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ASPECTOS MICROBIOLÓGICOS DAS INFECÇÕES ENDODÔNTICAS A endodontia é definida como ramo da odontologia que estuda a forma, função, patofisiologia e terapia das alterações prejudiciais da polpa dentária e tecido periapical. O tratamento endodôntico é indicado sempre que as estruturas internas do dente são afetadas, como nos casos de exposição da polpa, pulpite e necrose pulpar, com a finalidade de manter a saúde do tecido pulpar, ou parte dele, revertendo a injúria dos tecidos periapicais. POLPA A polpa é o tecido frouxo, de origem mesenquimal, que ocupa a cavidade interna do dente, denominada de canal pulpar. O canal pulpar presente na coroa e raiz é classificado como câmara pulpar e canal radicular, respectivamente. O tecido pulpar é composto de vasos sangüíneos, vasos linfáticos, feixes nervosos, substâncias intercelulares e células especializadas. Tem as funções formadora, nutricional, sensorial e de defesa. Além disso, acredita-se que o estímulo de dor se dê pelo rápido deslocamento de fluidos no interior dos túbulos dentinários frente à injúria, que provocam distorções mecânicas no tecido pulpar próximo à dentina (teoria hidrodinâmica). O tecido pulpar é composto de vasos sangüíneos, vasos linfáticos, feixes nervosos, substâncias intercelulares e células especializadas. Tem as funções formadora, nutricional, sensorial e de defesa. A função sensorial da polpa responde a estímulos de dor. As fibras nervosas adentram o canal radicular através do delta apical. Infecção pulpar: penetração, fixação, implantação e multiplicação microbiana no tecido pulpar, implicando em danos teciduais Todas as bactérias na cavidade bucal têm a oportunidade de invadir do espaço do canal radicular. => Entretanto, apenas um grupo restrito de espécies tem sido identificado em canais radiculares infectados As doenças da cavidade bucal predominantemente cárie e doença periodontal, desenvolvem-se em lugares onde um biofilme já está estabelecido. Estas doenças ocorrem devido a mudança nas condições ambientais, o tipo e as combinações microbianas presentes no momento. Na superfície dental, o aumento do número de microrganismos acidogênicos, resultam na desmineralização - cáries. Um aumento no número de bactérias proteolíticas no sulco gengival resultam no desenvolvimento da doença periodontal. A infecção dos canais radiculares é única na cavidade bucal, visto que ela se estabelece em um ambiente previamente livre de microrganismos. CONSIDERAÇÕES GERAIS Em Endodontia, as bactérias e seus subprodutos representam um papel chave na produção de alguns problemas clínicos. Mesmo quando a terapia endodôntica é executada de forma adequada, o fracasso pode ocorrer decorrente de bactérias localizadas em lacunas de reabsorção cementária, no cemento, em canais laterais e deltas, em túbulos dentinários e na lesão periapical. Até os anos 70, acreditava-se que os microrganismos facultativos eram as bactérias predominantes em canais radiculares infectados. Limitações técnicas - aerobiose. Após a década de 70 - bacteriologia de anaeróbios: alteração de conceitos, técnicas e condutas clínicas Fatores associados à agressão da polpa Agentes físicos a) Mecânicos Traumatismos dentários com ou sem fraturas coronárias e/ou radiculares: Podem causar distúrbios pulpares tanto por lesão física ao tecido como por exposição da polpa à infecção, ou ambos fatores associados Movimentação dentária induzida por tratamento ortodôntico; Iatrogenias causadas durante preparo de cavidades por instrumentos rotatórios ou manuais, com possível exposição acidental da polpa Fatores patológicos associados a desgastes dentários como atrição, abfração, erosão e abfração b) Térmicos Calor gerado por broca durante o preparo cavitário; Calor gerado pelo uso de laser em preparos cavitários e procedimento de clareamento, dentre outros; Liberação de calor durante reações de fixação de materiais restauradores (resinas, silicatos e cimentos); Aquecimento causado durante o polimento de restaurações; Materiais de moldagem aquecidos; Contato prolongado de substâncias quentes ou frias com restaurações metálicas em dentes sem proteção adequada do complexo dentinopulpar. Abfração = perda de tecidos duros decorrentes de forças oclusais traumáticas que provocam flexões dentais levando a alterações do esmalte, dentina e cemento, distantes do local da oclusão traumática. c) Elétricos correntes galvânicas causadas pelo contado entre materiais restauradores de diferentes potenciais elétricos com a saliva que pode agir como eletrólito. Quando a irritação é prolongada pode causar necrose pulpar ou atração de bactérias para a área afetada (anacorese) d) Energia radiante Raios X e radiação ionizante podem agredir o tecido pulpar Agentes químicos Para que um agente químico possa causar irritação/agressão à polpa não é necessário que atinja diretamente o tecido pulpar. Podem danificar as células pulpares por meio dos prolongamentos odontoblásticos. Os prolongamentos odontoblásticos começam nas junções dentina-esmalte e dentino-cemento e se estendem até a polpa, através da dentina. Importantes ao metabolismo da dentina Ácidos usados no condicionamento dentinopulpar; Materiais restauradores provisórios; Materiais utilizados na limpeza e desinfecção de preparos cavitários Agentes biológicos Agressões biológicas são representadas por microrganismos e seus produtos Principais responsáveis pela indução e manutenção das alterações patológicas nos tecidos pulpares Ao contrário da cavidade bucal, a polpa e os tecidos periapicais são áreas normalmente sem microrganismos. Sua presença sugere alterações patológicas: A infecção dos canais radiculares é única na cavidade bucal, visto que ela se estabelece em um ambiente previamente livre de microrganismos. INVASÃO BACTERIANA DA POLPA DENTAL Em condições normais, os envoltórios naturais do dente (esmalte e cemento), protegem e isolam a dentina e a polpa dental da agressão por parte de bactérias e seus produtos. Em situações adversas, estes tecidos, perdidos, criam um potencial para invasão do tecido pulpar por bactérias, e a conseqüente instalação de um processo infeccioso. As primeiras vias de acesso que as bactérias utilizam para atingir a polpa são: Túbulos Dentinários Exposição Pulpar Periodonto Contiguidade (extensão) Anacorese hematogênica TÚBULOS DENTINÁRIOS Toda vez que a dentina é exposta por perda de esmalte ou cemento, a polpa é colocada em risco devido à permeabilidade relativamente alta da dentina normal - presença dos túbulos dentinários. Esta permeabilidade é aumentada quando se aproxima da polpa, devido ao aumento do diâmetro e da densidade tubulares. Assim, teoricamente, uma dentina exposta oferece uma franca via de acesso para as bactérias alcançarem o tecido pulpar. Bactérias chegam à dentina de basicamente três formas: - Contaminação de uma área de dentina exposta por saliva; - Formação de biofilme sobre uma superfície dentinária exposta; - Processo de cárie. MICROBIOTA ENDODÔNTICA A maioria das infecções endodônticas polimicrobiana => anaeróbios estritos. Ecologia da microbiota endodôntica Qualquer bactéria presente na cavidade bucal pode invadir o canal radicular e participar da instalação de um processo infeccioso. Entretanto, o nº de bactérias presente em um canal radicular infectado é muito restrito - mais de 800 espécies na cavidade bucal. Pressões seletivas ocorrem no interior do sistema de canais radiculares que favorecem o crescimento de algumas espécies e inibem o de outras. Existem fortes indícios de que os fatores determinantes da microbiota endodôntica sejam seletivos para anaeróbios, especialmente as espécies assacarolíticas. Os principais determinantes ecológicos da microbiota endodôntica incluem: • Influencia do oxigênio e do pH do ambiente • Disponibilidade de nutrientes; • Interações bacterianas, dos tipos comensalismo e antagonismo; • Mecanismos de defesa dos hospedeiros TIPOS DE INFECÇÕES ENDODÔNTICAS Intrarradiculares: Infecção primária Infecção secundária Infecção persistente Extrarradiculares Intrarradiculares: Infecção primária - Infecção mista -10 a 30 espécies por canal - Predomínio de anaeróbios estritos Intrarradiculares: Infecção secundária Durante a intervenção profissional: - Placa bacteriana - remanescente de cárie; - Falha no isolamento do campo; - Instrumentos ou produtos usados no tratamento contaminados. Entre sessões - Micro-infiltração do selamento temporário; - Perda do selamento temporário; - Fratura dentária; - Dente aberto para drenagem Após a intervenção do profissional - Microinfiltração do selamento temporário; - Perda da restauração; - Cárie secundária ou recidivante; - Fratura dentária; - Retardo em restaurar TRATAMENTO ENDODÔNTICO A eliminação dos microrganismos dos canais radiculares infectados tem sido uma constante preocupação em Endodontia. Pesquisas científicas tem avaliado: • Eficácia da instrumentação mecânica, • Influência da irrigação, • Tipo e eficácia da medicação intracanal e antibioticoterapia sistêmica Ainda hoje, o melhor e mais seguro método é a criteriosa limpeza do conteúdo séptico-necrótico - uma vez que os microrganismos presentes não podem ser alcançados pelas células de defesa do hospedeiro. ESTRATÉGIAS DE ELIMINAÇÃO MICROBIANA • Preparo químico-mecânico • Medicação intracanal • Obturação do sistema de canais radiculares • Terapia antibiótica sistêmica • Cirurgia perirradicular Intrarradiculares: Infecção persistente - Microrganismos que resistiram às manobras do preparo químico-mecânico; - Oriundos de infecção primária ou secundária; - Podem levar ao fracasso da terapia endodôntica Etiologia de infecções secundárias ou persistentes: Infecções simples ou mistas; Em caso de tratamento “adequado”: 1 a 5 espécies; Em caso de tratamendo “inadequado”: 2 a 26 espécies; Predomínio de facultativos CONSIDERAÇÕES FINAIS INFECÇÃO INTRA-RADICULAR PRIMÁRIA Predomínio: Gram negativos anaeróbios estritos. Gêneros frequentemente encontrados: Treponemas, Porphyromonas, Tanerella,Dialister ELIMINAÇÃO PÓS TRATAMENTO: Fácil eliminação, geralmente são eliminados após tratamentos criteriosos com estratégias antimicrobianas. INFECÇÃO INTRA-RADICULAR SECUNDÁRIA / PERSISTENTE Predomínio: Gram positivos facultativos Gêneros frequentemente encontrados: Enterococcus, Pseudorambacter, Streptococcus, Candida ELIMINAÇÃO PÓS TRATAMENTO: Difícil, geralmente resiste ao tratamento endodôntico. Resistência ao Ca(OH)2
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