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UNIVERSIDADE FEDERAL DO SUL DA BAHIA QUALIDADE DE VIDA DE PORTADORES DE HIV/AIDS E RELAÇÃO COM DADOS SOCIODEMOGRÁFICOS DOS USUÁRIOS DO CERPAT NO MUNICÍPIO DE ITABUNA-BA CAMILA ALMEIDA RODRIGUES FÁBIO JAMBEIRO BORGES GABRIELA OLIVEIRA GOMES CORDEIRO JESSICA TAÍS BARRETO JORGE MARCOS FILIPE MRANDA DÓRIA MARCOS HENRIQUE SALES MAIA ORIENTADORA: SANDRA ADRIANA NEVES NUNES ITABUNA-BA 2015 RESUMO O propósito deste estudo foi investigar a percepção da qualidade de vida dos portadores de HIV/AIDS no município de Itabuna e relacioná-la com dados sociodemográficos. O estudo foi realizado com uma amostra de 67 usuários, os quais foram submetidos a um instrumento de pesquisa (WHOQOL- HIVbref) cuja versão abreviada reúne 31 questões e seis domínios: físico, psicológico, relações sociais, meio ambiente, espiritualidade e nível de independência. Foram inseridas também outras perguntas relacionadas ao usuário, como a idade, sexo, nível de escolaridade, renda familiar, estado civil. Foi observado que de modo geral homens têm maiores níveis de qualidade de vida que mulheres, principalmente no domínio: “ nível de independência “ que avalia mobilidade física, atividades da vida diária e dependência de tratamento. Foram observadas correlações significativas positivas entre os domínios Renda familiar e Nível de escolaridade, Psicológico e Físico, Relações Sociais o domínio Físico e também o Psicológico, Meio Ambiente com Nível de escolaridade, Renda familiar, Físico, Psicológico, Nível de Independência e também Relações Sociais, Espiritualidade e Religiosidade com a Idade e os domínios Físico, Psicológico e Relações Sociais. Visto que Itabuna apresenta um dos maiores índices de HIV/AIDS da Bahia espera-se com esses resultados fornecer informações que auxiliem nas estratégias de promoção da qualidade de vida de portadores HIV/AIDS em nível local e nacional. Palavras-chaves: AIDS; Itabuna; WHOQOL- HIVbref; Qualidade de vida. INTRODUÇÃO O Vírus da Imunodeficiência Humana-HIV, que teve sua identificação na década de 80, já infectou um número consideravelmente elevado de pessoas, levando em conta o curto período entre a sua identificação e o tempo atual. A infecção humana pelo vírus leva à síndrome da imunodeficiência adquirida (AIDS) e no momento atual pode ser considerada uma doença de perfil crônico, para a qual não há cura, somente tratamento. O HIV, vírus da imunodeficiência humana (sigla originada do inglês: HumanImmunodeficiencyVirus), pertence à classe dos retrovírus – família Retroviridae, subfamília Lentiviridae (lentivírus). Esse tipo de vírus tem como característica um período de incubação prolongado antes do surgimento dos sintomas da doença, da infecção das células sanguíneas e do sistema nervoso e da inibição do sistema imune. (SAÚDE, 2012, p.10) O advento dos coquetéis de antirretrovirais proporcionou o aumento no tempo de sobrevida dos infectados com HIV/AIDS, contudo seu alto custo e os diversos efeitos colaterais associados à inexistência da cura têm sido motivo para investigações sobre o impacto qualitativo da doença em seus portadores. Nesse viés, a comunidade científica tem discutido as transformações que ocorrem no sistema nervoso dos doentes que convivem com HIV/AIDS associados a alguns estados psíquicos como depressão e/ou estresse que acabam por influenciar a evolução da patologia (CANINI et al., 2004). Dessa forma, torna-se importante o estudo sobre a qualidade de vida dos portadores do HIV. Segundo Medeiros, Silva e Saldanha (2013), aspectos psicológicos, imunológicos e ambientais refletem na percepção da qualidade de vida, o que resulta em necessidade de redes de apoio e cuidado às pessoas que vivem com HIV/AIDS. Além desses aspectos, é importante avaliar as condições sociodemográficas dos indivíduos que vivem com HIV/AIDS. Em um estudo realizado na cidade de João Pessoa, no ano de 2013, notou-se que a renda é uma variável que está diretamente ligada à QV, pois trata-se de uma doença crônica e consequentemente, necessita de cuidados mais sensíveis, como: alimentação, acompanhamento psicológico, transporte, dentre outros aspectos (MEDEIROS, SILVA e SALDANHA, 2013). Há uma conceituação mais genérica da qualidade de vida (QV) e outra mais relacionada à saúde. Sendo a segunda, ligada mais diretamente às patologias e/ou intervenções em saúde. Já o conceito mais genérico perpassa em áreas da cultura e dos valores agregados pelo indivíduo, como também, aspectos psicossociais. (SEIDL e ZANNON, 2004). A qualidade de vida é um campo complexo e pode sofrer interferência de diversos fatores, como: idade, sexo, escolaridade, estado civil, renda mensal e ocupação (FERREIRA, 2012). Para a avaliação da qualidade de vida, a Organização Mundial da Saúde (OMS) desenvolveu um instrumento universal (WHOQOL-100). E, posteriormente, de acordo com Fleck (2000) o WHOQOL-bref, ou WHOQOL- abreviado foi criado um instrumento de rápida aplicação, que consiste na versão abreviada do instrumento universal, e também foi desenvolvido pelo Grupo de Qualidade de Vida da OMS. Pode-se observar no estudo de qualidade de vida realizado em Santa Catarina por Souza (2009), que houve comprometimentos na análise dos diferentes domínios de qualidade de vida, sugerindo que a AIDS conduz a um comprometimento global da vida de seus portadores. Já quando avaliados individualmente, os domínios físico e psicológico, obtiveram os menores valores, provavelmente, devido à fragilidade física e emocional que o portador desta doença apresenta. No estudo realizado por Santos (2007), no município de São Paulo-SP, na qual objetivou-se analisar a qualidade de vida de pessoas vivendo com HIV/AIDS de ambulatórios do município, concluiu que os portadores de AIDS têm melhor qualidade de vida nos domínios físicos e psicológicos, independente de gênero, raça e/ou condições socioeconômicas. Entretanto, possuem pior qualidade de vida no domínio de relações sociais. Santos explica essa dicotomia, associando os processos discriminatórios e estigmas às dificuldades com o diagnóstico e de uma vida sexual tranquila. Já em um estudo realizado no interior do estado de São Paulo, com intuito de medir a qualidade de vida de mulheres portadoras do HIV, o domínio com melhor desempenho foi espiritualidade, seguido pelo domínio físico. E os menores escores foram nos domínios Meio ambiente e Relações Sociais, os quais avaliaram segurança física, situação financeira, como também, o ambiente físico onde os entrevistados vivem (BELLINI et al., 2015). A Prefeitura de Itabuna (2015), por meio do Centro de Referência em DST/AIDS e Hepatites Virais da Secretaria Municipal da Saúde, demonstrou que Itabuna é o segundo município do estado da Bahia com maior número de notificações de AIDS no ano de 2015. Segundo dados da Coordenação Municipal de DST/AIDS e Hepatites Virais, nos últimos 10 anos o número de jovens entre 15 e 24 anos portadores do vírus HIV cresceu 32%. Atualmente são atendidos: 593 pessoas com HIV e 683 com AIDS; 34 crianças expostas ao vírus, 33 com AIDS e 3 com HIV. Segundo a coordenação de DST/AIDS e Hepatites Virais, seguindo uma tendência nacional, o crescimento de novos casos de HIV detectados em Itabuna se encontra na faixa etária de 19 a 35 anos, sendo crescente também entre as mulheres. A epidemia de HIV/AIDS é uma pauta permanente na sociedade e mesmo com diferentes abordagens para o enfrentamento, o vírus ainda vitimiza milhares de pessoas diariamente, por isso, justifica-se a necessidade da pesquisa sobre a temática. Por setratar de uma endemia brasileira e devido ao município de Itabuna ter um alto número de casos de portadores do HIV, existe a necessidade de realização de trabalhos que visam estudar a qualidade de vida nesses pacientes. OBJETIVOS Objetivo geral Analisar a qualidade de vida de usuários portadores de HIV/AIDS no município de Itabuna e relacioná-la com dados sociodemográficos. Objetivos específicos Analisar o nível de independência do portador de HIV/AIDS; Analisar as relações sociais do portador de HIV/AIDS; Analisar o meio ambiente do portador de HIV/AIDS; Analisar a espiritualidade do portador de HI/AIDS; Correlacionar as dimensões de qualidade de vida dos portadores com aspectos sociodemográficos (idade, nível de escolaridade e renda famili- ar); Comparar o nível de qualidade de vida dos portadores de acordo com sexo, estado civil e orientação sexual. MATERIAIS E MÉTODOS Participantes O estudo foi realizado com uma amostra de 67 usuários do CERPAT, portadores de HIV/AIDS, que frequentaram o serviço pelo horário matutino, no período de 12 dias. Foram excluídos da pesquisa usuários com deficiência mental e menores de 14 anos. Instrumentos Foi aplicado o instrumento WHOQOL- HIVbref, elaborado pelo OMS (Organização Mundial da Saúde), traduzido e validado na língua portuguesa pelo grupo de qualidade de vida da OMS. Trata-se de um instrumento de qualidade de vida, para indivíduos com HIV/AIDS, cuja versão abreviada reúne 31 questões distribuídas em seis domínios: físico, psicológico, relações sociais, meio ambiente, espiritualidade e nível de independência. Foram inseridas também outras perguntas relacionadas ao portador, como: idade, sexo, nível de escolaridade, renda familiar e estado civil. Procedimentos A análise de dados foi realizada por meio de estatística descritiva e inferencial, com uso do Programa SPSS 17. A normalidade é uma premissa importante que precisa ser atendida para que os testes estatísticos paramétricos sejam válidos. Foi efetuado o teste de normalidade da amostra, utilizando-se o teste Komolgorov-Smirnov Z. Os valores de normalidade univariada (que considera a distribuição de cada variável individualmente) foram encontrados para as variáveis “idade”, “domínio físico”, “domínio psicológico”, “domínio do nível de independência”, “domínio das relações sociais” e “domínio do meio ambiente”. Apenas as variáveis “nível de escolaridade” e “renda” tiveram distribuição não- normal de acordo com esse teste. Contudo, em nenhum desses dois casos, os valores dos itens não ultrapassaram os intervalos de -1 e + 1 para os valores de assimetria e curtose. Portanto, não houve séria violação da normalidade para todas as nove variáveis analisadas e os testes paramétricos foram adotados no presente estudo. RESULTADOS Características da amostra A amostra foi constituída de 67 pessoas das quais, 34 são do sexo feminino o que equivale a 50,07% e 31 são do sexo masculino correspondendo a 46,03%. Dois entrevistados não declararam o sexo. A idade média dos indivíduos foram encontrado 37,82 anos, sendo o mínimo 15 anos e o máximo 74 anos. Sobre a autodeclaração racial, 10 (14,09%) dos entrevistados se autodeclararam brancos, 37 (55,02%) pardo, 15 (22,04%) pretos, amarelo dois (3%), indígena dois (3%) e um entrevistado não se autodeclarou. Em relação ao estado civil, 46 (68,07%) dos entrevistados são solteiros, 13 (19,04%) casados, 3 (4,5 %) divorciados ou separados judicialmente e dois (3%) não declararam estado civil. Em relação ao nível de escolaridade, seis (9%) dos entrevistados são analfabetos, 29 (43,3%) possuem ensino fundamental incompleto, seis (9%) possuem ensino fundamental completo, sete (10,4%) possuem ensino médio incompleto, 11(16,04%) possuem ensino médio completo, três (4,5%) possuem ensino superior incompleto, quatro (6%) possuem ensino superior completo e um (1,5%) não respondeu. Sobre à renda familiar per capita, cinco (7,5%) possuem renda familiar per capita de até ¼ de salário-mínimo (R$ 197,00), nove (13,4%) possuem renda familiar per capita de até ½ de salário-mínimo (R$ 394, 00), 21 (31,3%) possuem renda familiar per capita de até um salário-mínimo (R$ 788,00), 18 (26,9%) possuem renda familiar per capita de até dois salários-mínimos (R$ 1.576,00), dois (3%) possuem renda familiar per capita de até quarto salários- mínimos (R$ 3.152,00), e um (1,5%) possui renda familiar per capita de mais de quatro salários-mínimos e 11 (16,4%) não responderam. Dimensões do WHOQOL-HIV-bref Na tabela 1 é apresentada a estatística descritiva de cada dimensão medida pelo questionário WHOQOL-HIV-bref. Vale lembrar que a pontuação dos escores dos domínios “físico”, “nível de independência”, “relações sociais” e “espiritualidade/religião/crenças pessoais” poderiam variar de 4 a 20, a do domínio “psicológico” poderia variar de 5 a 30 e, finalmente, a do domínio do “meio ambiente” de 8 a 40. Tabela 1. Tamanho da amostra, mínimo e máximo, média e desvio padrão das dimensões do WHOQOL-HIV-bref N Mínimo Máximo Média Desvio Padrão Domínio físico 65 6,00 20,00 13,40 3,36 Domínio psicológico 63 6,60 22,20 16,87 3,02 Domínio Nível de Independência 60 7,00 20,00 14,03 2,82 Domínio Relações pessoais 62 7,00 20,00 13,40 3,19 Domínio Meio ambiente 63 13,50 32,50 23,13 4,29 Domínio espiritualidade/Religião e Crenças Pessoais 62 5,00 20,00 13,24 3,94 Comparação entre grupos: Efeito do sexo, da etnia/raça e do estado civil sobre as dimensões do WHOQOL-HIV-bref Foi empregado Teste-t para amostras independentes, com o objetivo de saber se haveria diferenças de sexo em relação a cada dimensão do WHOQOL-HIV-bref. De modo geral, homens relatam maiores níveis de qualidade de vida que mulheres para o domínios psicológico (MMas = 17, 51 e DP = 2.90; MFem = 16.20 eDP =3,05), nível de independência MMas = 14,86 e DP = 2,77; MFem = 13,31 (DP =2.70), meio ambiente (MMa = 23,77 e DP=4,66; MFem =22.47 eDP=3,92) e, finalmente, espiritualidade/ religião/crenças pessoais (MMas= 14,10 e DP = 3,88) e de MFem= 12,40 e DP = 3,93). As médias dos escores foram muito semelhantes para os domínios físico (MMas = 13,84 e DP = 3,61; MFem = 13,0 e DP = 3,12) e das relações sociais (MMas= 13,37 e DP=2,63; MFem= 13,38 e DP=3,64). No entanto a única diferença estatisticamente significativa foi encontrada para a dimensão “nível de independência” [t(58) = 2,18 e p ≤ 0,05], sendo os homens aqueles que apresentaram os escores mais altos nessa dimensão. O tamanho do efeito associado a essa diferença foi moderado (d = 0.56). Finalmente foi realizado o teste ANOVA para verificar os efeitos da raça/etnia e do estado civil sobre as dimensões do WHOQOL-HIV-bref. Nenhuma diferença significativa foi observada entre os grupos analisados. Correlação entre as variáveis sociodemográficas e as dimensões do WHOQOL-HIV-bref Para atender ao principal objetivo deste estudo, foram realizadas análises correlacionais, por meio do teste de Pearson, entre as variáveis sociodemográficas e as relativas à qualidade de vida dos pacientes com HIV. Os resultados dessas análises estão sintetizados na tabela 2. Tabela 2. Correlação entre as dimensões do WHOQOL-HIV-bref e variáveis sociodemográficas 1 2 3 4 5 6 7 8 9 1. Idade 1 2. Nível de escolaridade -0,167 1 3. Renda Familiar 0,097 0,517** 1 4. Físico -0,077 0,033 0,165 1 5. Psicológico 0,075 0,024 0,193 0,609** 1 6. Nível de independência -0,120 0,181 0,298* 0,412** 0,562** 1 7. Relações Sociais -0,0540,031 0,078 0,453** 0,408** 0,170 1 8. Meio ambiente -0,069 0,329** 0,556** 0,525** 0,586** 0,361** 0,492** 1 9. Espiritualidade e religiosidade 0,42** -0, 211 -0,128 0,282* 0,513** 0,225 0,323* 0,119 1 * correlação significante (p ≤ 0,05) (bicaudal) ** correlação significante (p ≤ 0,01)(bicaudal) DISCUSSÃO Portadores do HIV/AIDS, participantes deste estudo, tinham idade média de 37,82 anos (DP=13,222) e a maioria eram do sexo feminino 50,07%. Resultado semelhante foi encontrado no estudo de BELLINI, 2015, no qual 54,0% eram do sexo feminino e a idade média 37 anos. Mais da metade dos participantes se classificaram como pardo (55,02%). A maioria dos participantes (31,3%) tem renda familiar per capita de até 1 salário mínimo (R$ 788,00) e a maioria 29 (43,3%) tem ensino fundamental incompleto. Analisando a média do domínio físico, nível de independência, relações sociais e espiritualidade/religião/crenças pessoais, observou-se que todas foram similares, com valores entre 13,24 e 14,03, considerados valores intermediários, resultados semelhantes foram encontrados por Santos, 2007, em São Paulo com portadores de HIV/AIDS que frequentavam a Casa da AIDS em 2002 nos domínio de relação social. O domínio psicológico apresentou escore próximo à posição superior com média de 16,87, resultado também semelhante ao encontrado por Santos, 2007. Em relação ao domínio meio ambiente o escore médio foi 23,13, sendo o maior entre todos, mas considerado intermediário e divergindo do estudo de Santos, 2007 e de Fleck, 2000 e tendo divergência também com o estudo de Silva e Traebert, 2010 que teve o mesmo domínio com a menor média (13,8). Observou-se que em todos os domínios tiveram médias maiores para homens, exceto Relações Sociais. Já que mulheres de todas as idades são mais solidárias, menos agressivas, mais envolvidas, mais sugestionáveis, e mais relacionadas socialmente do que os homens, essas características são positivamente relacionadas com a satisfação com vida e satisfação relativa às relações sociais (NERI, 2001a). Houve correlação significativa entre os domínios renda familiar e nível de escolaridade, sendo que o segundo pode ser utilizado como indicador da situação socioeconômica, pois a baixa escolaridade está ligada às menores rendas e vice-versa. Resultado também encontrado por Schuelter, no estudo de Perfil epidemiológico dos pacientes com HIV atendidos no sul do Estado de Santa Catarina, Brasil, em 2010. Observou-se correlação significativa positiva entre o domínio Psicológico e domínio Físico. Segundo Miranda, 2003 a prática de atividades físicas está associada ao bem-estar psicológico, pois diminuem os sintomas do estresse. Também houve correlação entre o domínio nível de independência, renda familiar, domínio físico e domínio psicológico. O domínio relações sociais, que avalia os relacionamentos pessoais, apoio social e atividade sexual, apresentou, também, correlação positiva com o domínio físico e psicológico. A qualidade dos relacionamentos é mais importante na determinação da satisfação com a vida, do que a quantidade destes, tanto com as relações, quanto com a saúde física e mental (GOLDSTEIN 1998). O suporte social pode exercer um papel essencial promovendo e mantendo a saúde física e mental (RAMOS, 2002). O domínio Meio Ambiente apresenta correlação significativa positiva com os domínios Nível de escolaridade, Renda familiar, Físico, Psicológico, Nível de Independência e Relações Sociais. Um grave problema ambiental ocorrido pela crescente urbanização ocorrida, principalmente nas regiões metropolitanas, teve consequências sociais, como: a falta de saneamento básico e destino inadequado para o lixo, com péssimas condições de habitação para as populações menos favorecidas. A melhoria das condições do meio ambiente pode resultar numa melhoria das condições econômicas e sociais, (Moretto, C. F., & Schons, M. A. (2007), e consequentemente no bem-estar físico e psicológico. Já o domínio Espiritualidade e Religiosidade que apresentou correlação positiva significativa para os domínios Idade, Físico, Psicológico, Relações Sociais. Por último, o domínio físico apresentou correlação significativa positiva com os domínios Psicológico, Nível de independência, Relações Sociais, Meio Ambiente e Espiritualidade/religiosidade. Uma vez que o domínio físico avalia questões como dor e desconforto, energia e fadiga, sono e descanso e sintomas da infecção, fica evidente a influência do bem-estar físico nos outros domínios, pois indivíduos bem-dispostos fisicamente conseguem ser independente, interagir socialmente e consequentemente estarem melhores psicologicamente e espiritualmente, além de influenciar nas oportunidades novas informações, habilidades e participação em recreação e lazer no meio ambiente. Dificuldades encontradas / causas e procedimentos para superá-las Sobre as dificuldades encontradas na construção desse estudo, mencionamos a limitação técnica no manuseio do software SPSS Statistics 17.0, porém o suporte dado pela nossa orientadora foi suficiente para concluirmos de forma adequada as análises necessárias do estudo. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Recomendações para a prática de atividades físicas para pessoas vivendo com HIV e aids. Brasília: Ministério da Saúde, 2012. CANINI, Silvia Rita Marin da Silva; REIS, Rosângela Bernades; PEREIRA, Lucinéia Alves; GIR, Elucir; PELÁ, Nilza Teresa Rotter.Qualidade de vida de indivíduos com HIV/aids: uma revisão de literatura. Revista Latino- americana de Enfermagem, v. 12, n. 6, p. 940-5. FERREIRA, Brunno Elia; OLIVEIRA, Isabele Mendes; MELO, Anamaria Miranda Paniago. Qualidade de vida de portadores de HIV/AIDS e sua relação com linfócitos CD4+, carga viral e tempo de diagnóstico. Revista Brasileira de Epidemiologia, v. 15, n. 1, p. 75-84, 2012. ITABUNA, P. D. notícias. Prefeitura de Itabuna, 2014. Disponível em: <http://prefeituradeitabuna.com.br/2015/notícias/31-saude/2687- descentralizacao-dos-testes-rapidos-facilita-diagnostico-do-aids-hiv-em- itabina.html>. Acesso em: 24 out. 2015. MEDEIROS, B.; DA, S. J.; SALDANHA, A. A. W. Determinantes biopsicossociais que predizem qualidade de vida em pessoas que vivem com HIV/AIDS. Estudos de Psicologia, Natal, v. 18, outubro, dezembro, 2013. MORETTO, Cleide Fátima; SCHONS, Marcos Antonio. Pobreza e meio ambiente: evidências da relação entre indicadores sociais e indicadores ambientais nos estados brasileiros. VII Encontro da Sociedade Brasileira de Economia Ecológica (ECOECO). Fortaleza–CE, v. 28, 2007. NERI, A. L. "Envelhecimento e Qualidade de Vida na mulher". In: Anais... 2º Congresso Paulista de Geriatria e Gerontologia. Universidade Estadual de Campinas, 2001a. RAMOS, Marília P.. Apoio social e saúde entre idosos. SSociologias, Porto Alegre, n. 7,p. 156-175,June 2002. RESENDE, Marineia Crosara de et al . Rede de relações sociais e satisfação com a vida de adultos e idosos. Psicol. Am. Lat., México, n. 5, fev. 2006. SEIDL, E. M. F.; ZANNON, C. M. L. D. C. Qualidade de vida e saúde: aspectos conceituais e metodológicos. Cadernos de Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 20, março, abril, 2004. SOUZA, Fernando G;Külkamp, Irene Clemes; Galato, Dayani.Avaliação da qualidade de vida em um grupo de portadores de. DST - J bras Doenças Sexualmente Transmissíveis. v.21, n. 2, p. 53-55, 2009. BELLINI, J. M. et al. Qualidade de vida de mulheres portadoras do HIV. Acta Paul Enfermagem, p. 350-354, 2015. FLECK,M. P. et al. Aplicação da versão em português do instrumento abreviado de avaliação da qualidade de vida “WHOQOL-bref”. Saúde Pública, Porto Alegre, v. 34, n. 2, p. 178-183, Abril 2000. SANTOS, E. C. M. D.; JUNIOR, I. F.; LOPES, F. Qualidade de vida de pessoas vivendo com HIV/AIDS em São Paulo. Saúde Pública, São Paulo, p. 64-71, 2007. GOLDSTEIN, L. L. "Bem estar subjetivo no idoso". Texto não publicado -Núcleo de Estudo Avançados em Psicologia do Envelhecimento- UNICAMP - Campinas, SP, 1998. APÊNDICES E ANEXOS ANEXO A Apêndice A QUESTIONÁRIO PESSOAL E SOCIAL Idade ____ Sexo: ( )M ( )F Como você se considera: ( ) Branco(a) ( ) Pardo (a) ( ) Preto(a) ( ) Amarelo(a) ( ) Indígena Estado civil: ( ) Solteiro ( ) Casado ( ) Divorciado ou separado judicialmente ( ) Viúvo Nível de escolaridade: ( ) Analfabeto ( ) Ensino fundamental incompleto ( ) Ensino fudamental completo ( ) Ensino médio incompleto ( ) Ensino médio completo ( ) Ensino superior incompleto ( ) Ensino superior completo Renda familiar per capita: ( ) Até ¼ de salário mínimo (R$197,00) ( ) Até ½ de salário mínimo (R$ 394,00) ( ) Até 1 salário mínimo (R$ 788,00) ( ) Até 2 salários mínimos (R$ 1.576,00) ( ) Até 4 salários mínimos (R$ 3.152,00) ( ) Mais de 4 salários mínimos Apêndice B GOVERNO FEDERAL MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO SUL DA BAHIA INSTITUTO DE HUMANIDADES, ARTES E CIÊNCIAS – CAMPUS JORGE AMADO TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO Você está sendo convidado(a) a participar voluntariamente de um Projeto de Pesquisa Qualidade de vida de portadores de HIV/AIDS e relação com dados sócio-demográficos dos usuários do CERPAT, sob a responsabilidade da Professora Sandra Adriana Neves Nunes. O estudo tem como o objetivo analisar a qualidade de vida de usuários portadores de HIV/AIDS no município de Itabuna e relacioná-la com dados sócio-demográficos. Ao aceitar participar voluntariamente desse estudo, será pedido que você preencha dois questionários: o WHOQOL- HIV, que tem 31 itens e o outro com perguntas fechadas relacionadas aos dados sócio-demográficos, como sexo, grau de instrução, renda, idade e estado civil. Nenhum procedimento usado nessa pesquisa deverá oferecer riscos à sua integridade física. O preenchimento do questionário é anônimo (você não precisará se identificar) e todas as informações coletadas serão estritamente confidenciais. Além disso, você tem a liberdade de se recusar a participar dessa pesquisa, isto é, de se recusar a responder aos questionários. Você pode, também, mesmo aceitando participar agora, recusar-se a continuar participando em qualquer fase da pesquisa (inclusive depois de ter assinado esse termo de consentimento ou de ter preenchido os questionários), sem penalização alguma e sem qualquer prejuízo em sua relação com a pesquisadora ou com a instituição. Você não terá nenhum tipo de despesa ao participar desta pesquisa, bem como nada será pago por sua participação. Caso você, por alguma razão não prevista, tenha gastos decorrentes da pesquisa, ele será ressarcido pela pesquisadora responsável. Esse Termo de Consentimento Livre e Esclarecido foi impresso em duas vias iguais e uma delas ficará com você. Sempre que quiser, poderá pedir mais informações sobre a pesquisa através do telefone (74) 9199 2930 ou do e-mail sandranunes@ufsb.edu.br, da pesquisadora responsável. Após estes esclarecimentos, solicitamos o seu consentimento de forma voluntária para participar desta pesquisa. _________________________________________________ Sandra Adriana Neves Nunes Tendo em vista as explicações constantes nesse termo, eu, de forma voluntária e esclarecida, afirmo que compreendi do que se trata e aceito participar da pesquisa intitulada “Qualidade de vida de portadores de HIV/AIDS e relação com dados sócio-demográficos dos usuários do CERPAT”. Ilhéus/Itabuna, _____ de ____________ de 2015. ______________________________________ Assinatura do Participante da Pesquisa Apêndice C GOVERNO FEDERAL MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO SUL DA BAHIA INSTITUTO DE HUMANIDADES, ARTES E CIÊNCIAS – CAMPUS JORGE AMADO CARTA DE ANUÊNCIA PARA AUTORIZAÇÃO DE PESQUISA Ilmo Sr. Prof. Dr. Nome completo do Diretor Solicitamos autorização institucional para realização da pesquisa intitulada Qualidade de vida de portadores de HIV/AIDS e relação com fatoressócio- demográficos dos usuários do CERPAT, pelos alunos do Componente Curricular Introdução a Pesquisa em Saúde, Camila Almeida Rodrigues, Fábio Jambeiro Santana Borges, Gabriela Oliveira Gomes Cordeiro, Jessica Tais Barreto Jorge, Marcos Filipe Miranda Dória, Marcos Henrique Sales Maia, e,sob orientação do Prof(a). Dr(a)Sandra Adriana Neves Nunes, com o(s) seguinte(s) objetivo(s): Analisar a qualidade de vida de usuários portadores de HIV/AIDS no município de Itabuna e relacioná-la com dados sócio- demográficos, necessitando, portanto, ter acesso aos dados a serem colhidos com os pacientes da instituição. Ao mesmo tempo, pedimos autorização para que o nome desta instituição possa constar no relatório final bem como em futuras publicações. Ressaltamos que os dados coletados serão mantidos em absoluto sigilo de acordo com a Resolução do Conselho Nacional de Saúde (CNS/MS) 466/12 que trata da Pesquisa envolvendo Seres Humanos. Salientamos ainda que tais dados sejam utilizados tão somente para realização deste estudo. Na certeza de contarmos com a colaboração e empenho desta Diretoria, agradecemos antecipadamente a atenção, ficando à disposição para quaisquer esclarecimentos que se fizerem necessária. Itabuna, _______ de _____________ de ________. ________________________________ Prof(a). Dr(a) Sandra Adriana Neves Nunes ( ) Concordamos com a solicitação ( ) Não concordamos com a solicitação Coordenador(a) do CERPAT
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