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PLANO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO 2015-2025 ESTADO DE ALAGOAS SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO FÓRUM ESTADUAL DE EDUCAÇÃO Versão preliminar para discussão da comunidade educacional e da sociedade civil. (12/05/2015). PLANO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO 2015-2025 Versão Preliminar 12/05/2015 SUMÁRIO APRESENTAÇÃO 03 INTRODUÇÃO 03 1 ANÁLISE SITUACIONAL DO ESTADO DE ALAGOAS 06 1.1 EDUCAÇÃO EM ALAGOAS 13 1.1.1 EDUCAÇÃO BÁSICA EM ALAGOAS 16 1.1.1.1 Educação Infantil 17 1.1.1.2 Ensino Fundamental 20 1.1.1.3 Ensino médio 26 1.1.1.4 Modalidades e Diversidades Educacionais 31 1.1.1.4.1 Educação de Jovens e Adultos 32 1.1.1.4.2 Educação Profissional e Tecnológica 40 1.1.1.4.3 Educação Especial 44 1.1.1.4.4 Educação do Campo 48 1.1.1.4.5 Educação Escolar Indígena 53 1.1.1.4.6 Educação Escolar Quilombola 56 1.1.1.4.7 Educação para as Relações Étnico-Raciais 58 1.1.1.4.8 Educação para a Igualdade da Relações de Gênero e Diversidade Sexual 61 1.1.1.4.9 Educação Ambiental 64 1.1.2 EDUCAÇÃO SUPERIOR EM ALAGOAS 71 1.2 VALORIZAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DA EDUCAÇÃO 76 1.3 GESTÃO 84 1.4 FINANCIAMENTO 91 2 METAS E ESTRATÉGIAS DO PLANO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO DE ALAGOAS 100 3 ACOMPANHAMENTO/MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO DO PLANO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO DE ALAGOAS 141 REFERÊNCIAS 143 PLANO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO 2015-2025 Versão Preliminar 12/05/2015 3 APRESENTAÇÃO INTRODUÇÃO A partir da década de 1930, a educação brasileira passou a ser alvo de uma organização mais sistemática, após a revolução e a chegada de Getúlio Vargas a presidência. No Brasil inicia o processo de industrialização, o êxodo rural intensificando desde a década anterior. Até então, a educação não tinha sido entendida como um problema, por estar disponível apenas às elites, que eram minoria, enquanto que a maioria da população, vivia no campo, e não via significado a escolarização. No entanto, as mudanças políticas e econômicas provocaram mudanças sociais e a educação tornou-se necessária. Imprescindível para a geração de mão-de-obra que pudesse atender as demandas da nova ordem social e econômica e prevenir os grandes problemas advindos do êxodo rural desenfreado. Nesse contexto, em 1932, um grupo de educadores, lança um manifesto1 denunciando os problemas da educação. Em meio a tantos problemas nacionais e na visão hierárquica destes, nenhum tem maior importância e gravidade ao da educação. [...] onde se tem de procurar a causa principal desse estado antes de inorganização do que de desorganização do aparelho escolar, é na falta, em quase todos os planos e iniciativas, da determinação dos fins de educação (aspecto filosófico e social) e da aplicação (aspecto técnico) dos métodos científicos aos problemas de educação. Ou, em poucas palavras, na falta de espírito filosófico e científico, na resolução dos problemas da administração escola. (MANIFESTO, 1932) Com a pressão destes educadores que apresentavam várias críticas ao modelo educacional brasileiro, e com a promulgação de uma nova Constituição em 1934, que definiu a elaboração do primeiro Plano Nacional de Educação – PNE, sendo abortado três anos depois motivado pelo golpe de estado, nesse período foi elaborada uma nova Constituição que acaba com as perspectivas de mudança da educação brasileira. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação nº 4024/1961, estabelece para 1962 um novo PNE formulado pelo MEC e aprovado pelo Conselho Federal de Educação e que não se 1 Manifesto dos Pioneiros da Educação em março de 1932, e teve como objetivo a reconstrução educacional no Brasil. PLANO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO 2015-2025 Versão Preliminar 12/05/2015 4 constitui em lei, sendo rejeitado pelo golpe militar de 1964, com isso mais uma frustração em relação a essas expectativas. A Constituição de 1988, determina que os Planos de Educação se tornassem lei. A LDB, Lei nº 9.394/1996 estabelece que a união deve elaborar um plano e assim surge a Lei nº 10.172/2001 que institui o novo PNE. No entanto, só após a Emenda Constitucional (EC) nº 59/2009, que altera o caput do artigo 214 e a inclusão do inciso VI a Constituição Federal, que o PNE tem seu objetivo e estabelece meta de aplicação de recurso para o desenvolvimento da educação no Brasil, a saber: "Art. 214. A lei estabelecerá o plano nacional de educação, de duração decenal, com o objetivo de articular o sistema nacional de educação em regime de colaboração e definir diretrizes, objetivos, metas e estratégias de implementação para assegurar a manutenção e desenvolvimento do ensino em seus diversos níveis, etapas e modalidades por meio de ações integradas dos poderes públicos das diferentes esferas federativas que conduzam a: VI - estabelecimento de meta de aplicação de recursos públicos em educação como proporção do produto interno bruto." Com o fim da vigência da Lei nº 10.172/2001, do PNE (2001-2010) e a Conferência Nacional de Educação 20102, foi encaminhado ao Congresso Nacional, o PL nº 8035/2010 do novo PNE, sendo aprovado após quase quatro anos de tramitação – após grande pressão das entidades educacionais, educadores e sociedade civil, foi aprovada a Lei nº 13.005 de 25 de junho de 2014, que estabelece em seu artigo 8º: “Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios deverão elaborar seus correspondentes planos de educação, ou adequar os planos já aprovados em lei, em consonância com as diretrizes, metas e estratégias previstas neste PNE, no prazo de 1 (um) ano contado da publicação desta Lei” Para cumprir o que fora estabelecido no novo PNE, o Ministério da Educação através da Secretaria de Articulação dos Sistemas de Ensino – SASE, criou a Rede de Assistência Técnica para a adequação ou elaboração de Planos de Educação articulados ao PNE nos estados para orientar e acompanhar o processo de adequação/elaboração dos Planos de Educação. O processo de adequação do Plano Estadual de Educação – PEE, iniciou com o FEPEAL realizando quatro audiências públicas para a discussão da Lei nº 6757/2006, PEE 2006-2015, com o objetivo de avaliar a lei a partir das experiências dos educadores, estudantes, 2 A Conferência Nacional de Educação foi um movimento de educadores e demais seguimentos da sociedade educacional na discussão das políticas educacionais do país, precedida de conferencias estaduais, distrital e municipais, que aconteceram em todo o país. PLANO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO 2015-2025 Versão Preliminar 12/05/2015 5 responsáveis pelos estudantes, gestores e toda a sociedade. Para elaboração do novo PEE, a Secretaria de Estado da Educação – SEE publicou a portaria nº 1.215/20153, em 17 de março de 2015, que designa em seu artigo 1º o Fórum Estadual Permanente de Educação de Alagoas FEPEAL para coordenador o processo e institui em seu artigo 2º uma comissão técnica de elaboração da proposta de documento base do PEE. O art. 2º da Lei 13.005/2014, define diretrizes que orientam as metas e estratégias, levando em consideração o acesso, a permanência, a qualidade social da educação afim de superar as desigualdades educacionais de crianças, adolescentes, jovens, adultos e idosos e a formação e valorização profissional, a saber: I - erradicação do analfabetismo; II - universalização do atendimento escolar; III - superação das desigualdades educacionais, com ênfase na promoção da cidadania e na erradicação de todas as formas de discriminação; IV - melhoria da qualidade da educação; V - formação para o trabalho e para acidadania, com ênfase nos valores morais e éticos em que se fundamenta a sociedade; VI - promoção do princípio da gestão democrática da educação pública; VII - promoção humanística, científica, cultural e tecnológica do País; VIII - estabelecimento de meta de aplicação de recursos públicos em educação como proporção do Produto Interno Bruto - PIB, que assegure atendimento às necessidades de expansão, com padrão de qualidade e equidade; IX - valorização dos (as) profissionais da educação; X - promoção dos princípios do respeito aos direitos humanos, à diversidade e à sustentabilidade socioambiental. Para que fossem definidas metas e estratégias refletissem a real situação alagoana, foi necessário a elaboração de um diagnóstico preciso que caracterizasse a realidade social, econômica e educacional. Portanto, trata-se de uma análise dos indicadores educacionais de Alagoas, envolvendo os níveis, etapas, modalidades e diversidades educacionais, os investimentos na gestão, na carreira profissional e no financiamento da educação. A metodologia trabalhada pela equipe de elaboração do PEE, estabeleceu algumas etapas: a) elaboração do diagnóstico; b) definição de metas e estratégias; e c) sistematização do texto-base. 3 Portaria substitui a nº 3298/2014, em 29/12/2014, precedida das portarias: portaria nº 607/2014 de 27/03/2014 e portaria nº 1.499/2014, 04/06/2014 PLANO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO 2015-2025 Versão Preliminar 12/05/2015 6 Pensando no que estabelece § 2º4 do art. 8º do PNE, serão realizadas consultas públicas para a validação do texto-base do PEE que será posteriormente encaminhado à Assembleia Legislativa, através de projeto de lei complementar. Este Plano Estadual de Educação é composto por três capítulos: 1) Diagnóstico da realidade educacional de Alagoas no período de 2009 a 2013, evidenciando os níveis, etapas, modalidades e diversidade educacionais, a formação e valorização dos profissionais da educação, a gestão e financiamento da educação; 2) Metas e Estratégias do PEE em consonância com o Plano Nacional de Educação; e Acompanhamento e monitoramento do Plano Estadual de Educação. 1. ANÁLISE SITUACIONAL DO ESTADO DE ALAGOAS O Estado de Alagoas desenvolveu-se com base nos engenhos de açúcar, na criação de gado e em outras atividades. Para a formação da mão de obra nessas áreas, utilizou-se, nos períodos da Colônia e do Império, o trabalho escravo de negros e mestiços. O processo de transição da mão de obra escrava para mão de obra livre não marcou necessariamente uma mudança radical na qualidade de vida dos trabalhadores. Observa-se, ao longo de mais de 100 anos, o descompasso entre as exigências da formação de um mercado de trabalho: de um lado, uma mão de obra cada vez mais qualificada e, do outro lado, a força de trabalho analfabeta, com poucas garantias de formação e valorização. Processo esse resultante da pouca escolarização média da população alagoana. O setor industrial desenvolve-se historicamente de maneira lenta, pontual e em ciclos, passando pelos investimentos na exploração de petróleo, gás e do sal-gema, com a implantação do Polo Industrial na região de Maceió e Marechal Deodoro, para se investir em indústrias de médio e pequeno porte. Desde o final do século XX, o Estado tem feito investimentos na área de prestação de serviços com o foco no turismo. Entretanto, nenhuma dessas áreas tem representado substancialmente autonomia econômica para realidade alagoana. O Estado de Alagoas está localizado a leste da região nordeste do Brasil (ver mapa abaixo), possui uma área de 27.779,3 km2, com 102 municípios e a sua população residente é 4 Os processos de elaboração e adequação dos planos de educação dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, de que trata o caput deste artigo, serão realizados com ampla participação de representantes da comunidade educacional e da sociedade civil. PLANO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO 2015-2025 Versão Preliminar 12/05/2015 7 3.321.730 pessoas (IBGE/PNAD: 2014) distribuídas proporcionalmente por faixa etária (ver Tabela 1), tendo assim uma densidade demográfica de 112,33 hab/km2 (Idem). O Estado possui ainda uma taxa de urbanização superior a 70% conforme o gráfico 1, e a expectativa de vida é 70,4 anos (IBGE/PNAD: 2013). Figura 1 -Alagoas m relação ao Nordeste e o Brasil Tabela 1- Proporção da População por grupo de idade – ALAGOAS 2010 Grupo de Idade % Proporção de pessoas de 0 a 14 anos de idade 29,2 Proporção de pessoas de 15 a 29 anos de idade 28,0 Proporção de pessoas de 30 a 59 anos de idade 33,9 Proporção de pessoas de 60 anos de idade 8,9 Fonte: IBGE - Censo Demográfico 2010 Gráfico 1 - Distribuição da População por Localização – ALAGOAS 2010 Rural 26% Urbano 74% Localização Fonte: IBGE - Censo Demográfico 2010 Os maiores empregadores formais são: a indústria de transformação, o setor de serviços, o comércio e a construção civil; ao mesmo tempo, são estes os setores que também geram mais PLANO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO 2015-2025 Versão Preliminar 12/05/2015 8 demissões. O gráfico 2 mostra a população economicamente ativa e que ocupa postos de trabalho de acordo com o grau de escolaridade e o gênero. A maior produção agrícola é de cana-de-açúcar, seguida da produção de mandioca, considerada agricultura familiar. Na pecuária, destacam-se a criação de bovinos, ovinos e suínos. Gráfico 2 - Percentual das pessoas ocupadas de 25 anos, grau de escolaridade e gênero – Alagoas 2010 0 20 40 60 80 S Ins En Fun In En Fun Med In En Med Sup In En Sup 60,5 12,4 20 7 45,6 12 26,9 15,2 Homens Mulheres Fonte: IBGE - Censo Demográfico 2010 Em relação à taxa de desemprego, Alagoas apresenta índices superiores quando comparado à região nordeste e ao Brasil, conforme apresenta-se na tabela 2. Tabela 2 -Taxa de Desemprego 2009 - 20125 BR/NE/AL 2009 2010 2011 2012 Brasil 8,3 7,7 6,7 6,2 Nordeste 8,9 9,8 7,9 7,6 Alagoas 10,0 10,7 9,3 9,9 Fonte: IBGE/PNAD/Censo Demográfico 2010 O Produto Interno Bruto Per Capta – PIB de Alagoas é composto, de acordo com o setor econômico, da seguinte forma: o setor agrícola representa apenas 5,62%, acompanhado do setor da indústria com 22,24% e a maior participação está nos serviços com 72,14%. Neste ponto, é importante lembrar que o PIB é um bom indicador da qualidade de vida da população, pois o mesmo pode até ter um crescimento considerável, mas não reflete a verdadeira distribuição do seu produto igualitariamente entre as pessoas, conforme percebemos no gráfico 3, onde tivemos um crescimento no PIB, mas não refletiu o Índice de Desenvolvimento Humano Municipal Total e na Renda Média da População. 5 Cálculo: Seplande/Sinc/Diretoria de Estatística e Indicadores; Polaridade: Quanto menor melhor. S InsEnFun In: Sem Instrução e Ensino Fundamental Incompleto EnFunMed In: Ensino Fundamental Completo e Ensino Médio Incompleto EnMedSup In: Ensino Médio Completo e Ensino Superior Incompleto. EnSup: Ensino Superior Completo PLANO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO 2015-2025 Versão Preliminar 12/05/2015 9 Gráfico 3 - PIB per capta (R$) 2008 - 2011 Fonte: IBGE/Seplande Polaridade: Quanto maior melhor. As condições socioeconômicas de Alagoas indicam que o Estado é um dos menos favorecidos de todo o País, e isto está demonstrado pelos principais indicadoresa exemplo do rendimento médio mensal da população economicamente ativa que é menor que a média nordestina e a média nacional. Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o rendimento médio de todos os trabalhadores em 2013 mostrou um crescimento de 5,7% em comparação com ano de 2012, subindo de R$ 1.590,00 para R$ 1.681,00, no entanto, os estados com as menores médias são do nordeste: no Ceará é de R$ 1.019,00, no Piauí de R$ 1.037,00 e em Alagoas está em R$ 1.052,00. Segundo o Atlas do IDHM 2013 – Índice de Desenvolvimento Humano Municipal Total6, o qual considera os indicadores de saúde, renda e educação, o índice vai de 0 a 1: quanto mais próximo de zero, pior o desenvolvimento humano; quanto mais próximo de um, melhor. Cinco municípios alagoanos estão na lista dos piores do Brasil: Inhapi (0,484), Olivença (0,493), Olho D'Água Grande (0,503), Mata Grande (0,504) e Roteiro (0,505). Segundo dados do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome - MDS, em Alagoas há um total de 699.716 famílias inscritas no Cadastro Único, divididas em 03 (três) grandes grupos: 6 Fonte: Atlas Brasil 2013 Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento. PLANO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO 2015-2025 Versão Preliminar 12/05/2015 10 442.607 famílias tem renda per capita familiar de até R$70,00; 110.074 famílias tem renda per capita familiar de até R$ 140,00; 96.238 famílias tem renda per capita até meio salário mínimo. Com estes números, o Programa Bolsa Família – PBF, não é apenas um programa de transferência de renda para beneficiar famílias pobres e extremamente pobres inscritas no Cadastro Único, mas a maior ou única fonte de renda que vai garantir a sobrevivência das pessoas. Observando apenas um mês de transferência, temos a seguinte situação: Tabela 3 - Famílias beneficiadas e valor transferido - Alagoas 2014 Mês/ano Nº Famílias Valor Médio R$ Valor Total R$ Novembro/2014 441.533 R$ 172,34 R$ 76.093.797,22 Total = 2014 R$ 871.696.280,00 Fonte: MDS Um resultado positivo está na redução da taxa do trabalho infantil, alcançando níveis acima da média do Brasil e do Nordeste, que podemos visualizar no gráfico 4, iniciando em 2007 com Alagoas tendo uma taxa de 12,11% de trabalho infantil e conseguindo reduzir para 4,35% em 2013, o que representa uma redução em torno de 64,1%, enquanto o Brasil e o Nordeste conseguiram respectivamente: 48,6% e 51,5%. Gráfico 4 - Taxa de Trabalho Infantil do Brasil, Nordeste e Alagoas 2007 - 2013 Fonte: IBGE - Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios/ Cálculos efetuados pela SEPLANDE/AL. Na educação, a situação negativa nos índices não é diferente, pois o Estado é detentor do maior percentual de analfabetos do país (ver gráfico 5), mesmo tendo reduzido na série histórica de 2007 a 2013, conforme o gráfico 6. Esses dados representam um número de mais de 500mil pessoas na condição de analfabetismo pleno. PLANO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO 2015-2025 Versão Preliminar 12/05/2015 11 Gráfico 5 - Percentual de Pessoas de 15 anos ou mais de idade analfabetas por estado - 2013 Fonte: IBGE - Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Gráfico 6 - Percentual de Pessoas de 15 anos ou mais de idade analfabetas em Alagoas 2007 - 2013 Fonte: IBGE - Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios O outro índice importante que tem sido utilizado para aferir a qualidade da educação é o Ideb (índice de Desenvolvimento da Educação Básica), neste, conforme a tabela 4, percebe- se que, no ensino fundamental, houve um crescimento que, a princípio, parece satisfatório, no entanto encontra-se distante das projeções a serem alcançadas no país. Quanto ao ensino médio, o índice é sempre estável, sem demonstrar crescimento significativo. Tabela 4- Resultados do IDEB no Brasil/Alagoas 2005 - 2013 2005 Ensino Fundamental Ensino Médio Anos Iniciais (1º ao 5º ano) Anos Finais (6º ao 9º ano) Brasil Alagoas Brasil Alagoas Brasil Alagoas 3,4 3 3,8 2,5 3,5 2,4 2007 Ensino Fundamental Ensino Médio Anos Iniciais (1º ao 5º ano) Anos Finais (6º ao 9º ano) Brasil Alagoas PLANO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO 2015-2025 Versão Preliminar 12/05/2015 12 Brasil Alagoas Brasil Alagoas 3,5 2,9 4,2 3,4 3,8 2,7 2009 Ensino Fundamental Ensino Médio Anos Iniciais (1º ao 5º ano) Anos Finais (6º ao 9º ano) Brasil Alagoas Brasil Alagoas Brasil Alagoas 3,6 3,1 4,6 3,7 4 2,9 2011 Ensino Fundamental Ensino Médio Anos Iniciais (1º ao 5º ano) Anos Finais (6º ao 9º ano) Brasil Alagoas Brasil Alagoas Brasil Alagoas 3,7 2,9 5 3,8 4,1 2,9 2013 Ensino Fundamental Ensino Médio Anos Iniciais (1º ao 5º ano) Anos Finais (6º ao 9º ano) Brasil Alagoas Brasil Alagoas Brasil Alagoas 3,7 3 5,2 4,1 4,1 3,1 Fonte: INEP/MEC. Disponível em <http://ideb.inep.gov.br/resultado> O contexto educacional de Alagoas, como revelam os indicadores sociais apresentados, desenvolveu-se em meio a um cenário de grandes desigualdades sociais e econômicas, no qual as oportunidades educacionais nunca foram igualmente distribuídas, o que gerou ume levado número de jovens e adultos que não conseguem concluir a escolarização básica, esse trágico fato afeta sobremaneira os estudantes pertencentes aos grupos econômicos, sociais e étnico- raciais menos favorecidos da população. Segundo o Quinto Relatório de Olho nas Metas 2012, as pesquisas sobre o fracasso escolar no Brasil mostram que esse fenômeno educacional envolve variáveis de grandes complexidades, tais como: baixo rendimento, repetência, abandono e evasão escolar. Por conseguinte, os indicadores educacionais se comparados aos de outros países revelam um descompasso histórico que tem levado uma significativa parcela da população ao insucesso na vida profissional, ao mesmo tempo em que cria um paradoxo: apesar da maioria das crianças em idade escolar obrigatória para cursar o Ensino Fundamental estar matriculada na escola, menos de dois terços conseguem terminá-lo devido ao fracasso escolar.7 Considerando os dados dos indicadores da realidade educacional de Alagoas, percebe- se uma dívida histórica, que se apresenta na negação do direito de acesso dos alagoanos à escolarização básica e que vem se perpetuando. 7Klein e Fontanive, 2009, in: Quinto Relatório de Olho nas Metas 2012. PLANO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO 2015-2025 Versão Preliminar 12/05/2015 13 A negação desse direito compromete o desenvolvimento econômico e social do Estado, o exercício pleno da cidadania, a qualidade de vida do cidadão, o acesso ao conhecimento e aos bens culturais produzidos pela sociedade, a qualificação para a inserção no mercado de trabalho. Sendo assim, o fenômeno do fracasso escolar precisa ser combatido com ações articuladas e investimentos adequados e proporcionais à dimensão da desigualdade educacional no estado. 1.1. EDUCAÇÃO EM ALAGOAS Para entender a necessidade de elaboração do Plano Estadual de Educação de Alagoas, faz-se necessário compreender sobre o direito a educação, preconizado na legislação. Partimos da compreensão que a educação se configura como direito social imprescindível para a garantia da cidadania. Primeiro direito social definido claramente no texto Constituição Federal de 1988, art.6º: São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aosdesamparados, na forma desta Constituição. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 64, de 2010) Portanto, a inclusão da educação como primeiro direito social configura-se como fruto de uma longa conquista democrática de forma a garantir o acesso e a qualidade de ensino, cabendo ao Estado o dever de prestá-la, assim como a família. Nessa perspectiva, o art. 205 da constituição diz que “A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho”. Por sua vez, na busca de proporcionar o pleno desenvolvimento da pessoa enquanto cidadão consciente e qualificado para o trabalho, o texto constitucional em ser Art. 206, define que o ensino deverá ser ministrado com base nos princípios de: I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola; II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber; III - pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas, e coexistência de instituições públicas e privadas de ensino; IV - gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais; PLANO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO 2015-2025 Versão Preliminar 12/05/2015 14 V - valorização dos profissionais da educação escolar, garantidos, na forma da lei, planos de carreira, com ingresso exclusivamente por concurso público de provas e títulos, aos das redes públicas; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006) VI - gestão democrática do ensino público, na forma da lei; VII - garantia de padrão de qualidade. VIII - piso salarial profissional nacional para os profissionais da educação escolar pública, nos termos de lei federal. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006) Referendado e complementado pela LDBEN nº 9394/96 [...]IV - respeito à liberdade e apreço à tolerância[...]; [...]X - valorização da experiência extra-escolar; XI - vinculação entre a educação escolar, o trabalho e as práticas sociais. XII- consideração com a diversidade étnico-racial. (Incluído pela Lei nº 12.796, de 2013) Princípios esses que nortearam o ensino ministrado predominantemente em instituições próprias de forma a vincular-se ao mundo do trabalho e à prática social, sendo definido na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN) 9394/96 em seu art. 1º como educação escolar. De acordo com o art. 21 da referida lei a Educação escolar é composta de: I - Educação Básica, formada: a) Educação infantil (0 a 5 anos); b) Ensino fundamental (6 a 14 anos - 1º ao 9º ano); c) Ensino médio (15 a 17 anos – 1º ao 3º ano). II - Educação superior. Torna-se necessário destacar que de acordo com o art. 5º da LDBEN 9394/96 o acesso à educação básica obrigatória é direito público subjetivo, podendo qualquer cidadão, grupo de cidadãos, associação comunitária, organização sindical, entidade de classe ou outra legalmente constituída e, ainda, o Ministério Público, acionar o poder público para exigi-lo. E como um direito legalmente protegido, em especificamente um direito público subjetivo no âmbito da educação básica, é preciso que ele seja garantido e cercado, de todas as condições necessárias para sua efetivação. Condições essas que deverão ser consideradas na legislação, principalmente na legislação educacional, através de Leis, decretos, portarias, pareces e resoluções do Conselho Nacional de Educação, Conselho Estadual de Educação de Alagoas e dos Conselhos Municipais, dentre outros diplomas legais. PLANO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO 2015-2025 Versão Preliminar 12/05/2015 15 A Educação Básica, obrigatória e gratuita dos 4(quatro) aos 17 (dezessete) anos de idade, constitui-se um direito fundamental de todo/a cidadão/ã brasileiro/a, inclusive para os que não tiveram acesso em idade própria, conforme a Emenda constitucional n.º 59/2009 que altera o artigo 208 da Constituição Federal. Nesse sentido, as políticas públicas devem ser formuladas de modo que consigam garantir o acesso e a permanência com qualidade na educação ofertada aos(as) alagoanos(as) de 4 a 17 anos. Para tanto é imperativo o estabelecimento de metas e estratégias que possibilitem o desenvolvimento de ações no âmbito estadual e municipal objetivando a efetivação do direito à educação. É imperativo ético desenvolver uma educação pautada na igualdade de direitos com equidade, valorizando a identidade do povo alagoano e suas especificidades. Garantindo a democratização do acesso, permanência e sucesso, na busca pela melhoria da qualidade de vida e superação das desigualdades sociais. Para tanto, é necessário compreender o complexo processo de construção social e cultural de identidades e subjetividades, assim como as diferenças existentes nas escolas. Nesta perspectiva, a promoção da igualdade requer o respeito e atenção às diversidades cultural, regional, econômica, de gênero, de orientação sexual, geracional, étnico-racial, de pessoa com deficiência, transtorno global do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação, respeitando suas especificidades, coibindo toda e qualquer forma de discriminação e preconceito. Para garantir uma educação com qualidade social é fundamental desenvolver a sensibilidade, a ética, as múltiplas inteligências, a racionalidade, o enriquecimento das formas de interação, a valorização de diversas formas de manifestações culturais, especialmente a brasileira e alagoana, e a construção de identidades e subjetividades plurais e solidárias. Assim pensando e realizando, a educação será de fato o agente de transformação da realidade, assegurando o pleno desenvolvimento da cidadania, à medida que o indivíduo for inserido no contexto de mundo como peça fundamental, contribuindo para o avanço tanto individual quanto coletivo, na dimensão social, cultural e profissional. Para alcançar essa qualidade, é necessário entender o papel social da educação e, consequentemente, da escola, introduzindo em suas discussões as questões éticas, de solidariedade e convivência, partindo do princípio de que estes elementos consolidam a PLANO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO 2015-2025 Versão Preliminar 12/05/2015 16 democracia por respeitarem a individualidade de cada ser, tornando possível o estabelecimento de relações humanas e humanitárias. A democratização do saber pressupõe o reconhecimento de que todos(as) são capazes de aprender, tendo como pré-requisitos o domínio da leitura e da escrita, da lógica e do cálculo, das ciências e das tecnologias, das formas de preservação ambiental e sustentabilidade, da compreensão do contexto social, econômico, religioso e político. Essa democratização se efetiva a partir da criação e manutenção de canais de discussão coletiva para a formulação de políticas educacionais articuladas, de gestão participativa, de monitoramento, e de avaliação das ações desenvolvidas pelo poder, na busca de uma educação de qualidade social para todos(as) os(as) alagoanos(as). A negação do direito compromete, o desenvolvimento pleno da cidadania e a qualidade de vida da população alagoana, o acesso ao conhecimento e aos bens culturais produzidos pela sociedade, a inserção qualificada no mercado de trabalho, o desenvolvimento da autoestima dos(as) cidadãos, e consequentemente o desenvolvimento econômico e social do estado. Dessa maneira, a baixa escolarização e a descontinuidade de estudos contribuem para o aumento da vulnerabilidade da população jovem e, consequentemente, a desqualificação desses sujeitos no mercado de trabalho, acentuando, principalmente, as desigualdades socioeconômicas,tornando o estado o patrocinador, por sua ausência, o responsável direto pela exclusão educacional e social da população de crianças, jovens, adultos e idosos carentes da sociedade alagoana. 1.1.1. EDUCAÇÃO BÁSICA EM ALAGOAS A oferta da Educação Básica é dever do poder público Estadual e Municipal. Cabe à União colaborar com assistência técnica e financeira, assegurando efetivamente o direito fundamental consagrado na Constituição Federal e na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN). Segundo as diretrizes Curriculares Nacionais Gerais da Educação Básica: [...] é direito universal e alicerce indispensável para a capacidade de exercer em plenitude o direto à cidadania. É o tempo, o espaço e o contexto em que o sujeito aprende a constituir e reconstituir a sua identidade, em meio a transformações corporais, afetivoemocionais, socioemocionais, cognitivas e socioculturais, respeitando e valorizando as diferenças. Liberdade e pluralidade tornam-se, portanto, exigências do projeto educacional. (BRASIL, 2013, p.17) PLANO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO 2015-2025 Versão Preliminar 12/05/2015 17 A Educação Básica está organizada em três etapas: Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio; e sete modalidades de ensino: Educação de Jovens e Adultos, Educação Especial, Educação Profissional e Tecnológica, Educação do Campo, Educação Escolar Indígena, Educação Escolar Quilombola e Educação a Distância e as diversidades e especificidades educacionais: relações étnico-raciais, relações de gênero, diversidade sexual e educação ambiental. Nesse sentido, as políticas públicas devem ser formuladas de modo que consigam garantir o acesso e a permanência com qualidade na educação ofertada ao/à(s) alagoano/a(s). 1.1.1.1. Educação Infantil A Educação Infantil, primeira etapa da Educação Básica, é oferecida em creches e pré- escolas, as quais se caracterizam como espaços institucionais não domésticos que constituem estabelecimentos educacionais públicos ou privados que educam e cuidam de crianças de 0 a 5 anos de idade. Gráfico 7 - População Alagoana de 0 a 5 anos de idade Fonte: IBGE - CENSO 2000 e 2010 e PNAD 2009 Alagoas conta com uma população de 328.887 crianças de 0 a 5 anos, sendo: 215.628 de 0.a 3 e 113.259 de 4 e 5 anos. Entre 2000 e 2010, observa-se um decréscimo populacional dessa faixa etária, causado provavelmente, pela alta taxa de mortalidade infantil8, pelo êxodo 8Nos anos 2000 Alagoas foi considerada calamidade pública, pela alta taxa de mortalidade infantil chegando a 58,4 óbitos a cada mil nascidos vivos, reduzindo esse número para 17,5 óbitos a cada mil nascidos vivos, em 2010. 168.358 133.414 153.570 97.404 68.585 62.058 265.762 201.999 215.628 88.551 73.406 80.343 51.532 38.040 32.916 140.083 111.446 113.259 2 0 0 0 2 0 0 9 2 0 1 0 2 0 0 0 2 0 0 9 2 0 1 0 2 0 0 0 2 0 0 9 2 0 1 0 U R B A N A R U R A L T O T A L 0 a 3 anos 4 a 5 anos PLANO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO 2015-2025 Versão Preliminar 12/05/2015 18 rural e pela implantação de políticas de controle de natalidade e de garantia do acesso a escolarização, tanto na área rural quanto na urbana, sendo a área rural a mais afetada. O Plano Nacional de Educação (2014-2024), estabelece na meta 1, a universalização da pré-escola para crianças de 4 e 5 anos e a ampliação em 50% da oferta em creches para crianças de 0 a 3 anos. Essa meta constitui-se como um grande desafio para os sistemas municipais de ensino. Gráfico 8 - Percentual da população de 0 a 3 anos que frequenta a escola Gráfico 9 - Percentual da população de 4 e 5 anos que frequenta a escola A população de 0 a 5 que frequenta a escola, demonstra que o Brasil, o Nordeste e Alagoas, estão longe de atingir o indicador de 50% para o atendimento em creche, apesar de Alagoas estar à frente em relação ao Nordeste, necessita de investimentos que garantam sua ampliação para mais 29,3% nesta etapa, para cumprir o estabelecido na meta 1. A situação é um pouco diferente no que se refere a universalização para criança de 4 e 5 anos em que o Brasil atinge 81,4%, o nordeste 87%, à frente do país, e Alagoas 75,6%, no entanto, a situação do segundo indicador não está assim tão confortável, significa que para o cumprimento integral da meta, tem que garantir a entrada de 24,4% dessa população que ainda se encontra fora da escola. PLANO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO 2015-2025 Versão Preliminar 12/05/2015 19 Tabela 5 - Matrículas em Creche e Pré-Escola em Alagoas Ano EDUCAÇÃO INFANTIL CRECHE PRÉ-ESCOLA Estadual Municipal Privada Total Estadual Municipal Privada Total 2009 0 11857 3883 15740 808 63826 13639 78273 2010 0 13229 4281 17580 545 63568 17157 81270 2011 0 15350 4669 20019 490 64254 19035 83779 2012 0 17685 6795 24480 322 64814 20493 85629 2013 0 21402 6826 28228 297 65161 19879 85337 FONTE: MEC/INEP Os dados absolutos de matrícula na educação infantil, apontam que entre os anos de 2009 e 2013, houve um crescimento significativo na oferta em Creche. No entanto, a maioria dos estabelecimentos escolares não possui estrutura adequada para atender essa demanda, necessitando maiores investimentos e políticas para a efetivação das metas estabelecidas para a expansão da matrícula em creche. A oferta em pré-escola também apresentou um crescimento, contudo o quantitativo de crianças fora da escola continua muito elevado, de acordo com os dados, são pouco mais 171 mil crianças de 0 a 3 anos e 16 mil crianças de 4 e 6 anos sem atendimento. A educação infantil nas comunidades indígenas está sob a responsabilidade do sistema estadual, definido no Decreto 1.272/2003, no Art.1º, que institui a categoria de Escola Indígena, no âmbito da Educação Básica no Sistema de Ensino Estadual. No entanto, esse atendimento nas comunidades indígenas apresenta uma carência acentuada de investimentos na estrutura física, aparelhagem e em recursos humanos. A oferta dessa etapa de ensino ocorre nas escolas de Ensino Fundamental e atende apenas crianças de 4 e 5 anos, uma vez que não oferece condições estruturais para o atendimento em creche - 0 a 3 anos. Segundo um levantamento do atendimento de Educação Infantil no Estado de Alagoas, realizado pela Secretaria de Estado da Educação (SEE), a ausência de Centros de Educação Infantil nos municípios para o atendimento de crianças de 0 a 3 anos, tem ocasionado a matrícula dessa faixa etária em turmas de pré-escola que são direcionadas para as crianças de 4 e 5 anos e que não possuem a estrutura necessária para atender as especificidades das crianças de creche. PLANO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO 2015-2025 Versão Preliminar 12/05/2015 20 Tabela 6 - Número de Escolas de Educação Infantil em Alagoas A n o ESCOLAS DE EDUCAÇÃO INFANTIL - ALAGOAS Estadual Municipal Creche Pré - Escola Creche Pré - Escola Rural Urbana Total Rural Urbana Total Rural Urbana Total Rural Urbana Total Geral 2009 0 0 0 16 11 27 99 142 243 1255 384 1623 2010 0 0 0 15 3 18 109 143 252 1280 380 1645 2011 0 0 0 16 3 19 142 172 314 1287 391 1662 2012 0 0 0 14 1 15 174 182 356 1266 399 1651 2013 0 0 0 14 1 15 218 189 407 1236 409 1632 Fonte: MEC/INEP Quanto ao número de estabelecimentos públicos de educação infantil, na esfera estadual gradativamente foi extinguindo a oferta, a não ser nas comunidades indígena, obedecendo ao que foi estabelecido na Emenda Constitucional nº 14/1996, que determina a obrigatoriedadedessa etapa de ensino para os municípios. Já a esfera municipal apresentou um pequeno aumento na quantidade de creches e pré-escolas, a partir da publicação da Emenda Constitucional, nº 59/2009, que estabelece a obrigatoriedade do ensino a partir dos 4 anos e da Lei Nº 11.494/2007 que regulamenta o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (FUNDEB), transferência recursos para a educação infantil. O Governo Federal criou o Programa Nacional de Reestruturação e Aparelhagem da Rede Escolar Pública de Educação Infantil - Proinfância (2007), para dar assistência financeira aos municípios, em relação a construção e aquisição de equipamentos para creches e pré-escolas públicas da educação infantil. Embora alguns municípios tenham aderido ao Programa e alguns deles se encontrarem em funcionamento, esse número ainda é insuficiente para atender a demanda. Diante do quadro educacional da educação infantil em Alagoas, com aproximadamente 187 mil crianças fora da escola, será necessário muito investimento em políticas públicas que ampliem o atendimento rumo a universalização para essa etapa, pensando no pleno desenvolvimento da criança e, consequentemente, a qualidade do processo de ensino e aprendizagem para as etapas seguintes. 1.1.1.2. Ensino Fundamental O Ensino Fundamental com duração de 9 (nove) anos é regulamentado pela Lei nº 11.274/2006 que alterou a redação dos arts. 29, 30, 32 e 87 da LDB, Lei nº 9.394/1996 e pela PLANO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO 2015-2025 Versão Preliminar 12/05/2015 21 Resolução CEB/CEE/AL nº 08/2007. Essa etapa da Educação Básica tem suas Diretrizes Curriculares Nacionais fixadas pela Resolução CEB/CNE nº 7/2010 e pelo Parecer CEB/CNE nº 11/2010. O artigo 2º da Resolução CEB/CEE/AL nº 08/2007, que regulamenta o Ensino Fundamental de 9 anos nos sistemas de ensino de Alagoas, determina que os/as estudantes sejam agrupados por faixa etária na mesma turma ou classe. Tabela 7 - Agrupamento do Ensino Fundamental de 9 anos/Faixa Etária 1ºANO 2ºANO 3º ANO 4º ANO 5º ANO 6º ANO 7º ANO 8º ANO 9º ANO 6 anos 7 anos 8 anos 9 anos 10 anos 11 anos 12 anos 13 anos 14 anos A matrícula no Ensino Fundamental é obrigatória e está dividida em duas fases com características próprias: anos iniciais com 5 (cinco) anos de duração, para estudantes de 6 (seis) a 10 (dez) anos de idade; e anos finais, com 4 (quatro) anos de duração, para os estudantes de 11 (onze) a 14 (quatorze) anos de idade. Convém observar que o artigo 13 da Resolução CEB/CEE/AL nº 08/2007 estabelece que os estudantes em distorção idade/escolaridade, além de serem agrupados em turma ou classe por faixa etária com seus pares, deverão receber programa didático apropriado para aceleração de estudos. A meta 2 do PNE, prevê a universalização do Ensino Fundamental para a população de 6 a 14 anos. Ao visualizar essa universalização em Alagoas (gráfico 10), observa-se que o percentual de cobertura de 97,1% dessa meta se aproxima, proporcionalmente, da cobertura da região Nordeste e do Brasil. Gráfico 10 - Percentual da população de 6 a 14 anos que frequenta a escola Essa meta, estabelece ainda que, até o último ano de vigência do PNE pelo menos 95% PLANO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO 2015-2025 Versão Preliminar 12/05/2015 22 (noventa e cinco por cento) dos estudantes concluam essa etapa de ensino na idade recomendada. Alagoas está muito abaixo do percentual da região Nordeste e do Brasil. Diante dessa constatação, pode-se concluir que a distorção idade-escolaridade da população alagoana é bem elevada, tendo em vista que essa etapa de ensino está quase universalizada, mas nem a metade da população que cursa esse ensino conclui na idade adequada (gráfico 11). Gráfico 11 - Percentual de pessoas de 16 anos com pelo menos o ensino fundamental concluído Para que se alcance a universalização desse ensino é necessário analisar esse percentual em valor absoluto para possível ampliação da rede física em locais específicos. Na população alagoana de 6 a 14 anos 581.366 mil (gráfico 12), observa-se que a população rural apresenta um decréscimo e a urbana um acréscimo populacional, isso implica pensar numa política educacional que atenda a demanda nos locais em que a oferta ainda não foi universalizada. Essa política implica na realizada de busca ativa, constante, pela população que ainda está fora da escola. Gráfico 12 - População alagoana de 6 a 14 anos Fonte: IBGE - CENSO 2000 e 2010 e PNAD 2009 Urbana Rural Total 371.332 216.601 587.933 376.647 227.710 604.357 405.915 175.451 581.366 2000 2009 2010 PLANO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO 2015-2025 Versão Preliminar 12/05/2015 23 Segundo dados do INEP, a matrícula total no Ensino Fundamental no intervalo entre 2009 e 2013 tem apresentado um decréscimo que se mantém ano a ano, tanto nos anos iniciais quanto nos anos finais. Tabela 8 - Matrícula do Ensino Fundamental em Alagoas A N O ENSINO FUNDAMENTAL ANOS INICIAIS ANOS FINAIS F ed er al E st ad u al M u n ic ip al P ri v ad a T o ta l F ed er al E st ad u al M u n ic ip al P ri v ad a T o ta l T o ta l g er al 2013 0 14.913 238.550 44.855 298.318 0 61.549 161.620 31.624 254.793 553.111 2012 0 17.531 245.126 44.986 307.643 0 69.386 169.875 32.367 271.628 579.271 2011 0 24.306 252.831 41.787 318.924 0 78.659 174.637 31.209 284.505 603.429 2010 0 28.691 264.295 38.669 331.655 0 80.283 181.805 29.407 291.495 632.150 2009 0 35.852 283.880 31.689 351.421 0 83.427 185.505 26.209 295.141 646.562 Fonte: http://portal.inep.gov.br/basica-censo-escolar-matricula Comparando o gráfico 12 com a tabela 8, em 2009, a população na faixa etária de 6 a 14 anos foi de 604.357 e a matrícula foi de 646.562, apresentando uma matrícula superior à população daquele ano. O mesmo fato se repete em 2010. Essa diferença se deve às altas taxas de distorção idade-escolaridade, ou seja, existem estudantes no Ensino Fundamental com idade para cursar o Ensino Médio e/ou cursos superiores. Além da política de universalização do acesso ao Ensino Fundamental por meio da matrícula estabelecida na meta 2 do PNE, é preciso garantir políticas para a permanência e o sucesso dos estudantes. A meta 4 direcionada à educação especial, a meta 5 para alfabetização na idade certa, a meta 6 para a expansão da educação em tempo integral e a meta 7 para a melhoria do fluxo escolar e da qualidade são metas que buscam essa garantia da melhoria da qualidade da educação. Gráfico 13 - Taxa de alfabetização de crianças que concluíram o 3º ano do ensino fundamental PLANO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO 2015-2025 Versão Preliminar 12/05/2015 24 A taxa de alfabetização de crianças que concluíram o Ensino Fundamental em Alagoas ficou abaixo da taxa do Nordeste e do Brasil, o que implica na implantação/implementação de políticas para a melhoria do trabalho de alfabetização, no sentido de reduzir o fracasso escolar, uma vez que o domínio da leitura e da escrita é um dos aspectos considerados essenciais para o bom desempenho em todas as áreas de conhecimento e em todos os anos do Ensino Fundamental. Tabela 9 - Taxa de aprovação, reprovação, abandono e distorção idade-escolaridade em Alagoas ENSINO FUNDAMENTAL ANOS INICAIS ANOS FINAIS ANO APROVAÇÃO REPROVAÇÃO ABANDONO DISTORÇÃO APROVAÇÃO REPROVAÇÃO ABANDONO DISTORÇÃO 2009 84,6 10,8 4,6 26,0 68,9 16,6 14,5 43,9 2010 84,1 11,8 4,1 25,7 68,9 17,2 13,9 46,6 2011 84,712,0 3,3 24,7 68,7 18,8 12,5 46,4 2012 85,3 11,5 3,2 23,9 69,0 18,5 12,5 45,6 2013 87,3 10,0 2,7 23,7 71,5 17,9 10,6 44,1 FONTE: MEC/INEP/DTDIE As taxas de abandono apresentadas, demonstram uma redução considerável de 2012 para 2013, no entanto não significa dizer que houve permanência com aprendizagem. Possivelmente, essa redução seja influenciada pelo Programa Bolsa Família9 que condiciona o benefício à permanência do estudante na unidade de ensino. Observa-se, ainda, a urgência em uma mudança na forma de conceber aprendizagem e avaliação, além de investimentos na complementação de estudos, para estudantes com baixo desempenho escolar. Isso se justifica porque a taxa de reprovação nos anos iniciais ainda é alta, embora apresente uma redução em 2013.Nos anos finais, a situação se agrava, pois, há um aumento tanto na reprovação como no abandono e, por consequência, uma diminuição na aprovação. As taxas de reprovação e de abandono, nos anos iniciais, ficam em torno de 15%; nos anos finais, a situação se complica, pois, representa aproximadamente 30%. Como consequência, a distorção idade-escolaridade também tem seu percentual duplicado nos anos finais. Diante dessa constatação, faz-se necessário investir em políticas que garantam a aprovação com aprendizagem10, com ações voltadas para correção de fluxo e complementação de estudos. 9De acordo com o Ministério do Desenvolvimento Social, o Programa Bolsa Família atende 339.644 famílias em Alagoas. 10Políticas curriculares, políticas de formação inicial e continuada e sistemática de avaliação da aprendizagem. PLANO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO 2015-2025 Versão Preliminar 12/05/2015 25 A qualidade da educação é avaliada por diversos fatores, dentre eles, a aprovação e a aprendizagem adequada ao ano cursado. A aprovação é acompanhada pelo censo escolar e a aprendizagem é verificada em larga escala, através de avaliações externas11. Pode-se verificar, nas tabelas abaixo, os resultados do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB) do ensino fundamental em Alagoas. Tabela 10 - Ideb observado e metas projetadas – 4ª série/ 5º ano do Ensino Fundamental IDEB Observado 4ª série/5º ano Metas Projetadas - 4ª série/5º ano Rede de Ensino 2005 2007 2009 2011 2013 2007 2009 2011 2013 2015 2017 2019 2021 Total 2.5 3.3 3.7 3.8 4.1 2.6 2.9 3.3 3.6 3.9 4.2 4.5 4.8 Pública 2.4 3.1 3.4 3.5 3.7 2.5 2.8 3.2 3.4 3.7 4.0 4.3 4,6 Estadual 2.9 3.3 3.3 3.4 3.7 2.9 3.3 3.7 4.0 4.3 4.6 4.9 5.2 Privada 5.1 5.2 5.5 5.9 6.2 5.2 5.5 5.9 6.1 6.3 6.6 6.8 7.0 Fonte: http://ideb.inep.gov.br/resultado/ O IDEB de Alagoas e as médias projetadas para os anos iniciais (ver tabela11), a média não foi alcançada na rede estadual nos anos de 2011 e 2013. Apesar de ter alcançado as metas projetadas no sistema público e privado, continua numa situação delicada, pois vários fatores que influenciam os resultados na diminuição ou elevação da média. Tabela 11 - IDEB observado e metas projetadas – 8ª série/ 9º ano do Ensino Fundamental Ideb Observado 8ª série/9º ano Metas Projetadas – 8ª série/9º ano Rede de Ensino 2005 2007 2009 2011 2013 2007 2009 2011 2013 2015 2017 2019 2021 Total 2.4 2.7 2.9 2.9 3.1 2.5 2.6 2.9 3.3 3.7 3.9 4.2 4.5 Pública 2.3 2.6 2.7 2.6 2.8 2.3 2.5 2.7 3.2 3.5 3.8 4.1 4.3 Estadual 2.5 2.7 2.7 2.5 2.7 2.5 2.7 2.9 3.3 3.7 4.0 4.2 4.5 Privada 4.9 4.8 5.0 5.3 5.2 4.9 5.1 5.3 5.7 6.0 6.2 6.4 6.6 Fonte: http://ideb.inep.gov.br/resultado/ As metas projetadas para os anos finais, só não foram alcançadas em 2007 e 2009 pela rede privada. Em 2011, não foram alcançadas pela rede pública e estadual e, em 2013, nenhuma das redes conseguiu alcançar a meta projetada. Esse quadro de fracasso em 2013 demonstra que é urgente o investimento na melhoria da qualidade do ensino em todas as redes de Alagoas, com medidas que visem aumentar a taxa de aprovação e a melhoria nos resultados das avaliações nacionais. 11 Sistema de Avaliação do Estado de Alagoas – SAVEAL, Avaliação Nacional da Alfabetização – ANA, Prova Brasil e O Programme for International Student Assessment (Pisa) - Programa Internacional de Avaliação de Estudantes. PLANO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO 2015-2025 Versão Preliminar 12/05/2015 26 De fato, é preciso melhorar a qualidade da educação alagoana. Políticas públicas para o cumprimento das principais metas nacionais precisam ser colocadas em prática no sentido de atender ao que está posto: todas as crianças alfabetizadas até os 8 (oito) anos de idade, todos/as os/as estudantes com o aprendizado adequado ao ano cursado e regularização do fluxo escolar. As avaliações realizadas ao término dos anos iniciais e finais são avaliações do trabalho desenvolvido ao longo dos anos. Portanto, não basta intensificar o trabalho nos 5º e 9º anos do Ensino Fundamental, é preciso o desenvolvimento de um trabalho ano a ano, iniciando a partir da alfabetização, conforme Diretriz II do Decreto Federal nº 6.094/2007 do “Compromisso Todos pela Educação”. 1.1.1.3. Ensino Médio O Ensino Médio é a etapa final da Educação Básica, conforme art. 35, Lei de Diretrizes e Bases - LDB nº 9.394/1996; art. 26, Resolução CNE/CEB nº 4/2010 e Resolução CNE/CEB nº 2/2012. Ao analisar o tempo transcorrido, desde que a Lei foi promulgada e os dados apresentados a seguir, fica evidente o quanto ainda precisa ser feito para garantir o que dita a Lei. A análise dos dados referentes ao ensino médio, mesmo que não possibilite um diagnóstico consistente, visto que esses levantamentos não são feitos ano a ano e são complexos, permite destacar que a oferta é, na maior parte, para a esfera pública, na zona urbana, e para os brancos. (KUENZER, 2010) Tabela 12 - População Alagoana de 15 a 17 anos Ano Rural Urbana Total 2000 69.589 133.058 202.647 2009 77.146 153.244 230.390 2010 57.886 137.333 195.219 Fonte: IBGE – CENSO 2000 e 2010 e PNAD 2009 A população Alagoana de 15 a 17 anos, conforme o censo 2010 é de 195.219 (ver Tabela 12), 119.528 estão matriculados no Ensino Médio, 100.758 estão na rede pública e 18.660 estão na rede privada. Resta um total de 75.691 que estão fora da unidade escolar. Esses jovens de 15 a 17 anos que não estão matriculados nessa etapa de ensino, possivelmente foram retidos no Ensino Fundamental ou não tiveram acesso. PLANO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO 2015-2025 Versão Preliminar 12/05/2015 27 A meta 3 do PNE, prevê a universalização do Ensino Médio até 2016. Observa-se que em Alagoas (ver Gráfico 14), o percentual da população de 15 a 17 anos que frequenta a escola é de 80%, não muito abaixo da meta regional que registra 83,1% e nem da meta nacional com 84,3 Esses dados evidenciam que, em Alagoas, 20% da população, nessa faixa etária, estão fora da escola. Gráfico 14 - Percentual da população de 15 a 17 anos que frequenta a escola. Quanto ao número de jovens que concluíram o ensino médio, Alagoas está abaixo das taxas da região Nordeste e do Brasil. Não consegue concluir nem uma média de 40% do total. (ver Tabela 13). Entre os anos de 2009 a 2011, o Estado apresenta um aumento considerável na taxa de conclusão, no entanto, de 2012 para 2013, volta a decrescer. Constata-se, assim, o quanto os indicadores de acesso, sucesso e permanência apresentam evolução negativa. Tabela 13 - Jovens de 19 anos que concluíram o Ensino Médio em Alagoas 2009 2011 2012 2013 Alagoas 32,8 40,4 38,1 35,2 Nordeste 38 42,2 43,8 45,3 Brasil 51,6 53,4 53 54,3 Fonte: INEPPLANO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO 2015-2025 Versão Preliminar 12/05/2015 28 Gráfico 15 - Jovens de 19 anos que concluíram o Ensino Médio em Alagoas FONTE: INEP Ainda no que se refere à meta 3, até o final do período de vigência do PNE, a taxa líquida de matrícula no ensino médio deverá ser elevada em 85%. Observa-se que no período de 2009 a 2013 (ver Tabela 14), o estado de Alagoas mostrou uma oscilação da matrícula do Ensino Médio, com um pico em 2011, quando apresentou um pequeno aumento na taxa de matrículas, porém observa-se uma queda acentuada nos anos de 2012 e 2013. Enquanto que na região nordeste e no País, de 2009 para 2013, houve um acréscimo significativo. A taxa de escolarização líquida indica o número de alagoanos entre 15 e 17 anos que estão no ensino médio. Em Alagoas, em 2013 (ver Gráfico 16), apenas 37,4% desses jovens cursavam essa etapa de ensino. Esse dado salta aos olhos quando se compara o Estado com a região e o País. Se a defasagem do País e da região já é grande, a defasagem de Alagoas torna- se dramática. Gráfico 16 - Taxa de Escolarização Líquida no Ensino Médio da população de 15 a 17 anos. 0 10 20 30 40 50 60 2009 2011 2012 2013 Região Nordeste (Jovens de 19 anos que concluíram o EM) Alagoas (Jovens de 19 anos que concluíram o EM) Brasil (Jovens de 19 anos que concluíram o EM) PLANO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO 2015-2025 Versão Preliminar 12/05/2015 29 Tabela 14 - Matrícula do Ensino Médio em Alagoas Matrícula do Ensino Médio em Alagoas ANO Ensino Médio Federal Estadual Municipal Privada TOTAL 2009 66 103.382 1.532 16.841 121.821 2010 - 101.115 634 17.779 119.528 2011 - 104.418 86 18.242 122.746 2012 60 102.085 305 18.938 121.388 2013 77 100.681 - 18.660 119.418 Fonte: http://portal.inep.gov.br/basica-censo-escolar-sinopse-sinopse Com o intuito de melhorar o acesso e a qualidade dessa etapa de ensino, o governo federal criou programas para serem desenvolvidos no ensino médio, no entanto, ainda não há evidencias de evolução dos resultados. São eles: Pacto Nacional pelo Fortalecimento do Ensino Médio Prêmio Construindo a Igualdade de Gênero Programa de Acompanhamento da Frequência Escolar de Crianças e Jovens em Vulnerabilidade Programa de Educação Integral - Escolas de Referência em Ensino Médio Programa Educação Para Crescer - Professor da Família Programa Ensino Médio Inovador- ProEMI Programa Especial de Ensino Médio PEEM/Poronga Além dos aspectos já discutidos, torna-se urgente a implantação da educação em tempo integral (meta 6) e da Educação Profissional articulada ao ensino médio. Por isso, torna-se urgente, a construção de novas escolas em áreas específicas com demanda para atendimento, e reformas das escolas para adequação dos espaços físicos. Tudo isso, integrado à implantação de um currículo adequado à necessidade e realidade do estudante. Segundo o documento Educação integral: um caminho para a qualidade e a equidade na educação pública, divulgado no dia 16 de abril de 2015, pelo movimento Todos pela Educação, deve-se pensar em educação integral no sentido de desenvolver uma “proposta pedagógica em parceria com a comunidade, intersetorialidade, espaços e infraestruturas”, ou seja, educação integral não é a oferta de mais tempo de permanência na escola, “é uma concepção que considera a multidimensionalidade do ser de forma integrada. Reconhece que o desenvolvimento pleno de indivíduos só é possível quando se observam diferentes dimensões: física, afetiva, cognitiva, socioemocional e ética”. PLANO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO 2015-2025 Versão Preliminar 12/05/2015 30 De acordo com o atual contexto do ensino médio no Brasil e mais especificamente em Alagoas, em que a situação se agrava, políticas mais significativas e ousadas precisam ser desenvolvidas para garantir a ampliação e a expansão da oferta com qualidade social para essa etapa, visto que aqueles que estudam no ensino médio público são pertencentes à classe trabalhadora ou são aqueles que vivem do trabalho. Em relação aos indicadores de aprovação, reprovação, abandono e distorção em Alagoas (ver Tabela 15) a taxa de aprovação é maior na rede privada e consequentemente, a taxa de reprovação, abandono e distorção também são menores, o que visualiza que a parcela mínima da população que tem poder aquisitivo para matricular seus filhos no ensino privado, não tem muito do que reclamar, visto que a matrícula cresce de acordo com a procura, no entanto, essa dependência administrativa não tem demonstrado índices de qualidade nas avaliações institucionais, uma vez que não atingiu a meta proposta pelo IDEB em 2013. (ver Tabela 16). Tabela 15 - Taxa de aprovação, reprovação, abandono e distorção idade-escolaridade em Alagoas. Fonte: MEC/INEP/DTDIE Na rede federal, a aprovação é maior em relação à rede estadual, no entanto, observa-se que tem reprovado um grande número, quando se analisa que o contexto dessa dependência administrativa é bem diferente do Estadual, supõe-se que possivelmente os resultados de aprovação são reflexo também da concepção de avaliação desenvolvida nesse setor que, registra um reduzido percentual de abandono. Quanto ao abandono e distorção, a rede estadual acompanha a média dos índices nacional e regional, sendo também um reflexo da distorção do ensino fundamental, que registra uma média de quase 45%, interferindo também na rede federal com uma média 35% da taxa de distorção, o que é considerada alta. Federal Estadual Municipal Privada Federal Estadual Municipal Privada Federal Estadual Municipal Privada Federal Estadual Municipal Privada 2009 73,5 67,6 74,1 90,3 24,5 9,7 4,7 8,1 2,0 22,7 21,2 1,6 26,6 52,7 61,8 12,8 2010 71,1 68,6 72,3 91,2 27,4 10,4 5,1 7,3 1,5 21 22,6 1,5 31,3 55,8 60,8 13,2 2011 63,4 67,1 72,5 91 23,1 11,1 5,1 8 13,5 21,8 22,4 1 42,6 54,1 68,9 11,1 2012 76,2 69 73,4 92,4 19,3 9,2 5,1 6,3 4,5 21,8 21,5 1,3 37,4 51,3 58,9 11,2 2013 76,8 70,6 97,5 93 18,2 11,4 1,9 5,9 5 18 0,6 1,1 36,2 48,0 49,4 10,4 ABANDONO DISTORÇÃO ENSINO MÉDIO ANO APROVAÇÃO REPROVAÇÃO PLANO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO 2015-2025 Versão Preliminar 12/05/2015 31 Desta forma se constata é que não há fluência dos estudantes do ensino fundamental para o médio. Eles chegam ao médio com distorção e essa distorção idade-série atinge um grande número dos estudantes matriculados no ano/série inadequado(a) a sua faixa etária. Pois, os fluxos representam o resultado de um trabalho eficaz desenvolvido desde a oferta até a permanência com aprendizagem, sem reprovação e abandono, de acordo com a idade-série. Como se pode observar na Tabela 16, a rede estadual não atingiu a meta projetada para 2009, nem para 2011 e muito menos para 2013. Quando se analisa que a meta vai aumentando nos anos seguintes e Alagoas tem se estagnado entre a média 2,8 e 2,6 e para 2015, a meta projetada é 3,7, supõe-se que, diante do quadro atual, dificilmente será alcançada. Já os dados do ENEM para o ano de 2009 mostram que os mil piores resultados foram obtidos por escolas públicas, sendo 97,8% estaduais (ENEM, 2009, apud. KUENZER, 2010). Fica faltando, neste diagnóstico, uma análise mais detalhada dos resultados do ENEM no estado de Alagoas. Tabela 16 - IDEB Observado e metas projetadas - 3ª Série do Ensino Médio. Ensino Médio Ideb Observado Metas Projetadas 2009 2011 2013 2009 2011 2013 2015 2017 2019 2021 Total 3.1 2.9 3.0 3.1 3.3 3.6 3.9 4.4 4.6 4.9 Estadual 2.8 2.6 2.6 2.9 3.1 3.3 3.7 4.1 4.4 4.6 Privada 4,6 4.9 4.7 4.5 4.7 5.0 5.3 5.7 5.9 6.1 Fonte: ideb.inep.gov.br/resultado Isso exigeuma reflexão, quando se observa que a rede privada também não atingiu a meta em 2013, o que caracteriza um sério problema quanto à política do País e do estado de Alagoas para o ensino médio. Pode-se constatar que, diante da ausência de políticas efetivas para essa etapa de ensino e, as que vêm sendo desenvolvidas não estão atendendo às reais necessidades e perfis desses jovens, esses resultados até que são previsíveis. Portanto, para alcançar a universalização dessa etapa de ensino será necessário investir seriamente em políticas que garantam o acesso e principalmente a permanência com qualidade social e aprendizagem. 1.1.1.4. Modalidades e Diversidades Educacionais Na organização curricular da Educação Básica, devem-se observar as diretrizes comuns a todas as suas etapas, modalidades e orientações temáticas, respeitadas suas especificidades e as dos sujeitos a que se destinam. Cada etapa é delimitada por sua finalidade, princípio e/ou por PLANO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO 2015-2025 Versão Preliminar 12/05/2015 32 seus objetivos ou por suas diretrizes educacionais, claramente dispostos no texto da Lei nº 9.394/96, fundamentando-se na inseparabilidade dos conceitos referenciais: cuidar e educar, pois esta é uma concepção norteadora do projeto político-pedagógico concebido e executado pela comunidade educacional. (Parecer DCNS Gerais p. 35) Na Educação Básica, o respeito aos estudantes e a seus tempos mentais, socioemocionais, culturais, e identitários, é um princípio orientador de toda a ação educativa. É responsabilidade dos sistemas educativos responderem pela criação de condições para que crianças, adolescentes, jovens e adultos, com sua diversidade (diferentes condições físicas, sensoriais e socioemocionais, origens, etnias, gênero, crenças, classes sociais, contexto sociocultural), tenham a oportunidade de receber a formação que corresponda à idade própria do percurso escolar, da Educação Infantil, ao Ensino Fundamental e ao Médio Adicionalmente, na oferta de cada etapa pode corresponder uma ou mais das modalidades de ensino: Educação Especial, Educação de Jovens e Adultos, Educação do Campo, Educação Escolar Indígena, Educação Profissional e Tecnológica, Educação a Distância, a educação nos estabelecimentos penais e a educação quilombola. 1.1.1.4.1. Educação de Jovens e Adultos A oferta da alfabetização e da escolarização na modalidade Educação de Jovens, Adultos - EJA é constituída como direito universal, reconhecido na Constituição Federal de 1988 – CF/1988, na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDBEN nº 9.694/1996, nas Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação de Jovens e Adultos – Parecer CEB/CNE nº 11/2000, nas Diretrizes Gerais Para Educação Básica – Resolução CEB/CNE n. 4/2010, bem como, nas Conferências Internacionais de Educação de Adultos, particularmente, nos documentos nacionais preparatórios para V e VI Conferências Internacionais de Educação de Adultos, produzidos em 1996 e 2009 e Tratados internacionais como a Declaração de PLANO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO 2015-2025 Versão Preliminar 12/05/2015 33 Hamburgo12 (1997) e o Marco de Belém13 (2010), na busca da consolidação de uma Política de Estado voltada para esta Modalidade de Ensino. A Constituição Federal, a LDBEN nº 9.694/1996 e o Parecer CEB/CNE N.11/2000, estabelecem como princípio que toda e qualquer educação visa ao “(...) pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho” (CF, art. 205). Este princípio garante a universalização do direito à educação. Neste sentido, a EJA surge como modalidade de ensino estratégica em prol de uma igualdade de acesso à educação. Estas considerações adquirem substância por representarem uma dialética entre a dívida social e postulados legais, fruto de conquistas e de lutas sociais, transformados em direito do cidadão e dever do Estado, uma vez que a CF em seu o artigo 208 deixa claro que: “O dever do Estado com a educação será efetivado mediante a garantia de: I – ensino fundamental obrigatório e gratuito, assegurada inclusive sua oferta gratuita para todos os que a ele não tiverem acesso na idade própria”. A EJA, de acordo coma Lei n° 9.394/96 e com a Resolução CEB/CNE n. 4/2010, constitui-se numa modalidade da Educação Básica, com especificidade própria, que garante a alfabetização e escolarização, nas etapas do Ensino Fundamental e Médio, para os sujeitos na faixa etária a partir de 15 anos. Conforme o art. 37 da Lei n° 9.394/96 a EJA “será destinada àqueles que não tiveram acesso ou continuidade de estudos no ensino fundamental e médio na ‘idade própria’” (grifo nosso), embora a educação seja concebida ao longo da vida. Para o estabelecimento de uma política que realmente atenda aos interesses desse público, devem-se considerar as três funções da EJA: função reparadora, função equalizadora e função permanente, também chamada de qualificadora (Parecer CEB/CEE nº11/2000), cujo 12 Em Hamburgo, mas de 1.500 participantes, incluindo representantes políticos de 135 Estados-Membros, afirmaram a sua compreensão da educação como direito humano básico, para Jovens e Adultos de todas as idades. Declararam o seu entendimento da aprendizagem e formação de adultos como chave para o século XXI e para a nova sociedade da informação, e como processo que acompanha a vida toda. Frisaram, através da Declaração de Hamburgo, o potencial da aprendizagem e formação de adultos para “fomentar o desenvolvimento ecologicamente sustentável, para promover a democracia, a justiça, a igualdade entre mulheres e homens e o desenvolvimento científico, social e econômico, bem como para construir um mundo em que os conflitos violentos sejam substituídos pelo diálogo e por uma cultura de paz baseada na Justiça”. (TIMOTHY D. IRELAND JOÃO PESSOA, 30 DE NOVEMBRO DE 2003) 13 Aprovado durante a Sexta Conferência Internacional de Educação de Adultos – CONFINTEA VI, o Marco de Ação de Belém é resultado do longo processo participativo de mobilização e preparação nacional e internacional, que teve início em 2007. Organiza as suas recomendações em torno de sete eixos fundamentais: alfabetização de adultos; políticas; governança; financiamento; participação, inclusão e equidade; qualidade e monitoramento da implementação do Marco de Ação. Destaca a sua compreensão da natureza intersetorial e integrada da educação e aprendizagem de jovens e adultos, a relevância social dos processos formais, não formais e informais e a sua contribuição fundamental para o futuro sustentável do planeta. PLANO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO 2015-2025 Versão Preliminar 12/05/2015 34 objetivo é garantir à população de jovens e adultos o acesso e permanência com qualidade na Educação Básica. A função reparadora diz respeito não só ao direito a uma escola de qualidade, mas também ao reconhecimento do direito subjetivo de igualdade para todos. A negação deste direito resultou na perda do acesso a um bem real, social e simbólico. A função equalizadora atende aos trabalhadores e a outros segmentos sociais, tais como: donas de casa, migrantes, aposentado/a(s) e privado/a(s) de liberdade. A reentrada no sistema educacional dos que forçadamente tiveram uma interrupção dos estudos pela repetência ou evasão, resultado de desigualdades sociais, deve ser reparada, mesmo que tardiamente, possibilitando novas oportunidades no mundo do trabalho e na vida social. A função permanente ou qualificadora da EJA propicia a todos a atualização de conhecimentos. Essa função é o próprio sentido da EJA, pois compreende o caráter incompleto do ser humanocomo um potencial para o desenvolvimento, a adequação e a atualização em espaços escolares ou não (PARECER CEB/CNE Nº 11/2000). Diante do exposto, constata-se que, em Alagoas, persiste historicamente uma dívida social para com esse público, a saber: Gráfico 17 - Taxa de Analfabetismo da população de 15 anos ou mais de idade Gráfico 18 - Taxa de analfabetismo funcional da população de 15 anos ou mais de idade PLANO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO 2015-2025 Versão Preliminar 12/05/2015 35 Gráfico 19 - Escolaridade média da população de 18 a 29 anos residente em área rural Diante de dados estatísticos, onde se evidencia o alto índice de analfabetismo e analfabetos funcionais no Estado de Alagoas, considera-se que a real demanda na Educação de Jovens e adultos, não corresponde ao contingente dessa população que se encontra fora da escola. Nesse sentido, enseja-se a necessidade de buscar políticas públicas voltadas para o ajustamento de eficácia, estabelecendo assim um estreitamento satisfatório entre a demanda e a oferta nessa modalidade de ensino. Conforme os dados acima, entendemos que, apesar de alguns esforços, empreendidos por parte do Estado para combater o analfabetismo, Alagoas ainda lidera os piores índices educacionais entre os estados brasileiros. Acentua-se ainda a disparidade na oferta de matrícula para a modalidade da EJA, no tocante ao primeiro e segundo segmentos, correspondentes à etapa do Ensino Fundamental: Tabela 17 - Matrícula da EJA Fundamental em Alagoas no Período de 2009 a 2013 ATENDIMENTO 2009 2010 2011 2012 2013 Estadual 21.387 11643 25229 20387 13057 Federal 0 0 0 0 0 Municipal 77566 72786 71330 68491 70113 Privada 870 982 768 951 1054 TOTAL 99823 85411 97327 89829 84224 Fonte: INEP Os dados apresentados na tabela acima evidenciam uma oscilação permanente no Ensino Fundamental, que nos remete a pensar que as Políticas Públicas da EJA não têm uma sequência sistemática, em função dos Programas de governo, o que inviabiliza a expansão da mesma e a possibilidade dos estudantes da EJA evoluírem na sua escolarização. Na tabela acima, observa-se inicialmente que não houve atendimento na Educação de Jovens e Adultos PLANO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO 2015-2025 Versão Preliminar 12/05/2015 36 no Ensino Fundamental, da Rede Federal. Há, visivelmente, uma oscilação em relação aos atendimentos, visto que em 2010, ao invés de aumentar, considerando os déficits do Estado, decresce na Rede Estadual em 54% e, na Rede Municipal em 6,2%. Salvo na Rede Privada, que houve um aumento de 14%. Já em 2011, apresenta-se um aumento considerável de 118% na Rede Estadual, enquanto que na Rede Municipal, há uma pequena queda do atendimento de 2% e na Rede Privada de 22,5%. Em 2012, as Redes Municipal e Estadual reduziram seus atendimentos em 19,2% e 4%, respectivamente, já na Rede Privada houve aumento de 23,8%. Nesse contexto, em 2013, continua um decréscimo considerável, quanto ao atendimento na EJA, no Ensino Fundamental, da Rede Estadual, pois apresenta uma redução de 36%, enquanto que a Rede Municipal aumentou em 2,3% e a Privada em 10,8%, o que suscita um olhar reflexivo, principalmente quanto ao atendimento da Rede Estadual. Esses dados demonstram que em Alagoas a oferta da EJA continua, há décadas, estagnada e as ações efetivadas no Estado estão sempre ancoradas em programas de alfabetização, financiados pelo governo federal. No tocante a oferta da modalidade no Ensino Médio, deve-se pensar em profissionalização articulada com práticas de significação atentas à dinâmica das relações sociais para democratizar o saber, a cultura e o conhecimento. Da mesma maneira, há que se orientar o educando no sentido de ressignificar e ampliar seu conhecimento. Dessa forma, torna- se imprescindível, a ampliação da oferta de Ensino Médio na EJA, conforme os dados que se seguem: Tabela 18 - Matrícula da EJA Médio em Alagoas no período de 2009 a 2013 ATENDIMENTO 2009 2010 2011 2012 2013 Estadual 10934 10325 10211 11221 13212 Federal 217 370 510 448 379 Municipal 346 192 0 0 0 Privada 1309 880 1059 1017 1130 TOTAL 12806 11767 11780 12686 14721 Fonte: INEP Mediante o quadro acima, o atendimento na Educação de Jovens e Adultos, no Ensino Médio, em 2010, apresenta um decréscimo de 5,5% na Rede Estadual, na Rede Federal houve um aumento significativo de 70,5%, na Rede Municipal diminuiu em 44,5% e, na Rede Privada, PLANO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO 2015-2025 Versão Preliminar 12/05/2015 37 aparece um aumento de 32,7%. Em relação a 2011, a Rede Estadual diminuiu o atendimento em 1%, ao invés de ampliá-lo, considerando, principalmente a possibilidade de oferta da profissionalização articulada com o Ensino Médio. A Rede Federal aumentou em 37,8%, a Rede Municipal não apresentou atendimento e a Rede Privada aumentou em 20,3%. Já em 2012, a Rede Estadual ampliou o seu atendimento em apenas 9,8%. As Redes Federal e Privada decresceram os seus atendimentos em 12% e 4%, respectivamente, enquanto Rede Municipal não apresentou atendimento. Em 2013, a Rede Estadual apresenta um discreto aumento em 17,7%, enquanto que a Rede Federal reduziu o percentual para 15,4%. A Rede Municipal não apresentou atendimento e a Rede Privada aumentou em 11%. Observa-se que no Ensino Médio, houve uma presente estagnação, também, em função da ausência de Políticas Públicas direcionadas a essa modalidade, deixando lacunas abertas, quanto à profissionalização e uma escola que atenda as reais necessidades dos estudantes da EJA. Uma compreensão geral da Educação de Jovens Adultos exige que se reconheça a diversidade de tipos de oferta, finalidades e conteúdo que podem ser incluídos em uma definição significativa. A Educação de Jovens Adultos é importante para o empoderamento pessoal, bem-estar econômico, coesão da comunidade e desenvolvimento social, propiciando, assim, aos sujeitos a compreensão crítica da sociedade alagoana, entendendo as causas das desigualdades e injustiças e, simultaneamente, imaginando a possibilidade de construir novas relações humanas no trabalho e na vida. Educação para os Privados de Liberdade A Educação de Jovens e adultos para pessoas privadas de liberdade compreende-se como um direito legalmente constituído, preconizado além das legislações estabelecidas para EJA, já citadas, e em leis e políticas específicas, às quais destacamos: Lei de Execuções penais - LEP n. 7.210, de 11 de julho de 1984; Resolução CNPCP n. 03, de 11 de março de 2009 Conselho Nacional de Políticas Criminais e Penitenciárias; Resolução CNE/CEB n. 2, de 19 de maio de 2010; Decreto n. 7.626 da presidência da república de 24 de novembro de 2011, que institui o plano estratégico de educação no âmbito do sistema prisional; PLANO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO 2015-2025 Versão Preliminar 12/05/2015 38 Plano Estadual de Educação Prisional do Estado de Alagoas de 2012. O Estado de Alagoas oferta a Educação de Jovens e Adultos, no âmbito do Sistema Prisional, desde 2011. A Secretaria de Estado da Educação coordena o processo pedagógico em articulação com a Administração Penitenciária, no âmbito estadual e federal. Nesse sentido, o plano Estadual de Educação Prisional do Estado de Alagoas aponta que 90% da População Carcerária do estado necessitam de escolarização. Esse mesmo plano prevê metas que atingissem, até o ano 2014, 25% de cobertura diminuindo o percentual inicial para 65%. Ao especificarmos o atendimento ao público do sistema prisional alagoano, tomamos como base o ano de 2011, no qual o atendimento educacional nas unidades prisionais indicava
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