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DIREITO DOS CONTRATOS

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DIREITO DOS CONTRATOS
João Monteiro
AULA 1 - 21/11/2012
Bibliografia:
* Contratos - Orlando Gomes (dogmático)
* Tratado Teórico e Prático dos Contratos - Maria Helena Diniz (organizado)
* Instituições de Direito Civil (volume 3 ou 4) - Caio Mario (histórico)
* Programa de Direito Civil (volume 2 ou 3) - Santiago Dantas (raciocínio apurado)
* Silvio Rodrigues (leitura mais fácil)
1 - Contrato de Compra e Venda
Art. 481. Pelo contrato de compra e venda, um dos contratantes se obriga a transferir o domínio de certa coisa, e o outro, a pagar-lhe certo preço em dinheiro.
"É aquele pelo qual uma das partes se obriga a transferir a propriedade de uma coisa a outrem, recebendo, em contraprestação, determinada soma de dinheiro ou valor fiduciário equivalente."
A compra e venda é o contrato mais antigo praticado pelo homem, sendo superado apenas pela troca. É o contrato mais comum da atividade econômica das pessoas, é o principal contrato na atualidade.
CARACTERÍSTICAS
Bilateralidade
Dentro da classificação dos negócios jurídicos em geral a bilateralidade se baseia na análise da criação ou constituição de obrigações para ambos os polos da relação jurídica (critério de unilateralidade ou bilateralidade). Se o surgimento de obrigações ocorrer em ambos os polos haverá o contrato bilateral, em caso negativo haverá contrato unilateral. É gritante o caráter bilateral da compra e venda já que dele surgem obrigações resultantes ao vendedor (transmitir a propriedade da coisa ao comprador [esentialia negotia], dentre outras) e ao comprador (pagar o preço acordado [esentialia negotia], dentre outras). Em caso de não cumprimento da esentialia negotia não se configurará o contrato, nesse caso não haverá compra e venda. Algumas obrigações não são essenciais à configuração do negócio, por exemplo a obrigação do vendedor (alienante) de garantir que a coisa acordada seja idônea em relação à sua destinação (um celular deverá ser capaz de funcionar como tal) e também à existência do direito de propriedade precedente (respondendo por evicção em caso contrário). Outro exemplo é a obrigação do comprador (adquirente) de receber a coisa, uma vez que o alienante (vendedor) não tem a obrigação de guardar a coisa alienada.
A utilidade da classificação de um contrato como bilateral são seus efeitos: responsabilidade por riscos de evicção, vícios redibitórios, regime de arras e responsabilidade por contratos não cumpridos (rever teoria geral), tais efeitos não estão presentes em contratos unilaterais, salvo se previamente acordado. Outro aspecto importante da bilateralidade é a necessariedade da existência de onerosidade, já que ambas as partes arcam com obrigações. Eventualmente ocorrerá a bilateralidade imperfeita (segundo teóricos clássicos é a ocorrência de um contrato que nasce unilateral e converte-se em bilateral, há uma ocorrência de onerosidade superveniente à formação decorrente da execução). Exemplo: comodato (empréstimo gratuito de coisa infungível) de um imóvel em que surge necessidade de gastos de manutenção (benfeitorias necessárias) e que gera o dever de reembolsar o comodatário por parte do comodante.
"Sinalagma é a reciprocidade das prestações que integram os negócios onerosos, sendo a liberalidade sua antítese (presente em contratos unilaterais)."
AULA 2 - 23/11/2012
Onerosidade (acima)
A onerosidade pode ser comutativa ou aleatória: um contrato de compra e venda pode ter a característica de comutatividade ou aleatoriedade. A comutatividade é um sentimento de equivalência (percepção definida pela liberdade das pessoas) subjetiva entre as prestações, ou seja, a ideia de que existe uma certa equivalência entre a prestação e a contraprestação, essa equivalência é meramente subjetiva (há objetos com equivalência objetiva, por exemplo uma ação da Petrobrás ou o preço do Kilowatt). Não se permite nos contratos comutativos a utilização da equivalência subjetiva para que alguém faça um contrato aparentemente equivalente mas que na verdade é outro contrato (um rolex vendido a 1 real na verdade é uma doação). A equivalência subjetiva, e a comutatividade, só perde sua aplicabilidade se a diferença for gritante.
Já a aleatoriedade nos contratos é marcada pela presença de um fato imponderável (alea), podendo ser previsto ou não, que faz com que a equivalência subjetiva surgida na formação seja completamente substituída por uma não-equivalência no momento da execução. Exemplo: contrato de seguro, loteria esportiva.
Instantaneidade
O critério da instantaneidade é aplicado ao analisar-se se a obrigação pode ser executada numa única prestação. Trata-se aqui apenas de possiblidade ou impossibilidade, não necessariamente haverá tal instantaneidade no contrato em questão. Mesmo que uma compra e venda seja realizada em parcelas ainda será um contrato instantâneo, apenas a execução da instantaneidade será diferida no tempo (conceito de vencimento, teoria geral das obrigações).
Consensualidade (em regra)
A consensualidade nos contratos de compra e venda é uma conquista moderna. Consensualidade significa informalidade, isso significa que a Lei permite que um contrato se constitua pelo mero consenso entre duas pessoas. Pode ser que esse consenso tenha uma dificuldade na questão da prova. Se a regra é o consensualismo/informalismo a exceção é o formalismo, ou seja, quando a Lei impõe uma forma pré-determinada para que o contrato de compra e venda seja constituído (exemplo: contratos de compra e venda de imóveis devem ser formais e às vezes solenes).
Existe uma questão importante em relação à compra e venda. Este contrato consiste num intercambio de coisas em caráter definitivo entre o patrimônio de duas pessoas. O mote central da compra e venda consiste na perda do direito de propriedade em relação a uma coisa por parte do vendedor e a aquisição deste direito por parte do comprador.
A questão é saber se o contrato por si só já transmitirá a propriedade ou se haverá a necessidade de um outro ato que importe na aquisição do direito de propriedade. Dois grandes sistemas se apresentam para solucionar o impasse surgido: o romano e o francês (há o sistema alemão parcialmente adotado pelo Brasil que tem uma particularidade em relação ao romano).
A diferença entre os sistemas está no fato de que no sistema romano a aquisição da propriedade a título derivado é um sistema complexo. Essa complexidade se dá mediante a ocorrência de dois acontecimentos: o titulus adquirendi (ou título) e o modus aquisitionis (modo de aquisição). Ou seja, há o título + o modo de aquisição: são essenciais à aquisição da propriedade a título derivado. É um sistema complexo que traz vantagens interessantes em relação ao francês (no qual o título por si só já transmite a propriedade). 
"Modo de aquisição é o ato ou fato previsto em Lei que determina a transmissão do direito de propriedade (ou de outro direito real)", ou seja, um defeito no modo de aquisição não transmite o direito real. Se a conduta das partes não está de acordo com o modo de aquisição a propriedade não se transmite.
AULA 3 - 26/11/12
Elementos da Compra e Venda
A coisa
A coisa, como elemento do contrato de compra e venda, já indica de antemão o seguinte aspecto: não há compra e venda sem coisa (se um contrato não envolver uma coisa não será uma compra e venda - uma prestação de serviços pode envolver coisas, mas um contrato de compra e venda não pode tratar apenas de serviços).
Para entender os elementos da coisa é importante rever seu conceito dentro da classificação dos bens.
- disponibilidade/comercialidade: a coisa não pode ser uma coisa fora do comércio (res extra comercium), ela deve ser suscetível de apropriação particular (não pode haver uma indisponibilidade natural [ar, luz do sol, etc], legal [ex: bens públicos, animais silvestres, órgãos, armamentos, etc] ou voluntária [atos gratuitos que impedem temporariamente a apropriação de coisas apropriáveis: doação e testamento] de incidência do direito de propriedade).
- Individualidade: precisa ser delimitadae apartada de outras coisas, ainda que congêneres ou semelhantes. A coisa deve ser delimitada porque sobre ela cairá o direito de propriedade que, como os demais direitos reais, estão ligados a um poder exercido mediante a vontade exclusiva do detentor do direito (no caso, sobre a coisa). Essa individualização serve como proteção dos direitos de senhorio ao delimitar o direito de propriedade a uma pessoa sobre uma coisa específica, excluindo-se as demais pessoas.
- Transferível ao comprador: enquanto a comercialidade é mais objetiva a transferibilidade é mais subjetiva. Embora uma coisa seja comerciável ainda pode haver algum fator que obste o comprador de adquiri-la (está ligado ao consentimento, normalmente acontece em situações em que há a guarda ou administração de bens alheios, nesse caso o administrador não pode comprar a coisa). Exemplo: um juiz não pode adquirir um bem leiloado por si próprio.
- Existente ou não: normalmente a compra e venda recai sobre coisas existentes (aquela que pode ser objeto de transmissão de forma individualizada no momento da realização do negócio), mas o contrário é possível (ex: imóvel na planta, etc).
- Corpórea ou incorpórea: a coisa pode ou não ter existência física, os produtos da inteligência humana são coisas incorpóreas (cessão de direitos).
* A coisa alheia pode ser objeto de compra e venda, já que surge apenas a obrigação de entrega da coisa, o efeito é apenas obrigacional. O que não pode é a transferência de coisa alheia, além disso o detentor do direito de propriedade deve estar ciente da venda (um herdeiro pode alienar um bem antes da feitura da partilha, essa venda é convalidada após a partilha). A venda de coisa litigiosa é possível, embora não tenha, me regra, liquidez (ninguém vai comprar problema).
AULA 4 - 28/11/12
O preço
A onerosidade, elemento essencial ao contrato de compra e venda, é a redução do valor das coisas em pecúnia (dinheiro) - pouco importa se a obrigação é de dar, fazer ou não fazer, a onerosidade estará sempre presente. O preço, dessa forma, deve se apresentar em forma de dinheiro (o preço na compra e venda é conteúdo e também objeto). Não basta apenas fazer referência ao dinheiro para que o preço esteja configurado, ele possui alguns elementos. São eles:
- seriedade (ocorre quando sua proposição ou definição está baseada no propósito de constituir uma obrigação. Um preço estabelecido com animus ludendi ou jocandi ou qualquer outro não configuraria a seriedade)
- certeza (o preço deve ser determinável, mesmo que em algum momento ele seja indeterminado, não há compra e venda cujo preço seja indeterminável - isso geraria a eternidade da obrigação, quando na verdade sua característica principal é a transitoriedade. A determinação do preço pode ocorrer por arbitramento de terceiro, por convenção entre as partes, imposição do Estado ou em decorrência de um fato impessoal - é o que acontece quando o preço tem a possibilidade de cotação por um mercado determinado, é o caso de compra e venda de ações).
"A parte geral de obrigações, os contratos e a responsabilidade civil correspondem ao Direito das Obrigações cujo traço distintivo é a característica da patrimonialidade (um dos elementos da prestação, objeto de toda obrigação). O próprio conceito de prestação é indissociável do de patrimonialidade - o qual é um fator distintivo das demais relações pessoais (por exemplo, as relações de família não contém em sua essência o componente patrimonial - e por isso não são disponíveis - embora sejam relações pessoais)."
Art. 485. A fixação do preço pode ser deixada ao arbítrio de terceiro, que os contratantes logo designarem ou prometerem designar. Se o terceiro não aceitar a incumbência, ficará sem efeito o contrato, salvo quando acordarem os contratantes designar outra pessoa. 
Art. 486. Também se poderá deixar a fixação do preço à taxa de mercado ou de bolsa, em certo e determinado dia e lugar. 
Art. 487. É lícito às partes fixar o preço em função de índices ou parâmetros, desde que suscetíveis de objetiva determinação. 
Art. 488. Convencionada a venda sem fixação de preço ou de critérios para a sua determinação, se não houver tabelamento oficial, entende-se que as partes se sujeitaram ao preço corrente nas vendas habituais do vendedor. 
Parágrafo único. Na falta de acordo, por ter havido diversidade de preço, prevalecerá o termo médio. 
Art. 489. Nulo é o contrato de compra e venda, quando se deixa ao arbítrio exclusivo de uma das partes a fixação do preço.
O consentimento
Para um sujeito ser vendedor é necessário que ele seja capaz, já que a compra e venda implica num ato de disposição - todo ato decorrente da vontade da pessoa que pode resultar na alienação de um bem integrante do seu patrimônio. A capacidade é conferida às pessoas físicas a partir dos 18 anos, ou aos maiores de 16 emancipados, ou em casos específicos previstos no art.5º.
AULA EXTRA - 30/11/12
CONSENTIMENTO: O sujeito para ser vendedor precisa ser CAPAZ, por que a compra e venda implica em um ato de disposição, ato decorrente da vontade da pessoa que pode implicar a alienação de um bem que faz parte do seu patrimônio. 
Se for uma pessoa jurídica alienando um bem que não é da atividade fim, tem que analisar se há uma autorização de um órgão competente para deliberar aquela alienação.
O indivíduo tem que ser maior e capaz para consentir. Quando é maior a capacidade é presumida, mas não é algo absoluto. 
Se a alienação não for atividade fim da pessoa jurídica, tem que ter uma deliberação societária.
Se o bem é móvel ele pode ser vendido. As coisas moveis presumem- se no patrimônio comum. 
Em relação aos imóveis, já há algumas restrições.
Compra e venda entre cônjuges: não poderão, em regra, efetivar contrato entre si, pois a compra e venda entre marido e mulher está proibida.
Quem regula a relação econômica do marido e da mulher é o regime de bens. O que eles fazem ou deixam de fazer diz respeito a sociedade conjugal. O regime econômico de pessoa casada é definido pelo regime de bens do casamento. 
No regime de comunhão, seja ele universal ou parcial, as aquisições a titulo oneroso integram a comunhão. Então o marido não pode comprar da mulher. Ela estaria entregando a propriedade a ele de um bem que ele já é comunheiro. Essa é uma situação perplexa, cria e anula o efeito instantaneamente. Ter-se-à uma venda fictícia, pois os bens do casal são comuns e ninguém pode comprar o que já lhe pertence
 No regime da separação, o propósito é impedir a comunhão, implicaria em fraude, por que poderia ser uma comunhão por via indireta. A lei não quer que um seja dono do que o outro é. Para o código é possível, ao preço de você sacrificar a norma do regime de separação que quer impedir que um passe a ser dono do bem do outro. João Monteiro não concorda com isso. 
O CC 	tem uma norma que diz que pode haver compra e venda entre marido e mulher (art. 499). Entao em relação aos bens comuns ele veda. Deu permissão para bens particulares de cada um. O dinheiro também passa a ser particular. 
Art. 499. É lícita a compra e venda entre cônjuges, com relação a bens excluídos da comunhão.
Compra e venda entre ascendente e descendente : os ascendentes têm o direito de, a qualquer tempo, alienar seus bens a quem quiserem, mas não podem vender ao descendente, sem que os demais descendentes e o cônjuge do alienante (salvo se casado sob o regime de separação obrigatória) expressamente consintam por meio de escritura pública ou no mesmo instrumento (público ou particular) do negócio principal ou, ainda, por meio de mandato com poder especial, por que essa venda de bens móveis ou imóveis poderia acobertar uma doação em prejuízo dos demais herdeiros. E se entre os descendentes houver menor de idade, será preciso a intervenção de curador especial.
A ação para anular venda de ascendente a descendente sem o consenso dos demais funda-se em direito atual, nada tendo que ver com o direito sucessório, mas sim com o obrigacional, podendo ser, portanto, proposta mesmo em vidado ascendente vendedor.
Compra e venda do condomínio: restrições: o condomínio é quando mais de uma pessoa é dona de uma mesma coisa, e essa coisa é indivisível. Copropriedade que incide em um coisa que é indivisível. 
Condomínio pro-diviso: condomínio de apartamento, edilício, você tem sua unidade e vende sem dar satisfação a ninguém.
Condomínio pro-indiviso: é o condomínio propriamente dito. Há discussão se todas as pessoas são donas da coisa por inteiro ou se cada pessoa é dona de uma parte da coisa. O direito brasileiro adotou que todos são donos de uma fração ideal que agrava a coisa comum, a segunda teoria, junção de propriedades. Cada um dos coproprietários tem a “OBRIGAÇÃO” DE AFRONTA (afrontar aqui significa comunicar, o individuo deve dar ciência aos demais para que ele venha a exercer preferência daquela coisa pelo valor, se a afronta é exercida e passa o prazo, o poder de dispor é pleno). Se a obrigação de afronta não foi exercida aquela pessoa tem o DIREITO DE TANTEIO (sinônimo de direito de preferência, atribui ao respectivo titular da propriedade ou primazia na celebração de determinado negócio jurídico, desde que ele manifeste vontade de realizá-lo nas mesmas condições acordadas entre o sujeito vinculado à preferência e um terceiro), não é que não possa vender.
Assim, se a coisa for indivisível e pertencente a duas ou mais pessoas, o condômino que pretender alienar sua parte ideal deverá dar preferência aos demais. Caso se omita desse dever, o condômino a quem não se der conhecimento da venda poderá, depositando o preço, haver para si a parte vendida a estranho, se o requerer no prazo decadencial de 180 dias contados da data em que ele teve ciência da alienação. Se o condômino interessado deixar escoar o prazo de decadência, consolidar-se-á a transferência da parte ideal do bem indivisível a estranho.
Art. 504. Não pode um condômino em coisa indivisível vender a sua parte a estranhos, se outro consorte a quiser, tanto por tanto. O condômino, a quem não se der conhecimento da venda, poderá, depositando o preço, haver para si a parte vendida a estranhos, se o requerer no prazo de cento e oitenta dias, sob pena de decadência.
Os que têm, por dever de oficio ou por profissão, de zelar pelos bens alheios:
Estão proibidos de adquiri-los, mesmo em hasta pública, sob pena de nulidade.
A capacidade não implica a legitimação, de modo que algumas pessoas estejam impedidas de adquirir bens no contrato de compra e venda em função de uma relação especial que tenham com o alienante. Esses casos estão normalmente relacionados a uma relação de administração de bens alheios, de gestão.
Art. 497 – mesmo que seja em leilão público
Art. 497. Sob pena de nulidade, não podem ser comprados, ainda que em hasta pública:
I - pelos tutores, curadores, testamenteiros e administradores, os bens confiados à sua guarda ou administração;
II - pelos servidores públicos, em geral, os bens ou direitos da pessoa jurídica a que servirem, ou que estejam sob sua administração direta ou indireta;
III - pelos juízes, secretários de tribunais, arbitradores, peritos e outros serventuários ou auxiliares da justiça, os bens ou direitos sobre que se litigar em tribunal, juízo ou conselho, no lugar onde servirem, ou a que se estender a sua autoridade;
IV - pelos leiloeiros e seus prepostos, os bens de cuja venda estejam encarregados.
Fundamento ético evidente. A tutela acontece em relação aos órfãos. O tutor é administrador dos bens do pupilo. Permitir a compra e venda seria algo ameaçador aos interesses do pupilo. Na curatela o individuo incide em alguma incapacidade física ou psíquica que o torne incapaz de compreender a natureza dos seus atos. Uma série de doenças que só aparecem em uma certa idade. Não é incomum haver pedido judicial para que os bens sejam vendidos e que o dinheiro seja aplicado na educação do tutelado ou curatelado. Os testamenteiros são aqueles designados no testamento que tem por função dar cumprimento aquilo que está dito no testamento. Ele terá que administrar a herança temporariamente.
Servidores que detenham a guarda de bens. Ex: armas de militares
Podem, de qualquer modo, influir na deliberação de vender ou na fixaç~~ao do preço da venda.
Existem ainda outras restrições previstas em leis extravagantes:
Lei de locações 8245/91. Art. 27 a 30 a lei confere um direito de preferência ao locatário para adquirir o imóvel locado. O proprietário de coisa alugada, para vendê-la, deverá dar conhecimento do fato ao inquilino, que terá direito de preferência para adquiri-la em igualdade de condições com terceiros. Se muitos forem os interessados, a preferência caberá ao locatário mais antigo. O inquilino terá 30 dias subsequentes àquele em que for notificado para exercer seu direito de preferência.
O locatário que não for notificado da venda poderá, depositando o preço e demais despesas do ato de transferência, haver para si o imóvel locado, se o requerer no prazo de 6 meses contados da transcrição ou inscrição do ato competente no Cartório do Registro de Imóveis, desde que o contrato de locação esteja inscrito no Registro de Imóveis pelo menos 30 dias antes da venda. Além disso, o inquilino preterido poderá reclamar do alienante perdas e danos.
O enfiteuta só poderá alienar o imóvel enfitêutico, a título oneroso ou gratuito, no todo ou em parte, desde que comunique o fato, previamente, ao senhorio direto para que este exerça seu direito de opção. E o senhorio direto deve notificar o enfiteuta quando for alienar seu domínio direto, para que ele exerça seu direito de preferência. 
AULA 5 - 03/12/12
Art. 497. Sob pena de nulidade, não podem ser comprados, ainda que em hasta pública: 
I - pelos tutores, curadores, testamenteiros e administradores, os bens confiados à sua guarda ou administração; 
II - pelos servidores públicos, em geral, os bens ou direitos da pessoa jurídica a que servirem, ou que estejam sob sua administração direta ou indireta; 
III - pelos juízes, secretários de tribunais, arbitradores, peritos e outros serventuários ou auxiliares da justiça, os bens ou direitos sobre que se litigar em tribunal, juízo ou conselho, no lugar onde servirem, ou a que se estender a sua autoridade;
IV - pelos leiloeiros e seus prepostos, os bens de cuja venda estejam encarregados. 
Parágrafo único. As proibições deste artigo estendem-se à cessão de crédito.
O artigo 497 do CC prevê as restrições para que alguém figure como comprador num contrato de compra e venda, geralmente tais restrições estão relacionadas à administração de bens alheios. Outras restrições existem em leis extravagantes: lei de locações (art. 27 a 30) confere direito de preferencia ao locatário em relação à compra do imóvel locado; restrições para aquisição de imóvel rural por estrangeiro no Brasil (lei 5.709/71 e decreto 74.965/74); a enfiteuse (direito real em coisa alheia) gera direito de preferência ao enfiteuta em relação à aquisição do bem.
CONTEÚDO
"O conteúdo de uma relação jurídica corresponde aos direitos e obrigações que dela decorrem"
"O contrato é um feixe de direitos e obrigações" - Orlando Gomes
Os direitos e obrigações decorrentes do contrato formam o que se chama de conteúdo. Os direitos e obrigações que se impõem ao comprador e os que se impõem ao vendedor são o conteúdo, por tanto, do contrato de compra e venda (uma característica dos contratos bilaterais é que cada direito concedido a uma das partes corresponde a uma obrigação da contraparte). A análise do contrato de compra e venda estará focada nas obrigações, muito embora sempre haja um direito correspondente.
OBRIGAÇÕES DO VENDEDOR
Obrigação de entregar a coisa
A entrega da coisa tem uma certa sofisticação: não basta apenas dizer "entregar a coisa", recomenda-se que a entrega da coisa seja acompanhado dos documentos comprovadores do direito de domínio e de utilização. Apesar de recomendável não há obrigatoriedade dessa entrega de documentos, dependerá muito da natureza da coisa (a entrega dos documentos referentes ao domínio seriaimprescindível numa compra e venda de imóvel, muito embora não seja numa compra e venda de um sanduíche).
AULA 6 - 05/12/12
Obrigação de garantia sobre os vícios da coisa (vícios redibitórios)
As coisas em geral, por sua própria natureza, têm uma destinação inerente, podendo esta ser natural, legal ou voluntária. Compete ao alienante da coisa a garantia de que ela esteja isenta de vícios ocultos que a tornem imprestável à sua destinação. Essa garantia, no entanto, não pode ser perpétua (já que as relações pessoais se caracterizam pela transitoriedade), devendo ter um prazo. Esses prazos de garantia variam em função da coisa ser móvel ou imóvel, ser de consumo ou não, ser durável ou não-durável. Os artigos 445 e 446 trazem os prazos legais aplicáveis à garantia. Além dos prazos legais é possível instituir uma garantia extra voluntária em relação à coisa, isso muitas vezes estimula a preferência do comprador por uma coisa com garantia maior.
Art. 445. O adquirente decai do direito de obter a redibição ou abatimento no preço no prazo de trinta dias se a coisa for móvel, e de um ano se for imóvel, contado da entrega efetiva; se já estava na posse, o prazo conta-se da alienação, reduzido à metade. 
§ 1º Quando o vício, por sua natureza, só puder ser conhecido mais tarde, o prazo contar-se-á do momento em que dele tiver ciência, até o prazo máximo de cento e oitenta dias, em se tratando de bens móveis; e de um ano, para os imóveis. 
§ 2º Tratando-se de venda de animais, os prazos de garantia por vícios ocultos serão os estabelecidos em lei especial, ou, na falta desta, pelos usos locais, aplicando-se o disposto no parágrafo antecedente se não houver regras disciplinando a matéria. 
Art. 446. Não correrão os prazos do artigo antecedente na constância de cláusula de garantia; mas o adquirente deve denunciar o defeito ao alienante nos trinta dias seguintes ao seu descobrimento, sob pena de decadência.
Obrigação de garantia quanto aos vícios de evicção
Evicção é a perda de um direito de propriedade ou posse de um bem em virtude de um direito precedente à alienação de propriedade ou posse por parte de terceiro. O comprador deve ter segurança de que o vendedor realmente é o dono da coisa ou que o será futuramente (compra e venda de coisa futura). Um dos efeitos especiais dos contratos bilaterais é exatamente a responsabilidade pelos riscos de evicção.
Obrigação de custódia
O vendedor tem a obrigação de guardar a coisa até o momento da translação do bem (quando as partes estão presentes esta translação se dá concomitantemente à celebração do contrato, entretanto quando isso não ocorre o momento da translação é posterior). Como o vendedor já arcou com todos os custos inerentes à existência da coisa então ele não está obrigado a entrega-la até que o preço tenha sido pago. O principio da primazia na execução dos contratos determina que caso o intercâmbio de coisas seja definitivo normalmente o alienante da coisa deve receber o preço antes de entregá-la; caso seja temporário ou trate de prestação de serviço [pura] primeiro entrega-se a coisa (ou presta-se o serviço) e depois recebe-se o preço (essa regra de prestação de serviço é chamada de "pós-retributividade" e também para os contratos de emprego).
A vontade forma o contrato e gera a obrigação de transferir o domínio, muito embora esta obrigação não se confunda com a tradição (entrega) da coisa. A tradição se considera consumada no caso em questão (pessoas em locais diferentes) quando a coisa está colocada à disposição do vendedor (ou seja, quando o vendedor separa a coisa, acondicionando-a, e a coloca no local destinado à sua expedição). Dessa forma, todos os riscos em relação à coisa são do vendedor até o momento de colocação da mesma à disposição do vendedor (embalar, separar e entregar no local destinado à expedição). A cláusula CIF (cost insurance and frete - custo, seguro e frete) significa que no preço que o comprador paga está incluído o preço da mercadoria (cost), do seguro (insurance) e do transporte (frete). A custódia, caso seja custosa, pode ser cobrada pelo vendedor na forma de reembolso.
Obrigação de observar as regras do pacto
As regras do pagamento também devem ser observadas pelo vendedor. Por exemplo: o prazo de entrega, a maneira de a mercadoria ser acondicionada, etc.
OBRIGAÇÕES DO COMPRADOR
Obrigação de pagar o preço
A obrigação principal do comprador é pagar o preço acordado (sério?).
Obrigação de receber a coisa
O comprador tem a obrigação de receber a coisa, liberando o vendedor quanto aos riscos inerentes a sua manutenção. De outra forma o vendedor estaria obrigado a responder pela custódia de maneira indefinida. 
LUGAR DA ENTREGA DA COISA E PAGAMENTO DO PREÇO NOS CONTARTOS DE COMPRA E VENDA
A regra do Direito Brasileiro é de que a obrigação quérable (o credor deve ir ao domicílio do devedor para receber o adimplemento da obrigação). No caso da compra e venda a obrigação é portable quanto à coisa e quérable quanto ao preço, ou seja, cabe ao comprador comparecer ao domicílio do vendedor para receber a coisa e entregar o preço. Se o negócio for sobre imóveis a obrigação deve ser liquidada no local do imóvel, salvo disposição em contrário.
AULA 7 - 12/12/12
MODALIDADES ESPECIAIS DE CONTRATOS DE COMPRA E VENDA
Essas modalidades especiais têm alguma particularidade - deferida por lei - quanto aos efeitos do contrato que justifique sua "especialidade".
Venda ad corpus e ad mensuran
Essas modalidades têm por objeto coisas imóveis, não se aplicando a coisas móveis ou semoventes. É o principal caso de modalidade especial de compra e venda. Os imóveis nus (terrenos sem edificação) são, por sua própria natureza, extensões contínuas de terra. As terras brasileiras são públicas ou privadas (não há um só metro quadrado de terra que não tenha um dono). Os limites entre Estados são definidos por acordos internacionais e os limites entre estados-membros e entre municípios são definidos por normas internas. A definição da extensão de terra relativa à compra e venda será definida por outra Ciência (a Engenharia de Agrimensura). Se na compra e venda de imóveis o preço e a área têm uma relação de proporção, quanto maior a área maior o preço. O artigo 500 regula essa relação:
Art. 500. Se, na venda de um imóvel, se estipular o preço por medida de extensão, ou se determinar a respectiva área, e esta não corresponder, em qualquer dos casos, às dimensões dadas, o comprador terá o direito de exigir o complemento da área, e, não sendo isso possível, o de reclamar a resolução do contrato ou abatimento proporcional ao preço. 
§ 1º Presume-se que a referência às dimensões foi simplesmente enunciativa, quando a diferença encontrada não exceder de um vigésimo da área total enunciada, ressalvado ao comprador o direito de provar que, em tais circunstâncias, não teria realizado o negócio. 
§ 2º Se em vez de falta houver excesso, e o vendedor provar que tinha motivos para ignorar a medida exata da área vendida, caberá ao comprador, à sua escolha, completar o valor correspondente ao preço ou devolver o excesso. 
§ 3º Não haverá complemento de área, nem devolução de excesso, se o imóvel for vendido como coisa certa e discriminada, tendo sido apenas enunciativa a referência às suas dimensões, ainda que não conste, de modo expresso, ter sido a venda ad corpus.
A venda ad mensuran é aquela na qual o preço foi dado em função de uma unidade de medida - se no contrato houver um indicativo de uma relação entre área e preço, será ad mensuran. Numa venda ad mensuran haverá uma determinação das exatas medidas do imóvel. A maioria das vendas é ad mensuran, muito embora a venda ad corpus seja mais segura ao vendedor porque o protege contra eventuais erros de medição. A actio ex empto dá direito ao comprador de complementar a área caso a extensão transferida tenha sido inferior à negociada.
Venda de coisa comum indivisa
Art. 504. Não pode um condômino em coisa indivisível vender a sua parte a estranhos, se outro consorte a quiser, tanto por tanto.O condômino, a quem não se der conhecimento da venda, poderá, depositando o preço, haver para si a parte vendida a estranhos, se o requerer no prazo de cento e oitenta dias, sob pena de decadência. 
Parágrafo único. Sendo muitos os condôminos, preferirá o que tiver benfeitorias de maior valor e, na falta de benfeitorias, o de quinhão maior. Se as partes forem iguais, haverão a parte vendida os comproprietários, que a quiserem, depositando previamente o preço.
É comum na relação das pessoas com as coisas a EXCLUSIVIDADE. Se houver vários donos de uma mesma coisa é uma fonte potencial de conflitos. A consequência disso é que o direito vai criar mecanismos para evitar/atenuar/mitigar essa potencialidade conflitiva.
Na copropriedade no direito brasileiro, cada um é dono de sua parte. Quando há uma relação de condomínio, o condômino tem o poder de alienar a sua quota-parte, por que sobre essa quota-parte ele tem poder exclusivo. Há necessidade de comunicar os demais condôminos, em não o fazendo, um deles pode entrar com ação de preferência depositando o preço e tomando para si a coisa do adquirente. 
Visa diminuir a quantidade de condôminos sobre um mesmo imóvel, para diminuir a potencialidade conflitiva. 
É uma modalidade especial por que em uma compra e venda comum não há necessidade de comunicar nem dar preferência a ninguém.
Os condôminos têm o direito de ser afrontados e direito de preferência, mas o alienante não está obrigado a afrontar para vender. Ele pode vender e, depois de 180 dias, se nenhum dos condôminos requererem o direito de preferência, a compra e venda se aperfeiçoa.
O consentimento não tem nada a ver com o dever de afrontar. O consentimento não se vicia por você não ter feito afronta. 
A preferência só se dá posteriormente, por isso é causa de ineficácia.
OBS: se a causa for anterior ou concomitante à formação do contrato, há caso de validade; se for posterior, é hipótese de ineficácia.
Venda a vista de amostra
Art. 484. Se a venda se realizar à vista de amostras, protótipos ou modelos, entender-se-á que o vendedor assegura ter a coisa as qualidades que a elas correspondem. 
Parágrafo único. Prevalece a amostra, o protótipo ou o modelo, se houver contradição ou diferença com a maneira pela qual se descreveu a coisa no contrato.
Compra e venda condicional, posta em beneficio do comprador.
A compra e venda deve corresponder à amostra, a compra e venda deve ficar condicionada à essa correspondência.
O comprador pode exercer a faculdade de provar que o que ele comprou não tem correspondência da amostra sem responder por perdas e danos em razão do inadimplemento. 
Quem vende a vista de amostra já está sujeito a um risco.
AULA 8 - 17/12/12
PACTOS ADJETOS À COMPRA E VENDA
São cláusulas especiais que se predestinam a retirar a eficácia do contrato de compra e venda em certas ocasiões. Não se confundem propriamente com as modalidades especiais de compra e venda, havendo inclusive discussão doutrinária acerca da taxatividade do rol de pactos. Considerar tais pactos como taxativos tem sua relevância pois evitar-se-ia o risco de constituição de novos direitos reais não autorizados. João Monteiro afirma que seria possível criar pactos adjetos, desde que não haja criação de novo direito real.
Pacto de Retrovenda
Só se aplica a bens imóveis. É a cláusula mediante a qual o comprador, em certo prazo (máximo de três anos), promete devolver a coisa ao vendedor, desde que este restitua o preço mais suas despesas com a coisa. A retrovenda se configura, em verdade, num direito real. É uma condição resolutiva (do negócio) sujeita a termo. Há casos em que se utiliza a retrovenda como forma de simular um direito real de garantia, nesse caso a cláusula é nula. Há necessidade de averbamento na matrícula do imóvel, tornando o direito oponível erga omnes. Alguns autores argumentam que a retrovenda se constitui em novo negócio, segundo o Mito, isto não acontece: a venda originária perde a eficácia (que é ex tunc - é como se o bem nunca tivesse saído do patrimônio do vendedor).
Art. 505. O vendedor de coisa imóvel pode reservar-se o direito de recobrá-la no prazo máximo de decadência de três anos, restituindo o preço recebido e reembolsando as despesas do comprador, inclusive as que, durante o período de resgate, se efetuaram com a sua autorização escrita, ou para a realização de benfeitorias necessárias.
Art. 506. Se o comprador se recusar a receber as quantias a que faz jus, o vendedor, para exercer o direito de resgate, as depositará judicialmente. 
Parágrafo único. Verificada a insuficiência do depósito judicial, não será o vendedor restituído no domínio da coisa, até e enquanto não for integralmente pago o comprador. 
Art. 507. O direito de retrato, que é cessível e transmissível a herdeiros e legatários, poderá ser exercido contra o terceiro adquirente. 
Art. 508. Se a duas ou mais pessoas couber o direito de retrato sobre o mesmo imóvel, e só uma o exercer, poderá o comprador intimar as outras para nele acordarem, prevalecendo o pacto em favor de quem haja efetuado o depósito, contanto que seja integral.
Venda a contento ou sujeita a prova
Provar significa "experimentar". Não se confunde com venda a vista de amostra. Nessa venda há a entrega da coisa (não tem sentido em relação a imóveis pois já existe o comodato que teria o mesmo efeito) ao comprador para que ele diga se gosta ou não da coisa, caso ele fique satisfeito o domínio passará ao comprador. Esta venda está sob condição suspensiva. Alguns afirmam que só se aplica a coisa infungível, já que para coisas fungíveis haveria a compra a vista de amostra ou uma mera doação.
Art. 509. A venda feita a contento do comprador entende-se realizada sob condição suspensiva, ainda que a coisa lhe tenha sido entregue; e não se reputará perfeita, enquanto o adquirente não manifestar seu agrado. 
Art. 510. Também a venda sujeita a prova presume-se feita sob a condição suspensiva de que a coisa tenha as qualidades asseguradas pelo vendedor e seja idônea para o fim a que se destina. 
Art. 511. Em ambos os casos, as obrigações do comprador, que recebeu, sob condição suspensiva, a coisa comprada, são as de mero comodatário, enquanto não manifeste aceitá-la. 
Art. 512. Não havendo prazo estipulado para a declaração do comprador, o vendedor terá direito de intimá-lo, judicial ou extrajudicialmente, para que o faça em prazo improrrogável.
AULA 9 -19/12/12
Venda com reserva de domínio
Está disciplinada nos artigos 521 a 528. Os pactos adjetos alteram o conteúdo normal dos contratos de compra e venda, seja em relação ao objeto seja em relação ao preço. "Consiste no pacto ou cláusula mediante a qual o vendedor reserva para si a propriedade da coisa até o momento da liquidação integral do preço, embora o comprador seja investido na posse desde a celebração do negócio."
Dá-se uma modificação no conteúdo normal do contrato de compra e venda já que, em regra, o vendedor se obriga a transferir a propriedade da coisa. A transmissão da propriedade não é efeito automático do contrato de compra e venda, pois que tal tema é disciplinado pelos Direitos Reais, não Obrigacionais.
Dentre os modos de tradição de bens móveis a modalidade "entrega real" é a mais pertinente à modalidade "venda com reserva de domínio", pois que esta se destina a alterar este modo de transmissão de propriedade: dá-se a entrega real da coisa porém não há configuração da transmissão do domínio pleno sobre a coisa, como aconteceria na modalidade normal de compra e venda.
O comprador recebe a posse da coisa, muito embora não adquira o domínio. O próprio vendedor tem a reserva do domínio do bem até o momento do pagamento da integralidade do preço por parte do comprador (esta propriedade do vendedor é classificada como resolúvel, já que incide sobre ela uma condição resolutiva extintiva).
Há, nessa modalidade, uma dupla condição: condição resolutiva em relação ao vendedor e condição suspensiva em relação ao comprador. Uma condição suspensiva é um direito que integra o patrimôniodo comprador, muito embora a incorporação definitiva do bem (e não do direito à incorporação) ainda não exista - é uma titularidade potencial em relação à coisa.
Há uma certa incongruência teórica em relação a essa modalidade de compra e venda: a condição (pagamento integral do preço) é meramente potestativa (depende da vontade de uma das partes: o comprador), porém não há nulidade do negócio (que ocorreria em outros casos, mas não corre pq a dona Lei não quis). Outra incongruência é a confusão entre elemento essencial (preço) e elemento acidental (condição): a condição é o próprio preço.
Esse instituto se aplica a coisas móveis. Em caso de imóveis é mais aplicável a alienação fiduciária em garantia (seja isso o que for). A coisa móvel deve ser infungível já que, caso fossem fungíveis, seria facilmente substituível por parte do comprador.
AULA 10 - 23/01/13 - perdida
Preempção/Preferência/Direito de Tanteio
Clausula mediante a qual o comprador assume a obrigação, perante o vendedor, de que caso ele (comprador) resolva alienar onerosamente a coisa (ou fazer dação em pagamento), o vendedor originário fica com direito de preferência em relação a terceiros. O vendedor original preferirá na aquisição daquele bem. O comprador oferece a coisa por meio de notificação judicial ou extrajudicial a quem lhe vendeu.
Há uma compra e venda normal que pode recair sobre coisas móveis e imóveis. No sistema de aquisição da propriedade, a transmissão do domínio das coisas móveis se opera, em regra, pela tradição, mas há alguns móveis que estão sujeitos a registro. O sistema de registro não é propriamente determinante da definição de quem é ou não proprietário do móvel.
Nos móveis, a eficácia real da preferência é mais difícil de o terceiro tomar conhecimento.
No caso dos imóveis, a preferência tem que estar no cadastro de registro de imóveis. É importante verificar que está na matricula do imóvel - esse registro tem eficácia real.
CARACTERÍSTICAS:
intransmissibilidade: a preferência é atribuída ao vendedor originário. É intransmissível seja inter vivos ou causa mortis. Não é possível ceder a terceiros o direito de preferir na aquisição da coisa.
Art. 513. A preempção, ou preferência, impõe ao comprador a obrigação de oferecer ao vendedor a coisa que aquele vai vender, ou dar em pagamento, para que este use de seu direito de prelação na compra, tanto por tanto. 
Parágrafo único. O prazo para exercer o direito de preferência não poderá exceder a cento e oitenta dias, se a coisa for móvel, ou a dois anos, se imóvel.
Indivisibilidade: se houver o direito de preferência entre dois ou mais indivíduos, só pode ser exercido pela totalidade da coisa.
Art. 517. Quando o direito de preempção for estipulado a favor de dois ou mais indivíduos em comum, só pode ser exercido em relação à coisa no seu todo. Se alguma das pessoas, a quem ele toque, perder ou não exercer o seu direito, poderão as demais utilizá-lo na forma sobredita.
Muito comum em contratos de sociedade.
O comprador originário que esta na posição de pretenso vendedor comunica ao vendedor originário o propósito em alienar aquela coisa. Assim o comprador originário deve comunicar a sua intenção de venda e deve dizer as condições em que esta venda deverá se realizar. Essa comunicação é feita como declaração recepticia de vontade. Deve chegar ao conhecimento do vendedor originário. 
O prazo para que esta preferência seja exercida normalmente é estipulado pelas próprias partes ao disciplinarem a preferência. O mais comum é de 30 a 60 dias. O prazo decadencial para o exercício não pode exceder 180 dias se móvel, ou 2 anos se imóvel; contado da data da tradição ou do registro. O transcurso in álibis desse prazo tornará possível a venda da coisa a outrem, desaparecendo o direito de preferência.
Pode ter fonte tanto no contrato (vontade das partes), como na Lei (a lei atribui o direito de preferência em relação a determinadas relações como a locação, coisa comum indivisível
O artigo 518 enfraquece a eficácia da preferência:
Art. 518. Responderá por perdas e danos o comprador, se alienar a coisa sem ter dado ao vendedor ciência do preço e das vantagens que por ela lhe oferecem. Responderá solidariamente o adquirente, se tiver procedido de má-fé.
Readquire a coisa vendida em igualdade de condições com terceiro.
O vendedor poderá também exercer o seu direito de prelação (preferência) se tiver conhecimento de que a coisa vai ser vendida, intimando, extrajudicial ou judicialmente, o comprador.
AULA 11 - 28/01/13
Promessa e compromisso de compra e venda
Contrato preliminar (dentre os quais o compromisso e a promessa) é um contrato no qual as partes, ou uma das partes, se obriga a celebrar um outro contrato (o definitivo) no futuro. É um contrato em que se dá o nascimento de uma obrigação para uma ou ambas as partes relativa à celebração de um outro contrato. O contrato preliminar unilateral se refere a apenas uma das partes, já no bilateral a obrigação se refere a ambas as partes - daí porque alguns autores designam distintamente esses contratos: ao contrato preliminar unilateral chama-se "promessa", ao contrato preliminar bilateral chama-se "compromisso". Apesar de esse tecnicismo estar correto, não foi observado pelo Código Civil-02.
O objeto do contrato preliminar bilateral é uma prestação de fazer, consistente na "prestação de novo consentimento correspondente ao contrato definitivo". Há, por tanto, dois consentimentos: um no contrato preliminar e um derivado da prestação de fazer, que se realiza no contrato definitivo.
O objeto da obrigação surgida do preliminar é a celebração do definitivo - quando este contrato definitivo é celebrado, extingue-se o contrato preliminar pelo adimplemento das obrigações.
A promessa de compra e venda, contrato preliminar unilateral, pode ser uma "promessa de compra" ou uma "promessa de venda". O caráter unilateral da promessa se configura no comprometimento de alguém em comprar/vender determinada coisa por um preço determinado ou por um preço de mercado referente à cotação na data da realização da compra/venda - é possível determinar um preço certo ou usar-se um valor determinável à época da compra/venda, de acordo com algum índice lícito. O conceito de "opção de compra/venda" se refere à potestade da contraparte de comprar/vender o bem no momento que quiser, já que o promitente já se comprometeu a realizar o contrato - fica à disposição da contraparte a escolha do momento da realização do contrato definitivo (e, por conseguinte, adimplemento e extinção do contrato preliminar de promessa).
O compromisso de compra e venda, contrato preliminar bilateral, tem a bilateralidade tanto em relação à formação quanto aos efeitos. O compromisso de compra e venda de coisas móveis não está disciplinado especificamente pelo ordenamento brasileiro pelo simples fato de que a maioria das coisas móveis é alienada através da tradição, sendo pouco prático o uso de compromisso (embora seja totalmente possível realizar tal contrato, de acordo com a autonomia da vontade).
AULA 12 - 04/02/13
O compromisso de compra e venda é um negócio formal. A forma prevista para este negócio é a forma escrita (forma simples). A forma é o revestimento exterior do ato, a lei impõe a forma devido às responsabilidades decorrentes do ato a ser formalizado - quanto mais esse ato dê causa a diversos e graves impactos patrimoniais, mais formal será sua prática.
O consentimento do cônjuge de diretor/sócio de pessoa jurídica não é necessário. Caso seja pessoa física, há que se inquirir se a pessoa é casada ou solteira - caso seja casada normalmente a outorga uxória é necessária.
O cumprimento ou execução específica do compromisso se dá, para o comprador, com a entrega do dinheiro correspondente ao preço (pode ser pago no ato de celebração do contrato ou de forma parcelada). Todo compromisso quitado requer a posse dada, já no caso do parcelado a posse não é conferida (o registro da compra e venda e a transmissão do domínio só se dará caso o imóvel sejadesonerado de gravames perante o Estado, daí porque é possível que a quitação da promessa possa não dar causa direta à possibilidade de escritura pública definitiva).
A escritura pública é considerada como pagamento, ou ato devido - ela corresponde à execução da promessa de compra e venda (a escritura é um contrato de compra e venda que se configura também como a execução do contrato de compromisso de compra e venda - há que se observarem os requisitos de validade do contrato).
Adjudicação compulsória é uma ação aplicável a imóveis loteados, prevista no decreto-lei 58/1937. É uma resposta do legislador à hipótese do abuso do exercício da cláusula de arrependimento nos contratos de promessa de compra e venda (era possível se arrepender do compromisso nos casos de contratos diferidos no tempo - abusando do direito de preferência). Consiste numa sentença de declaração do domínio do imóvel objeto da promessa - esse loteamento deve ser regular (memorial do loteamento com matrícula de cada lote, etc) - a sentença de adjudicação compulsória substituirá a escritura pública que o vendedor se recusou a celebrar.
AULA 13 - 06/02/13
A ação de adjudicação compulsória é uma ação formalmente rigorosa, não é qualquer compromisso de compra e venda não-honrado que dará causa a essa ação. Só é possível mover-se essa ação perante o proprietário do imóvel. Os requisitos da adjudicação compulsória estão trazidos no Decreto-lei nº 58. A principal característica da adjudicação compulsória é a de que só é cabível sobre imóveis loteados. Outras leis importantes acerca da incorporação imobiliária: 4591/64 e Lei 6766/79.
Alternativamente à ação de adjudicação compulsória existe também a possibilidade de o comprador, quando o vendedor não lhe passar a escritura, mover a ação de "outorga de escritura". A ação de outorga de escritura é tecnicamente mais difícil de ser feita que a ação de adjudicação, mas serve nos casos em que há defeitos na regularização do imóvel (quando a ação de adjudicação fica inaplicável).
Quando o imóvel fica pronto e, em caso de compra em parcelas, a quitação ainda não ocorreu, o comprador terá um prazo para quitar o preço e adquirir a propriedade do imóvel.
Geralmente o comprador faz um empréstimo junto a um banco para promover o pagamento, esse instrumento particular contratual perante o banco tem valor de escritura pública (apesar de não ser escritura). Além disso, por ser instrumento particular, não há necessidade de pagar os emolumentos (que são bastante caros, em geral). Emolumento inclui o registro em cartório da promessa de compra e venda.
Um dos direitos que nascem para o promitente comprador é o direito de aquisição. Se a promessa de compra e venda foi devidamente registrada em cartório (ou não), nascerá para o promitente comprador o direito real de aquisição (caso esteja registrado no cartório o direito é oponível erga omnes, caso contrário só será oponível ao vendedor).
AULA 14 - 18/02/13 - perdida
CONTRATO DE PERMUTA
Tem as mesmas características e restrições que o contrato de compra e venda:
Art. 533. Aplicam-se à troca as disposições referentes à compra e venda, com as seguintes modificações:
I - salvo disposição em contrário, cada um dos contratantes pagará por metade as despesas com o instrumento da troca;
II - é anulável a troca de valores desiguais entre ascendentes e descendentes, sem consentimento dos outros descendentes e do cônjuge do alienante.
A diferença entre eles está no fato de que a compra e venda tem como contraprestação em favor do vendedor o pagamento do preço em dinheiro. Aqui a contraprestação corresponde predominantemente a outra coisa. Pode ser que se dê comutativamente exclusivamente entre coisas. Essa é a PERMUTA PERFEITA, o valor que uma parte confere a uma coisa é o mesmo que a contraparte confere à outra coisa. A troca deve ocorrer entre coisas que integram o patrimônio de diferentes pessoas. Se um dos contraentes prestar um serviço, não haverá troca.
A disciplina que recai entre vícios redibitórios e evicção recai sobre a permuta, porém de forma recíproca. O regime é o mesmo só que para ambas as partes, enquanto que no contrato de compra e venda só se aplicam para o alienante.
É comum que na definição do preço de um contrato a composição da contraprestação seja feita através de coisas e de dinheiro. Uma das partes sempre terá uma coisa. Os autores divergem bastante nesses casos com a configuração da compra e venda e permuta.
A permuta é o contrato mais antigo na história da humanidade.
As despesas referentes ao contrato de compra e venda, se envolver imóvel, competem ao adquirente; se móvel, competem ao alienante. As despesas aqui são rateadas igualmente entre as partes, salvo convenção contratual.
O vendedor, uma vez entregue a coisa vendida, não poderá pedir a devolução no caso de não ter recebido o preço; já o permutante terá direito de repetir o que deu, se a outra parte não lhe entregar o objeto permutado.
Anulável é a troca de valores desiguais entre ascendente e descendente, sem o expresso consentimento dos outros descendentes e do cônjuge do alienante, sob pena de nulidade relativa. Os prejudicados terão prazo decadencial de 2 anos (contado da data da conclusão) da permuta para anulá-la.
AULA 15 - 20/02/13
CONTRATO DE DOAÇÃO
Art. 538. Considera-se doação o contrato em que uma pessoa, por liberalidade, transfere do seu patrimônio bens ou vantagens para o de outra.
Art. 539. O doador pode fixar prazo ao donatário, para declarar se aceita ou não a liberalidade. Desde que o donatário, ciente do prazo, não faça, dentro dele, a declaração, entender-se-á que aceitou, se a doação não for sujeita a encargo. 
A doação é contrato unilateral, formal e gratuito. Todo contrato unilateral é, em sua formação, gratuito, mas é possível que se degenere em contrato oneroso (depósito, por exemplo).
Quando, por ventura, há a tradição de um bem móvel, é possível perguntar-se qual contrato foi ali celebrado (se uma compra e venda, se uma doação ou até um comodato). Há que se perguntar, então, sobre os requisitos mais específicos de cada contrato. O Código preceitua que, havendo convergência de vontades (das partes) acerca da natureza do contrato, não há que se questionar sobre outra modalidade contratual. Há, também, questões lógicas que podem resolver problemas de não-convergência da vontade manifesta pelas partes (se, por exemplo, quem recebeu o bem afirmar que trata-se de comodato e não de doação, não há problema algum - já que restituirá o bem sem perdas para a contraparte).
A doação, via-de-regra, é formal, ou seja, não havendo forma escrita, a chance de ter havido doação é menor - considerar-se-á ocorrido um comodato/mútuo. No caso de doação de imóveis ou móveis de grande valor não é possível falar-se em doação sem a forma escrita (escritura pública no caso dos imóveis). Se, havendo tradição de bem móvel de pouco valor, as partes discordam sobre a natureza do contrato, só se poderia resolver o problema através da prova da existência do animus donandi (o ônus da prova da existência deste ânimo é daquela pessoa que rejeita o dever de restituir - o suposto donatário). Em último caso recorre-se à interpretação - os contratos benéficos se interpretam restritivamente (seja quanto a sua formação ou quanto a sua extensão).
A capacidade na doação deve ser observada no lado ativo e no lado passivo. No polo ativo o sujeito doador deve ser maior e capaz (menores e curatelados não podem doar de modo algum - é possível apenas a sub-rogação de seus bens caso seja necessário e o bem seja muito oneroso), normalmente as pessoas jurídicas (que tenham atividade empresarial) não podem doar, a menos que o estatuto ou o contrato social expressamente permita. Tutor não pode doar bens do tutelado. Cônjuge não pode fazer doação não-remuneratória de bens do patrimônio comum. A doação entre cônjuges em separação total de bens afigura-se impossível, fraudando-se o próprio regime de bens - já no caso da compra e venda parece ser possível.
No polo passivo o consentimentopelo recebimento do bem é favorecido. O próprio art. 542 demonstra isso ao permitir que o nascituro seja donatário. O artigo 550 restringe a legitimidade passiva do donatário quando este for cúmplice no adultério do doador.
AULA 16 - 25/02/13
Discute-se a subsistência ou não da doação quando da morte do donatário ou doador antes do aperfeiçoamento da aceitação. Quando há prazo de aceitação fixado pelo doador, entende-se que mesmo este falecendo, ainda é possível ao donatário aceitar (a obrigação será cumprida pelo espólio). A aceitação do donatário tem efeito ex tunc, retroage ao momento em que o doador propôs a liberalidade.
Já no caso de morte do donatário dentro do prazo de aceitação, o tratamento é diferente: o direito de aceitar não se transmite aos herdeiros (opera-se a caducidade da doação).
*Todos os contratos são bilaterais. Classificar um contrato como unilateral deve ser entendido apenas quanto aos efeitos obrigacionais do mesmo. Há, sempre, um elemento de liberdade na realização de um contrato, inclusive em relação à energia elétrica monopolizada pela COELBA ou ao seguro DPVAT relativo à compra de carros, por exemplo.
LIMITES DA DOAÇÃO
Em Teoria Geral do Direito Civil fala-se na impossibilidade de desfazimento completo do próprio patrimônio - é uma vedação de que a pessoa disponha de seu patrimônio em bloco, não de forma graduada. Onerosamente e singularmente é possível dispor de 100% do patrimônio, contanto que isso seja feito em partes. Nesse sentido afigura-se de grande importância o disposto nos artigos 548 e 549 do CC:
Art. 548. É nula a doação de todos os bens sem reserva de parte, ou renda suficiente para a subsistência do doador.
Art. 549. Nula é também a doação quanto à parte que exceder à de que o doador, no momento da liberalidade, poderia dispor em testamento. 
É com base nestas normas que a vedação à alienação total dos bens. Em relação à alienação onerosa não há essa vedação completa, apenas em relação à alienação em bloco. A parte que o doador poderia dispor referida pelo artigo 549 leva em conta a chamada "legitima", ou seja, a parte reservada aos herdeiros necessários do doador - que não pode ser doada. O parâmetro é o mesmo usado no testamento, ou seja, o doador só pode doar aquilo que poderia, da mesma forma, legar. Para saber esse valor deve-se levar em conta o valor NA HORA da doação, já que o valor das coisas muda com o tempo. Esse valor é igual a 50% do ativo líquido do doador, os outros 50% são da chamada "legitima" - parte reservada aos herdeiros necessários. O doador pode, inclusive, doar a um dos herdeiros esses 50%, em detrimento do outro - nada impede que o faça. Caso não haja herdeiros necessários é possível doar 100% do patrimônio, claro atendendo-se ao disposto no artigo 548 (renda suficiente para a subsistência do doador).
Art. 541. A doação far-se-á por escritura pública ou instrumento particular. 
Parágrafo único. A doação verbal será válida, se, versando sobre bens móveis e de pequeno valor, se lhe seguir incontinenti a tradição. 
Art. 542. A doação feita ao nascituro valerá, sendo aceita pelo seu representante legal. 
Art. 543. Se o donatário for absolutamente incapaz, dispensa-se a aceitação, desde que se trate de doação pura. 
Art. 544. A doação de ascendentes a descendentes, ou de um cônjuge a outro, importa adiantamento do que lhes cabe por herança. 
Art. 545. A doação em forma de subvenção periódica ao beneficiado extingue-se morrendo o doador, salvo se este outra coisa dispuser, mas não poderá ultrapassar a vida do donatário. 
Art. 550. A doação do cônjuge adúltero ao seu cúmplice pode ser anulada pelo outro cônjuge, ou por seus herdeiros necessários, até dois anos depois de dissolvida a sociedade conjugal. 
Art. 552. O doador não é obrigado a pagar juros moratórios, nem é sujeito às conseqüências da evicção ou do vício redibitório. Nas doações para casamento com certa e determinada pessoa, o doador ficará sujeito à evicção, salvo convenção em contrário. 
Art. 553. O donatário é obrigado a cumprir os encargos da doação, caso forem a benefício do doador, de terceiro, ou do interesse geral. 
Parágrafo único. Se desta última espécie for o encargo, o Ministério Público poderá exigir sua execução, depois da morte do doador, se este não tiver feito. 
Art. 554. A doação a entidade futura caducará se, em dois anos, esta não estiver constituída regularmente.
AULA 17 - 04/03/13
A cláusula de reversão está prevista no artigo 547 do CC:
Art. 547. O doador pode estipular que os bens doados voltem ao seu patrimônio, se sobreviver ao donatário. 
Parágrafo único. Não prevalece cláusula de reversão em favor de terceiro. 
Quando o bem ingressa no patrimônio do donatário, considerando-se os efeitos patrimoniais da doação, o donatário se torna titular pleno do direito de propriedade sobre a coisa. Teoricamente, a morte do donatário daria causa à transmissão desse bem aos herdeiros - porém, com a causa de reversão, a coisa retornará ao patrimônio do doador, caso este ainda esteja vivo no momento da morte do donatário.
Em caso de comoriência (morte simultânea do doador e do donatário), os bens doados não voltarão ao patrimônio do doador; haverá transmissão aos herdeiros do donatário.
ESPÉCIES DE DOAÇÃO
- Doação Conjuntiva
Art. 551. Salvo declaração em contrário, a doação em comum a mais de uma pessoa entende-se distribuída entre elas por igual.
Parágrafo único. Se os donatários, em tal caso, forem marido e mulher, subsistirá na totalidade a doação para o cônjuge sobrevivo.
A palavra conjuntiva, em direito, dá a ideia de pluralidade indissociável de sujeitos em um ou ambos os polos da relação. Nesse caso, a conjuntividade da doação é passiva. A "grande" utilidade da doação conjuntiva (que a diferencia de múltiplas doações) é o previsto no parágrafo único (em caso de morte de donatário caso com o outro donatário).
- Doação Propter-Núpcias
Art. 546. A doação feita em contemplação de casamento futuro com certa e determinada pessoa, quer pelos nubentes entre si, quer por terceiro a um deles, a ambos, ou aos filhos que, de futuro, houverem um do outro, não pode ser impugnada por falta de aceitação, e só ficará sem efeito se o casamento não se realizar.
Doação em contemplação do casamento. É uma espécie de doação que fica sob condição resolutiva (a não realização do casamento).
- Doação em contemplação de merecimento / doação remuneratória
Art. 540. A doação feita em contemplação do merecimento do donatário não perde o caráter de liberalidade, como não o perde a doação remuneratória, ou a gravada, no excedente ao valor dos serviços remunerados ou ao encargo imposto. 
A doação remuneratória se constitui quando o donatário prestou um serviço gratuito ao doador - este, então, "remunera" o donatário com uma futura doação. Não há necessidade de sinalagma - daí porque a característica da liberalidade persiste.
Art. 564. Não se revogam por ingratidão: 
I - as doações puramente remuneratórias;
A doação por merecimento, como o nome já diz, ocorre em razão de um grande feito realizado pelo donatário - o que motiva o doador a realizar a doação.
AULA extra - 08/03/12 - perdida
AULA 18 - 11/03/13 - perdida (características mandato)
AULA 19 - 13/03/13
ESPÉCIES DE MANDATO
Quanto à forma, as espécies de mandato podem ser expressa ou tácita. A norma do artigo 653 é imprópria: quando alguém recebe poderes de outrem não necessariamente haverá mandato (pode ser, mas não necessariamente). Subsidiariamente as normas do mandato valerão, mas haverá outra figura. A procuração não é o instrumento do mandato, tal qual afirma a norma, mas sim "a procuração é o instrumento da representação voluntária" - a procuração serve como meio de prova da constituição do contrato de mandato (um de seus documentos).
Art. 653. Opera-se o mandato quando alguém recebe de outrem poderes para, em seu nome, praticar atos ou administrar interesses. A procuração é o instrumento do mandato.
O mandato pode ser civil (envolve prática de atos apenas civis) ou comercial(prática de atos de comércio).
O mandato pode ser ad negotia ou ad juditia - são cláusulas. O mandato ad negotia habilita a pessoa a praticar atos administrativos ou negociais, porém de forma extrajudicial, apenas (é o mais comum). O mandato ad juditia inclui a chamada procuração para o foro: contém os poderes gerais para o foro - habilitam alguém a exercer a representação da parte em juízo. Só quem pode receber este tipo de mandato são os advogados ou (prepostos em caso de depoimentos pessoais/interrogatórios) - exceto no caso de habeas corpus, JEs cíveis e Justiça do Trabalho (em caso de reclamações trabalhistas) - aplica-se o Estatuto da OAB, o Código de Ética, o CPC e o CDC em relação aos mandatos judiciais, no que couberem.
Quanto ao conteúdo, o mandato pode ser geral ou especial (art. 660-61). A Lei distingue claramente os poderes de administração dos de disposição. Os poderes de disposição são poderes especiais; além disso, o poder de receber citação é um poder especial. Os poderes em geral são relativos aos atos de administração - correspondentes à conservação da atividade fim (ordinária) do mandante. Se houver a prática de um ato que compreenda um gravame patrimonial ou uma disposição, há necessidade de poderes especiais para a prática deste ato. Há alguns atos de administração que são também atos de disposição, estes não requerem poderes especiais (é o caso dos bens que já têm como finalidade a disposição, como no caso do vaqueiro que tira o leite da vaca e vende o leite, sob pena do leite perecer - não há necessidade de poderes especiais para tanto).
Art. 660. O mandato pode ser especial a um ou mais negócios determinadamente, ou geral a todos os do mandante. 
Art. 661. O mandato em termos gerais só confere poderes de administração. 
§ 1º Para alienar, hipotecar, transigir, ou praticar outros quaisquer atos que exorbitem da administração ordinária, depende a procuração de poderes especiais e expressos. 
§ 2º O poder de transigir não importa o de firmar compromisso.
Pode haver pluralidade ou singularidade no mandato. A pluralidade pode ser conjuntiva passiva (quando o ato só pode ser praticado por todos os procuradores em conjunto); solidária (quando qualquer dos procuradores pode praticar o ato); fracionária (nesse caso o mandato tem várias procuradores com certas espécies de atribuições divididas entre eles) ou substitutiva (não podendo o ato ser praticado por um dos procuradores, o outro o sucederá na prática deste ato - a ordem de nomeação indica a ordem de substituição no mandato).
Em relação aos direitos e obrigações das partes (mandante e mandatário) estão disciplinados nos artigos 662 a 681.
Art. 654. Todas as pessoas capazes são aptas para dar procuração mediante instrumento particular, que valerá desde que tenha a assinatura do outorgante.
§ 1º O instrumento particular deve conter a indicação do lugar onde foi passado, a qualificação do outorgante e do outorgado, a data e o objetivo da outorga com a designação e a extensão dos poderes conferidos. 
§ 2º O terceiro com quem o mandatário tratar poderá exigir que a procuração traga a firma reconhecida. 
Art. 655. Ainda quando se outorgue mandato por instrumento público, pode substabelecer-se mediante instrumento particular. 
Art. 656. O mandato pode ser expresso ou tácito, verbal ou escrito. 
Art. 657. A outorga do mandato está sujeita à forma exigida por lei para o ato a ser praticado. Não se admite mandato verbal quando o ato deva ser celebrado por escrito. 
Art. 658. O mandato presume-se gratuito quando não houver sido estipulada retribuição, exceto se o seu objeto corresponder ao daqueles que o mandatário trata por ofício ou profissão lucrativa. 
Parágrafo único. Se o mandato for oneroso, caberá ao mandatário a retribuição prevista em lei ou no contrato. Sendo estes omissos, será ela determinada pelos usos do lugar, ou, na falta destes, por arbitramento. 
Art. 659. A aceitação do mandato pode ser tácita, e resulta do começo de execução. 
Art. 662. Os atos praticados por quem não tenha mandato, ou o tenha sem poderes suficientes, são ineficazes em relação àquele em cujo nome foram praticados, salvo se este os ratificar.
Parágrafo único. A ratificação há de ser expressa, ou resultar de ato inequívoco, e retroagirá à data do ato. 
Art. 663. Sempre que o mandatário estipular negócios expressamente em nome do mandante, será este o único responsável; ficará, porém, o mandatário pessoalmente obrigado, se agir no seu próprio nome, ainda que o negócio seja de conta do mandante. 
Art. 664. O mandatário tem o direito de reter, do objeto da operação que lhe foi cometida, quanto baste para pagamento de tudo que lhe for devido em conseqüência do mandato. 
Art. 665. O mandatário que exceder os poderes do mandato, ou proceder contra eles, será considerado mero gestor de negócios, enquanto o mandante lhe não ratificar os atos. 
Art. 666. O maior de dezesseis e menor de dezoito anos não emancipado pode ser mandatário, mas o mandante não tem ação contra ele senão de conformidade com as regras gerais, aplicáveis às obrigações contraídas por menores. 
Art. 667. O mandatário é obrigado a aplicar toda sua diligência habitual na execução do mandato, e a indenizar qualquer prejuízo causado por culpa sua ou daquele a quem substabelecer, sem autorização, poderes que devia exercer pessoalmente. 
§ 1º Se, não obstante proibição do mandante, o mandatário se fizer substituir na execução do mandato, responderá ao seu constituinte pelos prejuízos ocorridos sob a gerência do substituto, embora provenientes de caso fortuito, salvo provando que o caso teria sobrevindo, ainda que não tivesse havido substabelecimento. 
§ 2º Havendo poderes de substabelecer, só serão imputáveis ao mandatário os danos causados pelo substabelecido, se tiver agido com culpa na escolha deste ou nas instruções dadas a ele. 
§ 3º Se a proibição de substabelecer constar da procuração, os atos praticados pelo substabelecido não obrigam o mandante, salvo ratificação expressa, que retroagirá à data do ato.
§ 4º Sendo omissa a procuração quanto ao substabelecimento, o procurador será responsável se o substabelecido proceder culposamente. 
Art. 668. O mandatário é obrigado a dar contas de sua gerência ao mandante, transferindo-lhe as vantagens provenientes do mandato, por qualquer título que seja. 
Art. 669. O mandatário não pode compensar os prejuízos a que deu causa com os proveitos que, por outro lado, tenha granjeado ao seu constituinte. 
Art. 670. Pelas somas que devia entregar ao mandante ou recebeu para despesa, mas empregou em proveito seu, pagará o mandatário juros, desde o momento em que abusou. 
Art. 671. Se o mandatário, tendo fundos ou crédito do mandante, comprar, em nome próprio, algo que devera comprar para o mandante, por ter sido expressamente designado no mandato, terá este ação para obrigá-lo à entrega da coisa comprada. 
Art. 672. Sendo dois ou mais os mandatários nomeados no mesmo instrumento, qualquer deles poderá exercer os poderes outorgados, se não forem expressamente declarados conjuntos, nem especificamente designados para atos diferentes, ou subordinados a atos sucessivos. Se os mandatários forem declarados conjuntos, não terá eficácia o ato praticado sem interferência de todos, salvo havendo ratificação, que retroagirá à data do ato. 
Art. 673. O terceiro que, depois de conhecer os poderes do mandatário, com ele celebrar negócio jurídico exorbitante do mandato, não tem ação contra o mandatário, salvo se este lhe prometeu ratificação do mandante ou se responsabilizou pessoalmente. 
Art. 674. Embora ciente da morte, interdição ou mudança de estado do mandante, deve o mandatário concluir o negócio já começado, se houver perigo na demora. 
Seção III Das Obrigações do Mandante 
Art. 675. O mandante é obrigado a satisfazer todas as obrigações contraídas pelo mandatário, na conformidade do mandato conferido, e adiantar a importância das despesas necessárias à execução dele, quando o mandatário lho pedir. 
Art. 676. É obrigado o mandantea pagar ao mandatário a remuneração ajustada e as despesas da execução do mandato, ainda que o negócio não surta o esperado efeito, salvo tendo o mandatário culpa. 
Art. 677. As somas adiantadas pelo mandatário, para a execução do mandato, vencem juros desde a data do desembolso. 
Art. 678. É igualmente obrigado o mandante a ressarcir ao mandatário as perdas que este sofrer com a execução do mandato, sempre que não resultem de culpa sua ou de excesso de poderes. 
Art. 679. Ainda que o mandatário contrarie as instruções do mandante, se não exceder os limites do mandato, ficará o mandante obrigado para com aqueles com quem o seu procurador contratou; mas terá contra este ação pelas perdas e danos resultantes da inobservância das instruções. 
Art. 680. Se o mandato for outorgado por duas ou mais pessoas, e para negócio comum, cada uma ficará solidariamente responsável ao mandatário por todos os compromissos e efeitos do mandato, salvo direito regressivo, pelas quantias que pagar, contra os outros mandantes. 
Art. 681. O mandatário tem sobre a coisa de que tenha a posse em virtude do mandato, direito de retenção, até se reembolsar do que no desempenho do encargo despendeu.
AULA EXTRA - 15/03/13 - perdida
AULA 20 - 18/03/13 - perdida
AULA 21 - 20/03/13
Leitura de artigos a partir do art. 667.
Art. 682. Cessa o mandato:
I - pela revogação ou pela renúncia;
II - pela morte ou interdição de uma das partes;
III - pela mudança de estado que inabilite o mandante a conferir os poderes, ou o mandatário para os exercer;
IV - pelo término do prazo ou pela conclusão do negócio.
Art. 683. Quando o mandato contiver a cláusula de irrevogabilidade e o mandante o revogar, pagará perdas e danos.
Art. 684. Quando a cláusula de irrevogabilidade for condição de um negócio bilateral, ou tiver sido estipulada no exclusivo interesse do mandatário, a revogação do mandato será ineficaz.
Art. 685. Conferido o mandato com a cláusula "em causa própria", a sua revogação não terá eficácia, nem se extinguirá pela morte de qualquer das partes, ficando o mandatário dispensado de prestar contas, e podendo transferir para si os bens móveis ou imóveis objeto do mandato, obedecidas as formalidades legais.
Art. 686. A revogação do mandato, notificada somente ao mandatário, não se pode opor aos terceiros que, ignorando-a, de boa-fé com ele trataram; mas ficam salvas ao constituinte as ações que no caso lhe possam caber contra o procurador.
Parágrafo único. É irrevogável o mandato que contenha poderes de cumprimento ou confirmação de negócios encetados, aos quais se ache vinculado.
Art. 687. Tanto que for comunicada ao mandatário a nomeação de outro, para o mesmo negócio, considerar-se-á revogado o mandato anterior.
Art. 688. A renúncia do mandato será comunicada ao mandante, que, se for prejudicado pela sua inoportunidade, ou pela falta de tempo, a fim de prover à substituição do procurador, será indenizado pelo mandatário, salvo se este provar que não podia continuar no mandato sem prejuízo considerável, e que não lhe era dado substabelecer.
Art. 689. São válidos, a respeito dos contratantes de boa-fé, os atos com estes ajustados em nome do mandante pelo mandatário, enquanto este ignorar a morte daquele ou a extinção do mandato, por qualquer outra causa.
Art. 690. Se falecer o mandatário, pendente o negócio a ele cometido, os herdeiros, tendo ciência do mandato, avisarão o mandante, e providenciarão a bem dele, como as circunstâncias exigirem.
Art. 691. Os herdeiros, no caso do artigo antecedente, devem limitar-se às medidas conservatórias, ou continuar os negócios pendentes que se não possam demorar sem perigo, regulando-se os seus serviços dentro desse limite, pelas mesmas normas a que os do mandatário estão sujeitos.
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