Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA EXATAS E TECNOLÓGICAS ENGENHARIA QUÍMICA EXPERIMENTO 2 – CONDENSAÇÃO ALDÓLICA ILHÉUS - BA 2016 2 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ DEPARTAMENDO DE CIÊNCIA EXATAS E TECNOLÓGICAS ENGENHARIA QUÍMICA CONDENSAÇÃO ALDÓLICA Relatório apresentado como parte dos critérios de avaliação da disciplina CET988 – no curso de Engenharia Química - Turma P06. 1º experimento, dias de execução: 01/07, 08/07, 15/07 de 2016. Professor: Reinaldo S. Gramacho Alunas: Caroline da Costa Pagani (201310339) Thayannah do Carmo Moreira (201310885) ILHÉUS - BA 2016 3 1 RESUMO O objetivo deste experimento prática foi de fazer uma condensação aldólica, realizando assim uma síntese a partir da acetona e do formaldeído. No entanto, não foi possível determinar o produto final através ponto de fusão do produto final. Este relatório tem como objetivo, também, propor os possíveis mecanismos de reação para definir quais os possíveis produtos formados, tendo como base os resultados obtidos na prática. Após a obtenção do produto, ele foi filtrado a vácuo e realizado o teste com o reagente 2,4-dinitrofenilhidrazina para confirmar que o produto formado tivesse presença de carbonila. O produto mais provável de ter sido formado foi a 1,5-Dihidróxi- 2,4-Pentadien-3-ona e seu rendimento teórico foi de 3,73g. 2 INTRODUÇÃO As reações de adição e condensação aldólica são importantes reações na formação da ligação carbono-carbono. Ela consiste no ataque de um nucleófilo de um enolato de um aldeído ou cetona em uma carbonila de outro aldeído ou cetona, utilizando ácido ou base como catalisador. A catálise básica é justificada pela elevada acidez dos hidrogênios alfa, com a formação de um enolato estabilizado por ressonância. Já a catálise ácida protona o oxigênio ligado a carbonila, tornando-a mais eletrofílica para a etapa de adição do enol. Entre os dois produtos gerados pelas catálises, o enolato é o nucleófilo mais forte. [1] Imagem 1 – Representação da reação aldólica. Inicialmente a reação aldólica parte da adição de um enolato ou enol ao grupo carbonila de uma cetona ou aldeído. A descoberta da reação de adição aldólica partiu da mistura entre pentanal com sódio com o intuito da formação do pentanoato de sódio. Entretanto, ao tratar essa mistura com água o produto resultante foi de uma condensação entre duas moléculas do pentanal e eliminação de uma molécula de água. Em um 4 segundo teste, foi utilizado etanol no lugar do pentanal e o produto resultante possuía duas funções orgânicas: álcool e aldeído, originando o termo aldol. [1] Imagem 2 – Adição aldólica catalisada por bases. Imagem 3 – Adição aldólica catalisada por ácidos. Quando ocorre a desidratação deste produto, sob temperatura elevada, há a formação de um aldeído ou cetona alfa, beta insaturada, e a reação global será uma condensação aldólica. [2] Pode ocorrer a condensação aldólica no grupo funcional em três regiões, sendo elas: Oxigênio ligado ao carbono carbonílico devido aos seus elétrons desemparelhados que são propícios ao ataque do eletrófilo; Carbono carbonílico que é propício a adição nucleofílica; 5 Carbono alfa por estar localizado diretamente ligado ao carbono carbonílico e seu átomo de hidrogênio, citado anteriormente, resultando em um íon enolato. [3] Para ocorrer a reação é necessário, também, verificar o impedimento estérico do carbono. Sendo assim, comparando a cetona e o aldeído, verifica-se que o carbono do aldeído é menos impedido do que o carbono que está ligado a dois grupamentos metila. Para as sínteses, a reação de maior importância é a reação aldólica cruzada, a qual consiste em reação entre substâncias carboniladas diferentes. Essa reação apresenta certas dificuldades, como por exemplo: Fornece baixas estéreosseletividade, regiosseletividade e quimiosseletividade em ambos processos (enolização e aldolização); A reação é retardada ou completamente suprimida devido a transferência de prótons da substância carbonílica para o enolato reativo; Pode ocorrer a retroadição aldólica favorecida pelo aquecimento; Nas catálises ácidas e básicas o processo de desidratação origina substâncias carbonílicas alfa, beta insaturadas e não pode ser suprimido porque a constante de equilíbrio da fase de desidratação é favorável devido a formação de um sistema carbonílico conjugado. O controle da reação aldólica cruzada é feito com enolatos pré-formados, ou seja, com uma reação aldólica direcionada. Desse modo, primeiramente converte-se a substância carbonílica – a qual faria o papel do nucleófilo – no respectivo enolato e, só após esse processo, adiciona-se o eletrófilo. Enolatos pré-formados são bastante reativos frente a aldeídos e a adição ocorre mesmo em temperaturas baixas. [1] Este experimento teve como objetivo realizar uma reação de condensação aldólica, bem como calcular seu rendimento teórico. 3 MATERIAIS E MÉTODOS 3.1 Procedimento Em um erlenmeyer de 250 mL, foi preparada uma solução, sob resfriamento, dissolvendo 5,0 g de NaOH em 50,0 mL de água destilada e 40,0 mL álcool etílico. Foi adicionado com agitação 6,0 mL de formaldeído e 2,0mL de acetona. Manteve-se a 6 agitação por 30 minutos e a temperatura foi mantida entre 20 – 25 ºC por imersão do erlenmeyer em recipiente contendo água fria. Foi realizada a filtração a vácuo com o precipitado da reação, lavado repetidas vezes com água gelada para eliminar o álcool, e secado em temperatura ambiente, sobre uma folha de papel filtro. Ao final foi realizada a reação de confirmação para compostos carbonílicos, utilizando teste com o reagente 2,4-dinitrofenilhidrazina, no qual se utilizou 20 gotas do reagente e 3 gotas do produto formado em um tubo de ensaio. Agitou-se e observou se houve precipitação para confirmação da existência de compostos carbonílicos no produto. 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO Na reação da acetona com formaldeído, obtivemos uma mudança na coloração do líquido no erlenmeyer bem como um precipitado, a partir desses resultados propomos 2 possíveis mecanismos que nos levam a 2 possíveis produtos formados no experimento. Segue o primeiro mecanismo possível: Etapa 1 Nesta etapa a base removeu um próton do carbono alfa da acetona para formar o ânion enolato estabilizado por ressonância. O etanol só favorece a solubilização no meio reacional nessa reação. Etapa 2 Na etapa 2 o ânion enolato age como nucleófilo (carbânion) e ataca o carbono da cadeia da carbonila do formaldeído, produzindo um ânion alcóxido. 7 Etapa 3 O ânion alcóxido remove um próton de uma molécula da água. A reação não pararia no 4-hidroxi-butan-2-ona, pois o mesmo não explicaria a mudança de coloração que ocorreu, além disso, ele continuaria reagindo com a base. Etapa 4 Etapa 5 A base remove, novamente, o próton do carbono alfa para formar o íon enolato. Etapa 6 Como a proporção de acetona e aldeído é 1:2, o formaldeído é atacado novamente pelo ânion do outro lado e seguiuas mesmas etapas anteriores. Etapa 7 8 Etapa 8 O produto formado no mecanismo 1 é a 1,4-pentadien-3-ona, como não foi possível determinar o ponto de fusão em laboratório, foi feita a comparação desse produto com a 3-pentanona, que possui massa molar e cadeia similar, sabendo que o ponto de fusão desse composto é -42ºC, chegamos a conclusão que o nosso produto 1,4- pentadien-3-ona é um produto líquido a temperatura ambiente. O fato do produto ser líquido não explica o precipitado que obtivemos no erlenmeyer, porém a mudança de coloração pode ser explicada pelas duplas ligações conjugadas que esse produto possui. Por este motivo, propomos o mecanismo 2 para um novo produto. Este mecanismo é iniciado a partir do produto obtido no mecanismo 1, ele passa a ser um intermediário da reação e continua reagindo com a base presente no meio reacional. Etapa 1 Etapa 2 O ânion formado depois do ataque da base age como nucleófilo e ataca a carbonila do formaldeído. Etapa 3 9 O ânion então remove um próton da molécula de água Etapa 4 Nesta etapa houve uma sucessão de reações, sendo elas as mesmas das etapas 2 e 3 simultaneamente para os dois carbonos alfa, mas a esquematização mostrou apenas o ataque em um dos lados. A reação é a mesma para o lado oposto. Etapa 5 O produto formado no mecanismo 2 é a 1,5-Dihidróxi-2,4-Pentadien-3-ona, ao fazer a comparação com a 1,5-Dihidróxi-3-Pentanona, que é um composto com cadeia similar e massa molar parecida, temos uma escassez de informações sobre o ponto de fusão desse composto, porém de acordo com o Santa Cruz Biotechnology, este composto seria líquido. O que ainda não explica o fato de termos encontrado precipitado. [4] O ataque do mecanismo 2 pode ser realizado pelo carbono beta, no entanto, os hidrogênios beta são menos reativos ao ataque, sendo portanto, pouco provável, visto que o ataque ocorreria em menor quantidade em relação ao ataque do carbono alfa. Caso acontecesse, um possível produto poderia ser o 1,7-Dihidroxi-hept-2,5-dien-4-ona, cuja estrutura molecular está representada abaixo, o qual possui massa molecular igual ao produto formado pelo ataque alfa. Portanto, também estaria no estado líquido. 10 O produto sólido desconhecido pode ser, portanto, resultado de uma reação de complexação com formação de precipitado. No entanto, não se sabe como obter um mecanismo condizente com o que se espera. Tendo em mãos os dois mecanismos apresentados acima e sabendo que o ataque ao carbono alfa é o mais provável de acontecer, os cálculos de rendimento serão baseados no mecanismo 2 cujo produto é o 1,5-Dihidróxi-2,4-Pentadien-3-ona, pois entre os produtos formados é o mais ácido, assim a base ataca mais facilmente o hidrogênio alfa e a reação ocorre melhor. A tabela 1 apresenta a constante física dos compostos que será de grande utilidade para os cálculos estequiométricos deste experimento. Tabela 1 - Propriedades físicas dos compostos. REAGENTES E PRODUTOS P.F (ºC) P.E (ºC) ρ (g/mL) Solubilidade em H2O (g/mL) Acetona -95 56 0,788 Solúvel Formaldeído -92 -19,3 0,815 Solúvel 1,4-Pentadien-3-ona - 98,7 0,8 Solúvel 1,5-Dihidróxi-2,4-Pentadien-3-ona - 271 1,1 Insolúvel 1,7-Dihidroxi-Hept-2,5-dien-4-ona - - - Insolúvel Através de cálculos estequiométricos podem-se encontrar os valores contidos na tabela 2. Tabela 2 - Dados obtidos pelos cálculos das proporções usadas. REAGENTES E PRODUTOS MM (g/mol) Massa Usada Proporção g Mol Teórica Prática Acetona 58,08 1,58 0,027 1 1 Formaldeído 30,03 4,89 0,163 4 6 1,4-Pentadien-3-ona 82,1 - - 1 - 1,5-Dihidróxi-2,4-Pentadien-3-ona 138 - - 1 - 1,7-Dihidroxi-hept-2,5-dien-4-ona 138 - - 1 - 11 Os valores da proporção teórica foram obtidos através da estequiometria da reação realizada através do mecanismo 2, porque é o mais provável de acontecer. Para o formaldeído: d= 0,815 g/cm3 m=? v=6,0 mL d=m/V → m=d.V → m = 0,815 ∙ 6,0 = 4,89 g 1 mol--------30,03g X ------------4,89g X= 0,163 mol Para a acetona (C3H6O): d= 0,79 g/cm3 m=? v=2,0 mL d=m/V → m=d.V → m = 0,79 ∙ 2,0 = 1,58 g 1 mol-------- 58,08g W ------------ 1,58 g W= 0,027 mol Para o 1,4-Pentadien-3-ona (C5H6O): Para encontrar-se o rendimento teórico do 1,4-Pentadien-3-ona precisa-se determinar o agente limitante e o que esta em excesso, nesse caso o agente limitante é a acetona e o reagente em excesso é o formaldeído como pode ser comprovado pelos dados da tabela 2, assim calculou-se o rendimento teórico. m = n ∙ MM m = 0,027 mol ∙ 82,1 g/mol m = 2,2167 g Para o 1,5-Dihidróxi-2,4-Pentadien-3-ona (C7H10O3) e 1,7-Dihidroxi-hept-2,5-dien- 4-ona (C7H10O3): 12 As massas dos dois produtos em questão são iguais, logo o rendimento teórico obtido para um, será o idêntico ao do outro. Para encontrar-se o rendimento teórico do 1,4-Pentadien-3-ona deve-se também levar em consideração o reagente limitante que é a acetona. m = n ∙ MM m = 0,027 mol ∙ 138 g/mol m = 3,726 g Para termos a garantia que o produto encontrado na prática possuía carbonila, foi feito o teste com o reagente 2,4-dinitrofenilhidrazina. Não foi realizado o teste pelo ponto de fusão do composto. Por isso foi feita a comparação dos pontos de fusão de compostos similares aos produtos encontrados para verificar se o produto seria líquido e se explicaria o que vimos na prática. 5 CONCLUSÃO As reações aldólicas entre o formaldeído e acetona formaram um produto sólido – o qual não foi possível identificação – e a mudança na tonalidade da solução. Através dos mecanismos propostos chegou-se a 3 possíveis produtos, entretanto, como todos foram identificados como líquidos por comparação com outras substâncias conhecidas, nenhum deles se encaixou com o produto sólido. O teste com a 2,4-dinitrofenilhidrazina mostrou que há compostos carbonilados entre os produtos. Como o mecanismo 2, pelo ataque ao carbono alfa, é o mais provável por possuir maior acidez, os cálculos de rendimento teórico foram feitos a partir dele, obtendo como resultado 3,73 g aproximadamente. Não foi possível realizar os cálculos do rendimento prático porque o produto sólido não foi pesado. 6 REFERÊNCIAS [1] MARTINS, Daniela de L. Reações aldólicas. Rev. Virtual Quim., 2009, 1 (3), 186- 211. Publicado em 28 de Julho de 2009. Disponível em: <rvq.sbq.org.br/index.php/rvq/article/download/35/100>. Acesso em: 25 de julho de 2016. 13 [2] Wikipédia – Reação aldólica. Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Rea%C3%A7%C3%A3o_ald%C3%B3lica>. Acesso em: 25 de julho de 2016. [3] Wikipédia – Condensação aldólica. Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Condensa%C3%A7%C3%A3o_ald%C3%B3lica>. Acesso em: 25 de julho de 2016. [4] Santa Cruz Biotechnology! – Propriedades físicas dos compostos Disponível em: <http://www.scbt.com/pt/datasheet-287266.html>. Acesso em: 27 de Julho de 2016.
Compartilhar