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Resumo 1. Natureza, conceito, objeto e conteúdo científico do Direito Constitucional

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DIREITO CONSTITUCIONAL: CONCEITO, OBJETO E CONTEÚDO CIENTÍFICO
1. A terminologia Direito Constitucional
A terminologia Direito Constitucional formalizou-se no fim do século XVIII, em 1791, quando a Assembleia Constituinte francesa determinou às faculdades de Direito que ministrassem aulas sobre a Constituição da França. Destaque-se que a Faculdade de Direito de Paris foi a primeira do mundo a incluir a disciplina Direito Constitucional em sua grade curricular em 1834.
Em 1797, a escola italiana, capitaneada por Pellegrino Rossi, Di Luzzo e Compagnoni, disseminou o uso da expressão Direito Constitucional.
Tinha-se por objetivo consagrar uma nomenclatura uniforme, capaz de proporcionar um tratamento científico e didático ao denominado Direito Político. 
A propagação da locução Direito Constitucional, ultrapassados esses momentos iniciais, acabou por se consolidar por toda a parte, preocupando-se, contudo, em não se fechar num quadro rigidamente normativista.
2. Conceito de Direito Constitucional
Direito Constitucional é a ciência responsável por estudar, interpretar e sistematizar os princípios e regras supremos do Estado, encarregados de organizar a estrutura do Estado, delimitar as relações de poder e estabelecer os direitos fundamentais das pessoas que vivem no Estado.
É de se notar que o Direito Constitucional assenta uma tensão dialética, que reflete a busca de um equilíbrio entre o poder público estatal e a comunidade de pessoas em nome das quais aquele poder é exercido.
3. Objeto
O objeto do Direito Constitucional é o estudo sistematizado das Constituições
Nesse sentido, o Direito Constitucional é constituído pelas normas fundamentais da organização do Estado, isto é, pelas normas relativas à: a) estrutura do Estado, b) forma de governo, c) estruturação do poder; d) estabelecimento de seus órgãos, limites de sua atuação, e) direitos fundamentais do homem e respectivas garantias, e) regras básicas da ordem econômica e social.
O estudo não compreende a mera exposição do conteúdo desses princípios e regras fundamentais. Compreende também a investigação de seu valor e eficácia, o que envolve critérios de interpretação sempre correlacionando as normas com a dinâmica sócio cultural que os informa.
4. Natureza Jurídica
Adota-se, contemporaneamente, a terminologia Direito Constitucional para designar um direito público fundamental, um direito do Estado por excelência, enquanto forma qualificada de nos referirmos ao próprio Direito Público, isto é, a um complexo de relações que têm como protagonista a organização do Estado.
O Direito Constitucional configura-se, assim, como Direito Público por referir-se diretamente à organização e funcionamento do Estado, à articulação de seus elementos primários e ao estabelecimento das bases da estrutura política
É um setor do Direito em que claramente intensifica o interesse público, na medida em que nele se estabelecem as máximas orientações da vida coletiva, sob a responsabilidade do Estado.
É um setor do Direito que essencialmente regula o poder público, bem como suas relações com as pessoas e os outros poderes.
É um setor do Direito que reveste o poder público de suprema autoridade soberana, atribuindo-lhe as mais amplas faculdades normativas.
5. Elementos do direito constitucional
É possível identificar três elementos a partir dos quais é viável a busca dos pilares fundamentais que permitem a respectiva caracterização do direito constitucional:
Subjetivo: se define pelo destinatário da regulação constitucional: o Direito Constitucional dirige-se ao Estado em sua vertente de Estado-Poder (a organização do poder público) e de Estado-Comunidade (conjunto de pessoas que integram a comunidade política).
Material: se define pelas matérias que são objeto da regulação feita pelo Direito Constitucional: normas e princípios que traçam as opções fundamentais do Estado
Formal: destaca a posição hierárquico-normativa superior do direito constitucional na ordem jurídica, acima do qual não se reconhece outro patamar de juridicidade positiva interna.
6. Características do Direito Constitucional
Supremacia
O Direito Constitucional ocupa posição de supremacia dentro da Ordem Jurídica, colocando-se no topo da respectiva pirâmide da Ordem Jurídica.
Dessa forma, o sentido ordenador do Direito Constitucional não pode ser contrariado por qualquer outra fonte, traduzindo-se na ideia de conformidade constitucional ou de constitucionalidade.
Transversalidade
Há uma transversalidade das matérias que atravessam o Direito Constitucional.
Ao Direito Constitucional defere-se uma preocupação de traçar as grandes opções fundamentais do Estado, o que determina a sua relação com múltiplos temas que, nos dias de hoje, se mostram bastante relevantes.
A dificuldade que a transversalidade traz é de harmonizar o Direito Constitucional com as zonas fronteiriças de outros ramos do Direito.
Positivação
O Direito Constitucional se estabeleceu contra um direito essencialmente consuetudinário, preocupando-se em positivar normas em um texto escrito, em contraposição ao Estado absolutista
Fragmentarismo
Em razão de sua função ordenadora, o Direito Constitucional apresenta-se de modo fragmentário, pois não realiza uma regulamentação completa das matérias previstas na Constituição.
O Direito Constitucional é o substrato e o ponto de convergência de todas as matérias.
Trata-se de uma disciplina-síntese, que nos permite visualizar as conexões do fenômeno jurídico em sua plenitude, haja vista a influência que exerce sobre todos os ramos do Direito.
Todos os ramos do Direito sentem o influxo do Direito Constitucional, em razão de as normas constitucionais condicionarem a interpretação de todas as demais normas do ordenamento jurídico.
Entretanto, nem todos os assuntos são da alçada do Direito Constitucional, pois determinadas relações, como aquelas estabelecidas entre particulares ou no âmbito punitivo criminal do Estado, são mais bem disciplinadas por outros ramos do Direito. Exemplo: a Constituição Federal, no art. 226, traz preceitos gerais acerca do casamento, tais como a gratuidade de sua celebração. Entretanto, a regulamentação dos requisitos e impedimentos do casamento encontram-se disciplinados no Código Civil, nos arts. 1511 a 1570. A Constituição traz, também, no art. 5º, incisos relacionados à presunção de inocência, à ampla defesa, ao devido processo legal e a alguns direitos dos presos. Entretanto, se alguém comete algum crime, como por exemplo o roubo ou o homicídio, sua conduta estará tipificada não no Direito Constitucional, mas no Direito Penal, que estuda o Código Penal e traz a tipificação do roubo e do homicídio, respectivamente, nos arts. 157 e 121 do Código Penal.
7. Conteúdo do Direito Constitucional
O conteúdo do Direito Constitucional abrange aspectos multifacetários, que correspondem aos diversificados métodos de estudo que serão expostos abaixo, atuando como mecanismos estruturadores do pensamento.
Direito Constitucional Geral
O Direito Constitucional Geral constitui um capítulo específico da Teoria Geral do Direito
É a disciplina que traça uma série de princípios e conceitos que podem ser encontrados em Constituições de vários países do mundo, para classificá-los e sistematizá-los de modo unitário. 
Constituem objeto do direito constitucional geral: o próprio conceito de direito constitucional, seu objeto, seu conteúdo, suas relações com outras disciplinas; a evolução do constitucionalismo; o conceito, os elementos e a classificação da Constituição; a norma constitucional; a teoria do poder constituinte; a hermenêutica constitucional e etc.
Por isso, nesse início da matéria, indica-se a leitura de muitos autores estrangeiros.
Direito Constitucional Positivo
O Direito Constitucional Positivo, também chamado de Direito Constitucional Interno, é a disciplina que tem por objeto o estudo dos princípios e normas de uma Constituição concreta em vigor, deum Estado determinado.
 Daí falar-se em Direito Constitucional brasileiro, direito constitucional americano e etc
Quem desejar estudar o Direito Constitucional Positivo brasileiro, deve recorrer à Constituição Federal de 1988.
Importante registrar que o Direito Constitucional Positivo não é uma disciplina exclusivamente normativa, uma vez que o intérprete, para determinar o alcance de normas, tais como o art. 5º, da Constituição de 1988, pode pesquisar textos doutrinários e a jurisprudência, antes mesmo de perquirir a literalidade do dispositivo constitucional objeto de estudo.
Direito Constitucional Comparado
O Direito Constitucional Comparado é muito mais um método do que uma ciência ou disciplina propriamente dita. Seu objetivo é fazer comparações entre normas e princípios de várias Constituições. 
É descritivo, pois almeja descrever o ordenamento constitucional de um povo, cotejando-o com outras Constituições.
É auxiliar, pois, mediante o estudo comparativo dos diversos ordenamentos jurídicos, ajuda o intérprete, o legislador e o aplicador do Direito a descobrir as particularidades dos institutos, instituições, órgãos e etc.
Estas confrontações podem utilizar como critério distintivo o aspecto temporal - e aí se compara a Constituição vigente com outras Constituições deste mesmo Estado que não estão mais em vigor) ou o aspecto espacial - quando se comparam Constituições de vários Estados entre si, não necessariamente vigentes).
Direito Constitucional material e formal
Direito Constitucional material: é o conjunto de normas jurídicas que traçam a estrutura, as atribuições, as competências dos órgãos do Estado e os direitos fundamentais, ou seja, matéria essencialmente constitucional. Ex: estudo das normas contidas nos arts. 1º a 5º da Constituição (disciplinam os princípios, direitos e garantias fundamentais), nos arts. 18 a 43 (organização do Estado) e 44 a 135 (organização dos Poderes)
Direito Constitucional formal: é o conjunto de normas e princípios inseridos num documento solene que só pode ser elaborado e modificado mediante a observância de um procedimento técnico formal instituído especificamente para esse fim. A Constituição Federal de 1988 tem vários artigos que não tem conteúdo materialmente constitucional, mas que são formalmente constitucionais, como, por exemplo, o § 2º do art. 242, que dispõe que “O Colégio Pedro II, localizado na cidade do Rio de Janeiro, será mantido na órbita federal.”
Direito Constitucional internacional
Direito Constitucional Internacional é o estudo das relações entre as normas do direito constitucional positivo de um determinado Estado e os tratados firmados no plano internacional.
Há diferentes correntes doutrinárias que disciplinam essas relações.
Monismo: corrente doutrinária que defende a existência de um único ordenamento jurídico, composto por normas nacionais e internacionais, interdependentes entre si, sendo dispensável a incorporação de tratados.
Monismo internacionalista: em um conflito entre uma norma nacional e uma norma internacional, essa última deve prevalecer, em razão do pacta sunt servanda dispor que os acordos devem ser cumpridos. Assim, uma norma interna que contrariar uma norma internacional deve ser considerada inválida (monismo radical). Essa é a posição adotada pela Convenção de Viena de 1969 em seu art. 27: “Artigo 27- Direito Interno e Observância de Tratados: Uma parte não pode invocar as disposições de seu direito interno para justificar o inadimplemento de um tratado
Monismo nacionalista : Prega essa corrente a primazia do direito interno de cada Estado, tendo em vista o valor superior da soberania estatal. Para essa corrente, o conflito, portanto, deve ser resolvido a favor das normas nacionais. Nesse caso, o tratado não é válido no ordenamento jurídico interno, por violar a Constituição do país, mas ainda continuará valendo no âmbito internacional. Logo, como consequência, o ordenamento interno é hierarquicamente superior ao internacional.
Dualismo: Corrente doutrinária que reconhece a existência de dois ordenamentos jurídicos distintos (nacional e internacional) e a necessidade de incorporação dos tratados ao ordenamento jurídico interno por meio de espécies normativas internas. Para o dualismo, o Direito Internacional dirige a convivência entre os Estados, ao passo que o Direito Interno disciplina as relações entre os indivíduos e entre estes e o Estado. Assim, os tratados seriam apenas compromissos assumidos na esfera externa, sem capacidade de gerar efeitos no interior dos Estados. Ademais, a eficácia das normas internacionais não dependeria de sua compatibilidade com a norma interna e o Direito nacional não precisaria se conformar com os preceitos do Direito Internacional
Dualismo clássico radical: é necessária a edição de uma lei com a transcrição do tratado, para que ele seja incorporado ao ordenamento jurídico interno.
Dualismo moderado: não é necessário que o conteúdo das normas internacionais seja inserido em um projeto de lei interna, bastando apenas a incorporação dos tratados ao ordenamento jurídico interno por meio de procedimento específico, distinto do processo legislativo comum. Esse procedimento específico normalmente inclui a autorização da ratificação pelo Poder Legislativo, a posterior ratificação pelo Chefe do Poder Executivo, bem como a edição de um decreto de promulgação do Presidente da República, que insere o tratado internacional na ordem jurídica interna. É o que ocorre no Brasil.
Como o direito internacional vê o direito interno? O direito internacional vê o direito interno como mero fato, ou seja, em geral o direito internacional não precisa se afiliar às correntes monistas ou dualistas. Essas são próprias da visão do direito interno sobre o direito internacional. O direito internacional vê o direito interno sob o prisma do unilateralismo radical. Para o direito internacional, o direito interno é um fato, sequer é norma jurídica. Só será norma jurídica se o próprio direito internacional, ao direito interno, fizer remissão. Assim, para o direito internacional, pouco importa se um tratado internacional firmado por um determinado país possui norma que viola a Constituição deste país. O que vale é o plano internacional.
Direito Constitucional Comunitário
É um subsistema normativo integrante de uma realidade maior: o Direito Comunitário, que se situa entre o direito interno e o direito internacional e lida com o conjunto de normas supranacionais que trazem disposições comuns a Estados integrados economicamente por algum tratado.
Esses tratados, como é o caso do tratado de Maastrich, que constituiu a União Europeia, e o tratado de Assunção, que constituiu o Mercosul, são considerados por alguns doutrinadores como verdadeiras cartas constitucionais.
Destaque-se o disposto na Constituição Federal de 1988 no parágrafo único do art. 4º, a respeito da integração da américa latina: “A República Federativa do Brasil buscará a integração econômica, política, social e cultural dos povos da América Latina, visando à formação de uma comunidade latino-americana de nações.”
Há discussões, no âmbito do direito constitucional comunitário, a respeito da instituição de um poder constituinte originário supranacional, apto a criar uma constituição comum para os blocos de países, com normas vinculatórias. Propõe-se, também, a rediscussão do papel das constituições contemporâneas à luz do advento das normas supranacionais.
Em 2003 foi aprovado um projeto de uma Constituição Europeia, com mais de 400 artigos. O texto, contudo, acabou sendo definitivamente rejeitado em 2005.
8. A ciência do Direito Constitucional
O Direito Constitucional é dotado de cientificidade, tendo em vista o estudo do ordenamento jurídico constitucional com o propósito de se obter uma resposta a um problema formulado.
A autonomia científica do Direito Constitucional é justificada sob os seguintes prismas:
Autonomia normativa: se firma na existência de texto normativo próprio, e com designaçãoprópria (Constituição)
Autonomia dogmática: presença de conceitos e princípios privativos, os quais são peculiares ao Direito Constitucional, como é o caso do conceito de Poder Constituinte e de Controle de Constitucionalidade, por exemplo
Autonomia didática: se afirma no fato de, nas universidades, o Direito Constitucional apresentar-se em disciplina própria, separada no elenco das várias disciplinas.
9. O pensamento científico no Direito Constitucional
O pensamento científico no Direito Constitucional tem sido marcado hoje por dois grandes desafios:
A irradiação global do Direito Constitucional para todos os lugares do Direito
A operacionalidade dos princípios constitucionais como expressão da força normativa da Constituição
10. Relações do Direito Constitucional com outros ramos do Direito e ciências afins
O Direito Constitucional cumpre a relevante função de estabelecer as grandes opções fundamentais do ordenamento jurídico, apresentando-se, portanto, conexo com vários dos ramos do Direito.
Sua supremacia hierárquico-formal subordina os diversos ramos jurídicos a suas orientações, exigindo conformidade desses ramos à Constituição. 
Observa-se uma intensa relação do Direito Constitucional brasileiro com:
O Direito Administrativo
O Direito Internacional Público
O Direito Penal
O Direito Processual
O Direito Tributário
O Direito Financeiro
O Direito Econômico
O Direito Previdenciário
O Direito Ambiental
O Direito Eleitoral
O Direito do Trabalho
O Direito Civil
Observa-se, também, a relação do Direito Constitucional com outras ciências que lhe são afins, tais como:
A Ciência Política
A Filosofia
A Sociologia
11. Constituição de 1988 e abrangência das matérias ali disciplinadas
Através da leitura do índice sistemático da Constituição de 1988, com seus Títulos e Capítulos, é possível observar a disciplina geral de todos os temas afetos aos mais diversos ramos dos Direito citados no tópico acima e a disciplina ainda, de temas relacionados ao direito agrário, à saúde, à assistência social, à educação, cultura desporto, ciência e tecnologia, comunicação social e índios.

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