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Resumo 5. Classificação e estrutura da Constituição

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CLASSIFICAÇÃO E ESTRUTURA DA CONSTITUIÇÃO
1. Classificação das Constituições 
A classificação ou tipologia das Constituições não é uniforme na doutrina e varia de autor para autor. Será exposta abaixo a classificação que se entende como a mais adequada.
1.1 Quanto à origem
1.1.1 Outorgadas
São as Constituições que derivam da vontade direta do governante, seja ele um rei, imperador, presidente e etc, que titulariza o poder constituinte originário e elabora a Constituição sem a participação popular.
Exemplos: Constituições de 1824, 1937, 1967 (foi aprovada pelo Congresso, mas não houve ambiente para uma discussão política e soberana, além de que o Congresso não foi eleito para fazer uma constituição, ou seja, não existia outorga do poder pelo povo para a elaboração de constituição) e emenda constitucional nº 1/1969 (há discussão se se trata até mesmo de Constituição).
1.1.2 Promulgadas
Sinônimos: constituições democráticas; constituições populares
São aquelas elaboradas por uma Assembleia Constituinte, integrada por parlamentares eleitos pelo povo com a missão de redigir o novo texto constitucional.
Exemplo: Constituição brasileira de 1988, promulgada em 05/10/1988, que fora redigida por Assembleia Nacional Constituinte, eleita pelo povo em 15/11/1986, e instalada em 01/02/1987. Outras Constituições brasileiras promulgadas: as de 1891, 1934 e 1946.
1.1.3 Pactuadas
São as que surgem mediante pacto entre o soberano e outros, podendo o poder constituinte originário se concentrar nas mãos de mais de um titular.
Ex: acordos firmados entre a realeza e o Poder Legislativo, em que o rei respeitava as deliberações constitucionais; Magna Carta de 1215, firmada entre os barões ingleses e o rei João Sem Terra; Carta Francesa de 1830, que traduz pacto entre a monarquia e a representação popular.
1.1.4 Cesaristas
São aquelas formadas através do plebiscito (aprovação prévia do texto pelo povo), ou referendo (aprovação do texto pelo povo após sua publicação), para legitimar o texto elaborado. 
Exemplos: Cartas plebiscitárias do Chile, sob a influência de Pinochet; Textos Constitucionais referendados de New Hampshire, de 1784, e de Massachusetts, de 1780.
1.2 Quanto à forma
1.2.1 Não escritas
Sinônimos: constituições históricas, costumeiras, consuetudinárias
São aquelas que se originam da tradição, dos usos e costumes, e até da reiteração uniforme dos julgados (jurisprudência) e que não trazem as regras em um único texto, solene e codificado. 
Ademais, o exercício do poder constituinte se dá de forma difusa. Toda a comunidade, ou parte dela, cria o texto constitucional, com base em um lento processo de sedimentação consuetudinária.
Ex: Constituição da Inglaterra, fruto da evolução lenta e gradual do povo britânico. Ela é composta por uma parte escrita e por outra não escrita. Parte escrita: trata-se de textos históricos difusos que se incorporam à Constituição, correspondendo aos atos ou tratados de união, às leis expressas do Parlamento (Statutes Law) e às cartas, acordos solenes ou pactos (Bill of Rights). Já a parte não escrita é formada pela jurisprudência (Case Law) e pelas convenções constitucionais (Constitutional Conventions)
1.2.2 Escritas
Sinônimos: constituições dogmáticas, constituições instrumentais
Conjunto de regras sistematizadas e codificadas em um único texto, formal e solene, que estabelece as normas fundamentais de um Estado a partir de determinados princípios ou dogmas. Ex: Constituição dos Estados Unidos, de 1787; Constituição brasileira; Constituição portuguesa e etc. 
1.3 Quanto à essência
Trata-se de classificação ontológica das Constituições, elaborada por Karl Loewnstein, em sua obra Teoria de la constituciòn
1.3.1 Normativas
São aquelas que, além de juridicamente válidas, estão perfeitamente adaptadas ao fato social e ao processo político.
1.3.2 Semânticas
São aquelas em que a dinâmica do processo político e da sociedade não corresponde às suas normas.
1.3.3 Nominais
Situam-se entre as Constituições normativas e as Constituições semânticas
Nelas, a dinâmica do processo político não se adapta às suas normas, embora elas conservem, em sua estrutura, um caráter programático, com vistas ao futuro da sociedade. 
São Constituições prospectivas, isto é, voltadas para um dia serem realizadas na prática. Contudo, enquanto não realizarem todo o seu programa, continua a desarmonia entre as normas nelas previstas e a sua aplicabilidade na prática.
Ex: Constituição brasileira de 1988.
1.4 Quanto ao conteúdo
1.4.1 Materiais
Correspondem ao conjunto de normas jurídicas que traçam a estrutura, as atribuições, as competências dos órgãos do Estado e os direitos fundamentais, ou seja, matéria essencialmente constitucional. Ex: normas contidas nos arts. 1º a 5º da Constituição (disciplinam os princípios, direitos e garantias fundamentais), nos arts. 18 a 43 (organização do Estado) e 44 a 135 (organização dos Poderes)
1.4.2 Formais
Correspondem ao conjunto de normas e princípios inseridos num documento solene que só pode ser elaborado e modificado mediante a observância de um procedimento técnico formal instituído especificamente para esse fim. A Constituição Federal de 1988 tem vários artigos que não têm conteúdo materialmente constitucional, mas que são formalmente constitucionais, como, por exemplo, o § 2º do art. 242, que dispõe que “O Colégio Pedro II, localizado na cidade do Rio de Janeiro, será mantido na órbita federal
1.5 Quanto à extensão
1.5.1 Sintéticas
Sinônimos: constituições breves; curtas; tópicas;
São aquelas Constituições curtas e sucintas, com poucos artigos, que disciplinam apenas os preceitos gerais sobre a organização do Estado, a organização e a limitação dos Poderes e os direitos fundamentais.
Exemplos: Constituição dos Estados Unidos da América, de 1787, com apenas 7 artigos, e outras típicas do Estado Liberal.
1.5.2 Analíticas
Sinônimos: Constituições longas; prolixas
São aquelas Constituições amplas, detalhistas e minuciosas, que possuem diversos artigos, desdobrados em incisos e alíneas, que disciplinam de forma geral todos os ramos do direito.
Exemplos: Constituição portuguesa de 1976 e brasileira de 1988.
1.6 Quanto à estabilidade, ou processo de mudança
1.6.1 Rígidas
São aquelas Constituições cujas normas somente podem ser suscetíveis de mudança por intermédio de um processo específico e mais rigoroso do que aquele utilizado para alterar as leis comuns, consistente na elaboração de emendas constitucionais pelo poder constituinte derivado reformador.
Exemplo: Constituição de 1988, que exige, para a aprovação da emendas constitucionais, 2 turnos de votação na Câmara e no Senado, e três quintos dos votos dos membros de cada uma dessas Casas para ser aprovada (art. 60, § 2º, da CF). No processo legislativo comum, para a edição de leis ordinárias, a CF/1988 exige apenas 1 turno de votação em cada Casa e voto da maioria, presente a maioria absoluta dos membros de cada Casa Arts. 47 e 65 da CF).
1.6.2 Flexíveis
São as contrapostas às rígidas, pois elas podem ser modificadas através do processo legislativo comum às leis ordinárias, sem a necessidade de submissão a um processo formal, específico e mais rigoroso que o processo legislativo ordinário. 
Exemplos: Constituição da Inglaterra, da Finlândia, da Nova Zelândia e da África do Sul 
1.6.3 Semirrígidas ou semiflexíveis
São aquelas que têm uma parte rígida (o órgão encarregado de mudá-las segue rito mais solene do que o da lei ordinária) e outra flexível (o órgão incumbido de reformá-las o faz de modo idêntico às leis ordinárias.
São, portanto, Constituições que abrigam, ao mesmo tempo, a rigidez e a flexibilidade.
Ex: Constituição brasileira de 1824: “CONSTITUICÃO POLITICA DO IMPERIO DO BRAZIL (DE 25 DE MARÇO DE 1824) EM NOME DA SANTISSIMA TRINDADE.
(...)
Art. 178. É SÓ CONSTITUCIONAL o que diz respeito aos limites, e attribuições respectivas dos Poderes Politicos,e aos Direitos Politicos, e individuaes dos Cidadãos. Tudo, o que não é Constitucional, PÓDE SER ALTERADO SEM AS FORMALIDADES REFERIDAS, pelas Legislaturas ordinarias.”
1.6.4 Fixas
São aquelas que só podem ser modificadas por um poder de competência idêntico àquele que as criou. Nesse sentido, o órgão competente para reformulá-las é o poder constituinte originário.
Atualmente, possuem valor meramente histórico.
Ex: Carta espanhola de 1876.
1.6.5 Imutáveis
Sinônimos: permanentes; intocáveis
São aquelas que se pretendem ser eternas, pois se alicerçam na crença de que não haveria órgão competente para proceder, legitimamente, à sua reforma.
Exemplo: Carta espanhola de 1976 que, foi sucedida, entretanto, pela Constituição espanhola de 1978.
 
1.7 Classificação da Constituição federal de 1988: 
Quanto à origem: promulgada
A Constituição brasileira de 1988 foi promulgada em 05/10/1988 e redigida por Assembleia Nacional Constituinte eleita pelo povo em 15/11/1986, instalada em 01/02/1987. 
Quanto à forma: escrita
Seu texto veio grafado e inserido em um documento solene, formal e único dos assuntos nela disciplinados.
Quanto à essência: nominal
Ela é uma Constituição que apresenta desarmonia entre as normas nela previstas e a sua aplicabilidade na prática, apesar de possuir um caráter prospectivo, voltado ao atingimento de metas.
Veja-se, nesse contexto, o art. 7º, 
“Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social:
(...)
IV - salário mínimo, fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz de atender a suas necessidades vitais básicas e às de sua família com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social, com reajustes periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vinculação para qualquer fim;”
Quanto ao conteúdo: formal
Todos os artigos da Constituição de 1988 são considerados formalmente constitucionais, pois correspondem ao conjunto de normas e princípios inseridos num documento solene que só pode ser elaborado e modificado mediante a observância de um procedimento técnico formal instituído especificamente para esse fim.
Quanto à extensão: analítica
A Constituição de 1988 é longa, ampla, detalhista, minuciosa e dirigente, pois traz preceitos gerais relacionados a vários ramos do direito infraconstitucional e, em seu corpo, traz inúmera quantidade de artigos, subdivididos com frequência em incisos e parágrafos.
Quanto à estabilidade: rígida
A CF/1988 exige, para a aprovação de emendas constitucionais, 2 turnos de votação na Câmara e no Senado, e três quintos dos votos dos membros de cada uma dessas Casas para ser aprovada (art. 60, § 2º, da CF). No processo legislativo comum, para a edição de leis ordinárias, a CF/1988 exige apenas 1 turno de votação em cada Casa e voto da maioria, presente a maioria absoluta dos membros de cada Casa (Arts. 47 e 65 da CF).
2. Estrutura das Constituições
Em um plano formal, as constituições são divididas em 03 partes: PREÂMBULO; PARTE DOGMÁTICA OU CORPO; e o ATO DAS DISPOSIÇÕES CONSTITUCIONAIS TRANSITÓRIAS
2.1 Preâmbulo 
Conceito de preâmbulo
A palavra “preâmbulo” significa a parte preliminar que anuncia a promulgação de um ato normativo
De acordo com Peter Häberle, os preâmbulos que inauguram os textos das Constituições funcionam como importantes “pontes no tempo”, seja para evocar ou romper com o passado, a depender das circunstâncias históricas de cada processo constituinte.
Função do preâmbulo
O preâmbulo, simultaneamente, fala no presente e para o presente, evocando o passado e mirando o futuro.
Servem de vetor interpretativo para a compreensão do texto da Constituição 
Teorias sobre a natureza jurídica do preâmbulo
3 são as posições apontadas pela doutrina:
a) tese da irrelevância jurídica: 
Defende Hans Kelsen, em sua obra “Teoria Geral do Direito e do Estado, que o preâmbulo não possui relevância jurídica e natureza normativa, por expressar apenas as ideias políticas, morais e, até religiosas, que a Constituição tende a promover.
 Possui, assim, o preâmbulo, segundo o autor, um caráter mais ideológico do que jurídico. Nesse sentido, o preâmbulo, inclusive, pode ser dispensado pelo Constituinte.
b) tese da plena eficácia: 
O preâmbulo tem a mesma eficácia jurídica das normas constitucionais, sendo, porém, apresentado de forma não articulada 
Ele possui a mesma força normativa de criação de direitos e deveres que possuem os artigos presentes no texto constitucional. Sua força normativa é, portanto, autônoma e direta.
c) tese da relevância jurídica indireta: 
O preâmbulo, muito embora traga as características jurídicas da Constituição, não deve ser confundido com as normas constitucionais, por não ter a mesma eficácia que essas.
Defende Jorge Miranda que o preâmbulo é parte integrante da Constituição, com todas as suas consequências. Dela não se distingue pela origem, pelo sentido ou pelo instrumento, distinguindo-se apenas pela sua eficácia ou pelo papel que desempenha.
 Sustenta também esse autor que o preâmbulo não é um conjunto de preceitos e não pode ser invocado como tal isoladamente. Não cria direitos nem deveres. Apenas podem ser invocados os princípios nele declarados. Não há inconstitucionalidade por violação do preâmbulo como texto.
Para Gomes Canotilho e Vital Moreira o preâmbulo, apesar de não conter normas constitucionais e não possuir valor normativo autônomo, deve servir como elemento de interpretação e integração das normas constitucionais.
Defendem, ademais, que o preâmbulo exprime o título de legitimidade da Constituição, seja em relação à sua origem seja em relação ao seu conteúdo
O preâmbulo da Constituição de 1988
Eis o texto do preâmbulo da Constituição de 1988:
“Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembleia Nacional Constituinte para instituir um Estado Democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida, na ordem interna e internacional, com a solução pacífica das controvérsias, promulgamos, sob a proteção de Deus, a seguinte CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL.”
O STF (ADI 2076, julgada em 2003) se posicionou pela inexistência da força normativa do preâmbulo, ou seja, pela sua irrelevância jurídica. Par esse tribunal, não se situa o preâmbulo no âmbito do Direito, mas no domínio da política, refletindo posição ideológica do constituinte. Ressalte-se, também, que o preâmbulo não constitui norma central da Constituição, de reprodução obrigatória na Constituição do Estado-membro.
Decidiu, também, o STF, na referida ADI 2076, que a invocação a Deus no preâmbulo não enfraquece a laicidade do Estado. O sentimento religioso do povo brasileiro justifica tal invocação. Ademais, entendeu o STF que a invocação a Deus, constante no preâmbulo da Constituição Federal, não é norma de reprodução obrigatória pelas constituições estaduais.
Estado laico não significa Estado ateu. Estado laico é aquele que mantém uma postura de neutralidade e independência com relação a todas as concepções religiosas, em respeito ao pluralismo existente na sociedade. Esse posicionamento doutrinário, no sentido de não se confundir Estado laico com Estado ateu, encontra reconhecimento no voto do Ministro Marco Aurélio, no julgamento da ADPF nº 54 (anencefalia), ao afirmar que o Brasil é um Estado secular tolerante, ou seja, o Estado não é religioso, tampouco é ateu. O Estado é simplesmente neutro.
2.2 Parte dogmática –A CF/88 possui 9 títulos, que são subdivididos em capítulos e seções, que possuem diversos artigos que preceituam normas e princípios:
“TÍTULO I
Dos Princípios Fundamentais
TÍTULO II
Dos Direitos e Garantias Fundamentais
TÍTULOIII
Da Organização do Estado
TÍTULO IV
DA ORGANIZAÇÃO DOS PODERES
TÍTULO V
Da Defesa do Estado e Das Instituições Democráticas
TÍTULO VI
DA TRIBUTAÇÃO E DO ORÇAMENTO
TÍTULO VII
Da Ordem Econômica e Financeira
TÍTULO VIII
Da Ordem Social
TÍTULO IX
Das Disposições Constitucionais Gerais”
2.3 Ato das Disposições Constitucionais Transitórias - ADCT 
Conceito
É um ato, destacado do corpo da Constituição, que tem papel relevante para fazer a transição entre o antigo ordenamento jurídico e o novo, instituído pela manifestação do poder constituinte originário.
Tal como o preâmbulo, as disposições transitórias também funcionam como “pontes no tempo”, porque são normas que se incorporam à nova Constituição, que é um texto do presente, com a finalidade de trazer do passado e levar para o futuro aquelas situações jurídicas que, embora tenham sido criadas sob a antiga ordem constitucional, o constituinte atual, por qualquer motivo, não considera incompatíveis com a nova ordem constitucional.
O ADCT se apresenta de forma destacada e inicia uma nova numeração de artigos, sem subdivisão em títulos, capítulos, seções ou subseções. 
Natureza jurídica
 Diferentemente do que acontece com o preâmbulo, em que a maioria dos doutrinadores e das cortes constitucionais não considera norma constitucional, as disposições constitucionais transitórias são tidas como parte do texto da Constituição, com caráter normativo criador de direitos e obrigações, devendo receber o mesmo tratamento dispensado à parte dogmática da Constituição 
Elas podem, portanto, inclusive trazer exceções às regras colocadas no próprio corpo da CF, em razão do seu caráter normativo.
Esse é o posicionamento do STF, que já foi externado no RE-AgR nº 215107/PR, que afirmou não existir hierarquia, mas sim igualdade, entre as normas constantes na parte dogmática da Constituição e aquelas constantes no ADCT.
Classificação das disposições do ADCT
Destaque-se que as normas do ADCT possuem conteúdo variado, sendo que algumas delas não apresentam conteúdo concernente à transição de uma ordem constitucional para outra.
Destaque-se, também, que a própria parte dogmática da Constituição de 1988 apresenta alguns dispositivos que possuem esse caráter de disposições transitórias, tais como os artigos constantes no Título IX da Constituição, denominado “Das disposições constitucionais gerais”.
Veja-se a classificação das disposições do ADCT, apresentada por Raul Machado Horta, em seu livro “Direito Constitucional:
Normas exauridas: são aquelas que já desapareceram, em razão da realização da condição ou do ato nela previstos (arts. 1º; 2º; 3º; 4º, § 4º; 15, etc)
Normas dependentes de legislação e de execução: arts. 10, § 1º; 12, § 1º; 14. §§ 1º, 2º e 4º
Normas dotadas de duração temporária expressa: art. 40, que manteve, por 25 anos, a partir da promulgação da Constituição, a Zona Fraca de Manaus (prazo esse, inicialmente acrescido de 10 anos pela EC nº 42/2003, nos termos do art. 92 do ADCT, e, posteriormente, acrescido de 50 anos pela EC 83/2014, nos termos do art. 92-A do ADCT)
Normas de recepção de normas infraconstitucionais: art.34, § 5º; art. 66.
Normas sobre benefícios e direitos: arts. 8º, 29, §§ 2º e 3º, 53 e 54
Normas com prazos constitucionais ultrapassados: todos os artigos que dependiam de legislação para a sua implementação (art. 29, § 1º; art. 48)
Possibilidade de alteração das disposições constitucionais transitórias
Parte da doutrina tem criticado a possibilidade de alteração das normas constantes no ADCT, tendo em vista que elas, por seu caráter transitório, foram editadas no e para o momento das transições constitucionais e com o exclusivo propósito de viabilizá-las. Nesse sentido, seria impensável atualizar disposições transitórias.
Contudo, a alteração dos artigos do ADCT tem sido uma realidade aceita no Direito Constitucional brasileiro, já tendo, inclusive, sido alterada a redação de diversos dispositivos do ADCT por meio de emendas constitucionais, além de já terem sido incluídos dispositivos ao ADCT.
Exemplos de alteração de redação de artigo do ADCT:
“Art. 42. Durante 40 (quarenta) anos, a União aplicará dos recursos destinados à irrigação: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 89, de 2015)
I - 20% (vinte por cento) na Região Centro-Oeste; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 89, de 2015)
II - 50% (cinquenta por cento) na Região Nordeste, preferencialmente no Semiárido. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 89, de 2015)
Parágrafo único. Dos percentuais previstos nos incisos I e II do caput, no mínimo 50% (cinquenta por cento) serão destinados a projetos de irrigação que beneficiem agricultores familiares que atendam aos requisitos previstos em legislação específica. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 89, de 2015)”
Exemplos de inclusão de parágrafos e novos artigos ao ADCT:
“Art. 27 (...)
 § 11. São criados, ainda, os seguintes Tribunais Regionais Federais: o da 6ª Região, com sede em Curitiba, Estado do Paraná, e jurisdição nos Estados do Paraná, Santa Catarina e Mato Grosso do Sul; o da 7ª Região, com sede em Belo Horizonte, Estado de Minas Gerais, e jurisdição no Estado de Minas Gerais; o da 8ª Região, com sede em Salvador, Estado da Bahia, e jurisdição nos Estados da Bahia e Sergipe; e o da 9ª Região, com sede em Manaus, Estado do Amazonas, e jurisdição nos Estados do Amazonas, Acre, Rondônia e Roraima. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 73, de 2013) (Vide ADIN nº 5017, de 2013)”
OBS: foi concedida medida cautelar na ADIN nº 5017/2013 para suspender a eficácia do referido § 11 do art. 27 do ADCT, tendo em vista vício formal no processo legislativo da emenda constitucional nº 73/2013.
“Arts. 72 a 100 do ADCT”
Veja-se o art. 100:
“Art. 100. Até que entre em vigor a lei complementar de que trata o inciso II do § 1º do art. 40 da Constituição Federal, os Ministros do Supremo Tribunal Federal, dos Tribunais Superiores e do Tribunal de Contas da União aposentar-se-ão, compulsoriamente, aos 75 (setenta e cinco) anos de idade, nas condições do art. 52 da Constituição Federal. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 88, de 2015)”
OBS: todos esses mais de 20 artigos foram incluídos no ADCT por diversas emendas constitucionais 
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