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Contrato: Principios Contratuais - Aula

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FACAM – FACULDADE DO MARANHÃO 
CURSO DE DIREITO 
Direito Civil III - CONTRATOS 
Profª Ivane Rodrigues 
 
1 
 
DOS CONTRATOS 
 
Aula 01- Teoria Geral do Negócio Jurídico (Revisão) 
Aula 01 – CONCEITO, EVOLUÇÃO HISTÓRICA E PRINCÍPIOS CONTRATUAIS 
 
I. Conceito e evolução histórica 
 
II. Princípios Fundamentais do Direito Contratual: 
 
1. Princípio da Autonomia da Vontade: 
 
Alguns autores se referem à autonomia da vontade como liberdade contratual, quando relacionam 
esse princípio aos contratos. As pessoas são livres para contratar ou não. Bem como são livre para 
escolher a modalidade de contrato (típicos ou atípicos, conforme a sua necessidade). A autonomia da 
vontade é a liberdade para decidir: 
 
o Com quem contratar (Escolha da outra parte) 
 
o Sobre o que contratar (Escolha do conteúdo) 
 
o Quando contratar (Escolha do tempo) 
 
o Como contratar (Escolha da forma) 
 
Segundo Silvio Rodrigues, afirma: 
O Princípio da Autonomia da Vontade consiste na 
prerrogativa conferida aos indivíduos de criarem 
relações na órbita do direito, desde que se submetam as 
regras impostas pela lei e que seus fins coincidam como 
o interesse geral, ou não o contradigam. 
 
No principio da autonomia da vontade, ninguém é obrigado a se ligar contratualmente; as partes são 
livres para expressar sua vontade desde que não afronte leis de ordem pública e bons costumes 
(limitação de ordem pública). 
 
 Para Maria Helena Diniz: 
O principio da autonomia da vontade se funda na 
liberdade contratual dos contratantes, consistindo no 
poder de estipular livremente, como melhor convier, 
mediante acordo de vontades, a disciplina de seus 
interesses, suscitando efeitos tutelados pela ordem 
jurídica. 
 Além da liberdade de criação do contrato, abrange a 
liberdade de contratar e não contratar, liberdade de 
escolher outro contratante, liberdade de fixar o 
conteúdo do contrato, escolhendo quaisquer 
modalidades contratuais reguladas por lei, devendo 
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CURSO DE DIREITO 
Direito Civil III - CONTRATOS 
Profª Ivane Rodrigues 
 
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observar que a liberdade de contratar será exercida em 
razão e nos limites da função social do contrato. 
 
 As partes são livres para celebrar um contrato no que diz respeito ao seu objeto no que bem 
entender, portanto, sendo observada por estas a licitude do objeto para que não afronte a ordem 
pública. 
 
 Atualmente, esse princípio perdeu seu caráter absoluto, devendo ser ponderado com a função 
social dos contratos (art. 421 CC/02). 
 O princípio da autonomia da vontade se alicerça exatamente na ampla liberdade contratual, no 
poder dos contratantes de disciplinar os seus interesses mediante acordo de vontades, suscitando 
efeitos tutelados pela ordem jurídica. 
 Este teve seu apogeu após a Revolução Francesa, com a predominância do individualismo e a 
pregação da liberdade em todos os campos. 
 Daí surgiu à afirmação de que a vontade manifestada deve ser respeitada, e que a avença faz lei 
entre as partes. Posteriormente a autonomia da vontade sofreu limitações em razão do 
movimento denominado Dirigismo Contratual que traçou limites para alguns setores da 
sociedade. 
 Hoje o contrato deve atender à função social, a boa fé e a probidade conforme preceituam os 
artigos 421 e 422 do CC. 
 
Art. 421 –“A liberdade de contratar será exercida em 
razão e nos limites da função social do contrato”. 
Art. 422 – “ Os contratantes são obrigados a guardar, 
assim na conclusão do contrato, como em sua execução, 
os princípios de probidade e de boa fé”. 
 
 
2) Princípio da Força Obrigatória dos Contratos 
 
Pacta sunt servanda: um contrato valido e eficaz deve ser cumprido pelas partes. O acordo de 
vontades faz lei entre as partes. Tal obrigatoriedade é a base do direito contratual. 
 
A visão clássica dos princípios contratuais adota a força obrigatória como um de seus princípios. Ela 
consiste, basicamente, na vinculação obrigatória do contrato após a sua celebração, ou seja, o 
contrato, após celebrado, não poderá ser revisto ou extinto. 
As estipulações feitas no contrato deverão ser fielmente cumpridas, sob pena de execução 
patrimonial contra o inadimplente. Devem-se observar o formalismo do contrato, pois se uma das 
partes se não cumprir o preposto, responderá por perdas edanos pela inadimplência contratual. 
Maria Helena Diniz ressalta que: 
Por esse princípio, as estipulações feitas no contrato 
deverão ser fielmente cumpridas, sob pena de execução 
patrimonial contra o inadimplente. O ato negocial, por 
ser uma norma jurídica, constituindo lei entre as partes 
é intangível, a menos que ambas as partes o rescindam 
voluntariamente, ou haja a escusa por caso fortuito ou 
força maior (CC,art.393, parágrafo único), de tal sorte 
que não se poderá alterar seu conteúdo, nem mesmo 
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Direito Civil III - CONTRATOS 
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judicialmente. Entretanto, tem se admitido, ante o 
principio do equilíbrio contratual ou da equivalência 
material das prestações, que a força vinculante do 
contrato seja contida pelo magistrado em certas 
circunstancias excepcionais ou extraordinárias que 
impossibilitem a previsão de excessiva onerosidade no 
cumprimento da prestação. 
 
Se a parte celebra o contrato, logicamente o contrato deve ser cumprido por elas, respondendo o 
patrimônio do devedor pela dívida não paga. 
 
É a irreversibilidade da palavra empenhada. 
 Este princípio representa a força vinculante do contrato, ou força obrigatória. Trata-se do 
princípio que preordena que um contrato válido e eficaz faz lei entre as partes e deve ser cumprido 
“pacta sunt servanda”. 
Fundamentos: 
a) Necessidade de segurança nos negócios (que deixaria de existir se os contratantes 
pudessem não cumprir a palavra empenhada) 
b) A intangibilidade ou imutabilidade do contrato (porque faz lei entre as partes, não podendo 
ser alterado nem pelo juiz) 
Qualquer modificação ou revogação só poderá ser feita pelos contratantes. 
O inadimplemento do contrato confere a parte lesada o direito de acionar a máquina judiciária no 
intuito de obrigar a outra parte a cumprir a obrigação assumida, ou a indenizar pelas perdas e danos, 
sob pena de execução patrimonial. 
A única limitação a este princípio na Teoria Clássica é a escusa por caso fortuito ou força maior (art. 
393). 
 
 
3) Princípio da Supremacia da Ordem Pública 
 
Este princípio limita o princípio da autonomia da vontade, dando prevalência aos interesses 
públicos ao invés do individualismo, onde o interesse as sociedade se sobrepõe à vontade das partes. 
Resultou da constatação feita no inicio do século XX e em face do crescimento da 
industrialização, de que a ampla liberdade de contratar provocava desequilíbrios e a exploração do 
economicamente mais fraco, sendo assim, houve a necessidade da intervenção do Estado em alguns 
setores, para restabelecer e assegurar a igualdade dos contratantes. 
Surgiram então, os movimentos em prol dos direitos sociais, passando a ser editadas leis 
destinadas a garantir, em setores de vital importância, a supremacia da ordem pública, da moral e dos 
bons costumes (ex: lei do inquilinato, o CDC, etc). 
Atualmente, a intervenção do Estado na vida contratual se faz presente de forma intensa em 
determinados campos, configurando um verdadeiro dirigismo contratual, como por ex: nos contratos 
de telecomunicações, consórcios, seguros, sistema financeiro, etc. 
 
 
 
 
 
 
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CURSO DE DIREITO 
Direito Civil III - CONTRATOS 
Profª IvaneRodrigues 
 
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4) Principio do Consensualismo 
 
No ordenamento jurídico brasileiro, um simples acordo de duas ou mais vontades basta para 
gerar o contrato válido, pois a maioria dos negócios jurídicos bilaterais é consensual, embora alguns, 
por serem solenes, tenham sua validade condicionada a observância de certas formalidades legais. 
 
Maria Helena Diniz, prescreve que: 
Segundo esse princípio, o simples acordo de duas ou 
mais vontades basta para gerar um contrato válido, pois 
a maioria dos negócios jurídicos bilaterais é consensual, 
embora alguns, por serem solenes, tenham sua validade 
condicionada a observância de certas formalidades 
legais. 
 
 Um simples acordo, já possui uma força para surgir um contrato, porém, devendo atender 
certas formalidades por um motivo de interesse social. 
 Havendo um acordo de vontade, qualquer forma contratual é válida, seja por telefone, verbal, 
etc. Somente os atos solenes exigem uma formalidade. Tal princípio afirma que desde o momento 
que houve o ajuste de vontade entre os contratantes já existe o contrato, portanto já existe a 
obrigação. 
 
O contrato considera-se celebrado com o acordo de vontades. A compra e venda de bem 
móvel, por exemplo, é um acordo de vontades, sendo a tradição apenas o meio de transferência da 
propriedade. 
Regra Geral = O acordo de vontades, ou seja, o consensualismo é suficiente para o 
aperfeiçoamento do contrato (art. 482): 
Art. 482 = “A compra e venda, quando pura, 
considerar-se-á obrigatória e perfeita, desde que as 
partes acordarem no objeto e no preço”. 
 O contrato já estará perfeito e acabado desde o momento em que o vendedor aceitar o preço 
ofertado pela coisa, independentemente da entrega desta. O pagamento e a entrega do objeto 
constituem outra fase, a do cumprimento das obrigações assumidas pelos contratantes (art. 481). 
 Exceção: o formalismo, que traça e exige formas para a contratação. 
 Ex: Casamento, transmissão de direitos sobre bens imóveis, etc. 
 Este princípio decorre da moderna concepção de que o contrato resulta do consenso, no 
entanto este sofre limitações, no sentido de que para alguns contratos a lei exige mais do que o 
consenso, ou seja, exige a entrega da coisa subseqüente à vontade das partes (ex: contrato de 
depósito, comodato e mútuo), e forma determinada, ou seja, prescrita em lei (ex: o contrato de 
compra e venda de bem imóvel que exige a escritura pública; contrato de casamento). 
 
 
 
5) Princípio da Relatividade dos Efeitos dos Contratos. 
 
 Em regra, os contratos só produzem efeitos entre as partes contratantes. 
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 Este princípio funda-se na idéia de que os efeitos do contrato só se produzem em relação às 
partes, àqueles que manifestaram a sua vontade, vinculando-os ao seu conteúdo, não afetando 
terceiros nem seu patrimônio. 
Sobre esse princípio, o contrato deverá atingir somente as partes contratantes não prejudicando e nem 
aproveitando terceiros, salvo nos casos de raras exceções. A idéia nesses contratos é que os contratos 
prevalecem somente para as partes contratantes. 
 A obrigação opera somente entre as partes e seus sucessores, a título universal ou singular, já 
se a obrigação for personalíssima, esta só vinculará os contratantes, não vinculando os seus 
sucessores. 
 Exceção: Estipulação em favor de terceiros (art. 436) 
Art. 436 – “O que estipula em favor de terceiro pode 
exigir o cumprimento da obrigação”. 
 Ex: Seguro de vida, Separações Judiciais Consensuais e Convenções Coletivas de Trabalho, 
onde os acordos feitos pelos sindicatos beneficiam toda uma categoria. 
 
O art. 421 do Novo Código Civil prescreve que "a liberdade de contratar será exercida em razão e 
nos limites da função social do contrato". 
 
 
 
6) Principio da Função Social do Contrato: 
 
A disposição legal do NCCB evidencia a funcionalização do contrato. 
 
Ao atribuir-se ao contrato uma função (social), acometendo a seu titular um poder-dever, traz-se para 
o direito privado algo que originariamente sempre esteve afeto ao direito público, que é o 
condicionamento do poder a uma finalidade. 
Quer-se dizer, outrossim, que o contrato deve ser socialmente útil, de maneira que haja interesse 
público na sua tutela. 
A referência à função social do contrato significa, de outro lado, a aproximação do direito com as 
demais ciências sociais, passando –se a exigir "uma postura crítica em prol de uma ordem mais justa 
na sociedade. 
No Estado Social exige-se que a ação dos poderes públicos se desenvolva em favor de uma maior 
justiça social. O legislador há de elaborar textos que permitam edificar uma ordem social mais justa, 
em benefício dos menos favorecidos, de modo a minorar a desigualdade de chances, tão característica 
de uma sociedade liberal. Como primeira conseqüência da função social do contrato tem-se que com 
base no princípio da autonomia da vontade não se poderá estabelecer pactos contrários aos ideais de 
justiça. 
Ao Judiciário cumprirá, quando instado pela parte interessada, exercer um controle efetivo sobre o 
conteúdo contratual, sempre que determinada estipulação impeça que o contrato exerça a função 
social exigida em lei. 
Neste passo, dispõe o parágrafo único, do art. 2.035, do Código Civil, que "nenhuma convenção 
prevalecerá se contrariar preceitos de ordem pública, tais como os estabelecidos por este Código para 
assegurar a função social da propriedade e dos contratos". 
Art. 2.035: "nenhuma convenção prevalecerá se 
contrariar preceitos de ordem pública, tais como os 
estabelecidos por este Código para assegurar a função 
social da propriedade e dos contratos". 
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De acordo com Paulo Lôbo, o princípio da função social do contrato: 
"determina que os interesses individuais das partes do 
contrato sejam exercidos em conformidade com os 
interesses sociais, sempre que estes se apresentem. Em 
caso de conflito entre eles, os interesses sociais hão de 
prevalecer.” 
 
Percebe-se, assim, que a função social do contrato deve apresentar um matiz ativo, consistente em 
comportamentos positivos (prestações de fazer), de modo a impor, aos figurantes daquele negócio 
jurídico um dever de atuação em benefício de outrem e não, tão-somente, um dever de não causar 
prejuízo a outrem. 
 
 
8) Princípio da Revisão dos Contratos ou da Onerosidade Excessiva: 
 
 Este princípio opõe-se ao da obrigatoriedade, pois permite aos contratantes recorrerem ao 
judiciário para obter alteração do contrato e condições mais humanas, em determinadas situações. 
 Originou-se na Idade Média, mediante a constatação de que fatores externos podiam gerar, 
quando da execução da avença, uma situação muito diversa da que existia no momento da celebração 
do contrato, onerando excessivamente o devedor. 
 A revisão depende exclusivamente da ocorrência de acontecimentos extraordinários que cause 
a onerosidade excessiva a um dos contratantes e exige a imprevisibilidade ( Teoria da Imprevisão). 
 A Teoria originalmente recebeu o nome de “REBUS SIC STANTIBUS”, e consiste 
basicamente em presumir, nos contratos comutativos, de trato sucessivo e de execução diferida, a 
existência implícita (não expressa) de cláusula, pela qual a obrigatoriedade de seu cumprimento 
pressupõe a inalterabilidade da situação de fato. 
 
CONTRATOS COMUTATIVOS = são aqueles em que a prestação e a contraprestação são 
equivalentes entre si e suscetíveis de imediata apreciação quanto à suaequivalência, tendo as partes 
conhecimento das vantagens (ex: compra e venda); 
 
CONTRATOS DE TRATO SUCESSIVO = são aqueles contratos que estabelece prestação de 
serviço sucessivo; 
 
CONTRATO DE EXECUÇÃO DIFERIDA = são aqueles postergados no tempo que a prestação 
será cumprida posteriormente, a prestação contratada deverá ser entregue em data futura pré-
estabelecida (ex: compra e venda de imóvel, onde é dado um sinal como forma de pagamento e o 
restante será pago no momento da escritura). 
 
 Se a situação de fato, no entanto do cumprimento, modificar-se em razão de acontecimentos 
extraordinários (ex: guerra, tsunami), que tornem excessivamente oneroso para o devedor o seu 
adimplemento, poderá este requerer ao juiz que o isente da obrigação, parcial ou total (art. 317, 478, 
479 e 480 – CC). 
 Art. 317- “Quando, por motivos imprevisíveis, 
sobrevier desproporção manifesta entre o valor da 
prestação devida e o do momento de sua execução, 
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poderá o juiz corrigi-lo, a pedido da parte, de modo que 
assegure, quanto possível, o valor real da prestação”. 
 Art. 478 – “Nos contratos de execução continuada ou 
diferida, se a prestação de uma das partes se tornar 
excessivamente onerosa, com extrema vantagem para a 
outra, em virtude de acontecimentos extraordinários e 
imprevisíveis, poderá o devedor pedir a resolução do 
contrato.Os efeitos da sentença que a decretar 
retroagirão à data da citação”. 
 Art. 479 – “A resolução poderá ser evitada, 
oferencendo-se o réu a modificar equitativamente as 
condições do contrato”. 
 Art. 480 – “Se no contrato as obrigações couberem a 
apenas uma das partes, poderá ela pleitear que a sua 
prestação seja reduzida, ou alterado o modo de executá-
la, a fim de evitar a onerosidade excessiva”. 
 
 Enquanto o CC nos artigos supra citados, exige que para a aplicação da teoria da imprevisão, 
não basta a ocorrência de fato extraordinário que enseje onerosidade excessiva, mas também a 
ocorrência da imprevisibilidade dos fatos, nas relações de consumo regidas pelo CDC (art. 6º, V), 
não se exige que o fato seja imprevisível. 
 
Art. 6º CDC – “ São direitos básicos do consumidor: 
 ... 
 V- a modificação das cláusulas contratuais que 
estabeleçam prestações desproporcionais ou sua revisão 
em razão de fatos supervenientes que as tornem 
excessivamente onerosas”. 
 
 
9) Princípio da Boa Fé e da Probidade. 
 
 Neste princípio prevalece mais a intenção do que o sentido literal do contrato (presunção). 
 Todas as condutas têm que ser norteadas pela boa fé das partes. 
Art. 187- “Também comete ato ilícito o titular de um 
direito que, ao exercê-lo, excede manifestadamente os 
limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela 
boa fé ou pelos bons costumes”. 
 
 Este princípio exige que as partes se comportem de forma correta não só durante as tratativas, 
mas também durante a formação e o cumprimento do contrato, pois a boa fé é presumida, devendo a 
ma fé ser comprovada por quem a alega em juízo. 
 O princípio da boa fé divide-se em boa fé subjetiva e boa fé objetiva. 
 
 Boa Fé Subjetiva = considera a intenção do sujeito em agir, diz respeito ao conhecimento ou 
à ignorância da pessoa relativamente a certos fatos, serve para proteger aquele que tem a 
intima convicção de estar agindo conforme o direito, apesar de ser outra a realidade ( 
INTENÇÃO DO CONTRATANTE). 
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Direito Civil III - CONTRATOS 
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 Boa Fé Objetiva = constitui-se em uma norma jurídica fundada em um princípio geral do 
direito (honestidade, lealdade), segundo o qual todos devem comportar-se de boa fé nas suas 
relações recíprocas, em especial no sentido de não lhe sonegar informações relevantes a 
respeito do objeto e conteúdo do negócio (NORMA DE COMPORTAMENTO, REGRA 
DE CONDUTA). 
 
Na interpretação do contrato, é necessário verificar mais a intenção do que o sentido literal da 
linguagem, as partes deverão agir com lealdade e confiança, auxiliando-se na formação e na 
execução do contrato. 
Maria Helena Diniz destaca que: 
Segundo esse princípio, na interpretação do contrato, é 
preciso ater-se mais a intenção do que o sentido literal 
da linguagem, e, em prol do interesse social de 
segurança das relações jurídicas, as partes deverão agir 
com lealdade e confiança recíprocas, auxiliando-se 
mutuamente na formação e na execução do contrato. 
Daí está ligado ao principio da probidade. 
 
 
 
10) Princípio do EQUILÍBRIO CONTRATUAL 
 
Durante a Idade Média, a idéia de que todos os contratos deveriam mostrar um equilíbrio entre as 
respectivas prestações era bastante aceita. Para São Tomás de Aquino, os dois lados do contrato 
deveriam apresentar uma certa equivalência, e pagar menos que o preço justo, ou iustum pretium, 
seria considerado um pecado. O que era determinado pela moralidade cristã era visto como plausível 
pelos juristas do Direito Natural: dever-se-ia evitar a lesão enorme nos contratos. 
 
Na sociedade burguesa que eclodiu com a Revolução Francesa, a liberdade contratual, como já visto, 
impunha um postulado tão crível quanto um ato de fé: as pessoas eram suficientemente esclarecidas e 
livres para velarem por seus próprios interesses, e qualquer norma que outorgasse ao juiz poder 
suficiente para intervir nas relações contratuais claramente iníquas seria paternalista e prejudicial à 
segurança jurídica. 
 
Fatores sobre os quais já se discorreu neste texto forçaram uma mudança no paradigma das relações 
contratuais, ensejando uma progressiva intervenção do Estado, inclusive em seu conteúdo. 
 
A partir do texto constitucional pode-se construir uma argumentação em torno desta nova realidade 
contratual. 
 
A República Federativa do Brasil possui como objetivo fundamental – dentre outros – "construir uma 
sociedade livre, justa e solidária", reza o inciso I, do art. 3.º, da Constituição Federal de 1988. 
 
A eqüidade, ou o equilíbrio nas relações contratuais, há de se constituir num dos princípios de que se 
valerá o sistema para alcançar aqueles escopos traçados na Carta Magna. 
 
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Embora se tutelem, enquanto princípio fundamental, os valores sociais do trabalho e da livre 
iniciativa (CF/88, art. 1.º, inciso IV), o estabelecimento das convenções deverá pautar-se de acordo 
com ideais de justiça e eqüidade a fim de que se não avilte, de outro lado, a dignidade da pessoa 
humana [85], também princípio fundamental (CF/88, art. 1.º, inciso III) – em verdade o mais 
importante deles todos. 
 
Um equilíbrio entre as prestações contratuais, de modo que um dos contratantes não aufira, em face 
do outro, vantagem manifestamente excessiva, responde ao ideal de justiça contratual que permeia 
nosso ordenamento jurídico. 
 
Esse ideal de justiça contratual pode ser aferido quando se veda a prática do ato jurídico lesionário 
(NCCB, art. 157, c/c o art. 171, inciso II) ou se admite possa o magistrado reduzir eqüitativamente a 
pena convencional estipulada pelos contratantes [86], quando parte da obrigação principal tiver sido 
adimplida pelo devedor, ou quando a penalidade se mostrar excessiva, em vista da natureza e 
finalidade do negócio (Novo Código Civil Brasileiro, art. 413). 
 
Ele também está presente na legislação de defesa da concorrência, quando se proíbe, no bojo da Lei 
n.º 8.884, de 11 de junho de 1994, a imposição de preços excessivos, ou o aumento injustificadodo 
preço de bens ou serviços. 
 
Ao discorrer acerca do equilíbrio contratual, Francesco Messineo alude que à paridade jurídica 
existente no contrato corresponde, de regra, a paridade econômica, no sentido de que, em sendo o 
contrato a título oneroso, o sacrifício de um dos contratantes deve equiparar-se ao do outro. 
 
No princípio da paridade econômica entre os contraentes, prossegue Messineo, encontra-se implícito 
aquele que se poderia chamar de equilíbrio contratual, o qual se exprime determinando que o 
conteúdo contratual deve ser tal, para respeitar aquela paridade (econômica), e que o eventual 
desequilíbrio contratual, o qual seja devido em razão de disparidade – que não decorra da lei –, seria 
ilegítimo. 
 
A justiça contratual impõe que o contrato não destrua o equilíbrio existente anteriormente entre os 
patrimônios daqueles que o tiverem firmado. Cada uma das partes, portanto, deve receber o 
equivalente daquilo que haja dado. 
 
É essencial que o contrato, ao permitir a satisfação das necessidades das partes, o faça em 
conformidade com a justiça comutativa. 
 
A incidência do princípio dar-se-á nas convenções em que uma das partes, por ser suficientemente 
forte, possa ditar seu conteúdo à outra, não importando a natureza profissional ou não de seus 
partícipes.

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