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1 yOkoo - Resumo P2 – Interações Atômicas e Moleculares Teoria do orbital molecular O desenvolvimento da teoria do orbital molecular, no final dos anos 20, permitiu que deficiências observadas na teoria da ligação de valência e pelas estruturas de Lewis fossem explicadas, dentre as quais: Segundo a teoria de valência, todos os elétrons da molécula O2 estariam emparelhados, mas, ainda assim, o oxigênio é paramagnético, isto é, sofre ação de campo magnética. O paramagnetismo é uma propriedade dos elétrons desemparelhados; O diborano (B264) é um composto deficiente em elétrons, um composto com muito poucos elétrons de valência para ser representado por uma estrutura de Lewis válida. A teoria de ligação de valência pode ser utilizada em estruturas com compostos deficientes em elétrons em termos de ressonância, mas a explicação não é correta. O desenvolvimento de outras teorias de ligação, além da proposta por Lewis, não significa que suas ideias estejam erradas. Na realidade, as modernas teorias de ligação mostram como Lewis se aproximou da verdade e confirmaram que seus conceitos ainda podem ser utilizados, necessitando apenas de poucos ajustes. As teorias de ligação de valência e do orbital molecular são propostas diferentes para descrever a estrutura molecular utilizando a teoria quântica. Os orbitais moleculares A principal diferença entre a teoria de ligação de valência da ligação química e a teoria do orbital molecular é que a primeira assume, como a proposta de Lewis, que os elétrons, em uma ligação, estão localizados entre os dois átomos ligados, enquanto a teoria do orbital molecular assume que os elétrons pertencem à molécula como um todo. Pela teoria do orbital molecular, os elétrons ocupam orbitais chamados de orbitais moleculares que se espelham por toda a molécula. Orbitais moleculares são construídos a partir da superposição de orbitais atômicos pertencentes à camada de valência dos átomos presentes na molécula. Um orbital molecular é uma função de onda de um elétron que se distribui ao longo da molécula. As formas matemáticas destes orbitais costumam ser altamente complicadas, sendo em geral desconhecidas. O orbital molecular é chamado de combinação linear de orbitais atômicos (LCAO – linear combination of atomic orbitals). Deve-se ressaltar que os orbitais moleculares são aproximações dos verdadeiros orbitais moleculares. O orbital molecular possui energia menor do que qualquer um dos orbitais atômicos empregados em sua construção (caso esta afirmação não fosse verdadeira não haveria razões energéticas para a ligação ocorrer). Os dois orbitais atômicos são como ondas centradas em núcleos diferentes. Entre os núcleos, as ondas interferem construtivamente (positivamente) entre si no sentido que a amplitude total da função de onda aumenta no local onde corre a sobreposição. O aumento da amplitude na região internuclear indica que existe uma grande probabilidade de encontrarmos o elétron no orbital em regiões que possam interagir com os dois núcleos. Um elétron que ocupe um orbital molecular é atraído por ambos os núcleos, por isso possui energia menor do que quando está confinado somente a um orbital atômico de um átomo. A combinação de 2 yOkoo - Resumo P2 – Interações Atômicas e Moleculares orbitais atômicos que resulta e uma diminuição da energia total é chamada de orbital ligante. Contudo, os orbitais podem ter interferência destrutiva entre eles, situação na qual a amplitude da função de onda de um elétron é subtraída da função de onda do outro elétron localizado na região de sobreposição. A densidade de probabilidade de um elétron que se encontra na superfície nodal é 0. Como o elétron é excluído da região onde deve possuir uma forte interação com os dois núcleos, a energia de combinação linear é superior a dos orbitais atômicos sozinhos. Neste caso, a combinação de orbitais atômicos resulta em um aumento da energia total,sendo chamado de orbital antiligante. A energia relativa entre o orbital atômico original e os orbitais moleculares ligantes e antiligantes são representados na forma de diagramas de níveis de energia do orbital molecular, conforme modelo abaixo: O acréscimo de energia que ocorre quando um orbital antiligante é ocupado é aproximadamente igual ou um pouco maior que a diminuição de energia que ocorre quando o orbital ligante correspondente é ocupado. O número total de orbitais moleculares é sempre igual ao número total de orbitais atômicos fornecidos pelos átomos que se ligaram. Por exemplo, uma molécula de H2 é formada por dois átomos de hidrogênio, os quais possuem um orbital cada, assim, a molécula de H2 terá dois orbitais moleculres. Matematicamente Consideremos a molécula de hás hidrogênio com deficiência de um elétron, isto é: . 3 yOkoo - Resumo P2 – Interações Atômicas e Moleculares Nota-se que o único elétron da molécula é atraído pelos dois núcleos ( e ), estes exercer repulsão entre si (R). A função de onda da molécula de é determinada pela sobreposição das funções de onda dos dois átomos de hidrogênio: Ou Onde N representa a constante de normalização; : duas possibilidades de sobreposição. O hamiltoniano para o único elétron presente na molécula é determinado por: Onde, Sendo: : distância do elétron até o núcleo A; : distância do elétron até o núcleo B; R: distância entre os núcleos. Como já mencionado, a combinação linear das funções de onda dos átomos A e B é dada como: Ao resolver as funções de onda, obtêm-se os seguintes resultados para A e para B: 4 yOkoo - Resumo P2 – Interações Atômicas e Moleculares Constante de normalização Considerado a equação de onda do estado fundamental do hidrogênio, isto é, a função de onda : Como a função de onda depende de A e de B, não existe o termo imaginário na função de onda (pode-se excluir o termo da expressão), de modo que é permitido reescrever a expressão acima da seguinte forma: A função densidade probabilidade desta função de onda é dada por: Substituindo a função de onda: Como A e B já estão normalizados, então: Chamemos de S: 5 yOkoo - Resumo P2 – Interações Atômicas e Moleculares Energia Assim como para a constante de normalização, deve-se considerar os dois estados possíveis de superposição. A determinação da energia envolve cálculos complicados, os quais serão desconsiderados. O resultado para E está representado abaixo: Onde, Ou seja, as variáveis S, J e k dependem de R (distância entre os núcleos), portanto, pode-se dizer que . Ao construir um gráfico em que são relacionadas a energiae a distância entre os núcleos, obtêm-se as seguintes curvas: 6 yOkoo - Resumo P2 – Interações Atômicas e Moleculares Pode-se observar que a curva inferior é aquela que apresenta menor energia, conforme mencionado, ao nível de menor energia é dado o nome de orbital ligante; e a curva superior representa o orbital antiligante (maior energia). Verifica-se que a curva do orbital ligante apresenta um ponto de equilíbrio, o qual não existe no orbital antiligante, este ponto é fundamental para ilustrar a maior estabilidade dos orbitais ligantes. Quando o elétron se localiza em um orbital ligante ele estabiliza a molécula, por outro lado, quando estes estão em um orbital antiligante ocorre o oposto. A expressão que define o orbital ligante é: E a expressão que define o orbital anti ligante é: A representação adotada para estes dois orbitais é: : Orbital ligante; : Orbital anti ligante. O o bital ligante é o mesmo desc ito pela teo ia de valência. denominação σ decorre do fato da região de probabilidade eletrônica ficar diretamente sobre o eixo da ligação, ep esentando assim a ligação σ. Pode-se inse i um índice a ligação σ, o qual ep esenta á o o bital envolvido, por exemplo, consideremos a molécula de gás hidrogênio (H2), o orbital molecular envolvido na ligação será o , ou seja, tem-se uma ligação sigma entre os orbitais 1s. Out a fo ma de ep esenta esta ligação é sσ2, a qual representa que existem dois elétrons ligados em um orbital sigma a partir de orbitais atômicos s. No orbital molecular antiligante, diminui-se a probabilidade de se encontrar um elétron entre os núcleos, e aumenta-se a probabilidade de encontrar o elétron em outras regiões. Sem uma densidade eletrônica significativa entre os núcleos, estes se repelem. A partir destas informações, é possível representar os orbitais moleculares como: Ao introduzir estes conceitos em um diagrama de níveis de energia, obtêm-se a seguinte representação: 7 yOkoo - Resumo P2 – Interações Atômicas e Moleculares Deve-se atentar que a energia aumenta de baixo para cima (repare na seta), e como o orbital molecular ligante apresenta menor energia que os orbitais atômicos, ele está representado abaixo do nível energético do orbital atômico, com o orbital antiligante, nota-se o contrário, isto é, este orbital está localizado em um nível de energia superior. Os orbitais ligantes e antiligantes para ligações σ já fo am ep esentados nos exemplos acima. A seguir a representação da sob eposição de o bitais π: Deve-se tem em mente também que a sobreposição dos orbitais que realizam ligações π oco e de manei a late al, dife entemente do que oco e com os o bitais σ, nos quais a sobreposição é frontal, e por esta razão tende a ser mais forte. A existência dos orbitais px, py e pz deve-se ao fato do orbital p acomodar até três pares de elétrons. Nas ilustrações são indicadas as sobreposições laterais possíveis para um par de átomos. 8 yOkoo - Resumo P2 – Interações Atômicas e Moleculares Simetria par (gerade) ou ímpar (ungerade) Devido ao fato de um orbital poder se ligar a um orbital ligante ou antiligante, é proposto a utilização do asterisco sobrescrito ao sigma ou ao pi (σ* ou π*). Outro meio de diferenciar estes orbitais é através das diferenças de simetria apresentadas pelas moléculas. A análise deve ser feita através da inversão de um orbital a partir de seu ponto médio entre os dois núcleos. Caso não ocorra alteração na carga após a inversão tem-se a função de onda gerade (par), a qual é representada por um g subscrito. Caso não ocorra alteração das cargas, tem-se uma função de onda ungerade (ímpar). Ou seja, esta segunda nomenclatura para os orbitais, onde o subscrito g ("gerade") se refere às funções de ondas dos orbitais simétricos em relação ao eixo, enquanto que o subscrito u ("ungerade") se refere as funções de ondas dos orbitais assimétricas em relação ao eixo. O fato de um orbital ter simetria par (gerade) ou ímpar (ungerade) não define se o orbital é ligante ou antiligante. É preciso observar o valor da energia do orbital molecular formado em relação a energia dos orbitais atômicos que originaram o orbital molecular, por exemplo, os orbitais sigma ligantes são gerades e os anti ligantes são denominados unge ade. Pa a os o bitais π, oco e o inve so, isto é, os o bitais ligantes são ungerade e os anti ligantes são gerade, tais características estão relacionadas na tabela abaixo: Orbital Energia Simetria σ Ligante Gerade Anti ligante Ungerade π Ligante Ungerade Anti ligante Gerade Representação da inversão de um dor orbitais e o traço para analisar as cargas. 9 yOkoo - Resumo P2 – Interações Atômicas e Moleculares Análise dos gráficos de probabilidade Ao analisar os gráficos das funções de onda dos orbitais ligantes e anti ligantes é possível observar diferenças. O primeiro gráfico representado a seguir representa a função de onda de um orbital ligante e sua respectiva curva de probabilidade. Deve-se ressaltar que a probabilidade de localizar um elétron na região inter nuclear é diferente de zero, isto é, . Tracemos uma reta no centro da superposição dos orbitais, chamando-a de C: Em seguida, tracemos duas retas (x e y) paralelas a reta C e equidistantes a ela: 10 yOkoo - Resumo P2 – Interações Atômicas e Moleculares Verifica-se que as duas retas cruzam as curvas das equações de onda em valores de iguais, tendo, portanto, simetria par, por este motivo os orbitais ligantes também costumam ser denominados como . Ao fazer o mesmo tipo de análise para os casos dos orbitais antiligantes, casos em que , tem-se o seguinte gráfico: As retas t e h são equidistantes de C. Nestes casos, são observados valores diferentes de , por esta razão os orbitais anti ligantes são denominados ungerade, ou simplesmente . Assim, análise ealizada acima é útil pa a os o bitais σ, contudo, pa a os o bitais π é necessário inverter um orbital a partir de seu ponto médio entre os dois núcleos. Em seguida, deve-se traçar uma seta entre os dois orbitais, conforme figura abaixo: 11 yOkoo - Resumo P2 – Interações Atômicas e Moleculares Os orbitais ligantes caracterizam-se pelo seguinte aspecto: Ao inverter um os orbitais em seu ponto médio e ao traçar uma seta em diagonal, tem-se a seguinte configuração: Verifica-se que a seta começa em uma região – no sentido de uma região +, aspecto que caracteriza uma simetria impar, isto é, ungerade: O bital π ligante: unge ade. o ealiza a mesma análise pa a os o bitais π antiligantes, tem-se o seguinte aspecto: 12 yOkoo - Resumo P2 – Interações Atômicas e Moleculares Ao inverter um dos orbitais e traçar a seta em diagonal, tem-se: Verifica-se que a seta começa em uma região + no sentido de uma região +, aspecto que caracteriza uma simetria par, isto é, gerade: O bital π anti ligante: ge ade. Após a introdução dos conceitos de gerade e ungerade, pode-se alterar as nomenclaturas utilizadas do diagrama de energia proposto até o momento, no qual eram inseridos informações sobre orbitais ligantes e anti ligantes. O diagrama proposto até então era: Substituindo as denominações de ligantes e anti ligantes, tem-se o seguinte diagrama de energia: 13 yOkoo - ResumoP2 – Interações Atômicas e Moleculares Ao colocar os dois tipos de representação no mesmo diagrama, tem-se: Obse va que os o bitais σ são denominados σg e os σ * são denominados σu, enquanto que pa a os o bitais π obse va-se o inverso. Ordem de ligação A ordem de ligação quantifica o número de ligações entre dois átomos no formalismo dos orbitais moleculares; quanto maior a ordem de ligação entre um dado par de átomos, maior é a força de ligação. Assim, pode-se considerar que a ordem de ligação é um parâmetro utilizado para verificar a estabilidade de uma molécula. A determinação da ordem de uma ligação é feita a partir da distribuição dos elétrons nos diagramas de níveis de energia. Para realizar esta distribuição deve-se seguir alguns passos: 1. Os elétrons são acomodados inicialmente no orbital molecular de mais baixa energia, e depois em orbitais de energia maior; 2. De acordo com o princípio de exclusão de Pauli, cada orbital pode acomodar no máximo dois elétrons. Se dois elétrons estão presentes em um orbital, estarão necessariamente emparelhados; 3. Se mais de um orbital de mesma energia estiver disponível, os elétrons os ocupam um a um, adotando spins paralelos (Regra de hund). Regra de Hund: A partir de resultados experimentais, juntamente com o princípio de exclusão de Pauli, a regra de Hund é utilizada na distribuição dos elétrons nos diagramas de orbitais. Os orbitais são preenchidos colocando-se um elétron por vez, isto é, nunca adicionando dois elétrons por vez com um mesmo spin dentro de um mesmo orbital. Se mais de um orbital em uma subcamada estiver disponível adicionam- se elétrons com spins paralelos aos diferentes orbitais daquela subcamada até completá- la, antes de emparelhar dos elétrons em um dos orbitais. Exemplo: 14 yOkoo - Resumo P2 – Interações Atômicas e Moleculares Uma molécula mais estável se caracterizará por apresentar mais elétrons dispostos em orbitais ligantes do que em orbitais antiligantes. Lembrando que para identificar os orbitais ligantes, deve-se olhar os níveis de energia dos orbitais moleculares em relação a energia dos orbitais atômicos originais. Orbitais moleculares com energia abaixo da energia dos orbitais atômicos originais serão ligantes e aqueles que têm energia superior serão antiligantes. Por esta razão, torna-se importante realizar a distribuição dos elétrons nos diagramas de energia. Portanto, o valor da ordem de ligação é função do número de elétrons em orbitais ligantes e antiligantes. A relação entre estes valores é dado pela seguinte expressão: Onde, b: ordem de ligação; n: número de elétrons em orbitais ligantes; n*: número de elétrons em orbitais anti ligantes. Quanto maior for o número de elétrons em orbitais ligantes, maior será o valor da ordem de ligação, e, portanto, mais estável será a molécula. Evidências experimentais comprovam esta relação: quanto mais estável a molécula, menor será o distanciamento entre os átomos que a constitui e mais forte será esta ligação (isto é, maior será a entalpia de ligação). A seguir estão representadas algumas moléculas e seus respectivos valores de ordem de ligação e propriedades intrínsecas a elas: Molécula Número de elétrons Ordem de ligação Comprimento da ligação (pm) Energia da ligação (kJ/mol) 1 0,5 106 268 H2 2 1 74 457 3 0,5 108 241 He2 4 0 6000 <<1 Verifica-se que o maior valor de comprimento de ligação é apresentado pela molécula com menor ordem de ligação, e, consequentemente, esta também apresentará a menor energia de ligação. No caso das moléculas de gás hidrogênio e de gás hélio, os diagramas de energia ficariam da seguinte forma: 15 yOkoo - Resumo P2 – Interações Atômicas e Moleculares Em especial, atentar para os casos em que a ordem de ligação é zero, pois nestes casos têm-se moléculas instáveis. Exemplos: F2 A distribuição dos elétrons das camadas de valência nas moléculas de gás flúor a partir da simetria é dada por: De modo compacto: Ou, considerando os orbitais como ligantes e anti ligantes: F2: ( sσ) 2( sσ*)2(2pzσ) 2 (2pxπ) 2 (2pyπ) 2 (2pxπ*) 2 (2pyπ*) 2 O valor da ordem de ligação (independentemente da forma de distribuição escolhida) será: Portanto, a ordem de ligação do F2 é 1, o que corrobora com a descrição de que esta molécula apresenta uma ligação simples. 16 yOkoo - Resumo P2 – Interações Atômicas e Moleculares Ao consideramos uma molécula de gás nitrogênio, a ordem de ligação será igual a 3, o que corresponde a uma ligação tripla. A relação entre a estabilidade de uma molécula e o valor da ordem de ligação também é explicita neste caso, pois a entalpia da ligação do N2 é uma das mais altas existentes (946 kJ/mol). A perda de um elétron do N2 conduz à formação da espécie transiente , na qual a ordem de ligação é reduzida de 3 para 2,5. Esta redução na ordem de ligação é acompanhada por um decréscimo correspondente na energia de ligação (de 946 para 855 kJ/mol) e um aumento no comprimento da ligação de 109 pm para 112pm. As ordens de ligação fracionárias ocorrem nas e nos íons que possuem estruturas de ressonância. Por exemplo, consideremos a molécula do ozônio: Cada estrutura de ressonância do O3 tem uma ligação simples e uma ligação dupla, dando um total de três pares de ligação compartilhados e duas ligações oxigênio-oxigênio. Ligações múltiplas É sabido que ao aumentar a ordem de ligação também ocorre um acréscimo na entalpia da ligação, contudo, este acréscimo varia de acordo com o átomo envolvido na ligação. Carbono: a ligação dupla envolvendo átomos de carbono é mais forte do que a ligação simples entre estes átomos, contudo, a força é inferior ao dobro da força da ligação simples, da mesma forma, a ligação tripla não tem três vezes a força da ligação simples. Como consequência, torna-se favorável a polimerização de etenos e etinos. Nitrogênio: O nitrogênio é um exemplo de que as propriedades do carbono não devem ser extrapoladas aos outros elementos, porque a ligação dupla (N=N: 409kJ/mol) tem energia superior ao dobro da energia apresentada pela ligação simples (N-N: 163: kJ/mol). Quando analisa-se a ligação tripla, verifica-se que a energia de ligação envolvida é maior do que cinco vezes a força da ligação simples: 946 kJ/mol. Por esta razão verifica-se maior estabilidade em compostos com ligações múltiplas entre átomos de nitrogênio do que em polímeros e em estruturas tridimensionais. Fósforo: O fósforo se mostra mais estável quando apresenta ligações simples, pois o acréscimo em suas entalpias de ligação não é proporcional ao aumento das ligações: o P – P: 200 kJ/mol; o P = P: 310 kJ/mol; o P P: 490 kJ/mol. Assim, o fósforo se apresenta sob várias formas sólidas nas quais ligações simples estão presentes, incluindo as moléculas tetraédricas P4 do fósforo branco. 17 yOkoo - Resumo P2 – Interações Atômicas e Moleculares Diagramas de níveis de energia do orbital p A partir dos conceitos introduzidos para a ligação existente na molécula de gás hidrogênio, pode-se aplicar às demais moléculas. Vejamos as moléculas diatômicas homonucleares dos elementos do período II da tabela periódica. O primeiro passo é a construção do diagrama de energia dos orbitaismoleculares a partir dos orbitais atômicos das camadas de valência destes átomos. No caso dos átomos do período II a camada de valência apresenta configuração eletrônica do tipo 2s e 2p, assim, a construção dos diagramas moleculares deve ocorrer a partir da sobreposição destes orbitais atômicos. Considerando os dois átomos existe um total de 8 orbitais atômicos, sendo 4 de cada átomo. Estes quatro orbitais são formados por um orbital s e três orbitais p: Os orbitais 2s se sobrepões de maneira similar a sobreposição observada para os orbitais 1s, de modo a formar um orbital sσ e um o bital sσ*. Os orbitais p podem se ligar de duas maneiras distintas, a primeira delas (que pode envolver somente um dos três orbitais disponíveis) ocorre através da sobreposição de orbitais ao longo do eixo internuclear, formando assim um orbital ligante σ ( pσ) e um o bital antiligante σ* ( pσ). Os demais o bitais se sob epõem pe pendicula mente ao eixo inte nuclea , fo mando o bitais π (ligante e antiligante). Existe um plano nodal nos o bitais π. Particularidades dos diagramas de energia. Cálculos detalhados resultam no diagrama de níveis de energia de uma molécula para outra. Analisemos o Período 2, verifica-se diferentes diagramas de energia para as moléculas de N2 e O2, em relação aos demais elementos deste período. O diagrama caracte ístico dos elementos do pe íodo ( pσ, pπ) está representado a seguir: Ao analisar o diagrama do N2 e do O2 verifica-se que as posições dos orbitais ligantes pσ e pπ estão t ocadas: 18 yOkoo - Resumo P2 – Interações Atômicas e Moleculares A razão para esta troca se deve a sobreposição mais efetiva final-final entre os o bitais p (pa a fo ma os o bitais pπ e pπ*). s dife enças de o denamento ent e os níveis de energia dos orbitais são consequências das diferenças nas energias dos orbitais atômicos 2s e 2p empregados na construção dos orbitais moleculares e no quanto eles se sobrepõem. A inversão nos valores das energias destes orbitais pode ser comprovada experimentalmente através do diagrama abaixo: Exemplo de diagrama de energia Consideremos o N2. O nitrogênio pertence ao grupo 15, cada átomo de N envolvido na ligação fornece 5 elétrons. Assim, 10 elétrons no total devem ser inseridos nos orbitais moleculares. Sabendo-se que na camada de valência do N os elétrons estão distribuídos nos orbitais s e p, 2 elétrons ocuparão o orbital 2s ligante ( sσ) e out os dois ocupa ão o o bital s anti ligante ( sσ*). o p ossegui o p eenchimento dos 19 yOkoo - Resumo P2 – Interações Atômicas e Moleculares o bitais, os p óximos o bitais a se em p eenchidos se ão dois o bitais pπ (que podem acomodar até 4 elétrons). Os dois elétrons restantes serão acomodados no o bital pσ. Após completar a distribuição dos elétrons, pode-se descrever a configuração eletrônica do N2 da seguinte forma: N2: ( sσ) 2( sσ*)2( pπx) 2( pπy) 2( pσ)2 Deve-se atentar que convenciona-se adotar o eixo internuclear como z, razão pela qual tem-se o o bital π nos eixos x e y e não no eixo z. Paramagnetismo e diamagnetismo A teoria da ligação de valência não é capaz de explicar algumas das propriedades de algumas moléculas, dentre as quais o paramagnetismo do oxigênio. Ao utilizar a teoria do orbital molecular esta propriedade é elucidada, inclusive um dos primeiros triunfos da teoria do orbital molecular foi sua capacidade de mostrar que a molécula de O2 é paramagnética. Antes de continuar esta análise, deve-se conceituar paramagnetismo. Substâncias diamagnéticas: São aquelas que são ligeiramente repelidas por um imã forte; Substâncias paramagnéticas: São aquelas que são atraídas por um campo magnético. Dentre as quais destacam-se os metais e alguns compostos. O paramagnetismo é a atração que substâncias sofrem de campos magnéticos, desde que os átomos ou íons constituintes possuem elétrons desemparelhados. As substâncias em que todos os elétrons estão emparelhados com parceiros de spin oposto são diamagnéticas. Nota-se, portanto, influência direta na existência ou não de elétron desemparelhado na molécula, pois o elétron desemparelhado produz efeito magnético em um átomo. A partir deste conceito, entende-se o porquê da teoria de ligação de valência ser insuficiente para explicar o paramagnetismo do oxigênio, segundo esta teoria, os elétrons do O2 estão emparelhados. A partir da TOM é possível explicar o paramagnetismo do O2 utilizando os diagramas de distribuição de energia. Ao distribuir todos os 16 elétrons envolvidos na ligação (8 de cada átomo) obtêm-se o seguinte diagrama: 20 yOkoo - Resumo P2 – Interações Atômicas e Moleculares Ou: Ou ainda: ( sσ)2( sσ*)2( sσ)2( sσ*)2(2pzσ) 2 (2pxπ) 2 (2pyπ) 2 (2pxπ*)( pyπ*) Observa-se que a distribuição dos elétrons resulta em dois elétrons dispostos em orbitais antiligantes, ambos desemparelhados, condição esta suficiente para explicar o paramagnetismo do oxigênio. O paramagnetismo origina-se nos spins dos elétrons Um elétron em um átomo apresenta as propriedades magnéticas esperadas para uma partícula carregada em rotação. O importante é a relação dessa propriedade com o arranjo dos elétrons nos átomos. Experiências mostram que, se um átomo com um único elétron desemparelhado for colocado em um campo magnético, somente duas orientações serão possíveis para a rotação do elétron: alinhando-se ao campo ou se opondo a ele (definição do quarto número quântico: o spin). Além do oxigênio, sabe-se que átomos de hidrogênio, que possuem somente um elétron são paramagnéticos. Por outro lado, o hélio possui dois elétrons e por isso é diamagnético. Para explicar essa observação supõe-se que os dois elétrons atribuídos ao hélio estão no mesmo orbital com orientações de spin opostas, de modo emparelhado, fazendo com que o campo magnético de um elétron seja suficiente para cancelar o campo magnético do outro elétron. O magnetismo observado na maioria dos materiais paramagnéticos é tão fraco que só pode ser observado quando submetidos a um campo magnético forte, um exemplo é o oxigênio. Experimentalmente, verifica-se a diferença entre uma substância dia e paramagnética ao expô-las em um campo magnético. Na figura a seguir, tem-se uma representação da ação de um campo magnético sobre o nitrogênio (diamagnético) e sobre o oxigênio (paramagnético): Moléculas heteronucleares Até o momento, foram tratadas somente moléculas homonucleares, isto é, aquelas formadas pelos mesmos átomos, como O2, F2 e etc. Contudo, a teoria do orbital molecular pode ser estendida aos sistemas heteronucleares, os quais são compostos por átomos diferentes. É importante destacar que, em virtude da natureza diferente dos dois núcleos envolvidos na ligação química, a energia dos mesmos também será diferente. Tais 21 yOkoo - Resumo P2 – Interações Atômicas e Moleculares diferenças serão de fundamental importância no momento da construção dos orbitais moleculares. Quando a diferença do número atômico não for grande, nota-se que as diferenças de energia também não serão significativas, como, por exemplo, para CO ou para o NO. Porém, esta irrelevância se restringe a poucas moléculas, uma vez que para a maioria de moléculas heteronucleares as diferenças de energia dos orbitais envolvidos na ligação serão significativas, sendo necessário analisar novamente o modo de construção dos diagramas de energia. A contribuiçãode cada átomo à molécula é dado pela expressão: Onde, : Orbital atômico do átomo A; : Orbital atômico do átomo B; e : são coeficientes que representam o quanto cada átomo contribui para o orbital molecular, de modo que quanto maior o valor de c 2 , maior será a contribuição do átomo no orbital molecular. Considerando moléculas homonucleares, como por exemplo, o H2, os seus elétrons tem probabilidades iguais de serem encontrados próximos a ambos os núcleos, de forma que a combinação linear que produz menor energia terá contribuições iguais de cada orbital. Nestes casos, normaliza-se os coeficientes, tendo-se as seguintes expressões: Onde o sinal de mais representa o orbital ligante e o sinal de menos o orbital antiligante. Retornando às moléculas formadas por átomos diferentes, nestas, os orbitais moleculares diferem daqueles das moléculas diatômicas homonucleares por terem contribuições desiguais de cada orbital atômico. Isso significa que os coeficientes e não são necessariamente iguais em magnitude. Se > , o orbital molecular é composto principalmente pelo orbital atômico de A, ou seja, é principalmente composto por , isto significa que um elétron que ocupe esse orbital é mais provável de ser encontrado próximo ao átomo A do que próximo ao átomo B. O oposto é verdadeiro para um orbital molecular no qual > . Deve-se atentar para o fato da impossibilidade de utilização da classificação dos orbitais em função de suas respectivas simetrias, isto é, não é possível classificar os orbitais em gerades e ungerades, uma vez que não é possível realizar o processo de inversão das moléculas para análise de suas simetrias. Em moléculas diatômicas heteronucleares, o elemento mais eletronegativo apresenta uma maior contribuição para os orbitais ligantes e o elemento menos eletronegativo, portanto, mais eletropositivo, contribui de maneira mais acentuada para o orbital antiligante. Isso significa que os elétrons ligantes terão maior probabilidade de serem encontrados próximos ao átomo mais eletronegativo, e consequentemente estarão em uma posição energeticamente favorável. O caso extremo de uma ligação polar, que é uma ligação covalente formada por um par de elétrons compartilhados de maneira desigual pelos dois átomos, é a ligação iônica. Em uma ligação iônica, um átomo assume o controle completo sobre o par de 22 yOkoo - Resumo P2 – Interações Atômicas e Moleculares elétrons. Por outro lado, os elétrons antiligantes terão maior probabilidade de serem encontrados em uma posição energeticamente desfavorável, próximo ao átomo menos eletronegativo. Uma segunda diferença entre as moléculas diatômicas homonucleares e heteronucleares deriva da diferença de energia entre os dois conjuntos de orbitais atômicos. Duas funções de onda interagem menos intensamente à medida que suas energias divergem. Esta dependência da separação da energia implica que a diminuição de energia, como resultado da sobreposição de orbitais atômicos de átomos diferentes em uma molécula heteronuclear, é menos pronunciada do que em uma molécula homonuclear, na qual os orbitais tem a mesma energia. Entretanto, não é possível concluir que as ligações A-B são mais fracas do que as ligação A-A, porque outros fatores (dentre os quais o tamanho do orbital e a distância de aproximação) também são importantes. Exemplo: Fluoreto de hidrogênio O fluoreto de hidrogênio é composto por um átomo de flúor e um átomo de hidrogênio, a distribuição dos elétrons nestes elementos é a seguinte: : σ s F: (σ s)(σ* s)(σ pz)(π px)(π py)(π* px)(π* py) Considerando-se os 8 elétrons de valência destes dois átomos, sendo 1 proveniente do hidrogênio e os outros 7 do flúor; tem-se 5 orbitais atômicos: sendo o orbital 1s do hidrogênio e os orbitais 2s e 2px, 2py e 2pz o flúor. Portanto, o fluoreto de hidrogênio é formado por cinco orbitais moleculares, nos quais existem 8 elétrons. ligação σ ent e o e o F pode oco e ent e o o bital s com o o bital F s ou F2pz (considerando o eixo z o internuclear). Os demais orbitais do F permanecem inalterados depois da ligação, pois eles têm simet ia π e não há o bitais com essa simetria no átomo de hidrogênio. Assim, os orbitais 2px e 2pz são exemplos de orbitais nãol ligantes, sendo confinados somente em um núcleo. O diagrama de energia para esta molécula heteronuclear está representado abaixo: 23 yOkoo - Resumo P2 – Interações Atômicas e Moleculares Analisando a energia de cada orbital, verifica-se que a energia do orbital H1s é superior a energia dos orbitais F1s, F2s, F2pz. O o bital ligante σ tem ca áte p edominante de F s (de aco do com a maio eletronegatividade do flúor). Ele está confinado principalmente ao átomo de F, sendo não-ligante. O o bital σ é mais ligante e tem tanto ca áte do F p quando do s. O o bital 3σ é antiligante e tem ca áte p incipalmente de H1s (este orbital tem energia mais elevada que os demais). Assim, todos os elétrons estão acomodados de forma que a configuração da molécula HF é: σ2 σ2 π4. Um aspecto importante é que todos os elétrons ocupam orbitais que são predominantemente do átomo de F. Como consequência, pode-se esperar que a molécula de HF seja predominantemente polar com uma carga parcial negativa no átomo de F (o que é comprovado experimentalmente). Exemplo: Monóxido de carbono O diagrama dos níveis de energia do CO é mais complicado do que o diagrama para o HF, porque tanto o C quanto o O têm orbitais 2s e 2p que podem participar na fo mação dos o bitais σ e π. baixo ep esentação do diag ama de níveis de ene gia para esta molécula: Portanto, a configuração do estado fundamental do CO é: σ2 σ2 π43σ2 O orbital molecular mais energético ocupado (também conhecido como HOMO) é o 3σ, o qual é p incipalmente um pa isolado não ligante do átomo de C. O o bital molecular vazio mais baixo (ou LUMO) é o pa de o bitais π não ligantes (na figu a ep esentado po π), duplamente degene ado, com ca áte p incipalmente do o bital C2p. A análise da polaridade desta molécula é interessante, pois apesar da grande diferença entre os valores das eletronegatividades do carbono e do oxigênio, a 24 yOkoo - Resumo P2 – Interações Atômicas e Moleculares polaridade do CO é pequena, além disso, apesar do oxigênio ser mais eletronegativo que o carbono, o lado negativo do polo da molécula está do lado do carbono. Esta situação ímpar deriva do fato de os pares isolados e os pares ligantes terem uma distribuição complexa. A estimativa da polaridade a partir das eletronegatividades é particularmente incerta quando os orbitais antiligantes estão ocupados. Eletronegatividade A eletronegatividade é representada pela let a g ega χ (chi). A eletronegatividade de um elemento é a capacidade deste em atrair elétrons para si em uma molécula. Há uma tendência geral de aumento da eletronegatividade ao longo de um período e uma tendência geral de diminuição ao descermos num grupo, tais afirmações podem ser comprovadas analisando as eletronegatividades dos elementos na tabela periódica: Os não metais têm elevados valores de eletronegatividade; Os semi metais ou metaloides tem valores intermediários de eletronegatividade; Os metais têm os mais baixos valores de eletronegatividade. As tendências periódicas na eletronegatividade podem ser relacionadas com o tamanho dos átomos e com as configurações eletrônicas. Se um átomo é pequeno e tem uma camada eletrônica quase fechada, entãohá uma grande probabilidade de que ele atraia um elétron para si mais do que um átomo grande com poucos elétrons de valência. Medidas quantitativas das eletronegatividades foram feitas de diferentes maneiras, com destaques para as formas usadas por Linnnus Pauling, por Mulliken e por Allrer-Rochow. Geralmente os valores representados são aqueles definidos por Linnus Pauling, a partir das energias envolvidas na formação das ligações. A eletronegatividade dos elementos interfere diretamente nos orbitais moleculares, segue exemplo que considera essas contribuições: 25 yOkoo - Resumo P2 – Interações Atômicas e Moleculares O elemento mais eletronegativo contribui de forma mais acentuada para o orbital ligante. Na figura da molécula no orbital ligante tem um átomo maior à direita, o qual ilustra a maior probabilidade de localizar o elétron no elemento mais eletronegativo. Retornando a expressão , a eletronegatividade tem relação direta com o coeficiente , o qual representa o quanto cada átomo contribui para o orbital molecular. Diante do que já foi explicado, a eletronegatividade será mais importante no orbital ligante do que no orbital antiligante, assim: O bital ligante: χ χ c c O bital antiligante: χ χ c c A eletronegatividade de uma molécula é dada através do módulo da diferença das eletronegatividades dos átomos envolvidos, por exemplo, consideremos o HF: Na realidade, Linus Pauling, na década de 1930, propôs o conceito de eletronegatividade como um parâmetro para descrever os polos formados em uma ligação, qual era o polo positivo e qual era o polo negativo e também para comparar a polaridade de moléculas diferentes. Polaridade da ligação e a eletronegatividade A eletronegatividade é uma propriedade que mede a intensidade que um elemento tem de atrair elétrons para si, por esta razão a eletronegatividade também é conhecida como uma medida qualitativa da ionicidade de uma ligação química. Quando o elemento mais eletronegativo de uma molécula atrai para si o elétron da ligação, formam-se cargas residuais dentro da molécula, as quais são chamadas de cargas parciais, as quais são ep esentadas pela let a g ega delta minúscula (δ), conforme exemplo abaixo: 26 yOkoo - Resumo P2 – Interações Atômicas e Moleculares A seta representativa do deslocamento de carga indica, neste caso indica o deslocamento da carga negativa da molécula. O átomo para o qual o par de elétrons é deslocado adquire uma carga parcial negativa, e do outro lado da molécula adquire carga parcial positiva, assim formam-se polos nas extremidades da molécula. As moléculas diatômicas heteronucleares são sempre polares em alguma extensão, nos casos em que mais de dois átomos constituem a molécula se faz necessário uma análise da geometria desta. A seguir mais três exemplos: Em compostos iônicos, o deslocamento do par de elétrons entre os dois átomos é essencialmente completo, por esta razão não se representa as cargas dos átomos como δ+ ou δ-, e somente com os símbolos de + ou de -. O tipo de ligação em uma molécula pode ser determinado a partir da diferença das eletronegatividades das espécies envolvidas: Ligações covalentes apolares: casos em que a diferença de eletronegatividade entre as espécies envolvidas é aproximadamente igual a zero (os elétrons são compartilhados de maneira igual entre os átomos envolvidos, ou seja, somente em casos de moléculas homonucleares) ou então quando a estrutura geométrica da molécula permite uma somatória vetorial da carga igual a zero, casos em que a distribuição de cargas ocorre de maneira simétrica, como por exemplo, a molécula de CO2. Ligações covalentes polares: casos em que a diferença de eletronegatividade entre as espécies envolvidas é aproximadamente igual a dois (ligação existente entre moléculas heteronucleares em que os átomos são metais e/ou semi metais, nestes casos o compartilhamento ocorre de maneira desigual). Ligações iônicas: casos em que a diferença de eletronegatividade entre as espécies envolvidas é superior a 3 (ocorre a doação do elétron do átomo menos eletronegativo para o mais eletronegativo). Tais parâmetros estão representados de maneira gráfica a seguir: 27 yOkoo - Resumo P2 – Interações Atômicas e Moleculares Não existe uma linha divisória imediata e clara entre as ligações covalente e iônica. Entretanto, uma boa regra diz que, se há uma diferença de eletronegatividade de cerca de 2 unidades, isto significa que um grande caráter iônico está presente em uma ligação, e é melhor considerar a ligação como iônica. Para diferenças de eletronegatividade menores que 1,5 uma descrição covalente da ligação é provavelmente segura. Graficamente, é possível representar o caráter de cada uma das ligações em função das diferenças de eletronegatividades dos átomos envolvidos nas ligações: As ligações iônica e covalente são dois modelos extremos da ligação química. A maioria das ligações reais fica em algum lugar entre puramente iônica e puramente covalente, isto ocorre porque todas as ligações são híbridos de ressonância de estruturas puramente covalente e iônica, a questão é que em alguns casos, por exemplo na molécula do gás cloro, a estrutura de ressonância característica de ligação iônica tem pequena contribuição, razão pela qual a molécula pode ser descrita a partir de uma ligação covalente. Momento de dipolo molecular Dipolo é nome dado à formação de dois polos em uma molécula em decorrência da formação de cargas parciais provocadas pelas diferentes eletronegatividades dos átomos que compõem a molécula. 28 yOkoo - Resumo P2 – Interações Atômicas e Moleculares A medida experimental da polaridade de uma molécula determina o momento de dipolo ou momento dipola (μ) desta. O momento dipolo elét ico é ep esentado com uma seta com origem na carga negativa orientado à carga positiva. Deve-se observar que a direção do dipolo elétrico é o oposto ao sentido denotado na área da química no que se refere ao deslocamento de cargas. O experimento consiste em colocar as moléculas que se quer determinar o momento dipolar em um campo elétrico criado por um par de placas de cargas opostas, a extremidade positiva de cada molécula é atraída à placa negativa, e a extremidade negativa, à placa positiva. A extensão com que as moléculas se alinham ao campo depende do seu momento dipola , ou simplesmente μ, que é definido como o p oduto ent e a magnitude das ca gas pa ciais ( δ e –δ) e a distância que as sepa a. A unidade do SI do momento dipolar é o coloumb-metro, mas os momentos dipolares têm sido tradicionalmente expressos usando-se a unidade chamada debye: Por exemplo: determine o momento dipolar entre dois elétrons distantes 100pm um do outro Pode-se obter o momento dipolar de uma molécula, de uma maneira aproximada, a partir dos valores das eletronegatividades dos átomos envolvidos na ligação. Para tanto, deve-se utilizar a seguinte expressão: Por exemplo, consideremos a molécula de brometo de hidrogênio (HBr): A formação de polos em moléculas é o fator responsável por conferir a estas muitas de suas propriedades uma vez que possibilita a interação com outras moléculas carregadas e a campos elétricos externos. À força de atração existente entre aextremidade negativa de uma molécula e a extremidade positiva de outra dá-se o nome de força dipolo-dipolo. 29 yOkoo - Resumo P2 – Interações Atômicas e Moleculares Dentre as propriedades decorrentes da interação dipolo-dipolo, pode-se mencionar a formação de fases distintas da matéria a partir destas interações, temperaturas de ebulição e de fusão, dentre outras. Para prever se uma molécula é polar, é necessário considerar se a molécula apresenta ligações polares, e como estas ligações estão posicionadas relativamente umas às outras. As moléculas diatômicas compostas por dois átomos com eletronegatividades diferentes são sempre polares, pois há somente uma ligação, resultando em uma extremidade positiva e outra negativa. Porém, quando a molécula é composta por três ou mais átomos, nas quais existem no mínimo duas ligações químicas deve-se considerar quais são os grupos terminais e a geometria da molécula, para análise vetorial das cargas. Considerando as estequiometrias moleculares possíveis (AX2, AX3 e AX4), é possível verificar as seguintes características: AX2 Pode apresentar estrutura apolar quanto polar. Como exemplo de estrutura polar, pode-se mencionar o CO2, na qual existem duas ligações duplas polares entre o átomo de carbono e um átomo de oxigênio. Contudo, devido ao arranjo geométrico da molécula ser linear (devido a ausência de pares eletrônicos desemparelhados e pelo fato do carbono apresentar hibridização sp) os polos formados nas ligações duplas se anulam (os vetores tem sentidos opostos): A água, por outro lado, é uma molécula polar, isto porque o átomo central da ligação é o oxigênio, o qual possui dois pares de elétrons desemparelhados, conferindo à molécula um dipolo negativo no oxigênio e positivos nos átomos de água: A somatória vetorial da molécula indica um dipolo na direção do oxigênio (lembrando que as figuras foram extraídas de conteúdos de química, nos quais o sentido do vetor é o oposto ao convencionado para momentos dipolares da matéria): AX3 Quando os três grupos terminais são os mesmos, tais grupos são mais eletronegativos que o átomo central e não há par de elétrons desemparelhados, tem-se 30 yOkoo - Resumo P2 – Interações Atômicas e Moleculares uma estrutura trigonal planar, a qual é uma molécula apolar, mesmo que os grupos terminais sejam muito eletronegativos, como é o caso do BF3, neste caso, tem-se três ligações muito polares (devido a alta eletronegatividade do flúor), mas os momentos dipolos destas ligações se anulam: Nos casos em que os grupos substituintes tem eletronegatividades diferentes, formam-se polos, os quais não são anulados pelos demais resultando em uma molécula polar, como no caso do fosgênio, o qual é formado por um átomo de carbono, um de carbono e dois de cloro (Cl2CO): A somatória vetorial indica no sentido do oxigênio, pois este é o elemento mais eletronegativo da molécula, de modo que ocorre um deslocamento líquido da densidade eletrônica para longe do centro da molécula: Outra possibilidade para moléculas de estrutura AX3 é o caso da amônia, na qual existe um par de elétrons desemparelhado e os grupos substituintes são menos eletronegativos que o átomo central, de modo que ocorra um deslocamento da carga negativa no sentido do átomo central, formando-se assim uma molécula polar: O sentido do dipolo será em direção do átomo central: 31 yOkoo - Resumo P2 – Interações Atômicas e Moleculares AX4 Devido ao grande número de possíveis combinações, não serão comentadas individualmente, optou-se por inserir apenas exemplos destas combinações: Moléculas apolares São moléculas com momento dipolar total igual a 0. O momento dipolar é igual a 0 nos casos de moléculas diatômicas homonucleares ou nos casos em que a geometria de moléculas polinucleares produz estruturas com somatória vetorial igual a 0. As moléculas apolares podem adquirir certo momento dipolar de maneira induzida, isto ocorre quando um campo elétrico externo produz uma redistribuição das cargas elétricas da molécula. Ao cessar a ação do campo elétrico externo, os momentos dipolares induzidos são extintos, de modo que a molécula volte a apresentar comportamento apolar. Deve-se ressaltar que as moléculas polares também sofrem ação de campo elétrico externo, contudo, quando este é cessado a molécula continua apresentando polos. Polarizabilidade pola izabilidade (α) é a facilidade com que a distribuição de cargas de uma molécula pode ser distorcida pela presença de um campo elétrico externo, assim, quanto maior a polarizabilidade de uma molécula, mais facilmente sua nuvem eletrônica será distorcida de modo a criar um dipolo elétrico momentâneo. Os átomos ou íons mais polarizáveis são aqueles cujos orbitais de fronteira (região entre o último orbital ocupado por elétrons e o primeiro orbital vazio) têm energia próximas. Orbitais de fronteira muito próximos são encontrados geralmente para átomos e íons grandes e pesados. Átomos leves e pequenos tais como os átomos e íons próximos ao flúor possuem, geralmente, níveis de energia muito espaçados, de forma que estes átomos e íons são menos polarizáveis. As espécies que causam distorção em campos elétricos de outros átomos possuem capacidade polarizadora ou poder de polarização. Exemplo: Considerando um íon cloreto (Cl - ). Ao aproximar este ânion de um cátion (por exemplo, o Na + ), as cargas positivas do cátion atrairão os elétrons do ânion, assim, a nuvem esférica do ânion se distorcerá na direção do cátion. Essa distorção pode ser entendida como uma tendência do par de elétrons de mover-se na região entre os núcleos e formar uma ligação covalente. Assim, a ligação iônica (existente entre NaCl) 32 yOkoo - Resumo P2 – Interações Atômicas e Moleculares adquire maior caráter covalente quando a distorção da nuvem eletrônica aumenta. Por esta razão, pode-se afirmar que todas as ligações iônicas têm algum caráter covalente. Quando a polarização é muito intensa, esta leva à covalência. As regras de Fajan evidenciam os fatores que afetam a polarização: Cátions pequenos e com energia elevada possuem grande capacidade polarizadora (um raio pequeno significa que o centro de cargas de um cátion altamente carregado pode ser encontrado muito perto do ânion, onde exerce uma forte atração sobre os elétrons do ânion). Tal condição pode ser verificada também em átomos neutros e pequenos; Ânions grandes e com cargas elevadas são facilmente polarizados (pois o núcleo do ânion exerce somente um controle relativamente pequeno sobre seus elétrons mais externos, porque estes estão muito distantes); Cátions que não possuem configuração de gás nobre são facilmente polarizáveis. Além disso, a polarizabilidade depende da orientação da molécula com respeito ao campo, a menos que a molécula seja como o CCl4, ou como o SF6 (estrutura octaédrica) ou ainda como o C60 (estrutura isocoédrica). Estas estruturas têm polarizabilidades isotrópicas (independentes da orientação). Todas as outras moléculas têm polarizabilidades anisotrópicas (dependem de sua orientação em relação ao campo elétrico). Polarização de uma amostra A intensidade da polarização sofrida por uma molécula é dada pelo produto do momento dipolar médio produzido com o número de moléculas por unidade de volume: A utilização do valor médio dos momentos dipolos é necessária porque o momento dipolar é intrínseco à molécula, de modo que vários momentos dipolaresserão encontrados em uma mesma amostra. O número de moléculas por unidade de volume representa a densidade de moléculas. Momento dipolar em moléculas poliatômicas polares A determinação do momento dipolar deve considerar a geometria molecular, uma vez que o momento é um vetor que depende do arranjo molecular. Por esta razão, torna-se importante ter conhecimento sobre conceitos de soma vetorial: 33 yOkoo - Resumo P2 – Interações Atômicas e Moleculares A determinação do momento dipolar resultante é dada por: Exemplo de momento dipolar em molécula poliatômica: Consideremos o diclorobenzeno, o qual é constituído de um anel benzênico, neste são ligados dois átomos de cloro. Os átomos de cloro podem se posicionar de três maneiras diferentes: Orto ou 1,2 diclorobenzeno: Meta ou 1,3 diclorobenzeno: Para ou 1,4 diclorobenzeno: Antes de analisar o vetor resultante destas estruturas, deve-se ter conhecimento sobre os valores das eletronegatividades dos átomos de envolvidos: Desta forma, eventuais ligações entre estes átomos apresentarão o seguinte comportamento: C-H: seta apontada na direção do H; C-Cl: seta apontada para o C. Comecemos a análise pela estrutura para: Verifica-se 6 ligações polares: ent e átomos de C e de ent e átomos de C e Cl Ao analisar a direção do momento dipolar, verifica-se que a soma dos momentos gerados nas ligações entre C e H se anulam, e o mesmo ocorre com a soma dos momentos formados entre C e Cl. Desta forma, o momento dipolar do para diclorobenzeno é nulo. O valor zero é obtido através de cálculos quanto através de procedimentos experimentais. 34 yOkoo - Resumo P2 – Interações Atômicas e Moleculares Estrutura orto: O momento dipolar entre o C e o Cl se soma ao momento dipolar produzindo pela ligação entre C e H do outro lado da molécula, da seguinte forma: Os momentos dipolares produzidos pelas outras duas ligações C-H foram desconsideradas, pois elas têm direções opostas, de modo que se cancelam. O ângulo formado entre os dois vetores produzidos pelos momentos dipolares da molécula é de 60º. A partir destas informações é possível determinar o módulo do vetor resultante que indicará o momento dipolar da molécula: Sendo, Tem-se Experimentalmente, o valor do momento dipolar orto diclorobenzeno é igual a 2,25D. Estrutura meta A determinação do momento dipolar do meta diclorobenzeno é efetuado da mesma maneira como foi feito para seu isômero orto, contido, deve-se realizar nova análise vetorial da molécula, uma vez que a mudança de posição dos átomos de Cl influenciará no resultado. 35 yOkoo - Resumo P2 – Interações Atômicas e Moleculares O módulo do momento dipolar será igual a: Experimentalmente, o valor do momento dipolar meta diclorobenzeno é igual a 1,48D. Dipolo total em uma molécula poliatômica Como uma molécula é formada por vários átomos, formam-se várias ligações químicas, que contribuem para o dipolo da molécula como um todo. A determinação do dipolo total de uma molécula pode ser feita baseando-se nas cargas parciais de cada átomo, considerando-se a posição de cada um. A determinação do dipolo total da molécula será obtido em função das três coordenadas cartesianas (x, y, z), a partir da definição espacial de cada átomo, isto é, sendo a carga de um átomo A igual a QA situado espacialmente nas coordenadas ( ) a contribuição dada por este átomo será: Considerando-se dois átomos, A e B o dipolo da molécula será obtido por: Considerando n átomos, o dipolo será: 36 yOkoo - Resumo P2 – Interações Atômicas e Moleculares Exemplo: Na figura, os valores dentro dos parênteses representam as posições dos átomos, sendo a unidade em pm (10 -12 m) e o valor em vermelho o dipolo do átomo. Como descrito anteriormente, o dipolo no eixo x será determinado pela soma dos produtos posição carga de cada um dos átomos: Sendo a carga do elétron igual a , o dipolo no eixo x será: Os mesmos cálculos são feitos para os eixos y e z, obtendo-se os seguintes resultados: O módulo do vetor dipolo será determinado a seguir: 37 yOkoo - Resumo P2 – Interações Atômicas e Moleculares O exemplo é uma molécula polar, para que a molécula seja apolar é necessário que o dipolo seja igual a zero. Exemplo 2: Interação entre dipolo e carga Situação em que uma molécula polar esta exposta a ação de um campo externo, inclusive podendo ser criado por um íon, neste caso forma-se a força íon-dipolo. 38 yOkoo - Resumo P2 – Interações Atômicas e Moleculares O dipolo da molécula quando isolada é calculada como o produto da carga pelo comprimento da ligação: . Consideremos um dipolo formado por dois átomos, os quais possuem cargas +Q1 e –Q1, separados entre si por uma distância l. A partir do ponto médio da ligação entre os dois átomos verifica-se a presença de um íon de carga Q2, conforme figura abaixo: O dipolo da molécula, , sofrerá influência da carga do íon, pois a carga do íon exercerá influência tanto em +Q1 quanto em –Q1, sendo que esta influência depende da distância entre elas ( ): A energia potencial do dipolo sob ação de uma carga será a somatória do potencial de cada átomo: Quando a distância entre o íon e o dipolo é muito maior do que a distancia entre os dois átomos do dipolo (r >> l), é possível calcular a energia potencial do dipolo como: 39 yOkoo - Resumo P2 – Interações Atômicas e Moleculares Caso o dipolo e a carga seja coplanares, tem-se o seguinte esquema: Forma-se um ângulo de 0º entre eles, assim , assim:Sendo, , então: Portanto, a energia potencial para uma carga Q2 colinear com o momento dipolo pode ser calculado por: Interação entre dois momentos de dipolo Considere duas moléculas polares, as quais produzem os dipolos e , separadas por uma distância r, conforme representação esquemática abaixo: 40 yOkoo - Resumo P2 – Interações Atômicas e Moleculares A energia potencial entre os dois dipolos é obtida a partir da seguinte expressão: Esta expressão é utilizada para analisar foras do tipo dipolo-dipolo, presente em líquidos, nos quais as moléculas estão livres para se movimentar, gerando atrações e repulsões, de maneira aleatória. Deve-se observar que: A energia potencial diminui muito mais rapidamente com o distanciamento entre as moléculas do que o potencial Columbiano; O fator angular considera o modo como as cargas iguais ou opostas de aproximam uma da outra, uma vez que a orientação relativa entre os dipolos é alterada; A energia será mínima quando o ângulo for de 0º ou de 180º, situações em que os dipolos são ou paralelos ou antiparalelos. A partir da análise do cosseno incluso na fórmula é possível obser informações importantes. Verifica-se que quando a energia potencial será zero. Para que o potencial seja nulo é necessá io que o ângulo θ seja: 54,7º; 180º - 54,7º; 180 + 54,7º; 360º - 54,7º. A partir da análise do gráfico do potencial, é possível saber a influência do ângulo sobre a natureza deste, isto é, se o potencial é repulsivo ou atrativo: 41 yOkoo - Resumo P2 – Interações Atômicas e Moleculares A energia será atrativa (negativa) quando: A energia será repulsiva (positiva) quando: É mais fácil verificar tais intervalor por meio de um gráfico: Lembrando que: Exemplo: Calcule a energia potencial molar da interação dipolar entre duas ligações peptídicas separadas por 3,0 nm em dife entes egiões da cadeia polipeptídica com θ 180º, considerando , correspondendo a . Como a interação ocorre entre dois dipolos, a energia potencial é determinada pela seguinte expressão: O potencial molar será obtido através do produto do potencial pela constante de Avogadro: 42 yOkoo - Resumo P2 – Interações Atômicas e Moleculares Distribuição de Boltzmann Considerando-se a interação entre moléculas polares movendo-se em um fluido, pode-se obter a seguinte fórmula (distribuição de Boltzmannn): Onde, : constante de permissividade do vácuo = ; K: constante de Boltzmann = ou . Na expressão acima observa-se o termo como esperado nas forças de Van der Waals. Dipolo induzido Uma molécula apolar pode adquirir dipolo quando submetida a um campo elétrico gerado por uma molécula polar próxima, isto é, a nuvem eletrônica de elétrons da molécula apolar é distorcida, de modo a conferir cargas na molécula. O dipolo adquirido pela molécula apolar é temporário ( ), pois, cessada a ação do campo elétrico, este dipolo induzido deixa de existir. Como o dipolo induzido depende do campo E produzido pela outra molécula, pode-se deduzir que tais variáveis são proporcionais, matematicamente: Onde é a polarizabilidade da molécula e E o campo elétrico. Lembrando que pola izabilidade (α) é a facilidade com que a dist ibuição de ca gas de uma molécula pode ser distorcida pela presença de um campo elétrico externo, assim, quanto maior a polarizabilidade de uma molécula, mais facilmente sua nuvem eletrônica será distorcida de modo a criar um dipolo elétrico momentâneo. As moléculas grandes tendem a ser mais polarizáveis, uma vez que os elétrons não sofrem intensa atração nuclear como ocorrem com os átomos pequenos. Pela expressão é possível observar que se o campo for extinto, E = 0, o dipolo induzido também será zero, fazendo com que a molécula volte a ser apolar. Polarizabilidade volumar A partir da polarizabilidade de uma molécula é possível determinar esta propriedade em termos de volume: 43 yOkoo - Resumo P2 – Interações Atômicas e Moleculares O valor da polarizabilidade da molécula é aproximadamente igual ao volume da própria molécula. O potencial em um dipolo induzido é determinado pela seguinte expressão: O sinal de menos indica que a interação é atrativa. Exemplo Qual é valor do campo elétrico necessário para induzir um dipolo de 10 -6 D em uma molécula que tem polarizabilidade por volume de . E = ? = 10-6D = = = 44 yOkoo - Resumo P2 – Interações Atômicas e Moleculares Forças de dispersão ou interação dipolo induzido-dipolo induzido ou ainda forças de London. Quando duas moléculas apolares se aproximam, uma provoca a polarizabilidade da outra, criando uma atração entre ambas. A intensidade da atração será função da polarizabilidade das moléculas envolvidas, contudo a intensidade desta atração é muito pequena. A denominação forças de London é uma homenagem á Fritz London, responsável pela descoberta deste tipo de interação. O potencial deste tipo de interação é determinado pela seguinte expressão: : Energia de ionização da molécula 1; : Energia de ionização da molécula 2; : Polarizabilidade por volume da molécula 1; : Polarizabilidade por volume da molécula 2. Ao analisar a expressão acima, é possível verificar que a energia potencial aumenta com a diminuição da energia de ionização e que o potencial é inverso a sexta potência da distância entre as moléculas. As forças de London estão presentes em todos os sistemas, contudo, em virtude de sua pequena intensidade elas se tornam significativas somente na ausência das demais. Apesar de duas baixas intensidades, ela é suficiente para explicar a relação entre o número de carbonos em um hidrocarboneto e a sua temperatura de fusão, conforme gráfico abaixo, a temperatura aumenta a medida que o número de carbonos aumenta, o que, consequentemente aumenta o número de interações entre as moléculas apolares. Ligações de hidrogênio É o tipo de interação mais forte que existe, ocorre entre o hidrogênio e elementos altamente eletronegativos (F, O e N). Descrição eletrostática da ligação de hidrogênio Do ponto de vista eletrostático,a formação de uma ligação de hidrogênio se forma em virtude da formação de dipolos em moléculas que possuem elementos com elevados valores de eletronegatividades ligados a átomos de hidrogênio. 45 yOkoo - Resumo P2 – Interações Atômicas e Moleculares Os elementos que formam as ligações de hid ogênio são: flúo (χ , ), oxigênio (χ 3,5) e nit ogênio (χ 3, ). elet onegatividade do hid ogênio vale , , assim, a diferença mínima de eletronegatividade entre os elementos que formam uma ligação de hidrogênio é 0,8. Isso significa que as ligações F-H, O-H e N-H são muito polares, sendo os elementos mais eletronegativos os detentores das cargas parciais negativas e o hidrogênio o detentor da carga parcial positiva. Outros aspectos que contribuem para a formação de dipolos mais acentuados é o fato dos três elementos que formam as ligações de hidrogênio apresentarem pares eletrônicos não compartilhados e por terem pequenos raios atômicos. O átomo de hidrogênio se torna uma ponte entre duas moléculas, uma na qual ele faz uma ligação covalente e outra molécula na qual ele interage através da interação intramolecular, tal interação é favorecida em virtude do pequeno tamanho do átomo de hidrogênio que possibilita melhor aproximação deste elementos com os demais. Esquematicamente, a interação pode ser representada por: Em virtude de atuar como uma ponte, este tipo de interação já foi conhecida, de maneira equivocada como ponte de hidrogênio. A geometria de uma ligação de hidrogênio pode ser descrita através do seguinte desenho: A análise a partir da energia eletrostática é muito usada, mas esta forma não permite o cálculo exato da força de interação entre os átomos, em virtude da impossibilidade de precisar as cargas parciais destes. Sabe-se porém, como varia o potencial em função do ângulo do desenho acima, contudo, deste que os dois elementos eletronegativos sejam o oxigênio, isto é, nos casos em que x é oxigênio e y também seja oxigênio. 46 yOkoo - Resumo P2 – Interações Atômicas e Moleculares Descrição em termos de orbitais moleculares da ligação de hidrogênio Considera-se a sobreposição dos orbitais envolvidos. A ligação covalente entre a espécie extremamente eletronegativa e o hidrogênio ocorre pela superposição dos orbitais x do elemento eletronegativo (chamemos de X) com o orbital 1s do H. Existe um par de elétrons não ligante de outro elemento muito eletronegativo (chamemos de Y) estão dispostos no orbital y. Quando as duas moléculas se aproximam, ocorre atração entre o hidrogênio e Y, de modo a produzir o seguinte orbital molecular: O diagrama de energia desta molécula é representado da seguinte maneira: Verifica-se que dois elétrons ficam no orbital ligante, dois no orbital não ligante e o orbital antiligante permanece vazio. Como os elementos que formam a ligação de hidrogênio são muito eletronegativo, os mesmos são responsáveis pela redução da energia do orbital ligante, conferindo a molécula estabillidade. As ligações de hidrogênio são responsáveis por propriedades excepcionais dos compostos que as possuem. Ao analisar o comportamento de compostos de hidrogênio formados pelos elementos de um mesmo período da tabela periódica, nota-se que a temperatura de ebulição aumenta conforme aumenta a massa do composto, o mesmo é observado quando os compostos de hidrogênio são formados pelo período 3 (envolvendo O, F e 47 yOkoo - Resumo P2 – Interações Atômicas e Moleculares N), contudo, observa-se um significativo desacordo com o que seria esperado com base somente na massa molar, conforme gráfico abaixo. Ao extrapolar os dados do gráfico, é possível observar que se os compostos que efetuam ligações de hidrogênio não possuíssem este diferencial seu ponto de ebulição seria muito mais baixo. A água, por exemplo, entraria em ebulição a uma temperatura de aproximadamente -90ºC. Esta variação na temperatura de ebulição indica uma forte interação intermolecular, entre os átomos de H com O ou F ou N. Estas interações são chamadas ligações de hidrogênio, um tipo extrema de interação dipolo-dipolo, na qual um dos átomos envolvidos é hidrogênio e o outro elemento deve ser altamente eletronegativo: F, O, N. As ligações de hidrogênio são responsáveis por alterar profundamente as propriedades dos compostos (assim como mencionado sobre o ponto de ebulição). Uma das principais características que apresentam este tipo de interação é a formação de pólos fortes (o pólo positivo é o hidrogênio, pois o outro elemento é sempre mais eletronegativo). Nas ligações de hidrogênio, o átomo de H serve como ponte entre dois elementos altamente eletronegativos: em uma molécula que apresente este tipo de interação o átomo de hidrogênio apresenta um dipolo positivo que atrairá outro átomo altamente eletronegativo, pois este terá um pólo negativo e um par de elétrons não compartilhado. Influencias das ligações de hidrogênio na água As propriedades exclusivas da água se devem ao fato de que suas moléculas se ligam com tenacidade umas às outras, devido as ligações de hidrogênio, existente entre os átomos de hidrogênio de uma molécula com o par de elétrons não compartilhado dos átomos de oxigênio de outras moléculas. Outro aspecto que intensifica ainda mais as ligações de hidrogênio é o fato do oxigênio apresenta dois pares de elétrons desemparelhados, o que possibilita que cada átomo de oxigênio realize duas ligações de hidrogênio. Desta forma, tem-se um arranjo tetraédrico de átomos de hidrogênio em volta do átomo de oxigênio, dois deles ligados por ligações químicas e outros dois por interações intermoleculares. O efeito das ligações de hidrogênio sobre as ligações do gelo (água no estado sólido) é que o arranjo regular das moléculas de água forma uma estrutura de gaiola aberta com muitos espaços vazios, o resultado disso é que, ao contrário dos demais 48 yOkoo - Resumo P2 – Interações Atômicas e Moleculares sólidos, o gelo apresenta uma densidade 10% menor do que a densidade da água líquida, fato que o permite flutuar na água líquida. O arranjo apresentado pelo gelo são anéis torcidos de seis lados (ou hexágonos), por isso utiliza-se hexágonos para representar a neve. Outra consequência das ligações de hidrogênio é o fato de que a densidade da água aumenta após a fusão, quando a temperatura varia de 0 até 4ºC, característica não observada nas outras substâncias (uma vez que a temperatura aumenta aumentaria os espaçamentos entre as moléculas e a densidade diminuiria). Em temperaturas ligeiramente superiores a temperatura de ebulição ainda existe arranjos estruturais iguais ao do gelo, ou seja, com espaços vazios. No intervalo de 0 até 4ºC estes espaços vazios desaparecem, sendo preenchidos com moléculas da própria água, o que aumenta seu empacotamento, e por isso sua densidade aumenta, atingindo o valor máximo a 4ºC, a partir deste ponto as moléculas voltam a se afastar reduzindo sua densidade. As ligações de hidrogênio também explicam o fato dos lagos congelarem somente na superfície. Quando a temperatura da atmosfera diminui, por trocas térmicas, a temperatura da água também diminui, quando a temperatura da água diminui, ela se contrai, aumentando sua densidade, de modo que ela afunde, e aquela água que estava nas partes inferiores suba, pois apresentam uma temperatura maior e é menos densa. Este acontecimento ocorre sucessivamente, este ciclo é interrompido quando a temperatura atinge 4ºC, nesta temperatura a água ainda afundará porque
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