunscritas  à parte do  mundo  resultante  da  separação  do Império Romano  em duas  porções  e  de  áreas  não  atingidas por ele ao longo de sua atividade expansionista nos continentes europeu, africano e asiático.
Estudaremos povos pouco citados pela historiografia tradicional como os mongóis e húngaros e alguns, cujas tradições influenciaram em maior ou menor medida, o mundo cristão, caso dos muçulmanos.  
Para empreendermos essa jornada, serão necessários alguns recuos cronológicos. Relembraremos questões como a expansão macedônia, o Helenismo e os elementos que  contribuíram para a desagregação do Império Romano. Tais elementos são necessários para entendermos características assumidas em algumas áreas que são nosso objeto de estudo.
O conceito de Idade Média Oriental.
Como vimos na introdução, entendemos que Idade Média Oriental engloba os eventos e estruturas relacionados a toda a porção do mundo conhecido pelos romanos que não ficou à mercê da atuação e sucesso dos ocupantes germânicos, além de regiões nunca agregadas pelos “senhores“ da Antiguidade. 
Para nós, historiadores, essa divisão é apenas ideológica, ou seja, refere-se a um contexto cronológico muito específico. Se aqueles que dedicam seu olhar à Geografia Física podem estabelecer limites rígidos para essa fronteira, nós procuramos não fazê-lo. Tal preocupação se deve ao uso pejorativo  atribuído,  por vezes,  ao termo Oriente. 
O intelectual palestino Edward Said, em uma festejada obra, O Orientalismo: o Oriente como invenção do Ocidente, advoga a tese de que a concepção que divide o mundo em “oriente” e “ocidente”, sob a máscara de uma distinção didática, na verdade serve para enfatizar diferenças. 
Mais do que isso, para, veladamente, estabelecer uma hierarquia cultural, o que dificulta qualquer tentativa de aproximação.
Sua obra é engajada visto,  ter defendido por toda a vida, a causa Palestina, ou seja, a criação do Estado Palestino, nas fronteiras com o Estado de Israel. No entanto, sua reflexão pode ser maximizada e estendida para todos os povos que vivem além das fronteiras do dito mundo ocidental como: chineses, indianos, árabes, mongóis etc. 
Por muito tempo foi criada uma falsa hierarquia de civilidade, destacando sempre a inferioridade desses indivíduos. Tal postura justificou as maiores atrocidades da História.
Mais uma prova de como esse conceito é ideológico, não real; ressaltamos o tópico de que essa disciplina está abordando o que os romanos e, mais tarde, a Igreja Católica, entenderam como Oriente. Os próprios romanos, assim como os gregos, acreditavam-se superiores a vários povos situados a leste.  A Igreja Católica defendeu a supremacia de sua fé, em detrimento das crenças judaicas e islâmicas.
Esclarecido esse ponto, vamos relembrar as relações estabelecidas ao longo da Antiguidade entre essas frações do mundo e criar o arcabouço para o entendimento de nosso curso.
Helenismo
Como estudamos em Antiguidade Ocidental, os gregos, após uma série de lutas fratricidas (a Guerra do Peloponeso), ficaram tão fragilizados que se tornaram “presa fácil” para as incursões macedônias. 
Mas no que consistia o Império Macedônio?
Veremos nas próximas telas
Segundo o historiador Moses I. Finley:
“No século V a.C, a Macedônia era ainda um conglomerado de tribos, vivendo da agricultura e da pastorícia, governados mais ou menos, firmemente por seus reis. Os círculos da corte, especialmente na  Macedônia, mantinham contatos militares e econômicos com o  mundo grego e as classes superiores cada vez mais se tornaram gregas na sua cultura” 
(FINLEY, M.I. Os gregos Antigos. Lisboa: Edições 70, 1995, p. 145)
O historiador norte-americano nos mostra que os macedônios, comparados aos habitantes da maioria das poleis gregas no mesmo período, estavam em certa desvantagem no que tange à organização sociocultural. No entanto, possuíam uma característica muito peculiar: a unidade territorial em torno de um monarca.
Lembre-se de que os gregos viviam em comunidades – poleis- fragmentadas politicamente e, por vezes, rivais.
Com a ascensão de Filipe II ao trono da Macedônia, esse reino ganhou mais poder: seu exército foi reorganizado, suas táticas militares revalidadas. Em suma, o descompasso dos macedônios em relação aos gregos no século V a.C foi suplantado no século seguinte por uma liderança com tendências expansionistas. Graças a esse fator e à já citada desunião das poleis gregas, Felipe II e seu sucessor Alexandre conseguem ampliar as fronteiras da Macedônia para essa região.  
Após a morte de Alexandre, houve um “esfacelamento interno” do reino macedônio. Sem herdeiros possíveis, suas conquistas foram repartidas entre os generais que lhe assessoravam. Os três principais reinos surgidos foram: Macedônia – nas mãos dos Antigônidas; Ásia – Selêucidas e Egito – Lágidas e outros, de menor expressão.  Pouco tempo depois,  esses reinos começaram a lutar para expandir territórios, por vezes, às expensas dos antigos aliados. 
Nas palavras de Finley: 
“No começo do século II a.C, todos se encontravam muito enfraquecidos e nessa altura, Roma os invadiu, complementando assim, o processo de controle do Mediterrâneo.” 
(FINLEY, M.I. Os gregos antigos. Lisboa: Edições 70, 1995, p. 146)
Além das questões administrativas, havia lutas dinásticas virulentas e os povos subjugados não conformados com sua sorte, se sublevavam periodicamente. Em suma, o que outrora aconteceu com o mundo grego, passa a ocorrer com o Império Macedônio.
E qual a relação entre os eventos aqui narrados e o Helenismo?
Alexandre e seus sucessores, em seu processo expansionista e dominador, fundaram cidades ou reativaram antigos centros, usando como referência o modelo políade grego. Implantaram instituições tradicionais como a Ágora, os templos, os conselhos e muitos tipos de magistraturas.
Os dominadores, bem como seus descendentes, só se expressavam em grego. Como disse o historiador Claude Mossé:
“De fato, os soberanos helenísticos, que pertenciam à antiga aristocracia macedônica, por serem descendentes dos companheiros de Alexandre, consideravam-se acima de tudo e antes de mais nada representantes do Helenismo. Atraíram gregos para sua corte, povoaram de gregos as cidades que, à imagem do conquistador, fundaram no território de seus reinos, cercaram-se de soldados e administradores gregos. […] Assim, a cultura grega espalhou-se pelo Mediterrâneo”. 
MOSSÉ, Claude. Dicionário da Civilização Grega. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1998, p.160) 
Obviamente que esse processo teve uma contrapartida: a expansão helenística também foi influenciada pelas realidades  dos povos da bacia oriental do Mediterrâneo. 
Segundo o supracitado autor: 
“No plano religioso, assim como no plano artístico, havia no Egito, na Síria, na Palestina e na Ásia Menor tradições que a dominação greco-macedônica não poderia suprimir.” (MOSSÉ, 1998, p.161) 
As áreas dominadas ocupavam um espaço geográfico muito maior do que costumeiramente ocupavam as poleis, logo, era por vezes inviável reproduzir os modelos gregos em realidades tão díspares. 
A solução mediadora foi, adaptar os elementos dos regimes monárquicos que eram o modelo tradicional dessas áreas ocupadas, aos elementos advindos da cultura grega.
O Helenismo é fruto dessa mistura, desse hibridismo. 
Como veremos a seguir, os romanos continuaram essa política de expansão da cultura grega com a incorporação de novos elementos. 
Expansionismo territorial romano:
Vamos continuar relembrando os processos que culminaramnas estruturas do Medievo  Oriental. 
Pois bem, após a dominação macedônia sobre as poleis gregas, houve a constituição de um efêmero reino, esfacelado como vimos, em consequência da morte de Alexandre.
Essa fragmentação vulnerabilizou a região e a tornou suscetível às invasões. Paralelo a isso, Roma, que no século VIII a. C era apenas uma vila perdida no meio do Lácio, conquistara, com o passar dos séculos, inúmeros domínios, dentre eles os “escombros” das conquistas de Alexandre.
Segundo a historiadora Norma Musco Mendes: “A expansão territorial romana é revestida de características próprias que a diferenciam dos processos de expansão dos outros povos da Antiguidade. 
Foi um fenômeno de longa duração com ritmos de intensidade variada, que se estendeu desde o século V a.C, até o século II d.C, com as campanhas de Trajano. 
Roma atingiu, sob esse imperador, a extensão máxima de seu império, através da anexação da Dácia, da Armênia, da Mesopotâmica e da Arábia.” 
(MENDES,  2008, p.29)
Ao anexar áreas tão diferenciadas, os romanos que já tinham contato com a cultura grega desde à época em que eles fundaram colônias no sul da Península Itálica, ampliaram essa relação. 
O helenismo passou a fazer parte do mundo romano e de todos os seus domínios. 
O processo expansionista, contudo, trouxe consequências, não necessariamente positivas para Roma. 
Se por um lado representou abundância em relação ao quantitativo de mão de obra escrava entrante, à arrecadação de tributos, à exploração de matéria-prima; por outro lado, revelou incongruências significativas.
Dentre essas incongruências citamos o fato do expansionismo não ter “socializado” as benesses, em suma, a população em geral não experimentou, a não ser de forma incidental, as vantagens advindas com os êxitos romanos. 
Ainda nessa linha de análise, as próprias estruturas tradicionais romanas não estavam preparadas para as transformações socioeconômicas verificadas. 
A  República, a partir do século II a.C, começa a entrar em “colapso”.
Após sucessivas disputas intestinas de poder, com a ascensão dos generais e a criação dos triunviratos, forma-se um poder que, sob a ótica da já citada Norma Mendes, é um híbrido:
“(...) mistura novidades com permanências, quer dizer, conserva as instituições republicanas, mas as coloca sob a tutela de um princeps(Primeiro entre os iguais)."
(MENDES, 2006, p.21). 
Era o fim da República e o início do Principado.   
Principado – Alto império
Para muitos estudiosos, dentre eles Nicolet(NICOLET, C. Empire Romaine: espace, temps et politique. Strasbourg: Ketma, v.8, 1991, p.163-165.), o Principado poderia ser caracterizado pela centralização administrativa e pelo militarismo. Em relação a esse particular, houve uma significativa transformação. 
No final da República, o exército era custeado pelos generais com recursos particulares e, obviamente, com os resultados das conquistas militares empreendidas. Tal dinâmica era utilizada por esses líderes para ampliar substancialmente seu poder pessoal. 
“Os legionários estavam isolados politicamente, separados dos seus generais e ligados apenas ao chefe do governo e, através dele a Roma, personificado na pessoa do imperador. Isso ficou ainda mais evidente quando o imperador Otávio Augusto, no ano 6, criou a Teocracia Militar, sob  sua administração direta. 
O exército passou a depender exclusivamente do Estado e, por conseguinte, do Imperador”. (MENDES, 2008, p.32)
A desagregação do Império Romano:
Após séculos de relativa calmaria, (como estudamos em Antiguidade Ocidental, a Pax Romana) o Império começou a vivenciar problemas muito sérios. O século III é marcante para a história romana no que tange à desagregação de sua extensão geográfica. 
Vários estudiosos defendem, inclusive,  que esse foi o marco para o desligamento das porções Ocidente e Oriente.
Nesse contexto, caracterizado pela historiografia como crise do século III, evidenciam-se problemas negligenciados nos séculos passados. Grande parte deles se relacionava à estagnação expansionista, provedora de elementos essenciais à sobrevivência do Império.
Dentre esses problemas, podemos citar a questão da mão de obra escrava. Visto que grande parte dos escravos era resultado de capturas em batalhas, inicia-se um processo de escassez que vai obrigar os romanos a instituir novas formas de trabalho. 
Outra questão sistêmica era o déficit econômico vivido por Roma. As despesas para a manutenção do Império Romano aumentavam cada vez mais. 
Manter exércitos protegendo as fronteiras, custear  a política de apaziguamento das massas demandava a renovação constante de recursos e isso não estava ocorrendo. 
Os problemas de corrupção nas províncias e disputas pelo poder complementavam o quadro de crise.
Na tentativa de minimizar a situação, algumas políticas foram implementadas. A primeira delas, a instituição da tetrarquia em 286, um governo composto dois Augustos e dois governantes secundários, os Césares.  Segundo o historiador Michael Grant: “(…) embora a tetrarquia multiplicasse a autoridade, não a dividiu, oficialmente; o império ainda era uma unidade indivisível. A legislação era expedida em nome de todos os quatro, a lei de um dos Augustos era a lei do outro, e os dois Césares eram obrigados a obedecer a ambos.” 
Após a abdicação de Diocleciano, o modelo de tetrarquia desmoronou.
GRANT, Michael. A História de Roma. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1995, p. 320. 
Quase um século depois, em 395, Teodósio partilhou o Império entre seus dois filhos: Honório e Arcádio. 
Tal decisão mostrou-se irremediável visto que, seria a partir dela que o Império Romano do Oriente, que já divisava características muito particulares, busca o afastamento das questões ocidentais.
Os povos germânicos que já haviam empreendido avanços significativos nos limes desde o século IV ampliaram sua atuação e tal processo culmina na desagregação do lado Ocidental.
O Império Romano do Oriente, apesar de ter sofrido tentativas de incursões, consegue subsistir a essa fase e aflora como herdeiro de Roma. 
Assunto que veremos detalhadamente na próxima aula.

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