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direito constitucional I aulas 9 UPF

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INTERVENÇÃO
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INTRODUÇÃO
A intervenção se caracteriza como a negação da autonomia das entidades componentes do Estado Federal. É a interferência de uma entidade federativa em outra, a invasão da esfera de competências constitucionais atribuídas aos Estados-Membros ou aos Municípios. A autonomia é a capacidade de agir dentro de limites previamente estabelecidos pela Constituição Federal.
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FINALIDADES
A intervenção busca a manutenção do equilíbrio federativo entre as entidades que compõe a Federação brasileira: União, Estados-Membros, Distrito Federal e Municípios.
 
É um instrumento essencial ao próprio sistema federativo e, em que pese seu caráter de excepcionalidade (sempre limitado às hipóteses definidas na CF), mostra-se impregnado de múltiplas funções de ordem político-jurídica, destinadas: a) a tornar efetiva a intangibilidade do vínculo federativo; b) a fazer respeitar a integridade territorial das unidades federadas; c) a promover a unidade do Estado Federal e d) a preservar a incolumidade dos princípios fundamentais proclamados pela Constituição da República.
 
A regra geral é de que não deve haver intervenção em entidades federativas, tendo em vista que a autonomia de cada um deve ser respeitada, por esse motivo é que os dispositivos constitucionais são redigidos de forma negativa, caracterizando-se, pois, como limitações negativas e que devem ser interpretadas de forma restritiva.
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ESPÉCIES DE INTERVENÇÃO: existem duas espécies de intervenção.
a) Intervenção federal (também chamada de execução federal ou coação federal): é a intervenção da União nos Estados e Municípios localizados em territórios Federais.
 
b) Intervenção estadual: é a intervenção dos Estados em seus Municípios. A União não pode intervir em Municípios situados em Estados-Membros, por falta de previsão constitucional nesse sentido.
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COMPETÊNCIA E PROCEDIMENTO PARA INTERVENÇÃO
A competência para decretar e executar a intervenção é do Chefe do Poder Executivo (presidente da República em nível federal e governador em nível estadual).
 
Referida competência pode ser classificada como: a) vinculada: quando atende a solicitação (que é mero pedido, não vinculando o Presidente da República) do Poder Legislativo ou Executivo local coacto ou a requisição ( a decisão judicial vincula o Presidente da República, sendo que o decreto interventivo é a formalização de uma decisão soberana) do Poder Judiciário; ou b) discricionária (ou espontânea), sujeita a critérios de conveniência e oportunidade.
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HIPÓTESES DE INTERVENÇÃO FEDERAL
o art. 34 da CF/88 traz 7 hipóteses de intervenção federal, que caracterizam-se como pressuposto de fundo da intervenção, pois apresentam-se como situações críticas que colocam em risco a segurança do Estado, o equilíbrio federativo, as finanças estaduais e a estabilidade da ordem constitucional, dessa forma, José Afonso da Silva adota a seguinte classificação:
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a) Defesa do Estado (art. 34, I e II): busca a manutenção da integridade nacional e repelir a invasão estrangeira.
 
b) Defesa do princípio federativo (art. 34, II, III e IV): repelir invasão de uma unidade da Federação em outra, pôr termo a grave comprometimento da ordem pública e garantir o livre exercício de qualquer dos Poderes nas unidades da Federação.
 
c) Defesa das finanças estaduais (art. 34, V): reorganizar as finanças da unidade da Federação que: a) suspender o pagamento da dívida fundada por mais de 2 anos consecutivos, salvo por motivo de força maior; b) deixar de entregar aos Municípios receitas tributárias fixadas na Constituição dentro dos prazos estabelecidos em lei.
 
d) Defesa da ordem constitucional (art. 34, VI e VII): prover a execução de lei federal, ordem ou decisão judicial e assegurar a observância dos princípios sensíveis (que são de observância obrigatória pelos Estados-Membros, a sua violação acarreta a invasão da esfera de autonomia do estado pela União, visando assegurar o equilíbrio federativo. A intervenção nessa hipótese, depende de provimento por parte do STF e de representação do Procurador-Geral da República).
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FORMA E LIMITES DA INTERVENÇÃO FEDERAL
A intervenção de dá através de decreto expedido pelo Presidente da República, o qual deve fixar a amplitude, o prazo, as condições e se for o caso a nomeação do interventor (que não é figura necessária na intervenção, dependendo da situação que se quer atacar).
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REQUISITOS DA INTERVENÇÃO (pressupostos formais)
Nas hipóteses previstas nos incisos I, II, III e V do art. 34, a intervenção fica ao critério discricionário do Presidente da República, sob o crivo político do Congresso Nacional.
 
Com relação ao inciso IV do art. 34, visando a garantia do livre exercício de qualquer dos Poderes, dependerá de solicitação do Poder Legislativo ou Executivo ou de requisição do STF.
 
No caso do inciso VI (desobediência de ordem ou decisão judicial), a intervenção dependerá de requisição do STF, STJ ou do TSE, conforme a natureza da matéria em discussão (art. 36, II). No caso de recusa à execução de lei federal (art. 34, VI, primeira parte), depende de provimento pelo STJ e de representação interventiva do PGR (art. 36, IV). 
 
Para a intervenção em virtude do descumprimento dos princípios sensíveis (art. 34, VII) depende de provimento do STF e de representação interventiva do PGR.
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CONTROLE POLÍTICO E JURISDICIONAL
O controle político é feito pelo Congresso Nacional (no estado pela Assembléia Legislativa) e deve ser exercido no prazo de 24 horas, contado da expedição do decreto de intervenção. Em âmbito federal é competência exclusiva do Congresso Nacional aprovar a intervenção, bem como suspendê-la (art. 49, IV).
 
Em virtude da natureza eminentemente política, o controle jurisdicional somente é possível se ocorrer violação das regras previstas na Constituição Federal.
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LEGITIMIDADE ATIVA
A regulamentação encontra-se na Lei 8.038/90, artigo 19. A medida pode ser decretada de ofício pelo Presidente da República nas hipóteses em que a CF confere essa discricionariedade ao Chefe do Executivo. Nos casos de intervenção vinculada, a requisição do STF, TSE ou STJ pode ser feita de ofício ou decorrer de: a) pedido do Presidente do Tribunal de Justiça ou de Presidente de outro Tribunal Federal; b) pedido da parte interessada; c) representação do Procurador-Geral da República.
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INTERVENÇÃO ESTADUAL: art. 35 da CF/88.

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