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TEXTO 01 - Prevenção de roubos (Transporte coletivo, condomínios e postos de vendas de combustíveis)

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Prevenção de Roubos (Transporte Coletivo, Condomínios e Postos de Vendas 
de Combustíveis)1 
 
Um exemplo básico do impacto do trabalho de análise criminal pode ser obtido a partir 
de ações que vem sendo empreendidas por algumas Polícias Militares no Brasil 
quanto à prevenção de roubos em transporte coletivo. O que fazer quando nos 
encontramos em uma situação na qual nossa região está marcada por uma alta 
incidência de roubo em transporte coletivo? O processo básico de caracterização de 
um problema envolve a identificação em termos de tempo e espaço dos contextos de 
maior incidência. No contexto dos roubos em transporte coletivo é importante 
identificarmos quais as linhas de ônibus nas quais ocorre maior número de roubos e 
para cada uma das linhas identificar as regiões – bairros, ruas ou quarteirões – onde 
se concentram as incidências criminais. Por fim, uma qualificação ainda mais estrita 
deve ser obtida a partir da identificação das horas do dia ou da noite nas quais essas 
ocorrências estão concentradas. Nesse contexto, o trabalho de análise criminal deve 
atuar como a execução de uma sequência contínua de filtros: primeiro, identificar 
quais as linhas com maior número de vitimização; segundo, identificar, para essas 
linhas mais vitimadas, as regiões da cidade onde se concentram o maior número de 
roubos; e, por fim, identificar, para essas regiões, os horários nos quais se concentram 
essa vitimização. 
 
Passo 1 - Identificação da linha com maior vitimização: elaboração de uma distribuição 
de frequência dos roubos em transporte coletivo segundo número das linhas de ônibus 
 
Tabela 1: Distribuição de frequência de roubos em transporte coletivo segundo número 
de linhas de ônibus 
 
Fonte: Elaboração Própria 
 
Passo 2 - Identificação do bairro com maior vitimização, em relação às 212 
ocorrências de roubo em transporte coletivo ocorridos na linha 1234. Elaboração de 
uma distribuição de frequência dos roubos em transporte coletivo segundo os bairros 
onde passa a linha de ônibus. 
 
Tabela 2: Distribuição de frequência de roubos em transporte coletivo segundo Bairros 
onde passa a linha de ônibus 1234 
 
Fonte: Elaboração do conteudista 
 
1
 Os exemplos “Prevenção de Roubos”, “Favela, Tráfico e Homicídios”, “Desordem Urbana: usando a 
metodologia de policiamento orientado a solução de problemas”, “Avaliação da Eficiência de Ações: 
criação de buffers” e “Letalidade Policial” foram retirados do relatório Ferramentas e Técnicas de Análise 
Criminal, elaborado por Túlio Kahn, 2008. 
 
LINHAS Ocorrências Percentual
1143 7 2,3
1422 56 18,3
2143 31 10,1
1234 212 69,3
TOTAL 306 100,0
LINHAS Ocorrências Percentual
1143 7 2,3
1422 56 18,3
2143 31 10,1
1234 212 69,3
TOTAL 306 100,0
BAIRROS Ocorrências Percentual
Santo Antônio 23 10,8
Descoberto 102 48,1
Penha 47 22,2
Flor de Liz 40 18,9
TOTAL 212 100,0
BAIRROS Ocorrências Percentual
Santo Antônio 23 10,8
Descoberto 102 48,1
Penha 47 22,2
Flor de Liz 40 18,9
TOTAL 212 100,0
 
Passo 3 - Identificação do horário com maior vitimização: em relação às 102 
ocorrências de roubo em transporte, coletivo ocorridos na linha 1234, no bairro 
Descoberto, elaboração de uma distribuição de frequência dos roubos em transporte 
coletivo segundo as horas do dia. 
 
Tabela 3: Distribuição de frequência de roubos em transporte coletivo segundo horas 
do dia que a linha de ônibus 1234 passa no bairro Descoberto 
 
 
Fonte: Elaboração do conteudista 
 
Ao final da execução da análise, verifica-se que, do total de 306 roubos em transporte 
coletivo, 86 ocorrências têm sua incidência na linha 1234, bairro Descoberto e entre as 
16 e 20 horas. Esse diagnóstico elaborado pelo analista criminal constituiria num 
importante subsídio para a tomada de decisão sobre como atuar no sentido de reduzir 
a incidência dos roubos em transporte coletivo com eficácia e eficiência. Um exemplo 
prático de estratégia para a solução desse problema seria colocar policiais como 
passageiros dessa linha, neste local e horário. 
 
A crítica sobre esse tipo de análise é que ela não avançou no sentido de descobrir 
todas as causas do problema e, assim, a intervenção policial empreendida pode ter 
como resposta do agressor uma mudança do local, linha ou horário do cometimento 
do roubo. Neste contexto, restam duas alternativas: manter um monitoramento 
contínuo da distribuição espacial e temporal da incidência de roubos, fazendo com que 
o agressor tenha que mudar continuamente o procedimento padrão de execução do 
crime, ou avançar no sentido de identificar as causas e ampliar as estratégias de ação 
a serem tomadas. Na lógica do triângulo da Teoria das Atividades Rotineiras, a análise 
criminal executada se restringiu a identificação das causas apenas no sentido da 
ausência dos guardiões, em especial dos órgãos de segurança pública. 
 
Um exemplo do impacto de análise criminal um pouco mais avançada, que envolveu 
mais do que a criação de subsídios para pautar o processo de distribuição do efetivo, 
ocorre na atuação de algumas Polícias Militares no sentido de prevenir os roubos em 
condomínios. Um bom exemplo ocorreu em Belo Horizonte (MG), onde o roubo em 
prédios de luxo vinha ocorrendo com muita frequência. De modo geral, o procedimento 
utilizado pelos assaltantes era entrar no condomínio acompanhado por um morador 
para não gerar desconfiança no porteiro do prédio e, assim, depois que conseguia 
entrar no prédio, o assaltante invadia todos os apartamentos do condomínio. 
 
Semelhante ao desenvolvido anteriormente para a identificação dos ambientes de 
concentração dos roubos em transporte coletivo nas dimensões de tempo e espaço, o 
trabalho de análise criminal começou também pela identificação dos bairros, dias da 
semana e perfil dos prédios que apresentavam maior incidência de vitimização. Em 
um contexto de distribuição espacial e temporal das incidências que desfavorecia a 
obtenção de resultados a partir da simples adoção de estratégias de distribuição do 
efetivo, a estratégia utilizada avançou no sentido da promoção de uma parceria com a 
comunidade no sentido de criar um alarme para chamar pela atuação da polícia o mais 
rápido possível no caso de ocorrências desse tipo. 
HORA DO DIA Ocorrências Percentual
00:01 às 04:00 0 0,0
04:01 às 08:00 1 1,0
08:01 às 12:00 0 0,0
12:01 às 16:00 2 2,0
16:01 às 20:00 86 84,3
20:01 às 00:00 13 12,7
TOTAL 102 100,0
HORA DO DIA Ocorrências Percentual
00:01 às 04:00 0 0,0
04:01 às 08:00 1 1,0
08:01 às 12:00 0 0,0
12:01 às 16:00 2 2,0
16:01 às 20:00 86 84,3
20:01 às 00:00 13 12,7
TOTAL 102 100,0
 
A Polícia Militar convocou os síndicos dos condomínios identificados como potenciais 
vítimas desse tipo de roubo e, em parceria com eles, formulou a seguinte estratégia 
para solucionar o problema: cada prédio criou uma vaga de garagem ociosa para ser 
ocupada quando os moradores entrassem nas garagens acompanhados com um 
assaltante dentro do veículo e os porteiros eram treinados para chamar a polícia 
imediatamente quando vissem essas vagas ocupadas. Assim, a polícia chegava no 
prédio o mais rápido possível e podia tomar as providencias necessárias para reduzir 
o impacto da vitimização. 
 
Esta estratégia para a prevenção de roubos em condomínios merece a mesma crítica 
elaborada em relação a estratégia para prevenção dos roubos em transporte coletivo, 
pois não avançou no sentido de descobrir as causas do problema. Assim, a 
intervenção policial planejada pode ter como resposta do agressor tanto uma mudança 
do local de cometimento do roubo ou até mesmo mudança de prática delituosa. Neste 
contexto, é necessário manter um sistema de monitoramento contínuo da distribuição 
espacial e temporal da incidência de roubos em condomínio,fazendo com que o 
agressor tenha que mudar continuamente o procedimento padrão de execução do 
crime. Outra alternativa é identificar as causas do problema e ampliar as estratégias 
de ação a serem tomadas. 
 
Resta, no entanto, salientar o progresso trazido por essa estratégia ao chamar a 
comunidade para trabalhar junto na formulação e na execução da prática de 
prevenção. Como foi relatado anteriormente, a Teoria das Atividades Rotineiras 
propõe que para ocorrer um crime é preciso ter uma vítima disponível, um agressor 
em potencial e a ausência de guardiões. Os guardiões não podem ser pensados 
apenas em termos dos profissionais dos órgãos de segurança pública. A segurança 
pública tem como um de seus pressupostos fundamentais o reconhecimento por parte 
de cada membro da comunidade do seu papel como agente responsável pela 
segurança pública. A parceria entre polícia e comunidade é um dos pilares 
fundamentais para garantir o efetivo controle da violência e criminalidade. 
 
Outro exemplo prático da análise criminal, relacionada a prevenção da incidência de 
roubos, aconteceu na cidade de São Luís do Maranhão. O analista criminal do Centro 
Integrado de Operações de Segurança (CIOPS) realizou o estudo das ocorrências de 
roubo a postos de combustíveis. Ele verificou que os roubos eram realizados por 
motoqueiros, em duplas, que entravam na área do posto para abastecer e anunciavam 
o assalto aos frentistas. Esta informação foi utilizada pela Polícia Militar para deter a 
quadrilha. 
 
Primeiramente, foi identificado o número de ocorrências mensais no ano de 2007. Em 
seguida foi verificado o bairro e os horários de maior incidência deste tipo de roubo. 
Além disto, através da análise do mapa das ocorrências foi possível perceber que os 
postos de combustível mais visados eram os próximos às principais avenidas do 
bairro. Por fim, a análise dos históricos das ocorrências policiais registradas indicou 
que a maioria dos roubos eram praticada por dois indivíduos em uma motocicleta. 
 
Com base nas tabelas e no mapa abaixo foi identificado que o roubo a postos de 
combustível se concentrava no bairro Anil-zo entre 21 e 22 horas, nos finais de 
semana. Além disto, foi constatado que geralmente os roubos ocorrem nos postos 
localizados nas avenidas Edison Brandão, AV. Casimiro Junior e Estrada de Ribamar 
(ANIL). Nesse sentido a Polícia Militar do Estado do Maranhão passou a abordar 
motoqueiros nos horários e locais considerados críticos. Essas ações propiciaram a 
diminuição destas ocorrências. 
 
 
Tabela 4: Distribuição de frequência 
mensal dos roubos a postos de 
combustível no ano de 2007 
 
TIPO/SUB-TIPO TOTAL 
Roubo a posto de 
combustível 145 
Jan 12 
Fev 13 
Mar 14 
Abr 27 
Mai 20 
Jun 21 
Jul 15 
Ago 16 
Set 7 
Total geral 145 
 
Tabela 5: Distribuição de frequência dos 
roubos a postos de combustível segundo 
hora do dia e bairro de maior incidência 
(2007) 
 
BAIRRO HORA TOTAL 
ANIL-ZO 
0 2 
1 2 
2 3 
3 3 
4 1 
5 2 
6 1 
14 1 
17 2 
18 1 
20 1 
21 6 
22 5 
23 1 
TOTAL 31 
 
 
Fonte: CIOPS / SESEC / MA 
 
 
 
 
 
Mapa 1: Mapa de pontos para o roubo a postos de gasolina 
 
 
Fonte: CIOPS / SESEC / MA

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